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06/07/2022

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 06 de julho de 2022                                                          Ano 16 - N° 3.696


Uruguai – Campeões mundiais no consumo de lácteos

Consumo/UR – O consumo de lácteos no Uruguai continua aumentando e o nível alcançado é o dobro do consumo médio mundial, segundo um estudo desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária (INIA).

“No Uruguai são consumidos 266 litros de leite por pessoa por ano, se considerarmos o leite fluido e os derivados. Em 1999 eram 202 litros e desde então, anualmente os uruguaios consomem dois litros mais do que no ano anterior”, explicou o agrônomo Santiago Fariña, diretor do Programa de Leite do INIA

O profissional destacou que esse registro “chama a atenção, porque é mais do dobro do consumo de leite per capita do resto do mundo e um dos mais altos da América Latina”.

As cerca de 3.000 fazendas leiteiras distribuídas em todo o país ordenham por ano 2 bilhões de litros de leite que são processados pela indústria e pelas queijarias artesanais.

De tudo o que é produzido, sempre com base na informação do INIA, 70% é exportado e 30% comercializado no mercado interno, onde o consumo per capita de lácteos é o dobro do resto do mundo

Tendo isso como marco, o INIA tem como objetivo trabalhar para manter essas cifras com um produto de maior qualidade e produzido em sistemas mais sustentáveis.

O que se produz com o leite?

O queijo é o protagonista entre os lácteos em termos de consumo interno e é o produto que absorve 20% de todo o leite produzido anualmente. O produto mais industrializado é o leite em pó, que absorve 50% do leite, e em seguida vem o leite fluido que consome 10% da produção. A manteiga representa 7% e o resto é destinado a outros produtos (sorvetes, iogurtes, doce de leite entre outros).

Quanto à qualidade do leite uruguaio, Fariña detalhou que 90% é processado pela indústria, que se encarrega de avaliar a inocuidade, a ausência de antibióticos e o teor de sólidos, que são os que contêm os aportes nutricionais.

“É importante esclarecer que os produtores de leite recebem o pagamento em função dos sólidos do leite, não pela quantidade de litros. Um leite com poucos sólidos é perda para o produtor, o consumidor e também para a indústria”, explicou.

Com milhões de toneladas de leite anuais, o Uruguai atualmente produz duas vezes mais do que pode consumir internamente. Daí, 70% é exportado para mais de 60 países, sendo Brasil, Argélia e China os principais compradores do último ano.

Um de cada três é excedente

“Nosso leite é de exportação e isso é particular na América Latina, onde somente dois outros países têm mais leite do que consome sua população: Argentina e Costa Rica. O resto produz unicamente para o abastecimento interno”, destacou Fariña.

Sustentabilidade, automação e robotização

A intensificação produtiva e a sustentabilidade são objetivos chave para os pesquisadores do INIA, que buscam soluções que favoreçam toda a cadeia a nível econômico, social e ambiental. No econômico, se centram em desenvolver sistemas com alta eficiência no uso de pastagens e em melhorar a saúde e o conforto das vacas. Também trabalham em um sistema de avaliação genética para que os produtores contem com informações para selecionar touros cujas bezerras produzam leite de maior qualidade, sejam mais férteis, vivam mais tempo e adoeçam menos.

No social, o instituto estuda alternativas tecnológicas como a automação e a robotização que facilitam tarefas e rotinas da fazenda, e assim conseguir melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e tornar mais atrativa a produção de leite para as novas gerações.

Em matéria ambiental, o foco do INIA é obter a autossuficiência dos sistemas, para que não requeiram insumos externos e melhorar o balanço de nutrientes na própria fazenda e gestão de resíduos, de forma a preservar os recursos naturais: solo e água.

“O Uruguai é pioneiro na América Latina em cuidado ambiental nos sistemas produtivos, um pouco por seu perfil exportador, que o faz ficar atento ao que se passa no mundo, e também porque tivemos alertas cedo, com o problema de efluentes no rio Santa Lucía em 2013, que nos fez ver que teríamos que tomar medidas concretas, como o Plano de Uso e Manejo de Solos que temos hojes”, destacou Fariña.

O especialista lembrou que “mais na frente vai determinar a forma como se trabalha nos campos e se produz leite em geral estará relacionado não somente com os consumidores e mercados, mas também com os vizinhos e a população que passar pelas rodovias e denunciar quando os campos não estiverem de acordo”.

Neste sentido, destacou a oportunidade de envolver a sociedade no mundo rural nas discussões sobre produção de alimentos, saúde e sistemas agropecuários.

Diante disso, Fariña disse que “o principal objetivo da ciência deve ser contribuir para que os produtores possam ter renda estável a partir de sistemas que sejam o mais parecido com a natureza em seu estado original, cuidando dos recursos naturais, com animais pastando ao ar livre e reduzindo a necessidade de utilizar insumos externos”.

“Entretanto faltam muitas coisas para melhorar e, nós das ciências estamos trabalhando para conseguir, porque o objetivo é manter a produtividade e a qualidade do leite uruguaio, assegurando a sustentabilidade de toda a cadeia”, concluiu. (Fonte: El Observador - Tradução livre: www.terraviva.com.br)


Balança comercial de lácteos: importações seguem ganhando força

Segundo dados divulgados nesta terça-feira (05/07) pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo da balança comercial de lácteos foi de -75 milhões de litros em equivalente-leite no mês de junho, uma diminuição de 23 milhões, ou aproximadamente 43,6% em comparação ao mês anterior.

Ao se comparar ao mesmo período do ano passado (junho/2021), o saldo deste ano também foi mais negativo, sendo que o valor em equivalente-leite nesse período foi de -52 milhões de litros, representando uma diferença de aproximadamente 24 milhões de litros, ou 45,7%. Confira a evolução no saldo da balança comercial láctea no gráfico 1.

Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos.

Após uma forte queda entre abril e maio, novamente ocorreram recuos nas exportações. O período apresentou um decréscimo de -3,6 milhões de litros no volume exportado, representando um recuo de 32%. Ao se comparar com 2021, o cenário é ainda mais destoante, ocorrendo um decréscimo de -11,2 milhões de litros, representando um recuo de aproximadamente -58,9% no volume exportado no período. Sendo assim, o cenário desfavorável às exportações se manteve em junho, ocorrendo decréscimos no volume exportado de produtos lácteos.

Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.

Do lado das importações, o cenário de ganho de competitividade dos produtos internacionais refletiu em altas nos volumes destinados a estas negociações. O mês de junho apresentou um aumento de 30% nas importações, com um acréscimo no volume de importações de 19,3 milhões de litros em equivalente-leite.

Analisando o mesmo período do ano passado, também nota-se um aumento entre os volumes importados; em junho de 2021, 70,7 milhões de litros em equivalente-leite foram importados, já em 2022 esse valor teve uma variação positiva de aproximadamente 18%, totalizando um aumento de 12,5 milhões de litros em equivalente-leite comparando-se os anos, o que pode ser observado no gráfico a seguir:

Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.

Esse aumento nos volumes importados e recuo das exportações acarretaram um saldo mais negativo da balança comercial de lácteos para o mês de junho, apresentando o resultado mais negativo do ano, até o momento, e o menor valor desde novembro de 2021.

Este cenário se formou devido alguns fatores-chave, tais como: os recuos apresentados nos preços internacionais, a baixa disponibilidade de leite no Brasil e os preços dos derivados lácteos no mercado interno, que estão operando próximos de máximas históricas.

Em meio a menor demanda chinesa frente a política de controle da covid-19 no país e temores de uma possível recessão econômica mundial, os preços dos derivados lácteos no mercado internacional vêm emplacando baixas.

Esse fato associado a baixa disponibilidade de leite no mercado interno, que vem impactando nos preços, e impulsionando os valores para próximo de máximas históricas, trouxe um ganho de competitividade para os produtos internacionais, o que refletiu em maiores negociações de importações. 

Desta forma, mesmo em meio ao avanço do dólar nas últimas semanas, o mês de junho se mostrou favorável as negociações de importação e manteve a janela de exportações fechada.

Em relação aos produtos mais importantes da pauta importadora em junho, temos o leite em pó integral, os queijos, o leite em pó desnatado e o soro de leite, que juntos representaram 92% do volume total importado. O leite em pó integral teve uma elevação de 95% em seu volume importado. Além do leite em pó integral, os produtos que tiveram maiores variações com relação à importação foram o soro de leite, os queijos e as manteigas, com aumentos de 20%, 23% e 14%, respectivamente.

Os produtos que tiveram maior participação no volume total exportado foram o leite condensado, o leite UHT, o creme de leite e os queijos, que juntos, representaram 81% da pauta exportadora. O leite em pó integral teve um recuo de 95% em seu volume exportado, e o soro de leite um recuo de 100%.

A tabela 1 mostra as principais movimentações do comércio internacional de lácteos no mês de junho deste ano.

Tabela 1. Balança comercial láctea em junho de 2022. 

As informações são do Milkpoint

Relatório detalha efeitos do La Niña no mercado global de grãos

Um novo relatório da hEDGEpoint Global Markets avalia os impactos do La Niña nas culturas da soja, milho e trigo. Segundo a companhia, o atual padrão é classificado como Ativo, o que significa que o clima global está sob influência. O fenômeno deve se prolongar no mês de junho, enfraquecendo entre julho-agosto, com impacto nas lavouras de grãos ao redor do mundo.

“Por um lado, a primeira leitura do USDA para a safra 22/23 (a última neste momento) já penalizou a produtividade de milho dos EUA pelos atrasos no plantio, projetando-a 2,2% abaixo da tendência”, avalia Pedro Schicchi, analista de Grãos e Proteína Animal da hEDGEpoint Global Markets. “Por outro, os rendimentos de soja foram projetados em 1,2% acima da tendência neste mesmo relatório”, acrescenta.

Soja e Milho

Os analistas destacam que a janela junho-agosto é marcada pela estação de cultivo nos países do Hemisfério Norte, a saber, EUA e Ucrânia. Nos anos em que ocorre o La Niña, geralmente há secura e calor no Centro-Oeste dos EUA. Embora haja um ganho de produtividade na soja este ano, os rendimentos costumam cair 1,7% (milho) e 1,3% (soja) no histórico do fenômeno.

Na Ucrânia, ao contrário dos EUA, o La Niña tem uma correlação relativamente alta com precipitação acima da média em algumas regiões do Leste Europeu. Em anos análogos, os rendimentos tiveram alta, em média, de 7,5%. Mas o clima não é a preocupação dos produtores ucranianos nesta safra.

A invasão russa impõe questões operacionais, como escassez de mão de obra, insumos e capacidade de armazenamento. Dessa forma, espera-se que a produção de milho do país reduza em 40 a 50%. Atualmente, espera-se que os rendimentos caiam 22% abaixo da tendência. Ainda assim, embora provavelmente não mude a situação atual dos produtores ucranianos, um clima favorável também não prejudica.

Trigo

O mercado de trigo tem muitas preocupações quanto à produção de inverno no Mar Negro, mas o La Niña provavelmente não será uma delas, dado que a colheita já está em andamento na janela analisada (jun-ago). Nas Américas, a Argentina provavelmente terá o inverno mais frio já registrado no começo do ciclo de crescimento após o plantio em julho, enquanto os níveis de chuva tendem a se manter estáveis.

Se o padrão verificado nos últimos anos com ocorrências se repetir, não se deve esperar que o La Niña tenha um grande papel cortando produtividades nas lavouras argentinas. Outros fatores, como a falta de fertilizantes e competição de área com o sorgo, têm mais chance de reverter a tendência de crescimento do trigo no país.

Nos EUA, a situação é parecida com a Rússia: o La Niña deste ano deve chegar tarde demais para comprometer a performance do trigo de inverno. Os impactos maiores tendem a recair sobre a safra de primavera, que corresponde a em torno de 30% da produção total. “Qualquer dano maior à safra de primavera adicionaria mais pressão para um mercado que já está estressado, dado que acrescentaria às tensões geradas pelas más condições da safra de inverno”, disse David Silbiger, analista de Commodities da HedgePoint Global Markets.

As informações são do Agrolink, adaptadas pela Equipe MilkPoint.


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A sustentabilidade deixou de ser uma pauta do passado e distante. Ela já e realidade e indispensável para o futuro. Mundialmente, a preservação como meio ambiente e manutenção dos recursos naturais são pautas pulsantes no tripé ambiental da sustentabilidade. No setor lácteo, as ações ambientalmente sustentáveis já permeiam todos os elos da cadeia produtiva. Nas fazendas de leite, do Brasil e do mundo, a adoção de práticas em prol do meio ambiente inclui, o uso de dejetos para adubação, fontes alternativas de energia, reaproveitamento da água das chuvas, uso de bioinsumos, e a produção de biogás a partir dos dejetos dos animais, entre outros. Por ser um assunto relativamente recente, muitos produtores, técnicos e outros profissionais envolvidos no setor, têm dúvidas de como aplicar na rotina das fazendas de leite as alternativas sustentáveis de produção. Por isso, criamos o MilkPoint Experts Feras da Sustentabilidade. Um evento único, inédito e exclusivo sobre o assunto. Associados do Sindilat/RS têm 30% de desconto na inscrição, clicando aqui. (Milkpoint adaptado Sindilat/RS)


 
 
 

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