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12/01/2024

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 12 de janeiro de 2024                                                        Ano 18 - N° 4.064


SINDILAT: Pastoreio Rotatínuo aumenta produtividade em fazendas leiteiras

Consolidado ao longo de 16 anos de aplicação, o conceito do Pastoreio Rotatínuo tem devolvido esperança através do aumento na produção e, consequentemente, na renda para produtores leiteiros gaúchos. É o que atesta o zootecnista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Paulo César de Faccio Carvalho, responsável pelo desenvolvimento do conceito de manejo que consiste na diminuição do tempo gasto pelas vacas na obtenção de seus requerimentos nutricionais via pastejo. O sistema foi apresentado durante reunião do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat/RS) aos associados. “O Rotatínuo permite uma equalização entre o tempo da vaca e o dos produtores. Com duas ordenhas e acesso ao pasto nas horas mais quentes, a chance de uma vaca conseguir, por exemplo, consumir os 19 kg de matéria seca de que precisa para produzir cerca de 30 litros/dia é pequena. Falta-lhe tempo. Desta forma, os produtores acabam tendo que suplementar em níveis elevados de silagem e concentrado, aumentando os custos. Costumo dizer que temos custo de primeiro mundo com produtividade de terceiro mundo pois, de forma geral, menos de 40% da dieta da vaca é constituída de pasto”, compara.

Segundo o professor, são feitas adaptações na forma de uso da pastagem com o objetivo de garantir que mais de 60% da dieta do animal venha do pasto. Para tanto, os animais precisam ter acesso ao pasto no início da manhã e no final da tarde e os horários de ordenha devem ser ajustados. Além disso, a estrutura do pasto tem que favorecer a máxima ingestão de nutrientes por minuto de pastejo, o que é conseguido pelo oferecimento do pasto em alturas especificamente designadas, economizando o tempo de alimentação das vaca. Esta é a essência do conceito do Pastoreio Rotatínuo: a exata estrutura do pasto para facilitar o consumo, minimizando o tempo necessário no processo de pastejo. “O ajuste da estrutura do pasto em cerca de um centímetro pode significar entre 90 kg a 150 kg de matéria seca (MS) por hectare. Esta diferença é crucial para animais de elevada demanda, como vacas lactantes. Pastos com estrutura ideal podem significar incrementos de ingestão de pasto superiores a 0,5 kg de MS/h de pastejo. E, este ritmo de ingestão, por sua vez, define se um animal pode se saciar do pasto ou se precisará ainda de muita silagem para complementar seus requerimentos”, detalha o professor.

“Vamos a um exemplo de como o manejo sob Rotatínuo é diferente do usual. O azevém é um pasto frequentemente usado em sistemas com descansos de 30 dias, quatro pastoreios nesses intervalos, cujo tempo de descanso acarreta alturas de entrada superiores a 25 cm. Cada vez que as vacas entram, é comum se ter por objetivo aproveitar bem o pasto e não o desperdiçar, o que faz com que as alturas na retirada dos animais sejam inferiores a 10 cm. Já o conceito do Rotatínuo muda radicalmente a forma de conduzir esse manejo. Nossos experimentos demonstram que as vacas maximizam sua ingestão em pastos com azevém a 20 cm de altura, e que não se pode baixar o pasto abaixo de 12 cm. Ao respeitar essas condições, o pasto rebrota bem mais rápido e o descanso cai para algo em torno de 10 dias, o que faz com que o número de pastoreios aumente, chegando a 12 ou mais. Outra consequência é que a necessidade de piquetes diminui bastante, pois o período de descanso é bem pequeno. É muito comum termos mais de 30 piquetes antes de mudar para o Rotatínuo, e usarmos menos de 10 piquetes depois da transição. Diminuem, portanto, os custos com cerca, os problemas na distribuição de aguadas e o tempo que o produtor dedica na divisão dos piquetes”, explica o professor. Com relação às vacas, no Rotatínuo, ao permitir que se aumente o consumo de pasto por unidade de tempo em pastejo, consegue-se a inversão da dieta de 40:60 pasto:silagem para 60:40 pasto:silagem, fazendo cair os custos do leite produzido em  mais de 30%.

O manejo de pastagens sob o conceito do Pastoreio Rotatínuo faz parte das ações do programa Produção Integrada em Sistemas Agropecuários (PISA), oferecido como solução para os produtores através do Sebrae-RS em parceria com a Aliança SIPA. “O PISA é uma alternativa, uma terceira via àqueles que não querem, ou não podem, “fechar as vacas” em sistemas mais intensivos. Porém, ainda que a base de pasto, as adaptações sugeridas no PISA, com tecnologias de baixo custo e buscando a eficiência da produção, podem fazer mais que dobrar a produção de leite através do melhor aproveitamento dos recursos já instalados nas fazendas leiteiras, garantindo autonomia e mantendo os produtores na atividade”, destaca Carvalho.

O PISA já foi aplicado em cerca de três mil propriedades rurais nos estados de SC, PR e RS. Em 2023 eram mais de 700 propriedades ativas no programa. Com duração de quatro anos, o programa compreende ações individuais e coletivas de diagnóstico, treinamento, consultoria, planejamento integrado e monitoramento, dentre outros. O público atendido é composto majoritariamente por produtores que têm, em média, 18 vacas em lactação e rebanho médio de 32 animais, e que produzem menos de 400 litros/dia, perfil que corresponde a 84% das propriedades leiteiras gaúchas, conforme dados da Emater RS. (Assessoria de Imprensa Sindilat)


Por que tanta importação nos lácteos?

Historicamente, os volumes de importações de lácteos do Brasil sempre foram bastante correlacionados ao diferencial de preços do leite ao produtor (em dólares por litro) pagos aqui no nosso mercado e no Mercosul.
Como mostra o gráfico 1, que apresenta esta relação, sempre que ela ultrapassa um determinado patamar médio (de 14%, ne média do período de 2009 a 2023) os volumes de importações também sobem; a relação inversa também funciona, isto é, quando os preços do leite aqui no Brasil ficam mais próximos (ou até menores) que no Mercosul, os volumes importados caem.

Gráfico 1. Relação de preços do leite ao produtor (Brasil/Mercosul) e volume de importações de 2009 a 2023

No entanto, no período destacado no quadro vermelho pontilhado do gráfico 1, esta relação de preços não determinou os volumes de importação. Trata-se do período a partir de agosto de 2022 até o final de 2023 – a relação de preços do leite baixou consideravelmente e os volumes de importações, ao contrário, subiram bastante e se mantiveram bastante elevados até o final de 2023.

A explicação fica ainda mais complexa quando verificamos as vendas de lácteos no primeiro semestre de 2023, quando os volumes caíram, em média 3% em relação ao primeiro semestre de 2022; adicionalmente verificou-se um crescimento de 1,3% na produção brasileira de leite no primeiro semestre do ano em relação ao mesmo período do ano anterior.

Enfim, tivemos demanda menor e produção maior. Por que então tanta importação? Algumas hipóteses que podem ajudar a entender (e a projetar o que pode acontecer em 2024):

Altas expectativas do setor sobre o cenário de crescimento econômico e demanda num novo governo Lula: sabidamente o nosso setor é pródigo em avaliar cenários e decidir com base em expectativas (normalmente otimistas). O novo governo Lula, que normalmente toma medidas para a ativação da economia e do consumo, gerou expectativas de grande aumento de consumo no início deste ano. Os preços elevados dos lácteos na ponta final trataram de “jogar água fria na fervura” do consumo no início de 2023.
 
Tempo entre contratar as importações e a chegada dos volumes ao mercado brasileiro: os traders e empresas importadoras mencionam de 45 dias a 2 meses entre fechar o negócio e os volumes efetivamente chegarem ao comprador. Nos últimos meses de 2023 este “lead time” pode ter sido até maior (quase de 3 meses), em função das maiores dificuldades de obtenção de LI’s (Licenças de Importação) e pela burocratização da entrada de produtos, num ambiente de mercado no qual produtores e muitas indústrias já começavam a “grita” contra os produtos importados;
 
Diferencial de preços do leite em pó industrial (LPI) entre o mercado brasileiro e o mercado internacional: este pode ser o motivo que mais explica os volumes ainda elevados de importações. Como mostra o gráfico 2, a partir de meados de 2022 (mais precisamente, março de 2022) o diferencial de preços do leite em pó industrial no mercado brasileiro e no mercado mundial (representado no gráfico pelas cotações do GDT) cresceu bastante. Ainda que os preços ao produtor tenham se aproximado da média do Mercosul, o derivado em pó seguiu alto, estimulando a manutenção e o aumento dos volumes importados.
 

No cenário de mercado de 2024, entramos o ano ainda com um significativo diferencial de preços do LPI entre o mercado brasileiro e o mercado internacional (GDT). Eventuais restrições de oferta no Mercosul (principalmente na Argentina, onde a produção no primeiro semestre deste ano deve cair entre 4% e 6%) e as medidas de cortes de benefícios fiscais adotadas pelo governo brasileiro (e que devem ser efetivas a partir de fevereiro) podem reduzir um pouco o ímpeto importador, mas nada como o bom e velho “preço” para determinar exatamente o que pode acontecer. (Valter Galan/Milkpoint)

Regulamentação da reforma terá 19 grupos de trabalho

O governo deve criar 19 grupos técnicos de trabalho com Estados e municípios para regulamentar a reforma tributária, aprovada e promulgada pelo Congresso Nacional no fim do ano passado. A previsão é que a portaria saia em breve no “Diário Oficial da União”. O Executivo tem até 180 dias da promulgação para enviar os projetos de leis complementares ao Legislativo, mas o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deseja que os textos cheguem o quanto antes para que haja tempo de os parlamentares discutirem as matérias. No Executivo, a intenção é terminar as propostas até março. Segundo minuta obtida pelo Valor, os grupos técnicos serão voltados à regulamentação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). O primeiro é um tributo de competência da União, e o segundo, dos entes. 

Os grupos serão temáticos. Entre os assuntos a serem tratados, estão regimes específicos e especiais; cesta básica e cashback; transição; modelo operacional; comitê gestor; fundos; alíquotas de referência; Imposto Seletivo; e Zona Franca. (ver quadro) Parte dos grupos terá seis representantes titulares, e parte, nove. Em ambos os casos, a participação será paritária entre União, Estados e municípios. A minuta diz que compete aos grupos discutir os temas relativos a seu escopo de atuação e formular a respectiva proposta de texto legal, acompanhada de relatório com fundamentação técnica. 

Cúpula da Câmara quer que projetos sejam enviados antes do prazo legal de 180 dias 
Haverá, ainda, uma comissão de sistematização, que formulará o cronograma e o escopo de inicial de trabalho de cada grupo. Essa comissão será uma espécie de coordenação, liderada pela Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda. Haverá, ainda, uma equipe de quantificação que auxiliará no trabalho. A previsão é que esse órgão máximo unifique o resultado dos grupos e proponha os anteprojetos de leis. Paralelamente, os Estados formaram 21 subgrupos de trabalho no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) também para debater a regulamentação da reforma tributária. Nesses subgrupos, somente os Estados têm participação. A ideia é chegar a uma convergência de interesses das 27 unidades da federação. 

As conclusões dos subgrupos do Confaz serão levadas para os grupos formados por União, Estados e municípios e para comissão de sistematização. Uma fonte admite que serão muitos grupos funcionando ao mesmo tempo - diante de um prazo exíguo de trabalho, mas garante que o objetivo de todos é ter textos os mais consensuados o possível. Quando isso não acontecer, as propostas serão levadas à comissão, que deve “deliberar” para criar um documento final que servirá de parâmetro para as leis complementares. Conforme mostrou o Valor, pelo menos 71 pontos da reforma precisarão ser detalhados em leis complementares.

Ao menos três projetos de lei devem ser enviados ao Congresso: um com a regulamentação geral dos novos tributos, outro sobre o comitê gestor do IBS e um terceiro para o Imposto Seletivo. Os demais temas serão inseridos nesses projetos ou num quarto ou quinto. A movimentação na cúpula da Câmara para que os projetos sejam enviados antes do prazo de 180 dias é um esforço para que os textos seja construído um caminho para aprovação dos textos ainda neste ano. Por ser ano eleitoral, é preciso ganhar tempo para aumentar as chances de aprovação. A ideia é escalar um time de parlamentares afiado para dividir as relatorias desses projetos. Com isso, nada ficará concentrado nas mãos do relator da reforma tributária, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), o que aumenta as chances de avanço. Nos bastidores, parlamentares afirmam que a pauta econômica tem grandes chances de continuar prosperando no Legislativo assim como ocorreu em 2023, mas pontuam que isso dependerá de uma “DR” com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que estremeceu a relação ao enviar uma medida provisória (MP) nos últimos dias do ano passado. (Valor Econômico)


Jogo Rápido

A próxima semana poderá ter elevados volumes de chuva no RS
A próxima semana poderá ter elevados volumes de chuva no RS. É o que prevê o Boletim Integrado Agrometeorológico 02/2024, da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), em parceria com a Emater/RS-Ascar e o Irga. Na quinta (11/01), a aproximação de uma área de baixa pressão manterá a nebulosidade e as pancadas de chuva na maioria das regiões, com possibilidade de temporais isolados principalmente nos setores Oeste e Norte. Na sexta-feira (12/01), o tempo firme com sol e temperaturas elevadas predominará na maior parte do Estado; na Região Norte e Nordeste, haverá céu nublado e pancadas de chuva. No sábado (13), o tempo permanecerá seco em todo o RS, e o ingresso de ar quente favorecerá a elevação das temperaturas, que poderão ultrapassar 35 °C em algumas regiões, especialmente nas Missões e Alto Uruguai. No domingo (14), a presença do ar quente manterá o forte calor, e ocorrerão pancadas de chuva no decorrer do dia na maioria das regiões com possibilidade de temporais principalmente na Metade Sul. Na segunda-feira (15), o tempo seco com temperaturas elevadas e alto teor de umidade predominará em todo o Estado. Na terça (16) e quarta-feira (17), o deslocamento de uma frente fria provocará chuva em todas as regiões com risco de tempestades isoladas. Acompanhe todas as publicações agrometeorológicas da Secretaria em  www.agricultura.rs.gov.br/agrometeorologia. (SEAPI)


 
 

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