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11/04/2022

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 11 de abril de 2022                                                           Ano 16 - N° 3.636


Imposto de importação de muçarela zerado: quais possíveis impactos?
 
Conforme relatado na nota “Governo zera imposto de importação de queijos e outros 5 alimentos para conter inflação”, o governo anunciou no último dia 21/03 que zerou o imposto de importação do etanol e de seis produtos da cesta básica para tentar conter a inflação, entre eles, a muçarela.
 
Mas afinal, qual será o real impacto desta medida no mercado de muçarela, que representa aproximadamente 30% do mercado de queijos, ou seja, 12% do leite produzido no país? Para exportar derivados lácteos ao Brasil, os países de fora do Mercosul têm alíquota de importação (TEC – Tarifa Externa Comum) de 28%; esta tarifa praticamente inviabiliza a compra de produtos lácteos advindos desses países (os principais focos seriam Nova Zelândia, União Europeia e Estados Unidos).
 
Zerar o imposto sob importação pode causar uma mudança na estrutura do cenário internacional, e auxiliar a viabilizar a comercialização de produtos de diferentes países que hoje não tem participação relevante no mercado nacional. A equipe do MilkPoint Mercado simulou os custos da muçarela proveniente dos Estados Unidos no mercado nacional, sem a taxação de 28% existente, e chegou ao seguinte cenário (em função dos preços da muçarela nos Estados Unidos e da taxa de câmbio R$/US$): Tabela 1. Preços da muçarela dos Estados Unidos em R$/Kg no mercado nacional.
Fonte: Elaborado pela equipe do MilkPoint Mercado, com dados da CBOT e Banco Central.
 
Considerando-se os preços bases da Chicago Board of Trade (CBOT) para a muçarela dos Estados Unidos – valor de U$ 2,25 /lb–, e a taxa de câmbio de R$ 4,60/US$ (em 05/04), tem-se um valor médio dos preços do produto norte-americano chegando no mercado nacional a R$ 25,9/kg, já se desconsiderando 4% de crédito de ICMS. Comparando-se com o preço do produto nacional, que na média da última semana de março pelo levantamento da equipe do MilkPoint Mercado foi de R$ 30,7 /kg, e descontando o crédito de 12% de ICMS, tem-se um valor de custo de R$ 27,0 /kg.
 
No caso da aplicação da TEC de 28%, o queijo americano chega no Brasil a R$ 33,7 /kg, ou seja, não competitivo neste momento. Com a medida em vigor no momento, entretanto, os preços da muçarela norte-americana estariam frente a frente com os preços praticados no mercado nacional, aumentando sua competitividade significativamente. É claro que o preço do queijo no mercado americano e, principalmente, a taxa de câmbio aqui no Brasil, são fatores cruciais para esta competitividade, mas devemos ficar bastante atentos.
 
Um outro fator que pode contribuir para o favorecimento da importação de queijos neste cenário é a baixa disponibilidade de derivados lácteos por parte dos nossos vizinhos do Mercosul. Bem como o Brasil, nos últimos meses os países apresentaram problemas logísticos e de produção, e o cenário que se tem hoje em dia é de menor disponibilidade de lácteos para comercialização. Muitos dos contratos para importação já estão firmados, e os países não possuem um volume grande destinado a novas negociações no comércio exterior, pelo menos não a curto prazo. Este cenário tende a mudar a partir de junho/julho, com a entrada de uma nova safra.
 
Um ponto talvez mais crítico na medida de corte da TEC para a muçarela é o precedente que abre para medidas semelhantes relacionadas a outras categorias lácteas, que poderiam trazer impacto maior ainda ao setor, como por exemplo, os leites em pó. (Por Valter Galan e Tiago da Cunha Faria/Milkpoint)
 

 
NZ – Economistas preveem queda recorde da produção de leite nesta temporada
 
Os níveis de queda da produção na Nova Zelândia e em outros países podem impulsionar os preços do leite no início da próxima temporada, dizem economistas do banco Westpac. Em uma avaliação do setor lácteo depois do GlobalDairyTrade desta semana, o economista sênior do banco Westpac, Nathan Penny, disse que elevou em 10 centavos a previsão do preço do leite para esta temporada (que termina no final do próximo mês), que pode chegar a NZ$ 9,60/kgMS, [R$ 2,40/litro]. Também subiu de NZ$ 8,50/kgMS para NZ$ 9,25/kgMS, a previsão do preço no início da próxima temporada. A cooperativa Fonterra, projeta um preço de NZ$ 9,60/kgMS, mesmo preço agora previsto pelo economista da Westpac.
 
Penny avalia que a produção poderá ter queda de 4,75%, um percentual acima da previsão anterior que era de 3%. Se sua avaliação se confirmar, Penny diz que será a maior queda registrada de uma temporada para outra, e 1,2% acima do recorde anterior.
Um preço do leite ao produtor de NZ$ 9,60/kgMS também será um recorde, já que o maior valor registrado antes foi de NZ$ 8,40/kgMS. em 2013-14. O economista vê um preço “estruturalmente” mais alto para o produtor. Os ciclos de queda dos preços do leite ficaram para trás. E, a menos que haja um grande relaxamento nas regulamentações e conformidades em torno do uso da terra, em particular, o preço do leite subiu estruturalmente”, diz ele.
 
Possivelmente a média será de NZ$ 8/kgMS a longo prazo, a partir de agora”. Os custos aumentaram estruturalmente. Penny diz que as oscilações anteriores estavam atreladas à produção global de leite. Na Nova Zelândia, a produção subiu 11% na temporada 2013-14, e mais 4% na temporada seguinte. As conversões para fazendas leiteiras sustentaram o aumento da produção naquele período. Por exemplo, entre 2007 e 2016, o número de vacas leiteiras aumentou em mais de um milhão de cabeças. E o uso de outros insumos como terra, ração e fertilizantes também aumentou. “Mas nos últimos anos, a indústria de laticínios consolidou o ponto de uso da terra e de alguns outros insumos, que atualmente caíram. “De fato, o rebanho leiteiro diminuiu em 400.000 cabeças entre 2016 e 2022. As razões para a consolidação são variadas. Regulamentos e conformidades, competição por recursos para outros usos, falta de trabalhadores e aperto do crédito são alguns dos principais motivos.
 
Mas, essencialmente, ficou muito difícil fazer a conversão de terras para uso na produção de leite”, disse Penny. “Como resultado, a produção de leite pode não responder rapidamente (ou na magnitude necessária) para enfrentar os preços. Acredito que a produção poderá se recuperar em 3% na próxima temporada, depois dessa queda de 4,75%. Em outras partes do mundo, a produção também deverá voltar aos níveis de 2020/21 em algumas temporadas”. (Fonte: Interest.co.nz– Tradução livre: www.terraviva.com.br)
 
UE: altos custos fazem produção de leite cair pela primeira vez em 12 anos
 
A tendência sazonal normalmente observada no preço do leite cru da União Europeia (UE) não se concretizou em 2021, pelo contrário, o preço aumentou ao longo do ano. Em dezembro passado, foi atingido um preço médio na UE de € 40 (US$ 43,60)/100 kg, 18% a mais que em janeiro de 2021. A tendência continua em fevereiro de 2022, não mostrando sinais de relaxamento. No entanto, a produção de leite caiu 0,4% pela primeira vez desde 2009.
 
As principais causas da queda são os custos mais altos que desaceleraram o crescimento da produção de leite e uma queda no rebanho de vacas leiteiras, com uma redução mais acentuada do que o esperado (-1,5%), de acordo com as estimativas do último relatório sobre as perspectivas a curto prazo da produção agrícola na UE, elaborado pela Comissão Europeia.
 
As entregas de leite na UE em 2022 podem continuar diminuindo no primeiro semestre de 2022 para recuperar levemente no segundo semestre. Em conclusão, até 2022 as entregas podem permanecer estáveis.
 
A inflação crescente e os custos de insumos também devem pressionar ainda mais os preços ao consumidor dos produtos lácteos. Embora o consumo de queijo e manteiga ainda possa aumentar um pouco, espera-se que o uso de leite em pó no processamento diminua. No geral, o fluxo de produção de queijo e soro de leite pode continuar sendo a opção preferida, enquanto se espera alguma recuperação na produção de leite em pó desnatado, provavelmente apoiada pelo aumento das exportações. (As informações são do Agrodigital, adaptadas pela equipe MilkPoint)
 

Jogo Rápido 

Inflação do IPCA é a maior para março em 28 anos
O grupo de transportes e também o de alimentação impactaram a elevação do indicador. Os dois juntos significaram 72% do IPCA. Sete produtos subiram mais de 50% no acumulado de 12 meses e ajudaram a puxar a inflação para cima. Dos mais de 400 itens apurados pelo IBGE, a cenoura é a mais cara no período de 12 meses: alta de 166,17%. Os sete produtos seguintes no ranking são tomate (94,55%), pimentão (80,44%), melão (68,95%), melancia (66,42%), repolho (64,79%), café moído (64,66%) e mamão (54,95%). No acumulado de 12 meses a inflação de serviços também levou impacto aos resultados. Passou de 5,94% em fevereiro para 6,29% em março, a maior desde dezembro de 2016, quando estava em 6,5%. Os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,12% em fevereiro para um aumento de 2,65% em março. Também ontem o IBGE divulgou outro indicador, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).Aalta de 1,71% em março superou a de 1% apurada em fevereiro. O índice acumula uma elevação de 3,42% no ano e de 11,73% em 12 meses. Em março de 2021 o resultado era de 0,86%. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários mínimos que são chefiadas por assalariados. (Correio do Povo)
 

 

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