Porto Alegre, 03 de abril de 2024 Ano 18 - N° 4.118
Conheça o pastoreio rotatínuo, sistema que auxilia na rentabilidade leiteira
Modelo mistura conceitos de manejo extensivo e rotacionado para garantir que animais consumam o maior volume de pastagem, possível, reduzindo custos com aumento de produção
Nem extensivo e nem rotacionado: rotatínuo. O modelo de pastoreio que tem garantido aumento de produtividade e renda a mais de três mil pecuaristas do Sul do Brasil é uma mistura das duas formas de manejo mais praticadas no país e, de acordo com seu idealizador, subverte lógica adotada em sistemas de criação até aqui.
“Diferente dos demais tipos de manejo, que estão sempre focados no ciclo de vida do pasto, o pasto rotatínuo parte do comportamento natural dos animais e, ao fazer isso, acaba produzindo propostas diferentes das atuais”, explica o zootecnista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Paulo César de Faccio Carvalho.
A partir do comportamento dos animais, o pesquisador constatou que os bovinos têm preferência por consumir apenas a porção superior do pasto no período da manhã e do final da tarde. “Não existe nenhuma razão no mundo selvagem para um animal que está solto e livre comer as outras partes da planta, ele jamais faz isso. Quem inventou de comer mais que isso foi o homem porque o homem interpreta que não pode perder”, observa o zootecnista.
A gente passou de pastor a ditador, subtendo os animais a conceitos absolutamente antrópicos
— Paulo César de Faccio Carvalho, zootecnista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
O resultado é maior consumo de pastagem pelos animais em menos piquetes, já que o intervalo entre entrada e saída dos animais também diminui. “Isso significa menos trabalho manual para conduzir as vacas com um efeito enorme sobre a mão de obra”, destaca o pesquisador.
Ao todo, mais de três mil pecuaristas já aderiram ao modelo, difundido em parceria com o Sebrae, Sindilat (Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do RS) e outras entidades do setor.
Desde 2019 com o sistema implantado na sua propriedade, o produtor Tadeu Debona conta que a sua renda praticamente dobrou com o aumento de produtividade.
“Nos primeiros meses a gente já teve um salto de produção bem grande. A gente estava com 14 litros por vaca e fomos a 22, chegando a uma média de 29 litros hoje em dia”, revela.
Com mais tempo livre, ele a família passaram a investir na produção de derivados como queijos, iogurtes e doces – o que também contribuiu para o aumento da renda. Atualmente, 30% de toda a matéria-prima captada é beneficiada na propriedade. Com o Selo Arte do Ministério da Agricultura em mãos, ele planeja expandir o laticínio nos próximos anos, conseguindo, assim, processar toda a sua produção.
“O tempo é uma coisa subestimada dentro do sistema, mas é importante dizer que dá para ter uma vida digna na pequena propriedade sem trabalho excessivo”, ressalta o professor da UFRGS. De acordo com ele, o pasto rotatínuo ataca três dos quatro problemas mais mencionados pelos produtores que decidem abandonar a pecuária de leite: custo, preço do leite e mão de obra – o quarto problema mais citado é a sucessão familiar.
“Quando você diminui o custo – e essa ordem de grandeza é de cerca de 30% mais ou menos – e aumenta a produção, o produtor passa a esquecer o grande problema dele, que é o preço do leite”, observa o pesquisador.
Segundo ele, 60% dos produtores desistiram da atividade nos últimos oito anos por conta dos desafios enfrentados no setor. “Trata-se do fenômeno socioeconômico mais dramático do agro”, argumenta Paulo.
Processos
Nesse sentido, ele destaca o pastoreio rotatínuo como uma ferramenta estratégica pra garantir a permanência no campo, já que a sua adoção não tem custo. “É uma tecnologia de processos, e não de insumos, e com uma cascata de consequências positivas rapidamente percebidas pelo produtor”, comenta.
Não à toa, a sua disseminação se tornou ponto central do programa Produção Integrada em Sistemas Agropecuários (PISA) oferecido pelo Sebrae-RS.
O esforço, contudo, não tem sido suficiente para estancar a “sangria” dos pequenos produtores. Paulo conta que a demanda é alta e há fila de espera para receber treinamento para adoção da tecnologia.
“Temos conversado com iniciativas para começar em Mato Grosso e Goiás. Em Minas Gerais começamos no ano passado. Então, cada vez mais o sistema tem passado por uma maturação de conhecimentos de resultados”, completa o pesquisador. (Globo Rural VIA Valor Econômico)
Em Porto Alegre, 18ª Fenasul e 45ª Expoleite 2024 serão lançadas nesta quinta-feira
Na próxima quinta-feira (04), na sede da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), em Porto Alegre, vai ocorrer o "Leite com Café" de lançamento da 18ª Fenasul/45ª Expoleite 2024. O encontro será às 8h30min.
A Fenasul/Expoleite é uma promoção da Seapi com a Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), e co-promoção da Prefeitura de Esteio, Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Fetag).
O evento vai ocorrer de 15 a 19 de maio, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Em 2023, a feira foi considerada a maior da história e contou com um público estimado em torno de 100 mil pessoas.
SERVIÇO:
O quê: "Leite com Café" de lançamento da 18ª Fenasul/45ª Expoleite 2024
Quando: Quinta-feira (4/4), às 8h30min
Onde: Sede da Seapi – Av. Getúlio Vargas, 1384, em Porto Alegre
Fonte: Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando)
Sem consenso, decisão de aumentar ICMS é adiada
Um projeto para elevar o ICMS de 17% para 19% no Rio Grande do Sul não deve ser encaminhado à Assembleia Legislativa nesta semana, como chegou a sinalizar o governo do Estado. Enquanto o Parlamento ainda discute possível revogação dos decretos de Eduardo Leite (PSDB) que cortam benefícios fiscais, o governador articula o que antes era considerada a alternativa principal, encomenda estudos à Fazenda e deve aguardar o fim de sua agenda na Europa para tomar decisão em relação a um texto legislativo.
"Não tem projeto", sintetizou o líder da base aliada da situação na Assembleia, deputado Frederico Antunes (PP). A proposta, na verdade, nem partiu do governo. Foram 24 entidades ligadas ao agronegócio e ao setor supermercadista que propuseram o caminho do aumento do ICMS a fim de evitar corte de incentivos fiscais.
"Quem fez a proposta é que deve procurar apoio. As entidades conhecem todos os deputados", afirmou Antunes.
O aumento de ICMS sempre foi a principal aposta do governo para aumentar a arrecadação e gerar receitas para o Estado. Quando Leite propôs um reajuste para 19,5%, retirou o texto às vésperas da votação, diante de falta de apoio. Desgastado politicamente e com oposições à esquerda e à direita, de sindicatos a entidades empresariais, o governo busca evitar nova derrota no Legislativo.
A sinalização de momento é que um hipotético projeto só deve ser protocolado após a viagem de Leite a países europeus. O governador embarca no aeroporto internacional Salgado Filho na sexta-feira de 12 de abril e deve chegar a Verona (Itália) no sábado. Lá, comparece à Vinitaly, uma exposição internacional de vinhos, e depois segue a Roma, capital do país. Em 2025, se completam 150 da imigração italiana em solo gaúcho. Leite também deve ter agenda com o Papa Francisco I.
Posteriormente, o tucano deve voar à Alemanha, onde terá agendas na cidade de Frankfurt, Mainz, Hamburgo e Hannover, onde anualmente ocorre importante feira industrial. O retorno a Porto Alegre está previsto para a manhã de 23 de abril.
Portanto, esse prazo daria pelo menos 20 dias para o governo formular um projeto de lei, angariar apoio e encaminhar o texto ao Parlamento. Por enquanto, o governo tem desencontrado informações e não ficam claros os próximos passos no Palácio Piratini. (Jornal do Comércio)
Jogo Rápido
3º Prêmio Referência Leiteira está com inscrições abertas na categoria “Cases de Sucesso”
As melhores práticas da produção leiteira gaúcha já podem ser inscritas para participarem das categorias de “Cases de Sucesso”, do 3º Prêmio Referência Leiteira. O prazo para o protocolo da documentação vai até 14/06 de 2024. O regulamento completo e Ficha de Inscrição podem ser baixados pelo link e também estão disponíveis nos escritórios municipais da Emater/RS. a premiação está dividida entre seis categorias de Cases: Inovação, Sustentabilidade Ambiental, Bem-estar Animal, Protagonismo Feminino, Sucessão Familiar e Gestão da Atividade Leiteira. Podem participar propriedades estabelecidas no Rio Grande do Sul que comercializam leite cru in natura para indústria ou que processem o leite em agroindústria própria, explica o presidente da comissão do Prêmio Referência Leiteira, o zootecnista Jaime Eduardo Ries, da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica (Emater/RS). “O concurso significa um reconhecimento pelo esforço que os produtores fazem no dia a dia, nesta atividade que exige bastante dedicação, ao longo de todo o ano. É importante valorizar estas pessoas que se destacam e que, apesar de todas as dificuldades, continuam fazendo o seu trabalho com afinco para produzir um alimento de extrema qualidade para a população gaúcha”, assinala Ries. Pelo regulamento, é possível se inscrever em apenas uma das categorias através do envio das informações solicitadas, em remessa única, por correio eletrônico, à Emater/RS (jries@emater.tche.br) e ao Sindilat (sindilat@sindilat.com.br, explica o vice-coordenador do 3° Prêmio Referência Leiteira, Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS). A ação tem o apoio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR). Na primeira parte do processo de inscrições para esta 3ª Edição da premiação, as fazendas se credenciaram para disputar nas categorias: Propriedade Referência em Produção de Leite, divididas entre sistemas de criação a pasto com suplementação ou de semiconfinamento/confinamento. As três que atingirem os melhores índices em cada processo, assim como as melhores em cada Case, serão conhecidas durante evento na Expointer 2024. (Assessoria de imprensa SINDILAT/RS)