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O Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat) foi homenageado nos festejos dos 25 anos da Embrapa Clima Temperado, instituição federal de pesquisa e fomento à agropecuária com sede em Pelotas/RS. Ao lado de outras 13 entidades que representam o setor primário, o Sindilat foi o destaque na categoria Cadeia Produtiva, reconhecimento pelo apoio e parceria na construção e divulgação de conhecimento e soluções tecnológicas e inovadoras em prol do desenvolvimento regional.

O presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, recebeu a placa durante a cerimônia realizada no dia 6 de julho, no auditório Ailton Raseira, na sede da Embrapa. Na oportunidade, o Sindilat também entregou placa alusiva aos 25 anos da empresa de pesquisa reconhecida nacionalmente pela larga história de contribuições para a região de clima temperado brasileira. A Embrapa Clima Temperado desenvolve atividades nas áreas de recursos naturais, meio ambiente, grãos, fruticultura, olerícolas, sistemas de pecuária com ênfase para gado e agricultura de base familiar.

Foto: Alexandre Guerra

O presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, integrou comitiva da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) no 11º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), convenção anual do setor industrial brasileiro realizada em Brasília nos dias 3 e 4 de julho. Organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) desde 2006, o evento reuniu empresários, sindicatos e federações de indústrias para alinhas e validar posicionamentos sobre ações que visam a defesa da indústria nacional.

O encontro levou para o palco candidatos à presidência da República - onde cada um pode se manifestar por tempo determinado. Após os presidenciáveis responderem a três questionamentos feitos pelos representantes das federações presentes, a plateia teve a oportunidade de eleger a pergunta de maior interesse do setor industrial. Para Guerra, iniciativas como essas são importantes para aproximar os presidenciáveis sobre a realidade do setor industrial brasileiro. “Mostramos a preocupação da indústria com o cenário político-econômico e pontuamos as ações necessárias para o setor voltar a crescer”, destacou Guerra.

O presidente do Sindilat informou ainda que os representantes da indústria entregaram aos candidatos uma agenda com pontos que precisam de atenção do governo, para que no futuro venha a integrar o plano de governo do novo (a) presidente (a).

Foto: José Paulo Lacerda/CNI 

A gigante Nestlé prepara-se para lançar sua primeira linha de leites orgânicos produzidos no Brasil até junho de 2019. A inovação é resultado de projeto piloto inédito iniciado pelo Brasil com 35 produtores na região de Araraquara, interior de São Paulo. A ação foi detalhada pelo especialista de região leiteira da Nestlé Brasil, Agaciel Fiorentin, na oficina Produção Orgânica de Leite e Laticínios, realizada na tarde desta terça-feira (26/6), durante o 6º Fórum Itinerante do Leite, em Santa Rosa. Os tambos selecionados para o projeto operam, juntos, com 30 mil litros de leite/dia e recebem de 70% a 80% a mais pelo litro em relação ao produto convencional. O pagamento diferenciado é regido por contrato de 24 meses e ocorre desde o momento em que o produtor ingressa no programa de migração. A atual legislação prevê que o processo de conversão do solo da propriedade e do rebanho leve 18 meses, mas já há previsão de reduzir esse prazo para 12 meses.

Segundo Fiorentin, o leite orgânico foi um desafio lançado pela Nestlé a suas subsidiárias de forma a atender à crescente demanda por alimentos mais saudáveis e sustentáveis. Há pouco mais de um ano, o Brasil aceitou a provocação e vem desenvolvendo o projeto, que atende à rigorosa legislação que rege os produtos orgânicos no Brasil. Para ser considerado orgânico, o leite deve vir de animais alimentados com pastagens sem o uso de adubos químicos ou agrotóxicos. É permitida alimentação no cocho desde que seja composta por insumos orgânicos, com tolerância de até 15% de grãos convencionais desde que não transgênicos. Os animais devem ser tratados basicamente com homeopatia e produtos fitoterápicos, e não é permitida a criação em confinamento. “Não é fácil fazer orgânico. É claro que, com o apoio da indústria e da área técnica, vai ficando mais fácil”, disse. Segundo Fiorentin, um dos limitadores da expansão da produção orgânica de leite é a oferta de milho e farelo de soja orgânicos. Mediante o avanço do projeto, a empresa deve estudar sua ampliação a outras áreas onde atua no país.

Como não existe teste capaz de indicar se o leite é ou não orgânico, o importante é escolher bem os produtores que se integrarão ao sistema e serão auditados. “Quem só pensa em ganhar mais com o leite orgânico não se enquadra no perfil porque entendemos que esse criador vai desistir na primeira dificuldade. A escolha dos produtores é feita com base em seus projetos e consciência ambiental”, afirmou Fiorentin.

Atualmente, a Nestlé opera com produtos orgânicos no exterior. Até o lançamento em 2019, a produção do projeto paulista segue sendo adicionada às linhas convencionais de Molico e Ninho. “Que por meio desse projeto a gente possa desenvolver mais a cadeia láctea. O país e os consumidores só têm a ganhar, com produtos cada vez mais sustentáveis”, destacou Fiorentin.

Durante a oficina em Santa Rosa, também foi apresentado o case do produtor Eliseu Pelenz, que vem migrando sua produção para o sistema orgânico em Santo Cristo (RS). Na propriedade de 24 hectares, dez destinados ao tambo, ele tem 15 vacas que rendem 7 mil litros por mês. O conceito é o de cultivar o solo com responsabilidade, em vez de explorá-lo. “Não uso veneno há mais de 15 anos”, frisou o produtor, que entrega seu leite para o laticínio Doceoli. Para caminhar em direção ao tambo orgânico, Pelenz usa homeopatia para tratar alguns males do rebanho e até para afastar o carrapato, um trabalho que é acompanhado de perto pelo técnico Ademir Amaral. O criador só não atingiu a migração completa porque ainda utiliza alguns adubos químicos para fortalecer as pastagens, o que, segundo ele, pode ser facilmente substituído por adubo orgânico, mas ainda é caro. 

OFICINAS – A programação da tarde do 6º Fórum Itinerante do Leite incluiu outros três grupos de debates setorizados. Um dos mais concorridos foi “A atividade leiteira sob o olhar das mulheres”, no qual agricultoras apresentaram os dilemas de seu dia a dia. Outro debate que chamou atenção foi “O clima e o bem-estar das vacas leiteiras”. Por fim, a agenda ainda incluiu “Reunião Técnica sobre Tuberculose e Brucelose”, que alinhou procedimentos operacionais a serem realizados para o controle das enfermidades no rebanho bovino gaúcho.

O descanso é visto como essencial para garantir motivação ao produtor e um trabalho bem feito. Consciente da necessidade de aliviar o peso do dia a dia dos tambos – atividade reconhecida por trabalho ininterrupto ao longo do ano -, o médico veterinário da macrorregião Norte da Emater Paraná, Paulo Hiroki, garante que pensar a produção e planejar o ciclo reprodutivo dos animais pode ser feito de forma a viabilizar férias até para quem trabalha com o leite. “Se eu posso planejar eu posso ter descanso”, citou ele durante painel na manhã desta terça-feira (26/6), durante o 6º Fórum Itinerante do Leite.

Com um calendário definido e rebanho estabilizado, ele sugeriu a criadores do Paraná diminuir a estação de partos para que o produtor pudesse planejar seu descanso para meses de dezembro ou janeiro, quando se tem muito leite no mercado e baixo consumo. O sistema, garante ele, dá certo: “Leva três anos para preparar suas férias.” Também é importante prever corte de despesas em determinados períodos para compensar a interrupção de lactação durante as férias.

O painel ainda apresentou o case do produtor Ezequiel Nólio, proprietário do Tambo Nólio, de Paraí (RS). Enfrentando falta de mão de obra qualificada para exercer a atividade, adotou a robótica para manejar o rebanho. “Agora, os donos podem sair para passear, podem estar aqui dando palestras”, relatou o produtor.
De acordo com ele, o uso de robô na ordenha exigiu poucos ajustes de estrutura do pavilhão do gado, o que, ao lado do custo da máquina, somou R$ 900 mil. Essa mecanização, cita ele, é alternativa para viabilizar a sucessão no campo porque alivia o trabalho e pode eliminar a contratação de funcionários. Em dois anos, ele conta que a produtividade média do Tambo Nólio passou de 28 litros vaca/dia para 35 litros por vaca/dia. O manejo, antes feito por um empregado e duas pessoas da família, hoje é realizado apenas por uma pessoa e pelo robô. O número de vacas em lactação caiu de 75 para 63, mas a captação se manteve em 2,2 mil litros/dia, garantindo otimização do uso de concentrado e melhor rentabilidade. Ao mudar a ordenha para o sistema mecanizado, Nólio teve redução imediata de 130 quilos de consumo de concentrado/dia.

 

Manter as novas gerações no campo e garantir a sucessão nos tambos gaúchos passa por uma gestão profissional, com definição de atribuições, metas e, inclusive, de pró-labore para os integrantes da família. A posição foi defendida pelo presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, durante o 6º Fórum Itinerante do Leite, que reuniu cerca de 800 pessoas nesta terça-feira (26/6), em Santa Rosa (RS). Segundo Guerra, não há mais espaço para amadorismo na atividade. “Os produtores hoje são gestores de seu próprio negócio.” Otimista, Guerra disse que há amplo potencial para crescimento do setor lácteo a ser desenvolvido pelos jovens no mercado interno e externo.

A importância de maior estabilidade na remuneração da atividade foi pontuada pelo representante da Fetag e presidente do Conseleite, Pedrinho Signori, como essencial para tornar a atividade mais atrativa às novas gerações. “A oscilação na cultura do leite é muito grande. Isso traz desestímulo para o jovem seguir na atividade. Temos que ter em mente que o leite muito barato hoje ao consumidor pode significar um preço muito caro amanhã”, salientou. Em coro, o diretor da Farsul Jorge Rodrigues citou a relevância de mão de obra qualificada e estudo para melhoria contínua da produção. “Os jovens têm que saber que esse é um trabalho dignificante.”

Mais que isso, pontuou o assistente técnico em Criações da Emater Ivar Kreutz, é preciso diálogo e visão. “Sucessão não se faz quando os jovens já foram. Eles não vão voltar. É quando são pequenos que é fundamental se pensar em sucessão”.

A importância de integração de gerações para o sucesso dos tambos leiteiros gaúchos foi exemplificada na apresentação realizada pela jovem Mariane Moz, sócia da Agropecuária Moz, de Tuparendi (RS). Ao lado dos pais, do namorado e de quatro funcionários, ela administra a propriedade com olhos no futuro e na qualidade. Segundo ela, diferentemente do que comumente se diz, sucessão rural na Agropecuária Moz não significa “substituir o velho pelo novo”. “Na Moz é diferente. Usamos a experiência dos meus pais aliada ao meu conhecimento técnico e à orientação de gestão e administração de custos de meu namorado”, pontuou.

O tambo, que começou de forma tímida a integrar a renda da família em 1994, hoje é a principal atividade da propriedade, que produz 4,3 mil litros por dia com 115 animais em lactação de um rebanho de 280 animais. O amor de Mariane pela produção começou ainda criança. Com 12 anos já ordenhava os animais e ajudava a família. Alguns anos depois, é ela que pilota os projetos de qualidade do leite e transferência de embriões, além do sistema de Compost Barn que garante bem-estar animal e bons lucros aos Moz.

Terceirização da recria

Um grupo de 20 produtores da região de Tuparendi (RS) vem obtendo excelentes resultados com a terceirização de alguns processos produtivos que permitam aos tambos focar sua atuação exclusivamente na obtenção do leite. A sócia da Fazenda Bom Sucesso, Marjorie Ghellar, relatou o processo de terceirização da recria de terneiras realizado pela Cooperativa de Produtores de Leite Fronteira Noroeste (Cooperlat). “Isso nos permite foca apenas na produção de leite e abrir espaço na propriedade.”
Pelo sistema, as terneiras são remetidas a Uruguaiana (RS) para recria e só retornam com sete meses de prenhez prontas para a produção. Além disso, informa ela, a cooperativa vem ajudando muito com prestação de serviços de maquinário a seus associados. Criada em 2006, a Cooperlat tem um total de 1,8 mil animais e produz 26 mil litros/dia.

Foto: Carolina Jardine

A região da Grande Santa Rosa perdeu 3,6 mil produtores de leite entre 2015 e 2017 (37%), movimento registrado em todos os 20 municípios que integram a área de atuação do APL Leite Fronteira Noroeste. O abandono da atividade ocorreu tanto em tambos pequenos, com captação diária de 50 litros, quanto naqueles maiores, na faixa de 1 mil/dia. Segundo levantamento do APL Leite realizado com base em dados da Emater e divulgado na noite desta segunda-feira (25/06), durante programação preliminar do 6º Fórum Itinerante do Leite, em Santa Rosa (RS), no mesmo período, os que ficaram na atividade conseguiram se tornar ainda mais competitivos, elevando a produção da região de 415,2 milhões de litros ano para 431,6 milhões de litros.

O faturamento das propriedades também cresceu: de 50 para 84 salários mínimos ao ano. “Quem ficou está recebendo mais, mas também está produzindo mais”, garantiu o gestor do APL Leite, Diorgenes Albring. A realidade da produção gaúcha e os desafios para torná-la mais lucrativa são temas do 6º Fórum Itinerante do Leite nesta terça-feira (26/06) que pretende reunir mais de 500 pessoas no Instituto Federal Farroupilha em Santa Rosa.

O desafio agora é refinar os números sobre os custos de produção, que hoje oscilam entre R$ 0,80 e 0,90 para criação a pasto e R$ 1,10 a R$ 1,20 para confinamento na região. “Está sobrando tanto dinheiro como sobrava antes, mas esse dinheiro tem menos poder de aquisição do que antes. Aí se cria uma sensação de fracasso na atividade. O produtor não faz a conta do que é custo de produção e o que é custo da família”. Durante apresentação na noite desta segunda, Albring frisou que há muito a pleitear junto aos administradores municipais no intuito de conseguir incentivos para qualificar a produção e fomentar avanços na criação de gado leiteiro. E lamentou que boa parte da captação de leite realizada na Grande de Santa Rosa não seja processada na região, minimizando a possibilidade de geração de renda e emprego local.

Coordenando o projeto, o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, citou que o setor ainda precisa enfrentar a baixa produtividade por vaca, que , muitas vezes, está abaixo de 20 litros/dia. Contudo, frente às dificuldades do mercado, resta ao produtor controlar seus custos de produção de forma a manter-se competitivo. “O produtor de leite é uma mini-indústria em cada município, um empreendedor que gera ICMS como qualquer outro empresário da cidade”, salientou.

Anfitriã do evento, a diretora geral do Instituto Federal Farroupilha - Campus de Santa Rosa, Renata Rotta, reforçou a relevância de receber um evento do porte do Fórum Itinerante no município. “É muito importante essa aproximação da cadeia produtiva com as atividades que realizamos na instituição”, disse. Relevância que também foi pontuada pelo assistente técnico da Emater na área de criações Ivar José Kreutz: “É um momento de parar e repensar a fora de realizarmos atividades junto a esses produtores”. Autoridades oficializaram a abertura dos trabalhos para o evento com brinde de leite em uma noite que contou com a presença de prefeitos, secretários municipais e dirigentes. Representando o Conseleite, seu presidente Pedrinho Signori enalteceu a força do setor leiteiro para a economia da região de Santa Rosa.

O 6º Fórum Itinerante do Leite é uma realização do Sindilat, do Canal Rural, do Fundesa, do Sistema Farsul e da Fetag. O evento tem apoio técnico do Instituto Federal Farroupilha – Campus de Santa Rosa, da Emater-RS e da Embrapa. O apoio institucional reúne AGL, AMGSR, APL, Apil, Gadolando, Jersey-RS, Coopermil, Cotrimaio, Fahor, Famurs, Fecoagro, Fema, Instituto Senai, Ministério da Agricultura, Ocergs- Sescoop, Prefeitura de Santa Rosa, Secretarias Estaduais da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi) e Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), Setrem, Sicredi e Unijuí.

Foto: Carolina Jardine

Como resultado da redução de captação durante a greve dos caminheiros no final de maio, o preço do leite registrou alta de 6,76% no Rio Grande do Sul. Segundo dados dos primeiros dez dias de junho, divulgados pelo Conseleite nesta quinta-feira (21/06), na sede da Farsul, em Porto Alegre (RS), o valor de referência projetado para o mês é de R$ 1,1781, acima do consolidado de maio, que ficou em R$ 1,1035. O aumento foi puxado diretamente pelo leite UHT, produto de maior expressão no mix gaúcho, que teve valorização de 14,71%. O movimento foi acompanhado por diversos outros itens: requeijão (10,54%), queijo mussarela (8,74%), leite condensado (8,33%) e queijo prato (6,78%). A tendência é que os valores se mantenham nesse novo patamar motivados pelo aumento de consumo típico dos meses de inverno e pela alta do dólar que impacta diretamente nos custos e ajuda a travar a importação de lácteos. Além disso, explica o vice-presidente do Conseleite e presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, muitas vacas que estavam em fase de lactação foram “secas” propositadamente no período da greve, impactando no volume desta temporada de outono.

O professor da UPF Eduardo Finamore explica que houve queda expressiva na quantidade produzida pelas indústrias em função da greve, algo que não há como ser recuperado. Levantamento do Conseleite indica que as indústrias gaúchas comercializaram um volume equivalente a 108 milhões de litros em maio de 2018, 16,7% menos do que os 126 milhões de litros de leite de abril. “Não se pode considerar que a valorização dos produtos foi boa porque, ao mesmo tempo, houve redução de produção com a greve. O prejuízo foi diferente de empresa para empresa, mas a queda de quantidade trouxe impacto direto no lucro das indústrias”, pontuou Finamore. O presidente do Conseleite, Pedrinho Signori, acrescentou que a greve agravou a crise no campo. “Foi uma pá de cal em muitos produtores que já estavam com dificuldades por inúmeros outros fatores como estradas precárias, falta de energia e incentivo”.

Apesar da alta no valor do leite em junho, Guerra destacou que os valores acumulados no Rio Grande do Sul ainda estão abaixo dos de 2017. Segundo levantamento semestral apresentado pelo Conseleite nesta quinta-feira, de janeiro a junho de 2018, dez dos 13 produtos avaliados estão com valores abaixo do praticado no mesmo período do ano anterior: leite UHT (-5,48%), leite pasteurizado (-5,87%), leite em pó (-7,73%), leite condensado (-12%), bebida láctea (-3,19%), queijo mussarela (-11,49%), queijo prato (5,03%), requeijão (-4,49%), nata (-2,36%) e outros queijos (-16,51%). Apenas iogurte (6,19%), doce de leite (0,94%) e queijo minas (1%) estão acima dos indexadores de 2017.

IN 62 – Durante a reunião, representantes dos produtores e indústria ainda debateram o texto que está em consulta pública e propõe mudanças na IN 62, que regula os padrões de qualidade e produção no setor lácteo. O prazo para sugestões termina na segunda-feira (25/6), mas as lideranças do segmento entendem que há muito a ser debatido e ajustado. O secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, apresentou, ponto a ponto, as principais dificuldades que o setor terá para adaptar-se ao que está sendo proposto e as alterações que estão sendo sugeridas pelo Sindilat, como ajustes na temperatura de leite na plataforma e no monitoramento de unidades formadoras de colônia. “O novo texto limpa inúmeras legislações que hoje regem o setor e concentra em apenas duas INs o regramento. A proposta desburocratiza o setor, mas precisa de ajustes”, salientou Palharini.

O produtor e diretor da Farsul Jorge Rodrigues questionou o alto rigor das medidas propostas, o que, segundo ele, é inviável de ser cumprido neste momento. “Essas regras foram feitas dentro de um gabinete, sem avaliar a realidade do campo. Há muitas coisas aqui que não poderão ser cumpridas e precisarão ser revistas daqui a dois anos”, criticou.

Tabela 1: Valores Finais da Matéria-Prima (Leite) de Referência1, em R$ – Maio de 2018.

(1)    Valor para o leite “posto na propriedade” o que significa que o frete não deve ser descontado do produtor rural. Nos valores de referência IN 62 está incluso Funrural de 1,5% a ser descontado do produtor rural

 

Tabela 2: Valores Projetados da Matéria-Prima (Leite) de Referência1 IN 62, em R$ – Junho de 2018.

Foto: Carolina Jardine 

O 6º Fórum Itinerante do Leite, que será realizado na terça-feira (26/6), reunirá especialistas, produtores, autoridades e líderes de entidades do setor para debater a importância da mão de obra e os desafios da cadeia leiteira. Através de painéis, os palestrantes convidados mostrarão que uma produção em boas mãos pode gerar ótimos resultados. O evento, que também contará com oficinas, terá transmissão ao vivo pelo Canal Rural, das 9h às 12h, diretamente do Ginásio do Instituto Federal Farroupilha (IFFar) – Campus de Santa Rosa. O Fórum será apresentado pela jornalista Kellen Severo, do Canal Rural.

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios (Sindilat/RS), Alexandre Guerra, é preciso união para qualificar a mão de obra disponível no campo e elevar o treinamento das equipes aos novos padrões de qualidade exigidos do produtor e da indústria, como o uso de tecnologia. "O fórum é uma oportunidade de integrar representantes da indústria, do setor de produção e da área acadêmica para trabalharem em busca de novas oportunidades para o setor", afirma. Guerra ressalta que, neste momento, é importante que as pessoas mantenham a atividade produtiva, porque o agronegócio é o futuro da economia brasileira.

Na ocasião, serão realizados dois painéis técnicos. O primeiro enfocará a sucessão familiar, cooperação e terceirização de mão de obra. Já o segundo painel analisará gerenciamento, inovação e automação da ordenha. Os debates terão a participação do secretário-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Pedrinho Signori; do coordenador da Comissão de Leite da Federação da Agricultura do RS (Farsul), Jorge Rodrigues, e do presidente do Sindilat. À tarde, ocorrerão oficinas técnicas sobre gestão da atividade leiteira, produção orgânica e bem-estar das vacas. Também está agendada uma reunião técnica sobre tuberculose e brucelose. Cada participante poderá optar por uma das quatro oficinas.

O Fórum é uma realização do Sindilat/RS, do Canal Rural, do Fundesa, do Sistema Farsul e da Fetag-RS. O evento tem apoio técnico do Instituto Federal Farroupilha – Campus de Santa Rosa, da Emater-RS e da Embrapa. O apoio institucional reúne AGL, AMGSR, APL, Apil, Gadolando, Jersey-RS, Coopermil, Cotrimaio, Fahor, Famurs, Fecoagro, Fema, Instituto Senai, Ministério da Agricultura, Ocergs- Sescoop, Prefeitura de Santa Rosa, Secretarias Estaduais da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi) e Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), Setrem, Sicredi e Unijuí.

As inscrições podem ser realizadas gratuitamente no site do Canal Rural. Durante o Fórum, os palestrantes irão responder ao público presente no evento e aos que o assistem, através do WhatsApp (11) 98524-0073 e/ou do Facebook do Canal Rural.

Crédito ValentynVolkov / istock