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06/05/2022

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 06 de maio de 2022                                                           Ano 16 - N° 3.655


Estudo aponta avanços e desafios da cadeia do leite

A produtividade média nas fazendas leiteiras do país cresceu 59% na última década, com os Estados do Sul na dianteira.

Reflexo do aumento de produção entre 2011 e 2020, os laticínios compraram mais leite cru, convertendo-o principalmente em queijos, leite UHT e leite em pó, os derivados que puxaram a produção.

O consumo per capita, no entanto, cresceu apenas 3%, menos do que a população, que aumentou 8% no período.



Como em toda atividade econômica em que os perfis dos agentes são muito distintos entre si, o potencial inexplorado ainda é muito grande. A avaliação e os dados são do estudo “Agronegócio do Leite: produção, transformação e oportunidades”, elaborado pelo Departamento de Agronegócio da Fiesp.

No campo, uma das conquistas no período foi o aumento da produtividade por vaca, resultado de investimentos em genética, nutrição, saúde animal e tecnologia. A produção média saiu de 1,382 bilhão de litros por animal, em 2011, para 2,192 bilhões em 2020 - uma alta de 59%.

O ganho é relevante em uma atividade econômica que tem sofrido transformações paulatinas. O setor retrata um Brasil de vários Brasis ao reunir desde os megaprodutores aos fazendeiros com poucas cabeças de gado – casos em que as “mimosas” representam a única renda e o investimento da família. Com as adversidades, muitos pequenos produtores têm deixado a atividade, que passa por concentração.

Apesar das mudanças, a produtividade brasileira ainda é menor que a de grandes produtores globais. Na Nova Zelândia, a média é de 4,5 mil litros por animal ao ano, na União Europeia, de 7,2 mil litros, e, nos EUA, a 10,8 mil. Mas as médias nessas regiões cresceram de 11% a 16%, enquanto o avanço no Brasil foi de 59% no período.

“No Brasil o setor ficou um pouco atrasado se comparado com outros segmentos que hoje lideram a pauta exportadora do agronegócio. Mas há muito potencial para conquistar”, diz Antonio Carlos Costa, superintendente de departamentos da Fiesp. O momento é desafiador e o setor penou sobretudo em 2021, com a disparada dos custos.

Segundo o estudo, o custo da operação industrial dos laticínios já vinha subindo – de 2010 a 2019, o aumento foi de 58%, para R$ 61 bilhões. No período, o valor bruto da produção dos laticínios cresceu 33%, para R$ 82 bilhões. Apesar do quadro, que inclui a baixa evolução do consumo per capita, a Fiesp apresenta uma visão de longo prazo positiva.

Para os analistas, a atividade tem potencial para novos ganhos em produtividade e consumo, assim como para atrair investimentos.

Roberto Betancourt, diretor do Departamento de Agronegócio da Fiesp, pontua ser preciso aprimorar o sistema produtivo, já que melhoria de produtividade reduz custos. Para ele, os produtores em pior situação continuarão deixando a pecuária leiteira. “A busca da eficiência passa por todos os elos, desde o produtor ao varejo”, acrescenta Cicero Hegg, sócio fundador da Laticínios Tirolez.

Na mesma década que a produtividade cresceu no campo, o volume de leite cru adquirido pelos laticínios subiu 18%, para 25,6 bilhões de litros em 2020. Queijos, UHT e leite em pó lideraram o segmento. Entre eles, o destaque são os queijos. “Foi o segmento que segurou o consumo”, diz Nilson Muniz, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Lácteos Longa Vida (ABLV).

O queijo foi o derivado que mais ampliou sua participação, seja no volume de derivados produzido pela indústria ou no valor faturado por esse elo da cadeia com as categorias de lácteos. Em volume, a participação de queijos cresceu de 27,8%, em 2010, para 38,7% em 2019, enquanto em valor saiu de 21% para 27%. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Queijo (Abiq), Fabio Scarcelli, em queijos o consumo per capita cresceu cerca de 2 quilos desde 2013, para 6 quilos.

Para ampliar o volume a 7,5 quilos de queijo por habitante em dez anos, conforme projeta a Abiq, será preciso trabalhar em frentes distintas, como em campanhas informativas para estimular o consumo. “A carne é uma proteína animal que faz mais sucesso por aqui. Na Europa, onde se aprende sobre tipos de queijo desde criança, é o contrário”, cita Scarcelli. O consumo per capita de queijo na Europa chega a 20 quilos.

Naquele continente, a estrela dos churrascos não é o bife. “Tive a oportunidade de participar de um onde havia 12 tipos de queijos e apenas dois hambúrgueres abandonados em uma churrasqueira descartável”, comenta. O fato é que o brasileiro gosta de queijo, mas conhece pouco, e por essa razão as campanhas sobre o produto devem continuar ocorrendo. Apesar de as vendas esbarrarem em poder de compra, o produto é quase uma unanimidade, reforça Hegg, da Tirolez. “Uma pesquisa recente que fizemos relatou 95% de aceitação e apreciação”, afirma.

O queijo está entre os derivados lácteos que representam papel importante para explorar o potencial de consumo que a indústria enxerga para o setor. O brasileiro consome 172 litros de leite per capita por ano, indica a pesquisa, abaixo do absorvido no mercado americano, onde o volume é de 327 litros a cada ano. Na Europa, são 233 litros ao ano e, na Argentina, 265 litros.

“Nosso consumo médio de lácteos tem potencial de aumentar mais de 50% e se equiparar ao da Argentina, país com o qual compartilhamos aspectos econômico-sociais semelhantes”, diz Carlos Humberto, presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Derivados do Estado de São Paulo (Sindileite).

As informações são do Valor Econômico.

Europa: custos explosivos nos laticínios colocam em risco a produção de alimentos

Os aumentos de custos na produção de leite atingem proporções alarmantes e ameaçam a sobrevivência dos produtores de leite e, portanto, a produção de leite na Europa.

Embora os preços do leite tenham apresentado uma leve tendência de alta nos últimos meses, esses aumentos não compensam o aumento extremo dos custos devido aos preços mais altos de insumos como fertilizantes, rações e energia. Mas essa compensação de preço é absolutamente necessária, como claramente exige o Comitê Executivo do European Milk Board (EMB).

Aumentos maciços de preços na Europa
Na Alemanha, os principais laticínios em North Rhine-Westphalia pagaram aos produtores de leite 44 centavos (46,44 centavos de dólar) por quilo de leite em fevereiro. Embora este tenha sido um aumento no preço ao produtor, estava longe de ser suficiente para compensar o aumento de custo de 10 centavos (em comparação com o ano contábil 2020/2021), conforme calculado pela Câmara de Agricultura de North Rhine-Westphalia, que fixa o total custos de produção de 53 centavos (55,94 centavos de dólar)/kg de leite.

Nas palavras da Câmara da Agricultura, “neste caso, o aumento calculado dos custos nega inteiramente o aumento do preço do leite”. E os custos incorridos pelos produtores continuam aumentando. Por exemplo, o preço do farelo de colza para ração proteica já ultrapassou os 500 euros (US$ 527,69) por tonelada em abril.

Em Portugal, foram reportados aumentos de preços de 62 por cento para o gasóleo, 77 por cento para o milho e 140 por cento para os fertilizante em abril de 2022 em comparação com abril de 2021.

Na Noruega também, os preços dos fertilizantes aumentaram acentuadamente e mais que dobraram em relação a 2020. Os preços da eletricidade, de fato, mais que triplicaram nos últimos dois anos.

Na França, os custos de energia aumentaram cerca de 30% e os custos de fertilizantes aumentaram mais de 80% ao longo de um ano (comparação fevereiro 2021/2022).

Relatórios recebidos de países como Itália e Holanda afirmam que, devido à explosão nos preços das rações, um número crescente de produtores foi forçado a enviar suas vacas leiteiras para o abate.

Um cálculo recente para uma fazenda de amostra com 200 vacas leiteiras na região italiana da Lombardia revela custos adicionais de cerca de 13 centavos (13,72 centavos de dólar) por litro de leite em comparação com o ano anterior. “Esta situação incrivelmente tensa está atualmente forçando muitos produtores a abandonar a produção de leite e está corroendo as estruturas agrícolas na UE a níveis perigosos”, diz o presidente da EMB, Sieta van Keimpema.

De acordo com o membro do Comitê Executivo da EMB, Elmar Hannen, ações imediatas devem ser tomadas para neutralizar esse desenvolvimento ameaçador: “Além disso, perdas maciças no número de produtores são a pior coisa que pode acontecer conosco na Europa. Será impossível se recuperar disso. Este rápido definhamento do setor certamente levará a dificuldades na produção de alimentos na Europa”.

Ele continua dizendo que um setor agrícola sem fazendas viáveis, um setor agrícola essencialmente altamente industrializado, não terá condições de se desenvolver na direção ambientalmente correta desejada. Portanto, o EMB apela a todos os decisores para que tomem medidas imediatas.

O que precisa acontecer agora para uma produção de leite estável e sustentável?
Os custos de produção explosivos devem ser repassados e, portanto, cobertos pelos preços.

O EMB apela explicitamente aos compradores e processadores para que desempenhem o seu papel para lidar com o aumento dos custos quando se trata de leite.

A sustentabilidade social na PAC e no Green Deal deve ser imediatamente ancorada e implementada.

Sem fazendas viáveis, não pode haver soberania alimentar nem uma transição bem-sucedida para a sustentabilidade ambiental. Portanto, a UE deve fazer da sustentabilidade social uma prioridade urgente em suas estratégias e regulamentos. 

O mercado deve contribuir para a transformação do setor agrícola. O objetivo deve ser preços que ofereçam cobertura total de custos – incluindo todos os custos de sustentabilidade. Para que isso seja possível, o mercado deve contribuir para a transformação da sustentabilidade no setor agrícola. Os decisores políticos precisam criar as ferramentas necessárias para o mesmo. Se continuarmos com os negócios como de costume, será impossível frear o declínio constante do número de agricultores e essa tendência só será acelerada.

As organizações horizontais de produtores devem ser estabelecidas de forma permanente e eficaz.

As organizações de produtores que negociam contratos e preços com processadores em nome dos agricultores devem ser estabelecidas em todas as fábricas de laticínios e em toda a UE com poder de negociação suficiente.

Como explica Boris Gondouin, membro do Comitê Executivo da EMB da França, a única opção são as organizações de produtores com uma estrutura horizontal real que não esteja vinculada a um único laticínio. “Eles terão o poder de mercado necessário para negociar com processadores em pé de igualdade apenas se puderem negociar com vários laticínios ao mesmo tempo.” Ele continua que é absolutamente essencial que os agricultores das cooperativas estejam representados nessas organizações de produtores. “Muitos produtores são cooperados, o que significa que cobrem grande parte do volume de leite. Os preços que cobrem os custos também precisam ser negociados para essas entregas”, diz Gondouin.

As medidas de espelho devem ser aplicadas aos produtos agrícolas importados
O EMB é a favor de que os produtos agrícolas importados sejam sujeitos a medidas-espelho (normas sanitárias e ambientais), para que os produtos agrícolas que não cumpram as normas da UE não sejam colocados no mercado da UE. O objetivo é garantir que os consumidores da UE tenham sempre o mesmo nível de proteção da saúde e do meio ambiente.

Além disso, isso também evitaria que os produtos locais da UE, que são mais caros de produzir devido aos padrões locais, fossem marginalizados e substituídos por importações "baratas". Isso levaria simplesmente ao deslocamento da produção e, portanto, às emissões para fora da UE. Isso seria contrário às desejadas melhorias ambientais globais no setor agrícola.

As informações são do European Milk Board, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint. 
 

 

 
Copom eleva a taxa Selic para 12,75% ao ano

Inflação influencia a decisão. Mesma iniciativa tomou ontem o Fed, o ‘banco central’ americano, promovendo a maior alta em 22 anos

O Banco Central (BC) decidiu ontem elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 11,75% para 12,75% ao ano. Ao cumprir a indicação dada na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a instituição chega à 10ª alta seguida desde março de 2021, quando o patamar de 2% era o menor da história. Ao mesmo tempo, ontem, o Federal Reserve (Fed), “banco central” americano, elevou os juros básicos dos Estados Unidos em 0,5 ponto percentual para a faixa entre 0,75% e 1% ao ano, a maior magnitude em 22 anos. A decisão ocorre devido à inflação elevada nos Estados Unidos, causada em boa parte por aumento de preços de commodities de energia. No Brasil, analistas já previam um ponto a mais. O Copom já havia reafirmado que a decisão tem objetivo de conter a inflação, atualmente a caminho de fechar 2022 acima do teto da meta pelo segundo ano.

A elevação da taxa de juros funciona como o instrumento de política monetária mais usado para reduzir preços. Jjuros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimentos pelas famílias. Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso leva reflexos aos preços. Já quando o Copom reduz os juros  básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo. Mais recentemente as expectativas do mercado financeiro apontavam ainda para uma última alta de 0,5 ponto percentual no encontro previsto para junho. O índice, agora, fica vigente por ao menos 45 dias, ou seja, até a próxima reunião do comitê.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, e os oito diretores da autoridade monetária iniciaram as apresentações técnicas desta última reunião na terça, expondo evolução, perspectivas da economia e comportamento do mercado. A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa e funciona como piso para demais juros cobrados no mercado.

É usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais. A Selic é a taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo a empresas ou consumidores em forma de empréstimos. (Correio do Povo)

Jogo Rápido 

Uruguai: faturamento bruto das fazendas leiteiras no primeiro trimestre é o maior em 8 anos
O faturamento bruto das fazendas leiteiras no primeiro trimestre do ano foi o maior desde janeiro-fevereiro de 2014, totalizando US$ 169,42 milhões, 20% acima da média do mesmo período de 2021, de acordo com os dados de referência e preços divulgados pelo Instituto Nacional do Leite (Inale). No mesmo trimestre de 2014, o valor acumulado foi de US$ 194 milhões. Medido em pesos, o aumento ano-a-ano foi de 20,7%, com receitas atingindo 7.335 milhões, o nível mais alto para o trimestre desde que há registros (2002). O aumento responde à recuperação do preço recebido pelo produtor, não à remissão do leite para a fábrica, que registra um decréscimo médio de 1% em relação ao ano anterior. Apesar da recuperação do faturamento bruto, o poder aquisitivo do leite apresentou queda em março em relação a fevereiro, devido ao aumento do índice de custos que não foi acompanhado pelo aumento do preço do leite ao produtor. Em relação a março de 2021, a melhora no preço do leite foi maior que o aumento nos custos. Os custos que tiveram maior incidência foram fertilizantes, sementes e herbicidas, detalhou o INALE. As informações são do Blasina y Asociados, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.

 
 
 
 
 
 

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