Pular para o conteúdo

08/08/2023

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 08 de agosto de 2023                                                       Ano 17 - N° 3.961


Balança comercial de lácteos: queda nas importações
 
Apesar de ainda negativo, durante o mês de julho o saldo da balança comercial de lácteos passou por recuperação. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo obtido no último mês chegou a -174,4 milhões de litros em equivalente-leite, um avanço de 24,1 milhões em relação a junho de 2023, como pode ser observado no gráfico 1.
 
Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos – equivalente leite.
 
 
 
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
 
As exportações continuaram enfrentando queda no último mês. Com um volume exportado de 5,78 milhões de litros em equivalente-leite, o mês de julho encerrou com o terceiro pior resultado para as exportações de 2023, com um recuo mensal de mais de 1 milhão de litros, como pode ser observado no gráfico 2. Em relação ao resultado de 2023, até o momento é registrada uma queda de 54% no volume exportado em relação ao mesmo período de 2022, mostrando um ritmo bastante lento para as exportações nos primeiros sete meses do ano.
 
Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.
 
 

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
 
Após atingir o recorde mensal de 2023 no mês de junho, as importações também apresentaram queda em julho, gerando uma variação mensal de -25 milhões de litros, com 180,2 milhões de litros em equivalente-leite importados, como mostra o gráfico 3. Apesar da queda, o patamar para as importações ainda é considerado alto, em relação a julho de 2022 o resultado do último mês encerrou com uma alta de 71%, e quando comparados os primeiros sete meses de 2023 em relação aà 2022, também é registrado um importante avanço, de 168%.
 
Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.
 
 

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
 
Apesar dos preços das principais categorias de derivados lácteos importados ainda serem mais competitivos em relação ao preço praticado internamente, a desvalorização que vem sendo observada no atacado brasileiro somado a um mercado já abastecido para as categorias importadas de maior relevância, como os leites em pó, foram os principais fatores relacionados com essa queda observada nas importações do último mês.
 
Com isso, para o leite em pó integral, o produto de maior relevância dentro das importações, foi observada uma queda de 21% no total importado em relação ao mês anterior. Entretanto, essa não foi a categoria que apresentou maior queda percentual, e sim os iogurtes e o soro, que passaram por um recuo de 57% e 31%, respectivamente, em seu volume mensal importado. Para as manteigas também foi observada uma queda, de cerca de 6%.
 
Entretanto, outras categorias também relevantes seguiram avançando nas importações no último mês, como o leite em pó desnatado e os queijos, com um avanço mensal de 15% e 7%, respectivamente. Outras categorias que também registraram aumento em seu volume importado foram “outros produtos lácteos” (+71%) e os leites modificados (+69%).
 
Sobre as principais categorias exportadas, a maior relevância continuou sendo para o leite condensado, que passou por uma variação mensal de -5%. Enquanto o creme de leite também enfrentou recuo no volume exportado, em -38%, os queijos e o leite UHT passaram por aumento, de 23% e 6%, respectivamente, com o leite UHT atingindo o maior volume mensal exportado de 2023.
 
Outras categorias de menor relevância enfrentaram fortes avanços percentuais em seus volumes exportados no mês de julho, como a categoria “outros produtos lácteos” (+455%), leite em pó semidesnatado (+384%) e leite evaporado (+184%).
 
As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de julho e junho deste ano.
 
Tabela 1. Balança comercial láctea em julho de 2023
 

 
Tabela 2. Balança comercial láctea em junho de 2023.
 

 
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.
 
O que podemos esperar para o próximo mês?
 
Para o mês de agosto é esperada uma continuidade nesta diminuição do volume importado, isso porque, apesar dos produtos do Mercosul (principal fornecedor do Brasil) seguirem mais competitivos quanto ao preço, os compradores brasileiros se mostram já abastecidos para algumas categorias, o que vem diminuindo sua intenção de compra. Além disso, com o início da safra do leite na região Sul, a oferta de leite interna vem aumentando, o que também desestimula as compras internacionais de lácteos.
 
Para as exportações o cenário se mantém, onde ainda não é observado uma abertura na janela exportadora para os próximos meses. Com a demanda global de lácteos se mantendo em um ritmo fraco nos últimos meses, as exportações devem ainda ser voltadas para produtos brasileiros com nichos fora do país. (Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT)


USDA – Perspectivas do Mercado Mundial dos Lácteos

Mercado Mundial – As exportações de lácteos para o Sudeste Asiático (Filipinas, Indonésia, Vietnã, Malásia, Cingapura, Tailândia, Camboja, Birmânia e Brunei) estão sendo fracas neste início de 2023. 

A produção global de leite é resiliente e nos últimos doze meses, houve uma sequência de dez meses que registraram aumento interanual de produção, o que refletiu sobre as cotações das commodities lácteas industrializadas. Até maio, as exportações de produtos lácteos, em dólares, totalizaram US$ 561 milhões, o que representa queda de 33% em relação ao mesmo período do ano anterior. Houve declínio em uma ampla gama de commodities, incluindo leite em pó desnatado (SMP), soro de leite (whey) e queijo. Isso ocorre quando os preços do SMP e Whey estão 37% e 52% menores, respectivamente, em relação ao pico de fevereiro de 2022.

À medida que o mundo entra em um período de suspensão dos bloqueios decorrentes da Covid, os governos agora estão sendo pressionados a fazer ajustes fiscais para combater a alta inflação dos alimentos, que atingiram recordes em muitos países da região, o que normalmente é feito com o aumento das taxas de juros. Nas Filipinas, por exemplo, a inflação chegou a 11% , impulsionada pelo custo da alimentação. Esse crescimento da inflação faz com que os consumidores reduzam as despesas discricionárias (categoria na qual estão incluídos os produtos lácteos que não fazem parte das dietas tradicionais). E o baixo gasto com compras discricionárias impactam tanto nas compras dos serviços de alimentação (restaurantes e food service) como no varejo. O crescimento das vendas para o Sudeste Asiático foi um fator importante para que as exportações dos Estados Unidos da América (EUA) saltassem de US$ 1 bilhão em 2003 para US$ 9,5 bilhões em 2022, e a região passou a ser o terceiro maior mercado regional para os lácteos estadunidenses em 2022, com compras que totalizaram US$ 1,7 bilhão.

Mas a Oceania e Europa, que se beneficiam de uma infraestrutura logística comercial considerável e acordos de livre comércio, representam uma forte e contínua concorrência, limitando a participação dos EUA no mercado mundial. O recente Acordo Econômico Indo-Pacífico para a Prosperidade (IPEF) tem o potencial de propiciar ganhos similares para o setor agrícola dos EUA na Ásia e Pacífico.

Produção de leite

Argentina – A produção de leite na Argentina deverá cair 3% em relação ao ano anterior, uma vez que a severa seca resultou em forragens pobres, caras e feno de baixa qualidade. Além disso, a desvalorização do peso continua impactando na produção de leite. Historicamente, a forte depreciação do peso corresponde ao declínio da produção de leite porque a maioria dos insumos, principalmente concentrados, têm os preços dolarizados e definidos pelo mercado mundial. Do outro lado, o preço do leite, que tem 80% de sua produção destinada ao mercado doméstico, demora meses para atingir o mesmo nível das cotações internacionais, o que comprime as margens dos produtores no curto prazo.     

Austrália – A produção de leite na Austrália está sendo prevista em 8,2 milhões de toneladas em 2023. Chuvas extremas de primavera resultaram em escassez de suprimento de feno e aumento do preço da carne bovina, o que constitui um incentivo ao abate de animais leiteiros. A expectativa é de que o rebanho leiteiro caia 0,7% em relação ao ano anterior. Além disso, o setor enfrenta escassez de mão de obra em decorrência das restrições sanitárias relacionadas à pandemia de Covid para a entrada de estrangeiros no país, uma histórica fonte de trabalhadores para o setor rural. Com menos funcionários, os produtores fazem adaptações que naturalmente reduzem a produção de leite, incluindo menos ordenhas, de 3 para 2 vezes ao dia, ou até mesmo dez ordenhas por semana. Resultando na queda da produtividade animal que pode chegar a -2,3%. Em compensação, a renda pode ser sustentada em decorrência de outros efeitos, incluindo o aumento do preço do leite ao produtor, maior disponibilidade de água de qualidade e alimentação para os animais.

União Europeia – A produção está sendo prevista para ficar praticamente inalterada, ou seja, 144 milhões de toneladas. A produção de leite cresceu nos primeiros 5 meses do ano na comparação interanual, graças ao aumento da produtividade animal, apesar do declínio no número de cabeças de vacas. No entretanto, a introdução de novas políticas ambientais e bem-estar animal em muitos países membros da União Europeia (UE) contribuíram para a redução do tamanho dos rebanhos e foram esgotados os recursos para aumento da produtividade animal que ajudou na manutenção do volume de leite produzido até agora.

Em particular, o número de cabeças de vaca deverá ter um declínio acentuado na Holanda, país que limitou o uso de nitrogênio nas pastagens e proibiu os agricultores de utilizarem o adubo do gado como fertilizante. A nova regulamentação deixou os produtores em um dilema: ou investem muito para adotar novos processos de produção ou mudam para a pecuária de corte. O declínio do preço do leite ao produtor e o aumento do custo de produção – alimentação, energia e trabalho – vem acelerando o abandono da atividade leiteira. As margens estreitas levaram ao fechamento de fazendas de leite de pequeno e médio porte na Espanha, França, Alemanha e Polônia, e a expectativa é de que isso continuará pesando na produção de leite de longo prazo.

Nova Zelândia – A produção de leite na Nova Zelândia está prevista para ser de 21,5 milhões de toneladas, 2% a mais em relação a 2022. A grande umidade de dezembro e janeiro favoreceram o crescimento das pastagens no verão em bacias leiteiras importantes da Ilha Norte. Como resultado, a produção de leite nos cinco primeiros meses do ano foi 3% superior em comparação com 2022. A perspectiva para setembro é promissora, pois existe a previsão de chuvas na média ou ligeiramente acima da média nas regiões leiteiras das Ilhas Norte e Sul.

Algumas fazendas leiteiras estão tendo um grande impacto em decorrência da proibição de exportar animais vivos a partir de 30 de abril. O comércio de gado vivo era uma importante fonte de renda para muitas fazendas. Os dados indicam que foram enviados para a China, de abril de 2021 a abril de 2023, 280.000 bovinos vivos. Estudos estimam que o mercado ficará com 150.000 bezerros a mais no ano, como resultado da proibição. (Fonte: USDA – Tradução livre: www.terraviva.com.br)

Leite/Europa

Permanece o declínio semanal da produção de leite na Europa, dentro dos padrões sazonais. Analistas avaliam que o tempo teve um grande impacto na produção de leite do bloco. 

Em partes do norte da Europa, temperaturas amenas e chuvas promoveram o crescimento das pastagens, e algumas bacias leiteiras registraram crescimento da produção na comparação interanual. No entanto, as condições secas e o calor exercem o efeito contrário no sul do continente. As temperaturas recordes de julho diminuíram o conforto das vacas e prejudicaram a produção de leite. Algumas previsões do tempo indicam que as mesmas condições serão mantidas no mês de agosto. 

Fontes da indústria sugerem que está havendo uma deterioração das condições econômicas nos mercados lácteos ao longo de 2023. O preço do leite ao produtor cai, e as quedas dos custos de alimentação e energia não ocorrem na mesma proporção. Embora haja crescimento das taxas de abate de vacas leite, observadores dizem que o número de novilhas de reposição está recompondo rapidamente a produção. Para os processadores, o mercado não está muito promissor. Apesar do preço ao produtor ter caindo consistentemente desde o pico de dezembro de 2022, muitas indústrias precisaram vender commodities lácteas elaboradas com matéria prima cara, a preços menores. De outro lado, enquanto a captação de leite cresce na primeira metade do ano, a pressão inflacionária enfraquece a economia, a demanda por lácteos e o interesse por commodities lácteas.

Sem aumento da demanda, a expectativa dos processadores é de que o mercado de lácteos permaneça sob pressão em todo o segundo semestre do ano, em decorrência da inflação, elevadas taxas de juros, e menor poder de compra dos consumidores.

Na Europa Oriental a produção de leite continua forte em comparação com o ano anterior. Países como Polônia, República Tcheca e Romênia tiveram crescimento nos primeiros cinco meses do ano. Mesmo com a guerra, a produção de leite da Ucrânia de 2023 está equivalente à de 2022. A suspensão do acordo para transporte de grãos através do Mar Negro é um complicador a mais no abastecimento de insumos para alimentação animal. A Ucrânia pediu aos líderes da União Europeia (UE) que suspendam as restrições impostas pela Bulgária, Hungria, Polônia, Romênia e Eslováquia de não venderem grãos e outros produtos agrícolas ucranianos nos mercados domésticos. A proibição termina em 15 de setembro, mas vários países já sinalizaram que irão prorrogar as medidas, mesmo que a UE não concorde. (Fonte: Usda – Tradução Livre: Terra Viva)
 


Jogo Rápido

Consulta Pública: aditivos alimentares
Publicada ontem (07/08), a Consulta Pública 1.189/2023, para envio de comentários e sugestões ao texto da proposta de Instrução Normativa que altera a IN 211/2023, que estabelece as funções tecnológicas, os limites máximos e as condições de uso para os aditivos alimentares e os coadjuvantes de tecnologia autorizados para uso em alimentos. O prazo para as contribuições é de 14/08/2023 a 13/10/2023. A proposta de ato normativo estará disponível na íntegra no portal da Anvisa na internet e as sugestões deverão ser enviadas eletronicamente por meio do preenchimento de formulário eletrônico específico. Acesse a CP na íntegra clicando aqui. (Fonte: FoodDesignGroup)


 
 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *