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23/12/2022

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 23 de dezembro de 2022                                                  Ano 16 - N° 3.807


O leite no país do futebol

OBSERVATÓRIO DO CONSUMIDOR - O Brasil é reconhecido mundialmente como o País do futebol. Desde a chegada do esporte no País, que ocorreu em 1894 por Charles Miller, o futebol se tornou uma ferramenta para amenizar tensões tanto políticas, quanto econômicas. 

E a Copa do Mundo já se configura como uma festa típica do calendário brasileiro. Neste contexto, o OC procurou avaliar o interesse dos usuários do Twitter sobre leite e derivados no período da Copa do Mundo de 2022. Entre 20 de novembro e 15 de dezembro, o OC analisou todos os tweets sobre leite e derivados no Brasil que mencionavam uma das seguintes palavras: campeonato, copa, futebol, jogo e mundial.

No período todo, os brasileiros publicaram apenas 4.237 tweets correlacionando lácteos e futebol. Isso corresponde a 1,55% do total de tweets sobre lácteos no mesmo período, o que sugere que para os consumidores não há grande associação entre o consumo de lácteos e os jogos da Copa do Mundo. 

No início do período avaliado, o termo mais citado nos tweets era "copa". Logo depois, foi "jogo". É interessante notar também que as menções a jogo se reduziram significativamente (30%) após a saída do Brasil do mundial. No geral, o conteúdo das postagens foi positivo. Apenas 17,8% das menções abordavam opiniões negativas sobre os lácteos.

Os estados que mais associaram lácteos com futebol no Twitter foram Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, nesta ordem (Figura 2). O leite foi o produto mais citado nessas postagens, estando presente em cerca de 31,7% dos tweets analisados (Figura 3).




A opinião dos torcedores e consumidores de lácteos no Twitter

A Figura 4 evidencia que durante o mundial de futebol, os usuários do Twitter falaram mais sobre o tamanho dos derivados do leite consumidos, seguido de textura e sabor. Já os acompanhamentos para os lácteos mais citados foram os produtos açucarados (Figura 5). Eles responderam sozinhos por 41% dos acompanhamentos mencionados juntamente com os lácteos durante a Copa do Mundo.

Por fim, o OC analisou a nuvem de palavras gerada com base nos tweets relacionando lácteos e Copa do Mundo no final de 2022. Conforme esperado, a nuvem de palavras traz muitas referências ao mundial de futebol, citando datas, times, comentaristas. Inclusive, uma comentarista muito citada, chamada Jojo Toddynho, precisou ser retirada da análise por estar viesando os resultados referentes à bebida láctea Toddynho.

No entanto, o conjunto das informações dos derivados lácteos mais citados, os atributos mais mencionados, os principais acompanhamentos e a nuvem de palavras sugerem uma busca por indulgência nos alimentos. Nas primeiras colocações no ranking de derivados lácteos mais citados estão queijos e sorvete. Apesar do apelo de saudabilidade dos queijos, na cultura brasileira, este produto também está muito associado ao prazer do consumo. Um dos atributos dos lácteos mais citados no Twitter foi o sabor. Os principais acompanhamentos dos lácteos citados no Twitter foram os produtos açucarados. E, por fim, a nuvem de palavras ressalta produtos e palavras ligados à indulgência: sorvete, condensado, pipoca, sobremesa. 

Conforme já mencionado em edições anteriores da Newsletter do OC, os brasileiros, assim como os povos latinos de um modo geral, apresentam forte tendência de busca por indulgência nos alimentos. Isso significa que eles tendem a buscar alimentos capazes de despertar um sentimento de clemência em quem os consome, privilegiando, assim, o prazer no consumo em detrimento de outros fatores, como aspectos nutricionais ou preço. Esse consumo tende a ser reforçado nas festividades e também nos períodos de crise e recessão.

Assim, as análises do OC reforçam os resultados de Siqueira (2018) no texto O consumo de leite e a Copa do Mundo, mostrando que mesmo não estando diretamente ligado à Copa do Mundo, o consumo de lácteos pode ser impactado positivamente nas festividades características do povo brasileiro para o mundial. 

Newsletter Observatório do Consumidor. Ano 1, nº 9 - Dezembro/2022
Coordenação: Kennya Beatriz Siqueira
Autores:Kennya Siqueira, Manuela Lana, Thallys Nogueira, Anna Letícia Monteiro, Darlan Silva, Ygor Guimarães 
Centro de Inteligência do Leite: www.cileite.com.br / Embrapa Gado de Leite: www.embrapa.br/gado-de-leite


2022 gerou grandes impactos na cadeia do leite

Leite - O ano de 2022 foi marcado por acontecimentos que impactaram a cadeia do leite do Brasil. O ano teve início com redução dos efeitos da pandemia: taxas de vacinação crescentes, redução de casos e mortes por Covid-19 e retomada da economia.Mas, logo em março, o início da guerra entre Rússia e Ucrânia abalou as economias do mundo todo. Por serem grandes fornecedores globais de insumos (grãos, fertilizantes e petróleo), a guerra provocou uma crise energética mundial trazendo, dentre outras consequências, uma inflação de custos de um modo geral. No Brasil, um aumento considerável dos custos de produção de leite, associado ao período de entressafra resultaram numa inflação de lácteos que retraiu o seu consumo. No segundo semestre, o cenário político gerou volatilidade cambial e aumentou o nível de incertezas. E a possibilidade de uma recessão mundial aumentou a insegurança nos mercados.

A notícia mais positiva refere-se a uma desaceleração do custo de produção, medido pelo ICPLeite da Embrapa, que apresentou queda de 1,7% em novembro, influenciado principalmente pelo recuo de 4,5% no custo do concentrado. Essa foi a terceira queda consecutiva no ICPLeite.

As estimativas do quarto trimestre do ano indicam que a produção de leite parece ter se recuperado, mantendo-se semelhante à oferta de leite do mesmo período em 2021. Após 4 anos de altas consecutivas na produção leiteira, o setor apresenta 2 anos de quedas significativas. Para 2022, estima-se recuo de 4,4% na produção formal, atingindo uma oferta de 23,9 bilhões de litros.

A estimativa da Embrapa é que o consumo aparente de leite no Brasil tenha caído para 163 litros/habitante, retomando a quantidade consumida em 2010, impactado por um nível menor na renda da população, além de perda de poder de compra devido a taxas mais a altas na inflação nos primeiros meses de 2022. Apesar disso,

quedas nos índices da inflação e do desemprego ao longo do segundo semestre, foram fatores favoráveis ao cenário de vendas de lácteos. De acordo com a Scanntech, em termos de vendas de alimentos, o mês de novembro foi o segundo melhor mês do ano, perdendo apenas para o mês de abril que foi impulsionado pela Páscoa. Na comparação com o ano passado, o valor de vendas de alimentos está 11% maior. Esse resultado pode ter sido impulsionado também pela ampliação do Auxílio Brasil e Copa do Mundo.

O mês de dezembro é, historicamente, um período de incremento nas vendas de alimentos por conta das festas de fim de ano. Esse ano, o pagamento do 13º. salário deve injetar na economia cerca de R$ 251,6 bilhões de reais, o que equivale a 6% a mais do valor de 2021, já descontada a inflação. De acordo com a CNC, há a expectativa de que os brasileiros priorizem o pagamento de dívidas. Mas, os supermercados devem ser os maiores impactados, recebendo cerca de R$ 15,55 bilhões. Nos produtos lácteos que estão incluídos nas cestas de produtos que apresentam grande incremento de vendas com o Natal, tem-se o leite condensado e o creme de leite. Para este ano, estima-se crescimento de 32% nas vendas de leite condensado e 31% para creme de leite em relação à média de venda do ano.

Em termos de tendências de mercado para o próximo ano, o setor deve se atentar para 3 macrotendências: saudabilidade, sustentabilidade e influenciabilidade. Nas duas primeiras, os produtos lácteos estão em desvantagem visto que está havendo uma migração de hábitos de consumo da fauna para a flora, em busca de maiores benefícios para a saúde e menores impactos para o meio ambiente. Já a macrotendência influenciabilidade refere-se ao impacto que os influencers e as redes sociais estão tendo na criação de novos hábitos de consumo. Isso indica que o setor deve estar mais atento e investir mais neste tipo de mídia. 

As informações são do Centro de Inteligência do Leite: www.cileite.com.br / Embrapa Gado de Leite: www.embrapa.br/gado-de-leite


Jogo Rápido 

Boletim Integrado Agrometeorológico No  50/2022 – SEAPDR 
Entre a quinta-feira (22) e o sábado (24), a presença de uma massa de ar seco manterá o tempo firme, com forte calor no período diurno em todo Estado. No domingo (25), o deslocamento de uma frente fria favorecerá o aumento da nebulosidade e deverão ocorrer pancadas de chuva e trovoadas, com possibilidade de temporais isolados. Na segunda (26), o ingresso de ar seco afastará a nebulosidade da maioria das regiões, mas ainda ocorrerão pancadas de chuva nos setores Leste, Nordeste e Norte. Na terça (27) e quarta-feira (28), o tempo seco e quente vai predominar em todo Estado. Os volumes previstos deverão ser inferiores a 10 mm na Campanha, Fronteira Oeste e Missões. No restante do Estado os valores deverão oscilar entre 15 e 30 mm, e poderão superar 40 mm em alguns municípios do Leste e Nordeste. O boletim também aborda a situação das culturas de trigo, soja, milho, milho silagem, arroz, bovinos de corte e matrizes bovinas leiteiras. Veja o boletim completo clicando aqui. (SEAPDR)


 
 
 

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