Porto Alegre, 11 de julho de 2019 Ano 13 - N° 3.020
A disputa envolvendo o controle do laticínio mineiro Itambé terminou em acordo. Em litígio desde o fim de 2017, a francesa Lactalis anunciou ontem que, após chegar a um entendimento com a mexicana Lala, assumiu definitivamente o controle da empresa criada pela Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR).
Pelo acordo, as empresas abriram mão de contenciosos que mantinham no Brasil, disse ao Valor o CEO da Lactalis para a América Latina, Patrick Sauvageot. Em contrapartida, a Lala encerrou no México a "relação contratual" com a Parmalat, que pertence à multinacional francesa.
Com a Itambé, a Lactalis consolida a liderança no mercado brasileiro de lácteos, reunindo marcas como Parmalat, Batavo, Président e a própria Itambé, entre outras. O faturamento combinado no Brasil é de quase R$ 8 bilhões por ano, segundo a multinacional francesa.
A compra da Itambé também dá ao grupo francês a liderança em captação de leite no Brasil. No ano passado, a suíça Nestlé figurou na primeira posição, captando 1,6 bilhão de litros, de acordo com o ranking da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil).
Juntas, Lactalis e Itambé captam 2,3 bilhões de litros de leite por ano, o equivalente a 9,4% da produção formal de leite no país. Da última vez em que divulgou dados para ao ranking, em 2017, o laticínio mineiro informou ter captado quase 1 bilhão de litros de leite.
De acordo com Sauvageot, a Lactalis ainda tem espaço para crescer no país. "Se você olha outros mercados no Brasil, os líderes em geral têm mais de 15% [de participação]", disse o executivo.
Perguntado pela reportagem, ele admitiu o interesse da Lactalis na Dairy Partners Americas (DPA), joint venture entre Nestlé e Fonterra que foi colocada à venda neste ano. "Acho que todos do mercado vão estar interessados", afirmou. Se adquirir a DPA, empresa que faturou cerca de R$ 1 bilhão em 2018, a Lactalis desbancará a Danone da liderança do mercado brasileiro de iogurtes.
Encerrado oficialmente ontem, o conflito entre Lactalis e Lala remonta a agosto de 2017, quando a Vigor, que era controlada pela J&F Investimentos, foi vendida para os mexicanos. Na ocasião, a Lala acertou a compra da Vigor e da fatia de 50% que a companhia da J&F tinha na Itambé por R$ 5,7 bilhões. No entanto, a CCPR decidiu fazer valer o direito de recompra dos 50% da Itambé que pertenciam à J&F e retomou 100% do capital do laticínio mineiro. Um dia depois, porém, a cooperativa vendeu a totalidade da Itambé à Lactalis, por estimados R$ 1,9 bilhão.
A reviravolta envolvendo o controle da Itambé levou o grupo Lala à Justiça e à Câmara de Arbitragem Brasil Canadá. Os mexicanos questionaram o que consideravam ser o descumprimento, pela CCPR, do acordo de acionistas que tinha com a Vigor. Um dos argumentos era que o acordo proibia a venda da Itambé a um grupo concorrente, justamente o caso da Lactalis.
Ao Valor, o presidente da CCPR, Marcelo Candiotto, afirmou ontem que o acordo entre Lala e Lactalis é positivo para a cooperativa. "Escolhemos o parceiro que queríamos", disse, defendendo a legitimidade da venda da Itambé ao grupo francês. A CCPR terá um acordo de longo prazo para fornecer o leite produzido pelos cooperados exclusivamente à Lactalis. (Valor Econômico)
"O Brasil importa 80% do fertilizante utilizado em suas plantações (...) Os portos brasileiros recebem todo esse volume e, a partir daí, começa um périplo logístico até o proprietário, o qual se dá essencialmente pela via rodoviária. A depender do corredor logístico escolhido, a viagem terrestre pode variar de 400 km a 2.000 km", diz a Anda em estudo enviado a Mario Rodrigues Junior, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A afirmação é do auditor e membro da Comissão de Boas Práticas e Bem-Estar Animal do Ministério da Agricultura (MAPA), Bruno Leite. Ele esteve na Embrapa Gado de Leite para detalhar o Plano de Qualificação do Fornecedor de Leite (PQFL), que integra a Instrução Normativa nº 77 (IN77), em vigor desde o início do mês passado. Para nortear as indústrias na confecção de seus planos, o MAPA lançou um guia orientador, disponível gratuitamente no site do Ministério.
A apresentação de Bruno Leite está disponível para acesso online em:
http://www.repileite.com.br/page/palestras-recentes
A normativa estabelece que os laticínios devem manter um programa de autocontrole da qualidade da matéria prima, o leite, para que preserve as condições higiênico-sanitárias adequadas. Para isto, necessitam estabelecer um plano de qualificação de produtores rurais, contemplando assistência técnica e gerencial, bem como a capacitação com foco em gestão da propriedade e implementação das boas práticas agropecuárias. Após a apresentação do auditor, foi realizada uma reunião com as equipes do Laboratório de Qualidade do Leite (LQL), do ensino a distância E@DLeite e do núcleo temático de pesquisa em Saúde Animal e Qualidade do Leite, visando iniciar as discussões para a elaboração do modelo de curso que o laboratório da Embrapa irá oferecer, já que os técnicos dos laticínios devem ser capacitados pela Rede Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do Leite (RBQL), conforme prevê a IN77.
A China tem aumentado suas compras de derivados lácteos este ano (crescimento de cerca de 26% em equivalente leite nos primeiros 5 meses de 2019 em relação ao mesmo período do ano passado). Ao mesmo tempo, depois de começar o ano em desaceleração, a produção europeia apresentou crescimento significativo no mês de abril (quase 190 milhões de litros adicionais, volume maior do que toda a produção de 1 mês no Uruguai, grande exportador lácteo do Mercosul). (Milkpoint)