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20/10/2022

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 20 de outubro de 2022                                                      Ano 16 - N° 3.766


China será autossuficiente em lácteos?

A China divulgou seu último relatório mensal de laticínios, destacando uma reviravolta no preço do leite cru do país e outro leve declínio na produção de laticínios.
 
O preço do leite cru chinês parou de cair em setembro, alta de 0,29% em relação aos números de agosto, e o primeiro aumento do mês inteiro após oito meses de trajetória de queda. O preço do leite cru chinês aumentou 0,01 yuan (US$ 0,0014)/kg em relação a agosto, para 4,13 yuan (US$ 0,57)/kg. Esse valor é 0,21 yuan (US$ 0,029)/kg ou 4,8% maior que o preço em setembro de 2021.
 
A Beijing Orient Agribusiness Consultants (BOABC) observa que o custo da pecuária leiteira é o principal impulsionador dessa reviravolta no preço do leite, com o custo da alimentação aumentando continuamente a cada ano.
 
Os preços do farelo de soja chinês aumentaram 20,7% em setembro ano a ano, para 4,63 yuan (US$ 0,64)/kg, enquanto o milho aumentou 2,1% ano a ano, para 2,99 yuan (US$ 0,42)/kg. Este é o primeiro aumento mensal do farelo de soja desde abril, com os preços subindo 5,2% em relação a agosto. Esses números não são surpresa com as recentes condições climáticas extremas que afetaram as regiões produtoras de grãos em toda a China durante o período de verão.
 
Espera-se que a China aumente sua produção total de grãos na temporada 2022-23 em 1,5 milhão de toneladas, para 420,2 milhões de toneladas – embora não na medida que o país gostaria, com o crescente tamanho dos rebanhos no país.
 
O tamanho dos rebanhos aumentou significativamente com um crescimento de 34% de gado reprodutor importado no ano até o momento, e um incentivo recente introduzido para aumentar as importações e a criação de gado. O incentivo emitido pelo governo local de Jilin fornece um subsídio único de 10.000 yuan (US$ 1.390)/kg para cada touro reprodutor e 1.000 (US$ 139) para cada vaca que dê à luz um bezerro. Este anúncio coincide com a recente proibição do governo da Nova Zelândia às exportações de gado, abrindo o crescente mercado de importação de rebanho da China para outras nações.
 
Com o aumento do tamanho dos rebanhos e o crescimento do rendimento relativamente estagnado, as importações de grãos continuaram aumentando. As importações de soja e trigo cresceram em agosto, 61% e 166% ano a ano, respectivamente. As importações de soja no acumulado do ano caíram 38%, embora com as recentes restrições de oferta de soja no exterior com o conflito na Ucrânia e as diminuições no rendimento dos Estados Unidos, isso não surpreende.
 
O que também não surpreende é a demanda em declínio de produtos lácteos no mercado interno na China, com os lockdowns afetando os restaurantes, supermercados e atividades online do país em muitas das maiores cidades.
 
O BOABC relata que as vendas online de produtos lácteos caíram 23,7% com relação ao ano anterior no primeiro semestre de 2022, elevando o preço dos produtos domésticos com leite líquido, iogurte, fórmula infantil e leite em pó adulto em 3,99%, 2,39%, 2,16% e 2% com relação ao ano anterior, respectivamente.
 
Então, o que isso tudo significa?
A China continua se preparando para a segurança do fornecimento doméstico de laticínios, aumentando seu rebanho nacional e aumentando sua oferta de ração. Embora haja incerteza em torno das importações de lácteos chineses para o resto do ano, com números recentes de importação muito baixos, alguns estão preocupados com o quanto da mudança é resultado de bloqueios esporádicos em todo o país e quanto é o desejo de todo o país de fornecer mais auto-suficiência para seu povo.
 
A crescente produção chinesa de leite em pó fez com que as importações de leite em pó diminuíssem. As importações de gorduras, queijos e soro de leite, entretanto, aumentaram. Permanecerá um nível de ambiguidade sobre o futuro do mercado de lácteos chinês nos próximos meses. No entanto, o ajuste da janela tarifária em janeiro será um indicador interessante de mudança. (As informações são da Farmers Weekly, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint)


Espanha – Não há leite, nem tampouco preço
 
Em julho de 2021 centenas de pecuaristas produtores de leite, dos pouco mais de 400 que ainda sobreviviam em Andaluzia, foram às ruas com o tema “Com o leite no pescoço” para protestar sobre a situação de asfixia que estavam sofrendo diante da falta de rentabilidade que provocava resultava no encerramento da atividade nas fazendas. 
 
A entidade que representa o setor, a COAG Andaluzia, junto com outras organizações e cooperativas iniciou um processo de mobilizações nas quais pediam preços justos para o leite de vaca, um alimento básico que se encontrava sob a ameaça de desabastecimento.
 
Um ano depois, já é uma realidade: não há leite suficiente em Andaluzia, onde as circunstâncias resultantes da guerra Rússia-Ucrânia vieram se somar aos efeitos de uma severa seca que disparou os custos da alimentação para o gado que já acumulam alta de 40% em um ano.
 
Assim, o inalcançável incremento dos custos de produção foi a pressão final a um setor que já se encontrava muito endividado pelos baixos preços, dominados pelas grandes cadeias de distribuição, provocando a ruína e o fechamento de inúmeras fazendas leiteiras nos últimos anos em Andaluzia.
 
Ou seja, ruína sobre mais ruína. Os pecuaristas precisam decidir entre fechar as fazendas para não continuar multiplicando as dívidas, ou vender vacas para o abate, obter algum alívio dos custos no curto prazo. A consequência direta de tudo isso, tal como advertiu a COAG nas mobilizações de 2021, é uma perda considerável da produção de leite em Andaluzia: não há leite suficiente, o que sem dúvida é um problema para toda a sociedade.
 
Apesar da escassez, as grandes cadeias de distribuição resistem em pagar um preço justo que cubra os custos de produção e propicie um mínimo de rentabilidade aos produtores. É preciso lembrar que a rede Mercadona tornou público o problema da falta de leite de sua marca de distribuição (Hacendado), culpando os produtores.
 
Para a COAG Andaluzia, a solução imediata é muito clara: se querem leite, que paguem um valor justo. E atualmente, um preço mínimo que cubra os custos e não leve os produtores à falência, é em torno de € 0,60/litro. Se o pagamento não for justo, a produção de leite em Andaluzia continuará caindo.
 
Definitivamente, a situação é grave e, a COAG Andaluzia, cobra soluções urgentes para um tema que já atinge toda a sociedade. É preciso cumprir a Lei da Cadeia Alimentar que proíbe a venda de produtos abaixo dos custos de produção, não somente para sobrevivência da produção leiteira, mas de todo o setor agrário, já que o desabastecimento se estenderá a outras produções, como o leite caprino, se não forem tomadas as medidas necessárias. Está em questão a alimentação: se o campo não produz, a cidade não come. (Fonte: Agrodigital – Tradução livre: www.terraviva.com.br)
 
Tecnologia e dados impulsionam o futuro dos lácteos

Como será o futuro da pecuária leiteira em 10 anos? Mais consolidação, mais regulamentações e mais uso de tecnologia são um fato. "Se o caminho em que estamos é uma indicação, os próximos 15 a 20 anos serão bastante interessantes quando olhamos para o futuro", disse Chad Heiser, presidente da Lely North America, que se juntou a executivos da GEA e DeLaval para falar sobre o futuro da pecuária leiteira e como a tecnologia e a inovação desempenharão um papel importante durante um painel de discussão na World Dairy Expo.
 
Matt Daly, presidente da GEA North America, disse que é certo que os produtores de leite nos EUA e no Canadá enfrentarão um ambiente mais regulamentado nos próximos 10 anos e que as empresas terão que atender às suas necessidades com o desenvolvimento de novos produtos. 
 
Coisas como a geração de energia na fazenda continuarão crescendo, disse Daly, acrescentando que agora a GEA está envolvida com quase duas dúzias de projetos de digestores de esterco em todo o país. Junto com isso, os produtores precisarão ser mais proativos no trato com o público. “Os próprios produtores estão ficando cada vez melhores no que fazem, o que significa que eles precisam estar muito, muito mais cientes do público que os cerca e de como são vistos”, disse Daly. "E então eu acho que você verá muito mais abertura e compartilhamento de informações com o público. O público precisa saber de onde vem sua comida."
 
Dados são fundamentais
Fabian Bernal, chefe de sustentabilidade da DeLaval, disse que os dados nas fazendas serão fundamentais para orientar as decisões dentro e fora das fazendas, informando melhor as pessoas sobre como os produtores tomam decisões e como isso afeta seus alimentos. Heiser acrescentou: "Da forma que avançamos, em 10 anos a utilização desses dados será imperativa. Primeiro, para tomar melhores decisões para o animal, acho que devemos manter o animal na frente e no centro. Esta é uma oportunidade de transparência para que a indústria seja muito clara para os consumidores sobre o que está acontecendo.”
 
Comunicando a sustentabilidade
Sobre a preservação de recursos naturais, como a água, Heiser disse que a indústria está apenas arranhando a superfície do que pode fazer, citando projetos de irrigação inteligente e recuperação de resíduos animais como dois exemplos. Daly disse que os produtores, especialmente os jovens, estão muito mais dispostos a aprender sobre coisas como alimentação de precisão e como fazer mais com menos. “Esta é uma ciência real que percorreu um longo caminho em nossa indústria”, disse ele. “Você não precisa colher tanto; você não precisa estar lá cortando cinco ou seis vezes com algumas das novas digestibilidades e algumas das forragens que estão lá fora. É incrível o que você pode fazer.”
 
Mas comunicar isso com o público é fundamental. Daly apontou para as práticas regenerativas que algumas fazendas leiteiras já estão fazendo, como a reciclagem de água que ajuda a resfriar o leite para retirar o esterco dos galpões. “A agricultura regenerativa é o que todas as fazendas estão fazendo, se é visto dessa maneira é algo que deve ser divulgado mais”, disse Daly.
 
Bernal disse que é aqui que os dados podem fazer a diferença. “Com a agricultura regenerativa, acredito que temos duas dificuldades. Uma é lidar principalmente com a forma como comunicamos nossas práticas aos consumidores, mas também o que podemos fazer em nossas fazendas para melhorar ou reduzir o impacto de certas coisas”, disse ele, acrescentando que, com melhores medições e dados, as fazendas podem diminuir os impactos de coisas que antes eram prejudiciais - e depois conversar com os consumidores com os dados para respaldá-los.
 
Incentivando as pequenas propriedades
Celulares e laptops já foram vistos como itens de luxo para a maioria das pessoas. Mas os preços eventualmente caíram, e os próprios aparelhos se tornaram tão avançados que os celulares se tornaram um item doméstico comum. Heiser disse que vê a mesma curva de adoção para pequenas fazendas que colocam tecnologias avançadas, como ordenhas robóticas, alimentação de precisão e aplicação avançada de esterco nos campos. Os custos para fazer essas coisas serão reduzidos ao ponto em que as pequenas fazendas serão tão capazes de fazê-las quanto as grandes fazendas leiteiras, disse ele.
 
Bernal disse que a reforma dos regulamentos pode ajudar a impulsionar a adoção de tecnologias avançadas. Ele disse que os regulamentos atuais, como a Portaria Federal do Leite Pasteurizado, levaram a custos de adoção mais altos – 20% mais altos para os produtores dos EUA do que os produtores de outros países – para tecnologias semelhantes. Daly disse que sua empresa já construiu sistemas fechados de tratamento de águas residuais em fazendas na Europa e em outros países que limpam as águas residuais e as devolvem às vacas, não apenas as descarregam em um córrego.
 
Independentemente disso, porém, Heiser disse que é uma questão de quando, e não se, as fazendas leiteiras podem ser totalmente automatizadas, resultado de produtores tentando resolver questões trabalhistas e regulatórias, e a tecnologia cada vez melhor. “Existem muitas tarefas manualmente redundantes que acontecem agora com trabalho físico”, disse ele. “Há inovações disponíveis hoje, e acredito que está chegando a inovação que pode realmente automatizar cada uma dessas tarefas dentro de uma fazenda leiteira.”
 
“O feedback imediato para o usuário, para aquele funcionário, gerará informações suficientes para que esses funcionários possam responder ao chamado para ação com muito mais rapidez, tornando o processo muito mais eficiente, ou seja, se um animal for apresentar um caso clínico, o feedback será imediato para que o funcionário tome decisões muito, muito mais rápido, ao invés de perder tempo e separar o animal e outras coisas, o funcionário poderá responder a esses processos muito, muito mais rápido e realimentar o sistema para que o agricultor saiba o que fazer no futuro, seja em termos de tratamento ou decisões de descarte", disse Bernal. (As informações são da Farm Progress, adaptadas pela equipe MilkPoint) 
 

Jogo Rápido 

INSCRIÇÕES ABERTAS: 2º Prêmio Referência Leiteira RS 
Os produtores de leite do RS podem se inscrever até 31/10/2022 no 2º Prêmio Referência Leiteira RS, para as categorias “Propriedade Referência em Produção de Leite – Sistemas à base de pasto” e “Propriedade Referência em Produção de Leite – Sistema de Semi confinamento ou confinamento”. O regulamento e a ficha de inscrição podem ser acessados pelo site do Sindilat. As inscrições serão realizadas nos escritórios municipais da Emater/RS e a divulgação dos resultados e premiação durante a Expointer 2023. Acesse o regulamento e a ficha de inscrição clicando aqui. (As informações são do Sindilat/RS)

 
 
 
 

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