Pular para o conteúdo

17/05/2023

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 17 de maio de 2023                                                           Ano 17 - N° 3.904


Produtor vende créditos de soja sustentável para Europa e abre caminho para outras propriedades

Ao chegar à Fazenda Pau Furado, em Teixeira Soares (PR), a 20 minutos de Ponta Grossa, já é possível perceber que se está em uma propriedade diferenciada. Em pouco mais de 800 hectares, a organização de cada espaço chama a atenção.

É dali que foi efetivada a primeira venda de créditos de soja sustentável de um cooperado da Frísia para empresas da Dinamarca e da Alemanha, em janeiro deste ano.

Essa foi a primeira vez que a cooperativa intermediou a venda de créditos, por meio de um programa interno denominado Fazenda Sustentável.

A iniciativa visa ampliar a sustentabilidade e competitividade dos cooperados e o produtor Fabiano Gomes, proprietário da Pau Furado, foi o primeiro a obter a certificação da Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS – do inglês Responsible Table Round Soybean).

Dos 2.281 créditos ofertados na plataforma da RTRS, o primeiro lote – com a metade dos créditos -, foi vendido a US$ 2,50 cada para a empresa dinamarquesa, duas semanas após a oferta. Logo em seguida, o segundo lote com o restante da produção, disponibilizado a US$ 2,80, foi adquirido pela empresa alemã.

Cada tonelada de soja certificada é equivalente a um crédito, o que resultou em uma renda extra de R$ 31 mil ao proprietário.

“Nosso foco não era a rentabilidade, nem tínhamos vislumbrado isso”, comenta Gomes. A propriedade, que pertenceu ao seu avô e que hoje é dele e de dois irmãos, tem seis décadas e vem sendo preparada para a certificação há pelo menos quatro anos.

Critérios
Para atingir o padrão RTRS de produção de soja responsável, é necessário atender a princípios referentes a cumprimento da legislação e boas práticas empresariais, condições de trabalho responsáveis, relações com a comunidade, responsabilidade ambiental e boas práticas agrícolas.

A repetição do termo “responsável” não é à toa. No que diz respeito às condições de trabalho, por exemplo, são verificados aspectos referentes à inexistência de trabalho infantil, trabalho forçado, discriminação e assédio, com a garantia de que todos os filhos de colaboradores diretos e residentes na fazenda tenham acesso à escola.

Além disso, é preciso assegurar a saúde e a segurança dos trabalhadores. Tarefas potencialmente perigosas devem ser realizadas apenas por pessoas capazes e competentes e o vestuário e equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados devem ser fornecidos e utilizados.

Do ponto de vista ambiental, o proprietário precisa comprovar que os impactos sociais e ambientais – dentro e fora da área – foram avaliados e, também, que foram tomadas medidas para minimizar e mitigar quaisquer impactos negativos.

Além de apontar esforços para reduzir as emissões e aumentar o sequestro de Gases de Efeito Estufa (GEE) na fazenda, com monitoramento do carbono no solo e plano de gestão de resíduos.

A área deve ter vegetação nativa preservada, o manejo integrado de culturas (MIC) e a qualidade do solo devem ser priorizados, com uso responsável de agroquímicos. Ao todo, são 106 indicadores obrigatórios e progressivos de conformidade, conforme informações disponíveis no site da RTRS.

“Duas coisas são mais difíceis: a mudança da estrutura, porque requer recursos, e a mudança de mentalidade dos colaboradores – é importante que eles abracem a causa”, ressalta Gomes, que afirma dar liberdade aos funcionários.

Alimentação entregue por um motoboy particular durante o trabalho na lavoura e salão de festas exclusivo para eles na propriedade são alguns dos diferenciais. “Queremos que eles trabalhem felizes”, diz.

Para adequar a estrutura, foi preciso instalar o posto de combustível para as máquinas agrícolas e o ambiente para estoque e manipulação dos defensivos agrícolas a uma distância segura das casas dos funcionários, assim como da lavoura.

O agricultor acredita que a maior riqueza da propriedade é o solo, o que garante a produção de um grão de qualidade, com alta produtividade aliada ao uso de pouco fertilizantes químicos.

Ele avalia a certificação de maneira positiva, com visibilidade e retorno financeiro à propriedade, tendo em vista que a negociação pode chegar a US$ 10 por crédito de soja sustentável.

Esse é o futuro, não tem mais volta, pois a gente trabalha com alimento e as exigências serão cada vez maiores. Deixo as porteiras da propriedade abertas para visitação para que mais pessoas venham conhecer nosso processo e vejam que é possível.
— Produtor Fabiano Gomes
A fazenda conta com cinco colaboradores que atuam diretamente no campo e dois gerentes – um operacional e um administrativo. São cultivados na propriedade soja, milho e feijão, como culturas de verão, e aveia, cevada e trigo como culturas de inverno.

A Pau Furado já é certificada para a cultura da cevada – que também conta com outras fazendas certificadas na região e ganhará impulso para a comercialização com a inauguração da Maltaria Campos Gerais.

Com relação à soja sustentável, entretanto, a propriedade de Gomes é pioneira na certificação e comercialização de créditos.

Apoio da cooperativa
Em 2021, já com a certificação, o proprietário havia feito uma negociação inicial dos créditos de soja sustentável por meio de uma operação intermediada pela própria certificadora, a US$ 0,76. Na sequência, ele aceitou a proposta da Frísia de partir para a negociação apenas com respaldo da cooperativa.

Segundo Jean Cesar Andrusko, especialista em Meio Ambiente da Frísia, desde 2012 a cooperativa vem atuando para capacitar os produtores quanto às práticas de produção responsável e sustentável.

A demanda surgiu dos próprios clientes, inicialmente da cadeia do leite, por meio da solicitação de implantação de processos de rastreabilidade e de controle de qualidade.

Em seguida, foram os compradores de trigo e de milho, e os produtores buscaram a certificação. Foi feita uma experiência por meio de consultoria especializada oferecida como bônus por uma das gigantes do setor de defensivos agrícolas em algumas das modalidades de compra, com padrões CRS (Certified Responsible Soya) e também RTRS.

Depois de conhecer o processo, a Frísia decidiu assumir a mentoria para os cooperados do Paraná e do Tocantins. Com o programa Fazenda Sustentável em andamento, Andrusko conta que já são 15 propriedades integradas às ações.

“A Fazenda Sustentável é um guarda-chuva em que todos os programas voltados ao cooperado nas áreas de suíno, bovino e agrícola estão alocados, como segurança do trabalho, treinamento aos colaboradores, gestão de processos, financeiro e de pessoas, sucessão familiar, certificação, entre outros”, explica.

O especialista revela que, em relação à soja, a expectativa é certificar um grupo de fazendas até o fim deste ano. “Já temos propriedades habilitadas para cevada, milho e trigo sustentável. A soja é a mais restrita, mas estamos fazendo essa escada e prospectando áreas com potencial para a certificação”, comenta.

Entre as fazendas cotadas estão áreas de 300 a 2.000 hectares. Andrusko explica que a certificação não é o foco principal: “o intuito é deixar as propriedades seguras e, ao mesmo tempo, atender os nossos clientes”. A bonificação para o produtor, que recebe um valor diferenciado pelo grão sustentável é, segundo ele, a cereja do bolo.

Transformação
Ao assumir a consultoria no processo pela busca da certificação, a Frísia disponibiliza apoio técnico para todas as etapas da transformação da propriedade. Documentação, adequação do espaço físico, adoção de EPIs, estrutura para os colaboradores, cumprimento de direitos trabalhistas, respeito à biodiversidade, processo de rastreabilidade e criação de um código de compliance estão entre os pontos destacados.

Andrusko também observa que o cooperado sente-se mais seguro, uma vez que não está expondo todos os seus dados a uma consultoria terceirizada.

Após a certificação, há duas modalidades de venda da soja sustentável – a comercialização do grão (soja física), que vai para a fábrica, ou a negociação dos créditos, por meio da qual a empresa compradora remunera a produção e usa o selo no produto fabricado por ela.

Essa venda é feita por meio de uma plataforma on-line aberta a diversas empresas do mundo. Aquela que comprar pode atestar que adquiriu soja certificada, ou seja, sustentável.

O nosso objetivo é agregar valor à produção tendo em vista que haverá a rastreabilidade e a comprovação da sustentabilidade.
— Jean Cesar Andrusko, especialista em Meio Ambiente da Frísia
O cooperado não é obrigado a participar, mas, assim que apresenta interesse, assina um contrato simbólico e a cooperativa inicia a mentoria, que inclui visita à propriedade, diagnóstico e criação de plano de ação. “O produtor adequa a propriedade na velocidade dele”, completa o especialista.

Vantagens ao produtor

Segundo a RTRS, o processo é aplicável à produção de soja para finalidades múltiplas: consumo humano, ração para animais, biocombustível.

Entre as vantagens para o produtor apontadas pelas certificadoras está a implantação de uma ferramenta de gestão e estratégia sustentável, o que significa estar preparado para atender aos requisitos do mercado global. Além de uma demonstração do compromisso dele com as responsabilidades ambiental e social. (Globo Rural Por Carolina Mainardes — Teixeira Soares)


Campanha busca transformar o agro em uma paixão nacional

Recém-lançado, o Marca Agro do Brasil pretende promover ações de comunicação em escolas, hospitais e veículos de imprensa para aproximar a cidade do campo

Transformar o agro em uma paixão nacional é a meta da campanha de aproximação entre campo e cidade que será conduzida pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA). A primeira partida na busca pelo “título” de integração entre os dois públicos já tem data  para ocorrer. Em julho, começam a ser captados os recursos para o desenvolvimento de peças para divulgação em veículos de comunicação e também por meio da distribuição de folders.

— A gente quer que o agro seja uma paixão nacional, como são o Carnaval e o futebol propõe Ricardo Nicodemos, presidente da ABMRA.

A proposta da iniciativa tem como base umaa pesquisa feita pela associação no ano passado. O levantamento Percepções Sobre o Agro. O Que Pensa O Brasileiro ouviu 4.215 pessoas em todas as regiões do país, de diversas faixas etárias e diferentes classes sociais. Um dos apontamentos foi o de que, sete a cada 10 pessoas entrevistadas, têm uma percepção positiva sobre o setor. O que indica ainda que três em cada 10 não têm. E é nesse público que a iniciativa quer focar, com ações de comunicação que aproximem os universos e desmitifiquem informações. 

— O Brasil precisa conhecer o Brasil. O setor nunca investiu em comunicação como deveria e, por isso, não tem o apoio da opinião pública. O agro precisa ser tratado como uma marca, um produto — salienta o dirigente.

No momento, 10 conselhos trabalham com 19 eixos estratégicos — temas que influenciam positiva ou negativamente o agro. Com os materiais prontos, o objetivo será alcançar as principais capitais brasileiras, indo do público infantil ao adulto, com os mais diferentes hábitos alimentares. (Zero Hora)

Leite desnatado e leite integral hidratam mais que água, segundo estudo

Leite - Cientistas da Universidade de St. Andrews investigaram qual líquido hidrata mais o corpo humano e descobriram que a água não é a bebida que melhor nos hidrata. 

Eles compararam a água a outras bebidas comuns e observaram que a presença de açúcar, gordura ou proteína em outros líquidos faz com que eles hidratem melhor o corpo. O volume consumido e a composição nutricional da bebida são fatores importantes na hidratação. O leite (sendo o desnatado o que melhor hidrata e o integral p terceiro líquido que mais hidrata), por exemplo, contém lactose, proteínas e gordura, o que retarda a eliminação de fluidos do estômago, mantendo o processo de hidratação mais longo. Soluções de reidratação oral, como soro, também são eficazes devido à presença de açúcar, sódio e potássio.

O estudo revelou que bebidas com mais açúcar concentrado, como sucos de fruta e refrigerantes, não hidratam tanto quanto bebidas com menos açúcares. Bebidas com muito açúcar permanecem no estômago por mais tempo, mas quando chegam ao intestino delgado, a alta concentração de glicose é diluída por osmose, levando a água do corpo para o intestino.

É importante ressaltar que a água ainda é essencial para a saúde, pois os rins precisam dela para eliminar toxinas e a pele também se beneficia de sua hidratação. Estar bem hidratado é fundamental para diversas funções do corpo.

A seguir, listamos em ordem as bebidas que mais hidratam, segundo o estudo:

Fonte: Um estudo randomizado para avaliar o potencial de diferentes bebidas para afetar o estado de hidratação: desenvolvimento de um índice de hidratação da bebida 

Autores: Ronald J Maughan, Filipe Watson , Philip AA Cordery , Neil PWalsh , Samuel J Oliver , Alberto Dolci , Nidia Rodriguez-Sanchez , Stuart DR Galloway

The American Journal of Clinical Nutrition , Volume 103, edição 3, março de 2016
Acesse aqui: https://doi.org/10.3945/ajcn.115.114769


Jogo Rápido

Valor Bruto da Produção Agropecuária de 2023 é estimado em R$ 1,216 trilhão
OValor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2023, com base nas informações de safras de abril, é estimado em R$ 1,216 trilhão, 4,7% superior em relação ao valor de 2022, que foi de R$ 1,161 trilhão. As lavouras têm previsão de faturamento de R$ 868,96 bilhões, que é o maior VBP desde 1989. O crescimento real do VBP das lavouras é de 8% em relação a 2022.  A previsão para a pecuária é de faturamento de R$ 347,9 bilhões, com retração de 2,6% em relação ao ano passado. As informações são do MAPA, adaptadas pelo SINDILAT/RS


 
 
 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *