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10/10/2023

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 10 de outubro de 2023                                                   Ano 17 - N° 4.003


Uruguai: Conaprole aposta no norte da África e em leite em pó de qualidade

Durante a última Reunião Ordinária Anual da Sociedade de Produtores de Leite da Flórida (SPLF), o presidente da Conaprole, maior cooperativa de lácteos do Uruguai, Gabriel Fernández, fez um ajuste fino da situação da cooperativa. O executivo indicou que a empresa fechou seu ano fiscal 2022/23 com um faturamento recorde de cerca de US$ 1,050 bilhão. Ele disse que a cooperativa não tem outra alternativa para agregar mais valor ao leite enviado por seus associados do que o mercado externo.

Nesse sentido, disse que a cooperativa pretende crescer em mercados no Norte de África, além da Argélia. Além disso, destacou que está focado na produção de leite em pó de qualidade, unidade de negócios que teve um faturamento transcendente durante o último ano em decorrência de diferentes acordos comerciais fechados com as principais empresas de laticínios do mundo. Ele deu como exemplo, uma aliança que foi criada com a Nestlé Brasil para a qual já foram fechados negócios por cerca de US$ 150 milhões.

Por outro lado, Fernández informou que teve um encontro presencial com o presidente da República, Luis Lacalle Pou. "A próxima missão que irá para a China levará os lácteos como bandeira", disse o presidente da Conaprole. Ele lembrou que a potência asiática importa cerca de 500 mil toneladas de leite em pó, volume que 95% é fornecido pela Nova Zelândia, país que a partir de 2024 entrará nesse mercado com tarifa de 0%.

O presidente da cooperativa considerou "lógico" que o Uruguai possa pedir à China uma cota modesta para entrar sem pagar tarifas. Ele disse que, por exemplo, uma cota de 50 mil toneladas a um preço de US$ 3 mil seria de cerca de US$ 150 milhões. Isso, tomado pelo preço do leite, seria 1 centavo a mais do que o produtor da cooperativa poderia receber.

Por outro lado, Fernández explicou por que a cooperativa não teve outra alternativa a não ser reduzir o preço do leite ao produtor em cerca de 7 centavos desde agosto do ano passado. Segundo ele, é "impossível disfarçar" uma queda tão brusca no preço do leite em pó. Ele acrescentou que a primeira projeção do orçamento mostrava uma diminuição do litro de leite de cerca de 10 centavos, no entanto, acabou sendo reduzida para 7 centavos antecipando um melhor desempenho do mercado interno.

"Esperamos conseguir manter esse preço no restante da primavera sem grandes choques", projetou. Ele garantiu que, com esse preço, a produção de leite é "viável", mas admitiu que será impossível pagar a dívida de US$ 100 milhões deixada pela última seca em uma única primavera. "Precisamos de três anos para pagar o período de seca", disse. Fernández anunciou que a cooperativa está trabalhando em alguma opção financeira por causa das preocupações com o que pode acontecer após o final da primavera.

As informações são do Tardáguilla Agromercados, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.


App para emissão de nota fiscal é apresentado a 136 sindicatos rurais e registra novas adesões

Cerca de 1,4 mil produtores do Estado estão cadastrados no Nota Fiscal Fácil

Dando continuidade ao esforço de divulgação do aplicativo Nota Fiscal Fácil (NFF), que busca simplificar a emissão de documentos fiscais, a Receita Estadual fez contato com 136 sindicatos rurais de diferentes regiões gaúchas nos últimos dias para apresentar a ferramenta. A aproximação foi feita por e-mail e por telefone, buscando fazer com que produtores rurais tenham mais conhecimento sobre os benefícios do app.O grupo responsável pela tecnologia também fez uma apresentação para o Sindicato Rural de Piratini, no Sul do Estado, e, em breve, deve ir a Pelotas, na mesma região – as visitas são feitas conforme demanda e disponibilidade da equipe. O tema também já havia sido exposto para visitantes e produtores durante a Expointer 2023, em Esteio.O contato, feito com os sindicatos entre os dias 19 e 21 de setembro, já resultou em maior adesão da categoria ao aplicativo. Até o dia 25 de setembro, eram 1.276 produtores rurais cadastrados na ferramenta. Nos dias seguintes à divulgação, mais 217 contribuintes fizeram sua inscrição, o que representou aumento de 17%. Atualmente, são 1.493 cadastrados.

“Ainda não houve reflexo na quantidade de notas fiscais emitidas, mas tivemos um grande salto no número de cadastramentos após a divulgação direcionada. Temos convicção de que esse app facilita muito a vida do contribuinte e, por isso, buscamos fazer com que cada vez mais pessoas conheçam a tecnologia”, diz o chefe adjunto da Seção de Informações Fiscais da Divisão de Tecnologia e Informações Fiscais da Receita, Geraldo Nunes Callegari. 

O aplicativo pode ser usado por cerca de 700 mil produtores rurais de 200 tipos de produtos. A soja foi o último a ser incluído, ao longo do mês de setembro. Estão contemplados ainda produtos como frutas, legumes, verduras, arroz, gado, suínos, aves, leite, madeira, mel e fumo, entre outros. A inclusão de novos itens é feita progressivamente.

Como funciona

O objetivo do app NFF é tornar o processo de emissão de documentos fiscais eletrônicos o mais simples possível, com poucos toques na tela do celular. Dessa forma, a ferramenta se diferencia dos sistemas tradicionais, que exigem o preenchimento de vários campos.

O que os usuários devem fazer é preencher os dados sobre os produtos vendidos. Eles informam o tipo de operação, a quantidade, o preço, os clientes e os transportadores. Depois, quando a operação é autorizada, o app preenche de forma automática as informações sobre impostos e demais dados fiscais. Assim, a nota fiscal é emitida e pode ser compartilhada na hora. Sem o uso do NFF, é preciso usar o papel.

Um dos principais diferenciais do app é que ele pode ser acessado sem internet, o que torna o processo ainda mais fácil — principalmente para produtores rurais, que trabalham no campo, muitas vezes sem conexão. Dessa forma, os usuários preenchem as informações de forma off-line e, assim que o acesso à internet é restabelecido, a nota fiscal fácil é gerada.

Outros grupos

Além dos produtores rurais, podem usar o aplicativo os transportadores autônomos de cargas e os donos de empresas enquadradas no Simples Nacional – para estes, as notas podem ser emitidas para os casos de revenda de qualquer tipo de produto ou de produção própria de bares, restaurantes e similares. O uso da tecnologia também será liberado em breve para os microempreendedores individuais (MEIs).

Origem gaúcha

O app foi concebido pelo Encontro Nacional de Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (Encat). A tecnologia utilizada para o desenvolvimento do sistema foi da Procergs, em um projeto que contou com a parceria da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz), por meio da Receita Estadual, e do Sebrae Nacional. A ferramenta também é usada em outros estados do país.

Lançada em setembro de 2020, a iniciativa promove a transformação digital na área da administração tributária, buscando disponibilizar os benefícios da tecnologia aos que mais necessitam do apoio do Estado. É uma alternativa de inclusão digital e de inserção de contribuintes na base da Sefaz, mantendo a conformidade fiscal. 

O app está disponível na App Store (iOS) e na Play Store (Android). Para acessar, é preciso usar o login da plataforma gov.br. Cada produtor pode instalar o NFF em até dez aparelhos. (SEAPI)

Impactos do El Niño na produção leiteira no Sul do País e como preveni-los

Diferentemente do ano de 2022, em que o fenômeno climático em ação era o La Nina, em 2023 é o El Nino que está em plena atividade. Caracterizado por um aquecimento acima do normal na região equatorial do Oceano Pacífico, os impactos do fenômeno são distintos ao longo do vasto território brasileiro.

Na região Sul,  espera-se um volume de chuvas acima do normal e um aumento da temperatura média em decorrência do El Niño. As condições oceânicas observadas e a tendência no Oceano Pacífico Equatorial, mostram valores de anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) maiores que 0,5°C desde junho de 2023, indicando condições de El Niño.

Nas últimas semanas houve uma intensificação da condição apresentada, indicando uma presença do fenômeno em níveis mais elevados.

O modelo de previsão de El Niño-Oscilação Sul (ENOS), do APEC Climate Center (APCC), centro de pesquisa sediado na Coréia do Sul, identificou uma probabilidade de 90% ou mais, de que as condições de El Niño se estenderão durante os meses de primavera e início do verão 2023/2024. Além disso, o modelo também indica alta probabilidade de que o fenômeno se intensifique, chegando à categoria de classificação forte nos próximos meses, com chance até mesmo de categoria muito forte para o fim de novembro e decorrer de dezembro.

Quais impactos o El Niño causa na produção leiteira do Sul?

O excesso de chuva nos próximos meses pode intensificar o excedente hídrico, causando o encharcamento do solo e, consequentemente, prejudicando a colheita da safra de inverno e o início do plantio das culturas de grãos.

Consultado pela equipe do MilkPoint, Wagner Beskow, sócio-diretor da Transpondo Consultoria Agropecuária e colunista aqui no site, destacou que o El Niño geralmente proporciona anos bons quando olhamos o setor agro como um todo. “O fenômeno geralmente traz consigo anos bons para a região Sul quando falamos de produtividade. Viemos de três anos de seca, estiagens fortes que trouxeram grandes prejuízos”, destacou.

Em um breve resumo da região, Wagner destacou a desuniformidade. “A situação está desuniforme. Temos regiões com muitas chuvas e temperaturas acima da média, como era esperado. Por outro lado, alguns locais estão quentes e sem tantas precipitações. E ainda existe regiões que a temperatura está abaixo do esperado, como a metade Sul do Rio Grande do Sul”, disse Beskow.

Quando falamos da cultura do milho, existe uma janela de plantio diferente entre as regiões devido as condições climáticas. Nas regiões mais quentes, o plantio é feito em julho – como o exemplo da bacia leiteira de Santa Rosa, Noroeste do RS - enquanto nas regiões com temperaturas mais amenas, o plantio é realizado em agosto.  Wagner destacou que algumas regiões foram atingidas por intempéries que prejudicaram a lavoura. “Embora não seja raro, esta safra do milho sofreu até com geadas esse ano. Não dá para dizer que as temperaturas estão mais elevadas do que o normal em decorrência do El Niño, até geada se teve”, disse, destacando que o problema climático certamente afetará o desempenho da lavoura como um todo.

O aumento das precipitações causa alguns tipos de problemas, e o excesso de barro nas instalações e nos locais em que os animais transitam, tem gerado dor de cabeça para alguns produtores. “O barro é um desafio no momento, muitos produtores estão passando por essa situação. E é importante lembrar que outubro, em média histórica de 30 anos, é o mês que mais chove. E as previsões indicam que o mês será de mais chuvas do que a média apresenta, trazendo uma perspectiva desafiadora”.

Embora os desafios pela frente aparentam ser grandes, o consultor permanece confiante em um resultado positivo das chuvas que estão por vir. “Olhando o cenário de cima e embora estando um pouco cedo para dizer, acredito os efeitos positivos da chuva vão trazer resultados mais favoráveis do que desfavoráveis para o produtor de leite. Vamos aguardar o estabelecimento do milho”, conclui.

Orientações de técnicos e especialistas para driblar os impactos do El Niño

As culturas de inverno apresentam vantagens nessas condições. Devido aos dias mais nublados e precipitações mais intensas que aumentam a umidade e reduzem o calor, o ciclo se prolongou, possibilitando a disponibilidade desse tipo de alimento para o rebanho leiteiro.

Consultamos Loana Cardoso, pesquisadora em Agrometeorologia da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação e Coordenadora do Copaaergs, Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul, que lembrou que além das chuvas, os dois meses finais do ano apontam temperaturas elevadas, acendendo o alerta de atenção para problemas de estresse térmico. “O prognóstico nos indica que, além das chuvas e o barro, as temperaturas mais elevadas são um problema a mais para o fim do ano, quando falamos em produção leiteira. O cuidado que o produtor precisa ter com isso é relevante. Deve-se tentar minimizar ao máximo o estresse térmico dos animais. O conforto térmico tem impactos altíssimos sobre a produção e a produtividade dos rebanhos”, destacou a pesquisadora.

Alguns outros tipos de manejos preventivos e orientações técnicas ajudam a contornar os impactos que o fenômeno climático pode causar, atente-se:

No manejo de plantas forrageiras, promover a manutenção da cobertura de solo e de boa disponibilidade de forragem, através de cargas animais adequada; 
 
Escalonar os períodos de plantio/semeadura das forragens cultivadas para o período de primavera/verão utilizando mudas/sementes de alto vigor, para reduzir as perdas ou atrasados de implantação que podem ocorrer devido a umidade elevada no início da primavera.
 
Reduzir a carga animal na pastagem após a ocorrência de grande volume de chuva, de forma a evitar danos à pastagem pelo excesso de pisoteio;
 
Indica-se fazer silagem/feno de cultivos e pastagens de inverno/primavera, visando garantir maior disponibilidade de alimento no verão para as categorias de rebanhos mais exigentes;
 
Em virtude do prognóstico de chuvas acima da média climatológica, atentar para as instalações e o entorno para evitar formação de muito barro o que pode ocasionar problemas de casco. (Milkpoint)


Jogo Rápido

Associados do Sindilat/RS têm 10% de desconto nas inscrições para Dairy Vision
O Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS) está garantindo 10% de desconto no valor das inscrições para o Dairy Vision 2023. O evento, que busca abordar as transformações estruturais que estão ocorrendo no setor lácteo, ocorrerá nos dias 7 e 8 de novembro em Campinas (SP). Para ter aderir ao benefício é preciso acessar a página do evento e realizar a inscrição, clique aqui. O primeiro lote, com valores mais acessíveis, estará aberto até o dia 28 de setembro. O Dairy Vision 2023 se divide entre seis sessões de temas: Oferta e Demanda, Estratégia de Negócios, Consumo e Novas Fronteiras, Oportunidades e Tendências para o Varejo de Lácteos, Oportunidades a partir da Agenda Ambiental e Novas Ideias para o Futuro. No primeiro dia do evento realizado pela MilkPoint Ventures, as atividades se desenvolverão de maneira a produzir uma análise do panorama nacional e internacional, contando com a presença de especialistas da Austrália, Argentina e do Uruguai. O segundo dia abordará estratégias de negócios aplicadas à indústria láctea, associados à tecnologia e a agenda verde. (SINDILAT/RS)


 

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