Porto Alegre, 04 de agosto de 2025 Ano 19 - N° 4.450
O documento, intitulado Perspectivas Agrícolas OCDE-FAO 2025-2034, publicado em julho, projeta que, até 2034, o consumo per capita global de produtos de origem animal crescerá em média 6%. O crescimento mais significativo é esperado em países de renda média-baixa, onde o consumo pode aumentar até 24%.
O Diretor-Geral da FAO, Qu Dongyu, descreveu isso como evidência da melhoria da alimentação nos países em desenvolvimento. No entanto, ele observou que essas mudanças positivas não estão alcançando a todos. Em países com altas taxas de pobreza, o consumo diário de produtos de origem animal permanecerá extremamente baixo — cerca de 143 kcal por dia, o que representa metade do nível recomendado. Isso evidencia as persistentes desigualdades no acesso a alimentos nutritivos e a necessidade de esforços contínuos para alcançar a segurança alimentar.
Crescimento da Produção e Riscos Ambientais
Para atender à crescente demanda, a produção agrícola e pesqueira global deve aumentar em 14% até 2034. O crescimento mais ativo é esperado no setor de carnes e laticínios: a produção de carne, leite e ovos deverá crescer em 17%, enquanto o número total de gado e aves deverá aumentar em 7%.
No entanto, esse aumento na produção acarretará custos ambientais. De acordo com a previsão, as emissões diretas de gases de efeito estufa da agricultura crescerão 6% — apesar da redução na intensidade das emissões devido ao aumento da produtividade. Isso significa que, mesmo com uma produção mais eficiente, o volume total de emissões continuará a aumentar, a menos que medidas adicionais sejam tomadas para reduzir a pegada de carbono do setor.
Um cenário alternativo
O relatório também descreve um cenário alternativo: com a implementação de tecnologias modernas e maior investimento no setor agrícola, a agricultura global poderia não apenas fornecer alimentos mais nutritivos até 2034, mas também reduzir as emissões em 7% em comparação aos níveis atuais.
Este cenário depende da adoção generalizada de práticas avançadas, como:
- Agricultura de precisão,
- Ração animal especializada que reduza as emissões em ruminantes,
- Métodos aprimorados de gestão de nutrientes.
O Secretário-Geral da OCDE, Mathias Cormann, enfatizou que a comunidade global possui as ferramentas necessárias para erradicar a fome. No entanto, ressaltou a importância de manter os mercados agroalimentares abertos e garantir o desenvolvimento sustentável da agricultura.
O comércio como pilar do sistema alimentar
A previsão dá atenção especial ao comércio internacional. Especialistas estimam que, até 2034, cerca de 22% de todos os produtos agrícolas cruzarão as fronteiras nacionais antes de chegar aos consumidores finais. Um sistema de comércio multilateral baseado em regras claras continua sendo uma ferramenta crucial para redistribuir excedentes e escassez, estabilizar preços e fortalecer a resiliência alimentar global.
O relatório ressalta que, sem comércio ativo, o setor agroalimentar global não será capaz de lidar com os desafios enfrentados pelo sistema alimentar. (As informações são do Dairy News Today, traduzidas pela equipe MilkPoint)
Interior do Brasil: o novo campo de batalha para o consumo de lácteos
O mercado consumidor brasileiro passa por uma mudança silenciosa, mas profunda. De acordo com dados do IPC Maps 2025, o interior do Brasil já concentra 55% do consumo nacional, enquanto as capitais e regiões metropolitanas, antes protagonistas, perdem espaço.
Para o setor lácteo, que tradicionalmente tem sua base produtiva nessas regiões, essa tendência traz uma mensagem clara: o futuro do crescimento está fora dos grandes centros urbanos.
Interior: de berço produtor a potência consumidora
Enquanto as grandes marcas disputam prateleiras e atenção em São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte, um consumidor cada vez mais exigente cresce nas cidades médias do interior. São municípios entre 50 mil e 150 mil habitantes, com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), economia ativa e forte presença do agronegócio e da indústria – exatamente o perfil onde a cadeia láctea está enraizada. Esse consumidor, segundo a análise do CEO da TXC, Rubens Inácio, não quer apenas produtos, quer relacionamento e reconhecimento.
O varejo local já percebeu isso, oferecendo experiências diferenciadas que aumentam a fidelização. Para as marcas de lácteos, especialmente as que disputam espaço nas gôndolas, esse comportamento é uma oportunidade de ouro para reposicionar estratégias.
Oportunidade para lácteos: do básico ao premium
A demanda no interior não se limita a produtos de primeira necessidade como leite UHT. Há espaço para linhas premium, artesanais, funcionais e de origem controlada, categorias que crescem quando o consumidor se sente valorizado e quando há conexão com a cultura local. Além disso, a menor saturação de marcas em relação às capitais permite construir presença com menor custo competitivo e maior margem.
Cooperativas e pequenas indústrias regionais podem explorar melhor seu vínculo com a comunidade, enquanto multinacionais e grandes processadoras precisam adaptar seu marketing para não perder terreno.
Distribuição e relacionamento: as chaves para conquistar esse mercado
A pesquisa mostra que no interior, as lojas físicas são mais que pontos de venda; são pontos de encontro. Isso muda o jogo para a indústria láctea, que pode investir em ações de degustação, storytelling de marca e parcerias com varejistas locais para criar experiências de consumo.
Além disso, o fortalecimento de canais digitais – e-commerce, marketplaces e entregas diretas – deve acompanhar essa expansão, garantindo que o consumidor do interior também tenha acesso facilitado a produtos diferenciados.
Reflexão final
O varejo brasileiro já virou a chave. Quem continuar concentrando esforços apenas nas capitais corre o risco de ficar para trás. Para o setor lácteo, essa tendência é ainda mais estratégica: o interior não é apenas o celeiro da produção, agora também dita o ritmo do consumo. Ignorar esse movimento não é uma opção; é perder o jogo antes de começar. (Adaptado para eDairyNews, com informações de Minuto Rural)
Associados do Sindilat/RS têm 10% de desconto no Fórum MilkPoint Mercado e no Interleite Brasil 2025
Os associados do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS) têm 10% de desconto garantido para aquisição de ingressos nos dois principais eventos da cadeia leiteira brasileira: o Fórum MilkPoint Mercado e o Interleite Brasil 2025, que acontecem em Goiânia (GO) nos dias 19, 20 e 21 de agosto.
O Fórum MilkPoint Mercado, com o tema “Transformações e Novas Oportunidades no Leite Brasileiro”, será realizado no dia 19 de agosto, em formato híbrido (presencial e on-line). O evento reunirá os principais agentes do setor para debater as mudanças no ambiente de negócios e as perspectivas para o mercado lácteo nacional, diante de um cenário marcado pela acirrada concorrência entre indústrias e pressão sobre as margens de comercialização. Serão 17 palestrantes ao longo do dia, com certificado emitido pela MilkPoint e material disponível para download.
Já o Interleite Brasil 2025, que ocorre nos dias 20 e 21 de agosto, será exclusivamente presencial. Com o tema “Como fazer mais produtores participarem do futuro do leite no Brasil?”, o evento tem como objetivo discutir formas de integrar tecnologia, gestão eficiente e produtividade na atividade leiteira. A programação trará reflexões sobre como otimizar o uso do tempo, implementar ferramentas digitais e tornar a produção mais rentável.
Conforme o secretário-executivo do Sindilat/RS, Darlan Palharini, a participação contribui para a qualificação dos profissionais e para o fortalecimento da cadeia produtiva. “Esses eventos possibilitam a discussão de questões estratégicas para o desenvolvimento e a modernização da cadeia leiteira, aproximando os diversos segmentos do setor na busca por alternativas e caminhos em comum”, destacou.
Os ingressos estão disponíveis em lotes limitados e podem ser adquiridos com desconto exclusivo de 10% para associados do Sindilat/RS, CLICANDO AQUI.
Jogo Rápido
Fundesa orienta sobre contribuição para reprodutores
O Fundesa-RS divulgou essa semana novo material de orientação para produtores de todas as cadeias que trabalham com material genético. Os reprodutores, diferentemente dos animais de produção, precisam contribuir uma vez ao ano, geralmente junto à declaração anual de rebanho. Esses animais podem ter, em caso de emergência sanitária, indenizações diferenciadas conforme a categoria, se registrados em suas associações de raça. O material está disponível em vídeo, PDF e também nas redes sociais. Para baixar e compartilhar clique nos links. Vídeo: CLIQUE AQUI. PDF: CLIQUE AQUI. (Fonte: Fundesa)