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Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 05 de dezembro de 2025                                                 Ano 19 - N° 4.529


CCGL e Embrapa analisam custos e eficiência de sistemas de produção de leite em Cruz Alta

A sede da Cooperativa Central Gaúcha Ltda. (CCGL) recebeu, nesta quarta-feira, 03, pesquisadores da Embrapa Gado de Leite para o 3º dia do 6º Workshop de Sistemas Típicos de Produção de Leite do Rio Grande do Sul. O encontro reuniu técnicos e dirigentes do setor para validar indicadores econômicos e zootécnicos da atividade leiteira no estado.A reunião marca o encerramento da programação iniciada na segunda-feira. Após dois dias de coleta de dados em propriedades rurais do Noroeste gaúcho, o grupo dedicou a quarta-feira à análise técnica das informações. O objetivo foi atualizar a metodologia dos Sistemas Típicos de Produção de Leite (STPL), ferramenta utilizada para monitorar a evolução dos custos e da competitividade da cadeia.Os painéis foram conduzidos pelos pesquisadores Luiz Antônio Aguiar de Oliveira e Lorildo Aldo Stock, da Embrapa. A pauta concentrou-se no comparativo de desempenho entre diferentes modelos produtivos, com destaque para a avaliação de custos em sistemas de compost barn e de ordenha robotizada.Além da equipe técnica da cooperativa, participaram do debate o gerente de Suprimento de Leite da CCGL, Jair da Silva Mello, o Secretário-Executivo do Sindilat/RS, Darlan Palharini, e o assistente técnico da Emater/RS, Oldemar Weiller.

Segundo a metodologia do workshop, os dados reais coletados nas visitas de campo foram confrontados com modelos matemáticos para identificar gargalos de produção e tendências de mercado. As conclusões do grupo de trabalho servirão de base para a orientação técnica de produtores e para o planejamento estratégico das entidades envolvidas. (Ascom CCGL)


Balança comercial de lácteos: novembro marca retração nas importações de LPI

As exportações aumentaram e as importações recuam, causando certo alívio ao saldo da balança comercial de lácteos.

O saldo da balança comercial de lácteos fechou em -172,3 milhões de litros em equivalente-leite, o que representa uma redução de 15% (-203,7 milhões de litros em outubro). As exportações aumentaram 10%, enquanto as importações recuaram 15% em relação a outubro.

Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos – equivalente leite.

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

Em novembro, as exportações de lácteos totalizaram 4,9 milhões de litros em equivalente-leite, um aumento de 10% frente ao mês anterior, mas apenas 2% acima do registrado no mesmo mês de 2024. No acumulado de janeiro a novembro de 2025, porém, as exportações ainda mostram queda de 24,5% em relação ao mesmo período de 2024.

Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

As importações caíram 15% em novembro, totalizando 177,2 milhões de litros em equivalente-leite. Na comparação com novembro de 2024, a queda é de 13%. No acumulado de janeiro a novembro de 2025, as importações registraram retração de 5% frente ao mesmo intervalo de 2024.

Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

Em novembro, as exportações apresentaram movimentos distintos entre os produtos:

Manteiga: registrou alta de 20%;
Categoria Queijos (total): cresceu 32%;
Soro de leite: recuou 6%;
Leite condensado: teve queda de 5%;
Creme de leite:  apresentou retração de 17%.
 
Nas importações, observam-se os seguintes movimentos:

Leite em pó integral (LPI): principal item importado, com queda de 30% na variação mensal;
Leite em pó desnatado (LPD): segundo principal item, com alta de 13%, possivelmente em função de uma menor oferta no mercado basileiro dado ao panorama de fortes recuos nos preços da matéria gorda;
Soro de leite: retração de 45% nas importações.
 

As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de outubro e novembro de 2025.

Tabela 1. Balança comercial de lácteos em novembro de 2025

Tabela 2. Balança comercial de lácteos em outubro de 2025

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT. 

O que podemos esperar para os próximos meses?
A ampla oferta de lácteos, tanto no mercado interno quanto no internacional, continua ampliando a disponibilidade do produto e pressionando as cotações. No Mercosul, principalmente Argentina e Uruguai, observa-se um movimento de redirecionamento das exportações para outros mercados, já que o Brasil enfrenta um panorama de forte aumento de oferta, causando um mercado travado e preços menores  — fatores que tendem a reduzir o interesse desses países em comercializar com o mercado brasileiro, o que ajuda a justificar esses números menores de importações. 

Especificamente para o leite em pó desnatado, o momento é de menor oferta no mercado nacional, causado pela desvalorização da matéria gorda, que tem diminuído o interesse pela produção deste produto. Isto pode contribuir para a manutenção dos volumes importados nos próximos meses. 

Embora a essa redução das importações totais possa trazer algum alívio aos players internos, o principal fator de pressão sobre os preços permanece sendo o avanço expressivo da captação brasileira, que pode continuar limitando espaço para reações significativas dos preços no curto prazo. (Milkpoint)

EMATER/RS: Informativo Conjuntural 1896 de 04 de dezembro de 2025

BOVINOCULTURA DE LEITE

De maneira geral, segue adequada a condição corporal e a sanidade dos rebanhos. O tempo mais seco do período favoreceu o controle de mastites e o manejo de ectoparasitas, apesar do aumento nos casos de infestação por moscas, especialmente mosca-dos-chifres, e de carrapatos em algumas propriedades. Devido à transição entre o final de ciclo das pastagens de inverno e o início da oferta das pastagens de verão, foi necessário reforçar a alimentação dos animais com concentrados energéticos e proteicos.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a sequência de dias com altas temperaturas limitou o consumo de alimento por parte dos animais nos horários de maior temperatura. 

Em Manoel Viana, a produção está estável em razão da oferta de pastagens  anuais de verão, estabelecidas no início da primavera, que apresentam desempenho muito satisfatório até o momento. 

Em São Gabriel, a produção também se encontra em bons níveis, e há oferta de alimento diversificada, como potreiros de campo nativo, pastagens anuais implantadas em outubro e pastagens perenes já consolidadas. 

Na de Caxias do Sul, a produtividade de leite está estável devido às condições climáticas propícias e à boa disponibilidade de alimentos. A sanidade está adequada, sem relatos de suspensão de coleta por estar fora dos padrões da legislação. 

Na de Erechim, a ocorrência restrita de chuvas favoreceu o manejo dos animais e contribuiu para a manutenção da sanidade dos rebanhos. Os agricultores seguem contabilizando prejuízos por causa do granizo no período anterior, que danificou estruturas de produção e destruiu pastagens e lavouras de milho.

Na de Passo Fundo, do ponto de vista sanitário, foram registradas algumas ocorrências típicas da época, mas sem maior gravidade, relacionadas principalmente a parasitoses externas, que foram tratadas com aplicação pontual de carrapaticidas em alguns rebanhos.

Na de Santa Maria, a maior parte das propriedades leiteiras adota sistema baseado em pastagens anuais, o que tem resultado no déficit nutricional dos rebanhos devido ao vazio forrageiro, característico deste período. Já as propriedades que dispõem de pastagens perenes, especialmente aquelas formadas por espécies do gênero Cynodon, apresentam boa oferta de forragem e menor impacto sobre o desempenho animal. O tempo seco tem reduzido os problemas relacionados ao barro, proporcionando melhor higiene na ordenha, nas instalações e nos caminhos utilizados pelos animais, bem como favorecendo a manutenção da sanidade dos rebanhos.

Na de Santa Rosa, nos dias mais quentes do período, foi mantida a condução dos animais para locais com maior disponibilidade de sombra e de água. Em algumas propriedades, foi adotado o molhamento intercalado com ventilação durante a alimentação para reduzir o estresse calórico e garantir o apetite das vacas.

Na de Soledade, os produtores ainda fazem uso da estratégia de aumento da lotação animal nas áreas de pastagens, com uso intensivo de silagem em detrimento do pastejo. Essa estratégia tem aumentado os custos de produção, o que pode comprometer os indicadores de produtividade e reduzir a margem de lucro dos agricultores. (Emater/RS)


Jogo Rápido

BOLETIM INTEGRADO AGROMETEOROLÓGICO Nº  49/2025 – SEAPI 
Nesta semana, foram registradas pancadas de chuva fraca a moderada no Rio Grande do Sul e queda de granizo em localidades isoladas na Serra e Leste gaúcho. Na maioria das cidades, houve condição de tempo bom e temperatura em elevação. A próxima semana apresenta uma janela de tempo firme e quente até o domingo. A partir de segundafeira o calor dará lugar a instabilidades com risco de temporais, antes da chegada da chuva mais generalizada e benéfica para as lavouras. Em 04/12 (quinta-feira), um sistema de alta pressão atuará sobre o Rio Grande do Sul, proporcionando um dia ensolarado, com poucas nuvens e temperaturas elevadas no Oeste, de 30 °C a 32 °C, e no Leste entre 24 °C e 28 °C. Em 05/12 (sexta-feira), o dia será ensolarado, e o céu apresentará pouca ou nenhuma nebulosidade; a temperatura variará entre 28 °C e 
34 °C no Estado. Em 06/12 (sábado), o dia será abafado e ensolarado, com temperaturas entre 30 °C e 36 °C e previsão de pancadas de chuva isoladas, associadas à temperatura e umidade, em todas as regiões. Em 07/12 (domingo), o sol predominará na maior parte do dia, mas a presença de nuvens aumentará a possibilidade de pancadas de chuva isoladas, e a temperatura máxima variará entre 30 °C e 38 °C. Até quarta-feira, a tendência é de chuva generalizada no estado, com acumulados que devem 
melhorar a umidade do solo e recompor a disponibilidade hídrica das culturas de verão.
Em 08/12 (segunda-feira), a instabilidade retorna ao Rio Grande do Sul, deixando a atmosfera propícia para pancadas de chuva isoladas com trovoadas e potencial para vento forte e granizo no Oeste, Norte e Centro; a temperatura máxima variará de 24 °C a 36 °C. Em 09/12 (terça-feira), o deslocamento de uma frente fria sobre o território gaúcho proporcionará chuva para todas as regiões, especialmente na Metade Sul e Leste do Estado, que devem registrar os maiores acumulados; a temperatura máxima 
ficará entre 22 °C e 28 °C. Em 10/12 (quarta-feira), o sistema de baixa pressão transportará umidade do mar para o continente, proporcionando chuva no Sul e Leste e ventos mais intensos no Litoral do RS; a temperatura máxima variará entre 20 °C a 30 °C no Estado. (SEAPI)

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Porto Alegre, 04 de dezembro de 2025                                                 Ano 19 - N° 4.528


Chuvas abaixo da média previstas para os próximos três meses, aponta Copaaergs

Probabilidade é de La Niña fraca até janeiro de 2026

As projeções do Centro de Previsão Climática da NOAA (NOAA/CPC), nos Estados Unidos, indicam probabilidade acima dos 60% para ocorrência de La Niña até janeiro de 2026. É o que informa o Boletim Trimestral do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), coordenado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). As previsões apresentadas pelo boletim são baseadas no modelo estatístico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O prognóstico indica chuvas variando de normal a abaixo da média na maioria das regiões em dezembro de 2025 e janeiro e fevereiro de 2026. Maiores desvios negativos de precipitação pluvial devem ocorrer na metade sul e oeste do Estado, especialmente entre dezembro de 2025 e janeiro de 2026. Nos meses janeiro e fevereiro, as precipitações pluviais ainda podem ficar ligeiramente abaixo da média, com maior irregularidade espacial. Há tendência de precipitação acima da média no nordeste do Estado em janeiro, retornando as condições de valores ligeiramente inferiores no nordeste e norte em fevereiro.As temperaturas do ar sobem gradativamente ao longo do trimestre, devendo ter anomalias mais positivas em relação aos meses anteriores, com possíveis ondas de calor. Com o aquecimento, eventos de granizo e tempestades típicas de verão, com rajadas de vento, podem ocorrer.

Leite:

As temperaturas elevadas previstas para o trimestre podem intensificar o estresse térmico nos animais, especialmente em vacas leiteiras de alta produção. Recomenda-se adotar estratégias de manejo que atenuem os efeitos do calor, como sombreamento, oferta abundante de água fresca, redução da exposição direta ao sol e ajustes no fornecimento de alimento, a fim de preservar o desempenho e evitar perdas econômicas.

O boletim do Copaaergs é elaborado a cada três meses por especialistas em Agrometeorologia de 13 entidades estaduais e federais ligadas à agricultura ou ao clima. O documento também lista uma série de orientações técnicas para as culturas do período.

As informações são da SEAPI RS


CNA participa de audiência pública e defende medidas antidumping para setor do leite

Produtores de várias regiões do país estiveram presentes na Câmara dos Deputados na quarta (3)

Brasília (04/12/2025) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, na quarta (3), de audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir os próximos passos após decisão do governo de retomar a investigação de dumping nas importações de leite em pó de países do Mercosul.

A medida foi anunciada, na terça (2), pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, em reunião com parlamentares e entidades do setor leiteiro.

Com a decisão, o MDIC reconsiderou o entendimento preliminar publicado em 11 de agosto e voltou a considerar que leite em pó e leite in natura são similares, permitindo a continuidade do processo de defesa comercial.

Durante a audiência na Câmara, que contou com a presença de produtores de diversas regiões do país, o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi, destacou o impacto das importações na crise enfrentada pelo setor desde 2023.

“Quando a crise causada pelo excesso das importações começou, o objetivo imediato era resolver o desequilíbrio entre a oferta e a demanda. A CNA foi provocada a entrar numa guerra longa, difícil e trabalhosa, que foi a ação antidumping. Lutamos desde então ao lado dos produtores brasileiros e, com apoio e articulação com o governo, por meio de audiências e reuniões, conseguimos avançar”, afirmou.

Em sua fala, Ronei enfatizou que a medida anunciada traz um alento aos produtores e um estímulo para que continuem na atividade. Entretanto, apesar da vitória, é necessária a aplicação imediata de direitos antidumping provisórios.

Já o vice-presidente da Comissão, Jonadan Ma, ressaltou que a retomada do processo representa um avanço, mas também cobrou a adoção de medidas provisórias antidumping para reduzir a pressão das importações sobre os produtores.

“Vemos uma luz no fim do túnel. Foi uma grande conquista, mas com a aplicação das medidas provisórias, as importações a preços e dumping poderão ser tarifadas e teremos condições mais equilibradas de competir no mercado”, afirmou.

Jônadan informou que os próximos passos passam pela retomada do rito processual da investigação, cujos achados deverão ser novamente publicados e a recomendação de direitos provisórios deverá ser pauta de reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex). “Embora tenham validade de quatro meses, prorrogáveis por mais dois, são fundamentais para a sobrevivência do setor. Precisamos recuperar nossa competitividade e a honra de produzir no Brasil”, completou.A deputada federal Ana Paula Leão (MG), autora do requerimento da audiência, apresentou um histórico da atuação da CNA, dos parlamentares e da cadeia leiteira desde o aumento excessivo das importações de leite em pó. Para ela, mesmo com a decisão do MDIC, o setor ainda precisa de agilidade na aplicação das tarifas provisórias para redução dessas importações.

“Nós, produtores de leite, necessitamos de um socorro emergencial. Precisamos da publicação oficial do ato para dar continuidade ao processo”, disse.

Discursaram na audiência os deputados federais Pedro Lupion (PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA); Domingos Sávio (MG), Sérgio Souza (PR), Rafael Simões (MG), Emidinho Madeira (MG), Daniela Reihner (SC), Evair de Melo (ES), Vermelho (PR), Heitor Schuch (RS), Airton Faleiro (PA), 0Rafael Pezenti (SC), Rodrigo Rollemberg (DF) e Greyce Elias (MG).

Linha do Tempo
Agosto 2024 – A CNA protocolou uma petição no MDIC solicitando a análise de prática de dumping na importação de leite em pó da Argentina e do Uruguai.

Dezembro 2024 – O governo acatou o pedido com base nos indícios encontrados pela CNA de que os países do Mercosul estariam vendendo o leite em pó mais barato aqui do Brasil, do que em seus próprios países.

Janeiro 2025 – Após abertura da investigação, a CNA participou de várias reuniões, ajudando com dados e informações.

Março 2025 – As importações de leite em pó bateram recorde no primeiro trimestre. Diante desse cenário, a CNA pediu a aplicação de tarifas antidumping provisórias.

Agosto 2025 – O MDIC publicou uma circular anunciando a mudança do entendimento sobre a similaridade do leite em pó e leite in natura.

Agosto 2025 – A CNA, deputados e entidades do setor leiteiro contestaram a decisão e pediram que o governo reconsiderasse o novo entendimento.

Agosto 2025 – A Confederação forneceu ao Departamento de Defesa Comercial (Decom) dados técnicos que comprovavam a tese de similaridade entre os produtos.

Setembro 2025 – Novamente, a CNA, deputados e entidades do setor leiteiro contestaram a decisão e insistiram para que o governo retomasse a investigação.

Outubro 2025 – O presidente da CNA, João Martins, gravou um vídeo reforçando o pedido que o MDIC aceitasse o pedido do setor.

Novembro 2025 – Em reunião com o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Paulo Teixeira, e em audiência pública na Câmara do Deputados, a CNA reforçou que o antidumping é a única alternativa para reduzir os impactos das importações de leite.

Dezembro 2025 – O vice-presidente da República e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, aceitou a solicitação da CNA e retomou as investigações de práticas desleais de comércio nas importações de leite em pó do Uruguai e da Argentina, considerando leite in natura como similar ao leite em pó importado e garantindo o acesso dos produtores rurais às ferramentas de defesa comercial.

Assista a audiência na íntegra clicando aqui: 

https://www.camara.leg.br/evento-legislativo/80382

As informações são da CNA

Uruguai vê oportunidade para os lácteos rumo ao mercado asiático

A provação para a incorporação do Uruguai ao Acordo Abrangente e Progressista para a Parceria Transpacífica (CPTPP) representa uma porta de acesso privilegiada a mercados que concentram 14% do comércio mundial de produtos lácteos. Leia.

A recente aprovação para a incorporação do Uruguai ao Acordo Abrangente e Progressista para a Parceria Transpacífica (CPTPP) representa uma porta de acesso privilegiada a mercados que concentram 14% do comércio mundial de produtos lácteos e que importam, anualmente, mais de 13 milhões de toneladas de leite equivalente.

Estima-se que o processo para o ingresso formal ao bloco possa levar entre seis meses e um ano, segundo cálculo do ex-vice-chanceler Nicolás Ablertoni.

De acordo com um relatório técnico elaborado pelo Inale, esse acordo, integrado por 11 países, entre eles Japão, Vietnã, México, Malásia e Canadá, oferece ao Uruguai condições tarifárias mais favoráveis e acesso a cotas que hoje não estão disponíveis ao país. O CPTPP é especialmente relevante para os lácteos, pois permite competir em igualdade de condições com grandes exportadores como Nova Zelândia e Austrália, já membros plenos do bloco.

Japão e Vietnã como destaques
O Japão se destaca como o principal mercado de lácteos dentro do CPTPP, com importações anuais superiores a 700 mil toneladas de leite equivalente. Em 2022, suas compras totalizaram US$ 4,4 bilhões. Em produtos como o leite em pó desnatado, o país aplica uma tarifa média de 25% para nações sem acordo, enquanto os membros do CPTPP contam com cotas com tarifas preferenciais e reduções graduais até a eliminação total.

No caso do queijo, que representa um terço de suas importações totais, Nova Zelândia e Austrália respondem por 59% do volume. Ambos os países acessam o mercado japonês por meio de contingentes específicos dentro do CPTPP, que se expandem ano após ano e contam com tarifas decrescentes. Isso representa uma vantagem significativa sobre concorrentes de fora do bloco, que enfrentam tarifas entre 22% e 40%, dependendo da classificação do produto.

Já o Vietnã, que importa mais de US$ 1,2 bilhão em produtos lácteos, mostra uma tendência robusta de crescimento da demanda, especialmente por fórmulas infantis e leite em pó. As tarifas para leite em pó integral de países fora do acordo ficam em 20%, enquanto os membros do CPTPP contam com reduções tarifárias progressivas que chegarão a zero entre 2026 e 2031, conforme o tipo de produto.

O acordo garante ao Uruguai acesso automático às preferências tarifárias e às cotas de importação (TRQs) que os países membros já aplicam aos parceiros do CPTPP. No entanto, em alguns casos, como Japão e Canadá, há mecanismos de salvaguarda que podem suspender temporariamente as preferências caso as importações ultrapassem determinados limites. O relatório lembra que esses níveis já foram superados em anos anteriores por outros membros, o que indica um consumo real e o uso ativo dessas cotas.
 
Oportunidades para novos produtos

Os benefícios não se limitam aos produtos tradicionais. O relatório do Inale menciona oportunidades de diversificação da oferta, com potencial para queijos especiais, fórmulas infantis, soro de leite e produtos de maior valor agregado destinados a consumidores exigentes, dispostos a pagar mais por qualidade e diferenciação.

Em conclusão, o acesso preferencial oferecido pelo CPTPP representa uma vantagem significativa para o Uruguai, tanto em termos comerciais quanto estratégicos, diante de concorrentes que já operam com benefícios tarifários.

Essa abertura pode facilitar a entrada e ampliação em mercados de alto valor, impulsionando as exportações de lácteos e abrindo novos horizontes para o setor.

As informações são do Tardáguila Agromercados, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.


Jogo Rápido

Foi publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira (03/12) o Despacho Decisório nº 99/2025/MDIC, que determina a revisão da exclusão do leite in natura como produto similar doméstico na investigação antidumping do leite em pó e reabre a fase probatória do processo. Acesse o documento na íntegra clicando aqui. 

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 03 de dezembro de 2025                                                 Ano 19 - N° 4.527


Sebrae e Piracanjuba firmam convênio para fortalecer produtores da cadeia do leite no Noroeste do RS

O Sebrae RS, por meio da Regional Noroeste, e a Piracanjuba firmaram, nesta terça-feira (24), em Carazinho, um convênio de cooperação voltado ao fortalecimento da cadeia produtiva do leite no Noroeste do Rio Grande do Sul. A iniciativa tem como objetivo ampliar a competitividade dos produtores rurais da região por meio de ações de gestão, inovação, tecnologia e acompanhamento técnico.A parceria está alinhada ao Programa Piracanjuba ProCampo, que atua na qualificação de fornecedores e no desenvolvimento de propriedades rurais. A metodologia adotada no projeto segue o modelo de acompanhamento do programa, estruturado para apoiar os produtores na evolução de seus indicadores e na implementação de rotinas mais eficientes no dia a dia das fazendas.Entre os propósitos definidos, o convênio contribuirá para o aumento da produtividade, o fortalecimento da inovação e da tecnologia no campo e a melhoria da qualidade do leite, ampliando a capacidade de resposta dos produtores aos desafios atuais do setor.Durante a assinatura, representantes das instituições destacaram o caráter estratégico da cooperação. Para o Sebrae RS, a parceria reforça o compromisso com o desenvolvimento territorial e com o suporte técnico à cadeia leiteira, considerada uma das mais relevantes para a economia da região.

A gestora de Agro do Sebrae RS, Fabiane Niedermeyer, enfatizou a importância da atuação conjunta:
“A união de esforços entre a indústria e as instituições é essencial para construir um ecossistema forte, inovador e preparado para os desafios do futuro. O produtor rural ganha conhecimento, competitividade e eficiência — e toda a região se beneficia.”

Para o gerente da Regional Noroeste do Sebrae RS, Armando Pettinelli, o convênio representa um avanço significativo para o território:
“A cadeia do leite tem papel social e econômico fundamental no Noroeste. Ao unirmos esforços com uma empresa que compartilha da visão de inovação e futuro, ampliamos a capacidade de entregar valor para quem está no campo e de promover um ambiente mais competitivo e sustentável.”

Com a ampliação da parceria, o Sebrae RS reforça sua missão de apoiar iniciativas que promovam inovação, qualidade de processos e crescimento sustentável da cadeia leiteira, reconhecendo e valorizando o produtor como protagonista desse desenvolvimento. A cooperação consolida um modelo de atuação que integra conhecimento técnico, gestão qualificada e visão de futuro, fortalecendo a competitividade regional e contribuindo para uma cadeia mais eficiente, conectada e preparada para os novos desafios do agronegócio gaúcho. (Sebrae RS)


GDT 393: preços seguem pressionados no mercado internacional de lácteos

O leilão GDT 393 reforçou um cenário global de preços pressionados, com novas quedas nos principais lácteos e demanda ainda fraca frente ao aumento da oferta. Embora alguns derivados tenham reagido, o movimento geral segue baixista, acompanhado por menor ritmo de compras.

No 393º leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT), realizado no dia 02 de dezembro, apresentou movimentos mistos entre os produtos. Ainda assim, o preço médio dos produtos negociados foi de USD 3.507 por tonelada, registrando uma queda de 4,3% no price index — chegando a oito quedas consecutivas e com o menor preço médio desde março de 2024.

O leite em pó integral (LPI) manteve a trajetória de baixa, com o preço médio recuando -2,4% — queda mais intensa que a observada no último leilão (-1,9%) —  e atingindo USD 3.364 por tonelada.

O leite em pó desnatado (LPD) também apresentou redução, desta vez mais acentuada que nos dois leilões anteriores (-0,6% e -1,6%), que haviam mostrado relativa estabilidade. A queda foi de -1,6%, levando o preço a USD 2.498 por tonelada.

A maior alta deste leilão foi registrada no cheddar, que apresentou variação positiva de 7,2% após três leilões consecutivos de queda, alcançando USD 4.639 por tonelada. Em seguida, a lactose voltou a ser negociada depois de ficar fora dos leilões desde julho, com preço médio de USD 1.250 por tonelada. O leitelho também apresentou valorização, subindo 1,8% e sendo negociado a USD 2.903 por tonelada.

Do lado das quedas, o destaque foi a manteiga, que recuou 12,4% e atingiu seu menor preço desde dezembro de 2023, chegando a USD 5.169 por tonelada. A gordura anidra do leite também registrou queda expressiva, de 9,8%. Já a muçarela teve um recuo mais moderado, de 1%, marcando a segunda retração consecutiva após uma leve recuperação no início de novembro, e foi negociada a USD 3.182 por tonelada.

A Tabela 1 apresenta os preços médios dos derivados ao fim do evento, assim como suas respectivas variações em relação ao leilão anterior.

Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2025.

Volume negociado aumentou em comparação com o ano anterior

O volume negociado neste leilão totalizou cerca de 34,2 mil toneladas, representando nova queda (-11,2%) frente ao evento anterior. Embora o recuo possa parecer expressivo, esse comportamento de menor volume de negociação no primeiro leilão de dezembro é comum. Ainda assim, na comparação com o evento equivalente de dezembro de 2024, observa-se um crescimento de 1,9%. 

Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2025.

Impacto nos contratos futuros

A tendência de baixa para os primeiros meses de 2026 permanece, com novos recuos em relação às cotações dos últimos dias. Para março, porém, o cenário de alta segue confirmado nos contratos.

Fonte: NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2025.

E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?

O GDT 393 apresentou um mercado ativo, porém mais cauteloso, com leve redução no número de participantes — movimento influenciado principalmente pela demanda mais fraca na Ásia e pelos ajustes de estoques em alguns mercados. Foram negociadas 34,3 mil toneladas, mas com ritmo de compras menos acelerado, o que reforçou a pressão baixista sobre as cotações.

No cenário global, apesar do aumento das compras em relação ao ano passado, a demanda ainda não acompanha o forte avanço da oferta, especialmente entre os grandes países produtores, mantendo os preços internacionais sob pressão. Brasil, Argentina e Uruguai também ampliaram sua produção, intensificando a necessidade de ajustes nos preços para preservar a competitividade.

Com o dólar próximo de R$ 5,40 favorecendo as importações e a produção mundial ainda em crescimento, o mercado segue pressionado no curto prazo. Assim, o GDT 393 ainda sinaliza um ambiente de cautela. (Milkpoint)

Projeções estáveis do USDA para os lácteos da China em 2026

As projeções divulgadas pela unidade do USDA em Pequim para o mercado de lácteos da China em 2026 apontam um cenário de continuidade: produção estável, importações ajustadas e um setor cada vez mais concentrado.

O relatório Dairy and Products Annual, citado por fontes do departamento norte-americano, descreve um ciclo marcado por margens apertadas, reestruturações profundas e movimentos que já vinham tomando forma desde 2022. Segundo a análise, a queda prolongada dos preços da matéria-prima foi um divisor de águas no setor. O USDA relata que, ao longo dos últimos dois anos, a rentabilidade dos produtores chineses ficou comprometida, afetando especialmente as fazendas com estrutura menor. A pressão sobre custos – em alguns casos, agravada pelas exigências sanitárias e ambientais – acelerou um processo de consolidação que vinha ocorrendo de forma gradual, mas que ganhou intensidade desde 2023.

A agência descreve que uma quantidade significativa de estabelecimentos com rebanhos inferiores a mil cabeças deixou o mercado ou foi incorporada por grupos de maior escala. O movimento, segundo técnicos citados no documento, responde a dinâmicas econômicas e estruturais: maiores investimentos em tecnologia, automação e sustentabilidade elevaram a barreira de entrada; ao mesmo tempo, operadores com escala ampliada conseguiram diluir custos e manter algum nível de competitividade.

Como resultado, o USDA projeta que, em 2025, as fazendas com mais de mil vacas já responderão por mais de 68% da produção nacional. É um aumento superior a dois pontos porcentuais em relação ao ano anterior, reforçando uma tendência que coloca os mega-rebanhos no centro da oferta de leite cru na China. Embora essa concentração não seja nova, especialistas ouvidos pelo USDA sugerem que o ritmo da reestruturação surpreendeu até agentes do próprio mercado doméstico.No campo do comércio exterior, o relatório indica que as importações de leite fluido devem registrar uma queda leve em 2026. A razão é direta: a oferta local, apesar das dificuldades de margens, continua sendo suficiente para atender grande parte do consumo interno. As compras externas seguem relevantes apenas para nichos ou para atender picos específicos de demanda, mas não desempenham hoje o papel de equilíbrio estrutural que já tiveram.

Para o leite em pó desnatado (LPD), a avaliação aponta uma trajetória de crescimento da produção doméstica. A indústria chinesa tem ampliado sua capacidade de processamento e mantém programas de diversificação de portfólio que favorecem esse ingrediente. As importações, por sua vez, devem permanecer estáveis, refletindo a combinação entre autossuficiência parcial e demanda consistente das indústrias de alimentos e bebidas.

No caso do leite em pó integral (LPI), o USDA projeta estabilidade tanto no volume produzido quanto no volume importado. Fontes do setor citadas no relatório explicam que esse equilíbrio é coerente com o comportamento da demanda interna, que não apresenta oscilações bruscas e permanece sustentada pelo consumo de produtos tradicionais, além do uso industrial.

O documento também prevê um leve crescimento em manteiga e queijo, tanto na produção quanto nas importações. Segundo os analistas, a expansão está vinculada à mudança nos hábitos de consumo, impulsionada pela urbanização e pela diversificação dos padrões alimentares das novas gerações. Ao mesmo tempo, indústrias de panificação, confeitaria e food service têm elevado o uso desses dois ingredientes, mantendo o fluxo de compras externas.

O USDA destaca ainda a firmeza esperada para as importações de soro e seus derivados, utilizados principalmente pela indústria de alimentos, bebidas funcionais e nutrição infantil. Trata-se de um segmento no qual a dependência externa da China segue alta, tanto por características tecnológicas quanto pela competitividade dos exportadores tradicionais.

Em síntese, as projeções reunidas no relatório constroem uma fotografia de continuidade, com um setor que se reorganiza, mas preserva o equilíbrio entre oferta e demanda. A produção doméstica não cresce de forma expressiva, porém ganha eficiência; as importações recuam onde a autossuficiência avança, mas permanecem essenciais em categorias estratégicas. Para 2026, o USDA não prevê rupturas: apenas a confirmação de um caminho já conhecido pelo mercado chinês.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Blasina y Asociados


Jogo Rápido

Novo estudo traz consumo de queijo associado a redução do risco de demência
Um novo estudo realizado no Japão observou que o consumo semanal de queijo pode estar relacionado a uma menor incidência de demência em idosos. A pesquisa, publicada em 2025 na revista científica Nutrients, acompanhou mais de mil participantes com 65 anos ou mais durante três anos. Embora os resultados indiquem uma possível relação entre o alimento e a saúde cerebral, especialistas ressaltam que as evidências ainda não permitem afirmar que o queijo reduz o risco da doença. O estudo, conduzido por pesquisadores japoneses, avaliou os hábitos alimentares dos voluntários e dividiu os participantes entre consumidores e não consumidores de queijo. Ao fim do período de acompanhamento: 3,4% dos idosos que consumiam queijo ao menos uma vez por semana desenvolveram demência. Entre os que não consumiam o alimento, a taxa foi de 4,5%. Após ajustes estatísticos, os autores estimaram que o consumo semanal de queijo esteve associado a uma redução relativa de risco entre 21% e 24%. O artigo, intitulado Cheese Consumption and Incidence of Dementia in Community-Dwelling Older Japanese Adults, aponta ainda que os consumidores frequentes de queijos tendiam a apresentar melhores escores em testes cognitivos.Os cientistas levantam algumas hipóteses para explicar a possível relação entre queijo e proteção cognitiva: O queijo é rico em proteínas, aminoácidos essenciais e vitamina K², nutrientes importantes para a saúde dos neurônios e dos vasos sanguíneos. Pode haver ação anti-inflamatória: peptídeos bioativos e compostos presentes em queijos fermentados teriam efeitos benéficos sobre processos inflamatórios no corpo.  Além disso, o estudo sugere um papel para o eixo intestino-cérebro, já que certos derivados lácteos fermentados podem influenciar a microbiota intestinal, o que por sua vez poderia afetar a função cognitiva. Pesquisas recentes têm investigado o impacto de diferentes componentes da dieta na saúde cerebral. Revisões científicas mostram que alimentos fermentados, como queijos e iogurtes, podem influenciar processos metabólicos e inflamatórios ligados à função cognitiva. No entanto, os resultados ainda são variados, e não há consenso sobre efeitos isolados de um único alimento.  As diretrizes atuais para prevenção de demência continuam apontando para padrões alimentares amplos, com dietas ricas em vegetais, lácteos, leguminosas, azeite e peixes, em vez de recomendações específicas sobre o consumo de um único alimento. A pesquisa japonesa oferece novos dados sobre possíveis relações entre dieta e saúde cognitiva, mas seu caráter observacional exige cautela na interpretação. O consumo de queijo pode integrar um padrão alimentar saudável, porém não há evidências suficientes para afirmar que ele reduz, por si só, o risco de demência. Novos estudos, incluindo ensaios clínicos controlados, serão necessários para determinar com maior precisão o papel do alimento na saúde cerebral e verificar se os resultados observados no Japão se repetem em outras populações. As informações são da Tribuna, adaptadas pela equipe MilkPoint.

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 02 de dezembro de 2025                                                 Ano 19 - N° 4.526


CCGL e Embrapa realizam encontro para atualizar sistemas típicos de produção de leite no RS

A CCGL recebe, nesta quarta-feira (3), pesquisadores da Embrapa Gado de Leite para o terceiro dia do 6º Workshop de Sistemas Típicos de Produção de Leite do Rio Grande do Sul, que reúne profissionais do setor lácteo para discutir eficiência, custos e competitividade dos modelos produtivos mais representativos do Estado. O encontro ocorre na sede da cooperativa, em Cruz Alta.O workshop, que ocorre anualmente, tem como objetivo atualizar os Sistemas Típicos de Produção de Leite (STPL) e identificar tendências, gargalos e oportunidades de melhoria técnica e econômica. Produtores, pesquisadores, extensionistas, consultores e representantes de entidades acompanham as discussões.A programação desta edição começou com dois dias de visitas técnicas a propriedades do Noroeste gaúcho, onde os pesquisadores da Embrapa, acompanhados pela equipe técnica da CCGL, observaram diferentes formas de manejo, níveis tecnológicos e modelos de produção adotados na região. As visitas forneceram dados e percepções que embasam as análises e debates realizados no workshop.

A programação chega ao seu ponto alto no dia 3, com uma sequência de apresentações e análises conduzidas pelos pesquisadores Luiz Antônio Aguiar de Oliveira e Lorildo Aldo Stock, ambos da Embrapa Gado de Leite. Durante o encontro, eles detalham os modelos típicos estudados, avaliam indicadores de eficiência e discutem resultados comparativos entre sistemas como compost barn e ordenha robotizada.

O evento conta com a participação de Jair da Silva Mello, Gerente de Suprimento do Leite da CCGL, Darlan Palharini, presidente do Sindilat/RS, e Jaime Ries, da Emater/RS. Ao longo de todo o dia, pesquisadores e técnicos avaliam custos de produção, desempenho animal, uso de tecnologias, impactos econômicos e potenciais ajustes necessários nos sistemas analisados.

O workshop integra esforços da CCGL e da Embrapa para fortalecer o setor lácteo, promover a atualização de modelos produtivos e consolidar informações que orientem decisões estratégicas na cadeia. A partir dos dados levantados, o grupo valida indicadores e projeta cenários, contribuindo para que produtores e cooperativas possam aprimorar seus sistemas de produção.

A iniciativa reforça o compromisso da CCGL com o desenvolvimento técnico da atividade leiteira e com a construção de conhecimento coletivo que impulsiona a competitividade e a sustentabilidade da produção no Rio Grande do Sul. (ASCOM CCGL)


GDT - Global Dairy Trade

Fonte: GDT editado pelo Sindilat

 

Governo retoma investigação que pode impor barreira sobre importação de leite

Processo estava parado desde o último mês de agosto; decisão era aguardada pelo setor, que espera ações provisórias em breve

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) vai retomar a investigação antidumping nas importações de leite em pó da Argentina e do Uruguai. O processo estava parado desde agosto, quando uma medida preliminar argumentava problemas técnicos na origem da petição. 

O anúncio foi oficializado ao setor nesta terça-feira, 2, durante uma reunião entre o vice-presidente do Brasil e ministro da pasta, Geraldo Alckmin, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), deputados e outros ministérios. A investigação pode seguir até junho do próximo ano, mas a expectativa dos participantes do encontro é de que o MDIC estabeleça, “em breve”, medidas antidumping de forma provisória. 

“Essa reunião foi muito proveitosa. Conseguimos ter uma compreensão e aprovação pela continuidade do processo de investigação […] Nesse meio tempo até a finalização do processo, imediatamente precisamos da adoção de medidas provisórias, que são necessárias e muito prementes para que o produtor possa continuar sobrevivendo e reverter um pouco a situação calamitosa com que nós estamos vivenciando hoje”, disse a jornalistas o vice-presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Jônadan Ma, após o encontro. 

Segundo a presidente da Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite, deputada federal Ana Paula Leão (PP-MG), a solicitação foi feita ao governo para aplicação dessas ações provisórias, mas sem uma definição por parte do governo. “Foi solicitado hoje que o MDIC apresente e tome as medidas provisórias, mas ainda não sentamos para falar desse assunto e quais seriam essas medidas”, completou a deputada. 

Medidas antidumping provisórias são previstas nas relações comerciais internacionais. Basicamente, é uma antecipação de uma tarifa adicional ao produto importado. No caso, seria uma taxa sobre o leite em pó da Argentina e do Uruguai. Essa ação provisória pode ter duração de quatro meses, possíveis de serem prorrogadas por mais dois. O objetivo é cessar o dano à cadeia do produto enquanto as investigações seguem em curso. 

Reversão de entendimento
A CNA comemorou, principalmente, a reversão de entendimento do MDIC. Isso porque, em agosto deste ano, a resolução preliminar apontava duas questões centrais: uma de que o leite em pó e o leite cru são produtos diferentes, e a outra de que a CNA não teria competência para fazer a petição, pois era representante dos produtores de leite e não das indústrias de laticínios. Então, uma investigação sobre leite em pó deveria ser solicitada pela representação da indústria. 

Depois da decisão preliminar, a CNA entrou com um recurso refutando os dois argumentos. A reunião desta terça é uma resposta a esse recurso, ou seja, o MDIC acatou as alegações da CNA e, por isso, deu seguimento com o processo. O deputado federal Domingos Sávio (PL-MG) reforçou que o leite em pó e o leite in natura são produtos semelhantes e, por isso, não haveria motivo para negar que a investigação continuasse. Além disso, lembrou que já houve medidas antidumping para leite em pó com a CNA como patrocinadora da investigação.

“Leite em pó nada mais é do que leite sem o componente água, que vem da natureza do animal, ou seja, é leite desidratado. Os demais componentes são absolutamente os mesmos e, além do que, todos os processos antidumping que já foram acolhidos no passado foram movidos pela CNA, que representa o produtor de leite. Portanto, já havia um precedente histórico”, destacou o parlamentar. 

Entenda o caso
Com mais de um milhão de produtores de leite, o setor tem indicado uma decadência e um dos pontos citados é a importação de leite dos países do Mercosul, especialmente da Argentina e do Uruguai. O CNA também encontrou elementos que mostram a prática de dumping. “Ao longo do período de 2021 a 2023, que é o período investigado, observamos que a Argentina exportou leite em pó ao Brasil a um preço 53% menor do que ele custava no seu mercado interno”, disse o assessor técnico da CNA, Guilherme Sousa Dias.

Mas, além da prática de dumping, é preciso comprovar dano ao mercado interno e o nexo causal, ou seja, que a causa do dano é o dumping feito no país de origem do produto. Por isso, a investigação tem um período extenso, podendo durar até 18 meses. 

Outro ponto é que apenas o setor privado pode entrar com o pedido para abertura da investigação. Isso quer dizer que não é o Executivo ou Legislativo que podem fazer o pedido ou iniciar por conta própria o processo. É preciso que o setor solicite ao governo federal – o que foi feito em agosto do ano passado, quando a CNA entrou com uma petição de investigação.

A resposta foi dada em dezembro de 2024, com o MDIC abrindo o processo de investigação. Em março, a CNA solicitou que medidas antidumping provisórias fossem aplicadas até a conclusão da investigação. Mas, em agosto deste ano, uma resolução preliminar indicou que não haveria medidas provisórias. Entre as justificativas, estavam a de que não havia similaridade entre leite cru e leite em pó, além de que a CNA não seria a representante adequada para a petição. A partir disso, um recurso foi encaminhado pela entidade pedindo a revisão dessa manifestação. 

Com o novo entendimento do MDIC, a CNA espera que as medidas provisórias sejam aplicadas. Outra expectativa é de que o processo tenha uma finalização favorável após o prazo de 18 meses. (SINDILAT/RS)


Jogo Rápido

MILHO/CEPEA: Demanda mais ativa eleva preços internos
Milho voltou a se aquecer na semana passada, o que elevou os preços do cereal na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea. Parte dos consumidores que priorizava o uso de estoques e/ou aguardava desvalorização voltou ao mercado, no intuito de recompor os estoques e se programar para o final de 2025. (CEPEA via Terra Viva)

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Porto Alegre, 01º de dezembro de 2025                                                 Ano 19 - N° 4.525


Sindilat anuncia destaques de 2025

O Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS) vai agraciar com o Prêmio Destaques 2025, personalidades e instituições que contribuem para o desenvolvimento do setor lácteo no Rio Grande do Sul. Será durante o jantar de final de ano que acontecerá no dia 17 de dezembro, em Porto Alegre (RS).Recebem a distinção Gabriel Souza, vice-governador do Estado do Rio Grande do Sul; os secretários estaduais Edivilson Brum, de Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação; e Ernani Polo, de Desenvolvimento Econômico. Os presidentes Carlos Joel da Silva, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), e Marcos Tang, da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), e o próximo presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Domingos Velho Lopes. Também serão homenageados o prefeito de Ijuí (RS), Andrei Cossetin, e a Cooperativa Languiru Ltda, que completa 70 anos em 2025. O Sindilat fará uma homenagem especial a Julia Bastiani, que completa 15 anos de atuação junto à entidade. Segundo o secretário-executivo do sindicato, Darlan Palharini, o reconhecimento valoriza uma trajetória marcada pelo comprometimento e excelência. “Sua atuação é exemplar e pautada pelo profissionalismo”, destaca Palharini. (SINDILAT/RS)

Curso online e gratuito ensina a manejar resíduos na propriedade leiteira, diz Embrapa

Como fazer corretamente o manejo dos dejetos da propriedade leiteira e adequá-la à legislação e à segurança dos humanos, animais e meio ambiente? Agora, técnicos e produtores têm à disposição um curso on-line, disponível pela plataforma de capacitações a distância da Embrapa, o E-Campo, para aprender como realizar essa gestão.

A capacitação “Manejo de resíduos na propriedade leiteira” é gratuita e deve ocupar uma carga horária de aproximadamente 24 horas do participante. O treinamento fecha o ciclo de uma série de outros cursos relacionados ao manejo ambiental da atividade leiteira: conceitos básicos em manejo ambiental da propriedade leiteira e manejo hídrico da propriedade leiteira, também disponíveis na plataforma E-Campo.

De acordo com o pesquisador responsável, Julio Palhares, identificou-se uma carência de conhecimento sobre como manejar os resíduos da atividade leiteira para adequar a propriedade frente às determinações das agências ambientais.

“O correto manejo é importante para dar qualidade de vida aos que vivem na propriedade e no seu entorno, bem como para garantir a qualidade ambiental da atividade e o uso dos resíduos como fertilizante”, explica Palhares.

A promoção do curso ainda contribui para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), como as metas 2 e 12. A 2 refere-se à promoção da agricultura sustentável de produção de alimentos e prevê práticas agropecuárias resilientes, manutenção dos ecossistemas, fortalecimento da capacidade de adaptação às mudanças climáticas, etc. O ODS 12 diz respeito ao consumo e produção responsáveis, principalmente no que diz respeito à gestão sustentável.

O treinamento tem oferta contínua, ou seja, o inscrito terá acesso por tempo indeterminado. Link: https://ava.sede.embrapa.br/course/view.php?id=609 Mais Informações: e-campo.pecuaria-sudeste@embrapa.br  (Fonte: Embrapa Pecuária Sudeste)

Como a descarbonização da cadeia do leite pode ser uma oportunidade para o Brasil

Enquanto o mundo discute o clima em Belém, estudos mostram que eficiência produtiva e descarbonização podem mudar o futuro do leite brasileiro.

Nos últimos dias, os olhos do mundo estão voltados para Belém (PA), palco da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Participam da Conferência 198 países que ratificaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, constituindo-se em um dos maiores órgãos multilaterais da ONU.

A COP é o órgão responsável por tomar as decisões necessárias para implementar os compromissos assumidos pelos países no combate às mudanças do clima. Esses compromissos foram firmados no Acordo de Paris, durante a COP21 em 2015, tendo como principais objetivos: manter o aumento da temperatura global bem abaixo de 2° C, com esforços para limitá-lo a 1,5° C; incrementar capacidades de adaptação e resiliência; e alinhar os fluxos financeiros aos demais objetivos do Acordo.

O Acordo de Paris estabeleceu a obrigação de todos os países apresentarem periodicamente suas “Contribuições Nacionalmente Determinadas” (NDCs, na sigla em inglês). Nas NDCs, cada país estabelece suas metas e detalha as ações para responder à mudança do clima, sendo sua implementação acompanhada por um regime de transparência global.

O Brasil está entre os dez maiores emissores de gases de efeito estufa (GEE) do mundo, sendo o único país desse ranking que apresenta o setor agrícola como o que mais contribui para essas emissões. Em 2024, durante a COP 29 realizada em Baku, no Azerbaijão, o Brasil atualizou sua meta de redução de emissões, estabelecendo os limites entre 59% e 67% até 2035, comparada aos níveis de 2005, e emissão líquida zero até 2050. Apesar de ser responsável por cerca de 3% das emissões de GEE do país, a pecuária de leite foi colocada como um dos setores prioritários para essa redução.

Além do governo brasileiro, algumas das maiores empresas de laticínios que atuam no país também estabeleceram suas metas para a redução das emissões e de balanço líquido zero a serem alcançadas até 2050. Essa conjugação dos compromissos público e privado reforça a necessidade de esforços conjuntos para avançar nesta direção de redução das emissões para o alcance das metas estabelecidas.

A etapa de produção do leite é a principal responsável pela pegada de carbono dos produtos lácteos, representando cerca de 75% das emissões totais da cadeia. Esse dado coloca a fazenda como o local prioritário para a implementação de ações para descarbonização do setor. As emissões na produção de leite in natura originam-se de quatro fontes principais (Figura 1):

1. Fermentação entérica: Processo digestivo dos bovinos que gera metano (CH4), um gás de efeito estufa (GEE) com alto potencial de aquecimento global;

2. Alimentação: Produção de alimentos para o rebanho dentro e fora da propriedade (alimentos comprados), que emite dióxido de carbono (CO²) e óxido nitroso (N²O) – outro GEE potente;

3. Manejo de dejetos: Tratamento dos dejetos dos animais, que libera CO², CH4 e N²O;

4. Consumo de energia: Atividades que demandam combustíveis ou eletricidade, gerando principalmente CO².

Figura 1. Exemplo de pegada de carbono do leite in natura e participação relativa de seus contribuintes.
Fonte: Embrapa Gado de Leite.

Atuando em parceria com empresas de laticínios em programas de descarbonização desde 2021, a Embrapa Gado de Leite tem ampliado o banco de dados necessário para cálculo da pegada de carbono do leite in natura, totalizando atualmente mais de quatro mil fazendas distribuídas em relevantes bacias leiteiras do país. Em uma amostra de cerca de 1.600 sistemas de produção já analisados, a pegada de carbono média do leite foi de 1,12 kg CO2 eq/kg FPCM1, sendo que 88% desses sistemas apresentaram pegada de carbono inferior a 2,0 kg CO2 eq/kg FPCM. Embora esses dados sejam exclusivos da base de produtores dos laticínios parceiros e não representem a pegada de carbono média do leite nacional, eles sugerem que a pegada de carbono do leite brasileiro é provavelmente inferior à estimativa de 2,0 a 3,0 kg CO²eq/kg FPCM, parâmetro internacional citado pela IFCN (International Farm Comparison Network), que é uma rede internacional que apresenta informações sistematizadas sobre o setor de laticínios de todo o mundo.

Essa diferença entre estimativas indica que o uso de dados reais para a quantificação da pegada de carbono, além de conferir acurácia às estimativas das emissões da produção de leite no país, permite identificar as estratégias mais efetivas para mitigação das emissões sem comprometer a produtividade das fazendas de leite.

As pesquisas da Embrapa Gado de Leite indicam uma relação direta entre eficiência produtiva e a redução de emissões de GEE, uma correlação observada em todos os sistemas de produção – seja a pasto, semiconfinado ou confinado. Portanto, a transição para sistemas de baixo carbono, embora exija investimentos, deve ser vista como uma oportunidade estratégica. O foco deve ser orientar esses recursos para ganhos de eficiência, que simultaneamente aumentam a rentabilidade e reduzem o impacto ambiental.

Essa premissa é respaldada por estudos, como uma análise publicada no Milkpoint com dados reais de 2023. O estudo, que avaliou propriedades durante um período de crise setorial semelhante ao atual, revelou que os produtores eficientes mantiveram rentabilidade satisfatória independentemente do seu volume de produção. Esse resultado demonstra que sistemas mais rentáveis exibem melhores indicadores técnicos, um reflexo direto da eficiência gerencial "dentro da porteira".

Essa busca por eficiência associada às ações para redução das emissões de gases da atividade leiteira também já mostra resultados positivos. Exemplos das empresas Danone e Nestlé foram apresentados em matéria publicada no Milkpoint. No caso da Danone, entre 2020 e 2024, foi possível reduzir em 47% o fator de emissão de carbono na produção de leite, sendo que as fazendas participantes do seu programa registraram aumento de 22% na renda real, crescimento de 59% na margem líquida, alta de 15% na produtividade por vaca e crescimento médio de 26% na produção diária. Já a Nestlé, cita uma redução de 39% na pegada de carbono de um estrato de produtores somente na safra 2024/2025, com 47% mais produtividade por vaca e custo de produção de alimentos 8% menor.

Esse cenário pode se constituir em excelente oportunidade para a cadeia avançar de forma estruturada para aumento de sua competitividade, com investimentos orientados na atividade em busca de aumento da eficiência global, aproveitando-se dos recursos mais atraentes disponíveis nessas linhas de crédito voltadas à descarbonização. Existem atualmente programas das empresas de laticínios e do governo federal que incentivam a produção de leite com baixa emissão de carbono. Isso é importante, visto que o mercado ainda não valoriza de forma diferenciada esse produto mais sustentável, com o pagamento de preços mais altos, gerando a necessidade de políticas públicas e privadas de estímulo à adoção das práticas redutoras de emissões pelos produtores de leite.

Os programas das empresas contemplam desde assistência técnica custeada ou subsidiada pelo laticínio, financiamento subsidiado de estruturas e de equipamentos que favorecem a redução das emissões na propriedade, como o exemplo de sistemas modernos para o manejo dos dejetos, até sobrepreço pago pelo leite produzido de forma orientada para redução da pegada de carbono.

Entre os programas de governo com acesso pelo setor de laticínios está o Plano ABC+ (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), uma política pública do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) voltada para promover práticas agropecuárias sustentáveis que reduzam as emissões de GEE e aumentem a resiliência climática no campo. Esse Plano possibilita financiamentos com taxas de juros reduzidas, dentro do Plano Safra, para investimentos em práticas mitigadoras de GEE como, por exemplo, recuperação de pastagens, sistemas integrados (iLPF) e plantio direto.

Outra oportunidade, que associa a participação do governo com as empresas, é o Programa Mais Leite Saudável (PMLS), também do MAPA, que concede incentivos fiscais para empresas de laticínios que investem em seus produtores. Nesse caso, há possibilidade de apoio a projetos para fomentar a assistência técnica e a capacitação dos produtores rurais, para aumentar a produtividade nas fazendas e para adoção de boas práticas agropecuárias, projetos que focam o aumento da eficiência produtiva e, dessa forma, apresentam repercussão sobre a redução da pegada de carbono do leite.

A atual crise do setor leiteiro nacional, sintoma de sua baixa competitividade internacional, evidencia a necessidade urgente de uma evolução estruturada em toda a cadeia. Sem essa transformação, continuaremos a ver produtores abandonando a atividade e laticínios falindo — um ciclo que se repete em intervalos cada vez menores.

Mas olhando para o futuro, como a demanda global por proteínas de alta qualidade tende a crescer e os grandes produtores mundiais de leite enfrentam limitações para expandir sua produção, o Brasil pode se posicionar como um potencial fornecedor global de destaque. Neste contexto, a descarbonização da cadeia surge como uma oportunidade estratégica. Ao focar no aumento da eficiência dos sistemas de produção e na redução da pegada de carbono do leite, o Brasil pode não apenas resolver suas fragilidades atuais, mas também liderar a transição global rumo a sistemas alimentares sustentáveis. Esse movimento pode se tornar um diferencial competitivo definitivo para o país no cenário internacional.

1CO2eq/Kg FPCM = CO2 equivalente (unidade de referência usada para comparar o impacto climático de diferentes gases de efeito estufa) por kg de leite padronizado para 4% de gordura e 3,3% de proteína.
 
Autores

Denis Teixeira da Rocha - analista da Embrapa Gado de Leite

Thierry Ribeiro Tomich - pesquisador da Embrapa Gado de Leite

Vanessa Romário de Paula - analista da Embrapa Gado de Leite

Rafael Gonçalves Tonucci - pesquisador da Embrapa Gado de Leite


Jogo Rápido

SOJA/CEPEA: Clima irregular reduz ritmo de semeadura e gera incerteza sobre produtividade
Cepea, 1º/12/2025 – O ritmo de semeadura da soja da safra 2025/26 segue abaixo do registrado na temporada passada. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário é reflexo da distribuição irregular das chuvas em grande parte do território nacional nos últimos três meses. No Sul do País, o excesso de umidade ainda tem limitado o acesso às lavouras. Já no Centro-Oeste e no Matopiba, a distribuição desigual das precipitações resultou em umidade abaixo do necessário para avançar nos trabalhos de campo. Apesar do aumento recente dos acumulados pluviométricos no Centro-Oeste e no Matopiba e da redução dos volumes de chuvas no Sul – especialmente no Paraná –, colaboradores do Cepea relatam que o cenário é de incertezas quanto ao potencial produtivo da safra 2025/26. De acordo com a Conab, 78% da área nacional havia sido semeada até 22 de novembro, abaixo dos 83,3% registrados no mesmo período do ano passado. Fonte: Cepea (www.cepea.esalq.usp.br)

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Porto Alegre, 28 de novembro de 2025                                                  Ano 19 - N° 4.524


CONSELEITE – SANTA CATARINA

RESOLUÇÃO Nº 11/2025A diretoria do Conseleite Santa Catarina reunida em de forma ONLINE no dia 28 de Novembro de 2025 atendendo os dispositivos disciplinados no artigo 15 do seu Estatuto, inciso I, aprova e divulga os valores de referência da matéria-prima leite, realizados no mês de Outubro de 2025 e a projeção dos valores de referência para o mês de Novembro de 2025.O leite padrão é aquele que contém entre 3,50 e 3,59% de gordura, entre 3,11 e 3,15% de proteína, entre 450 e 499 mil células somáticas/ml e 251 a 300 mil ufc/ml de contagem bacteriana e volume individual entregue de até 50 litros/dia. O Conseleite Santa Catarina não precifica leites com qualidades inferiores ao leite abaixo do padrão. (Conseleite SC)


LEITE/CEPEA: Preço ao produtor cai pelo sétimo mês seguido

Cepea, 27/11/2025 – Pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostram que a “Média Brasil” do preço do leite cru fechou a R$ 2,2996/litro em outubro, recuo real de 5,9% frente a setembro. Na comparação anual, a diminuição é de 21,7% em termos reais (deflacionamento pelo IPCA de outubro/25). Esta é a sétima baixa consecutiva nas cotações do leite no campo. Apesar da consistente desvalorização real de 14,1% no acumulado de 2025, o excesso de oferta ainda sustenta a expectativa de agentes de mercado de que o movimento de queda deve persistir até o final do ano.

A oferta, no campo, vem sendo favorecida pelos investimentos realizados no ano passado e pelo clima – que estimulam a produção no Sudeste e Centro-Oeste e limitam a queda sazonal no Sul. De setembro para outubro, o ICAP-L (Índice de Captação de Leite) subiu 1,65% na Média Brasil, puxado pela alta média de 3,7% no Sudeste e Centro-Oeste. No acumulado do ano, a elevação é de 13,6%. Resultados prévios do IBGE estimam que a captação industrial de leite cru soma 7,01 bilhões de litros no terceiro trimestre deste ano, 10,3% acima da registrada no mesmo período de 2024. O Cepea projeta que o ano se encerre com aumento médio de 7% na captação industrial, atingindo recorde de 27,14 bilhões de litros. 

Além do avanço da produção, a disponibilidade de lácteos também vem sendo reforçada pelas importações. Em outubro, foram adquiridos 214,73 milhões de litros em equivalente leite (Eql), 8,4% a mais que em setembro. As exportações, por sua vez, recuaram 23,2%, somando 4,55 milhões de litros Eql. No acumulado de janeiro a outubro, as importações somaram 1,86 bilhão de litros Eql e as exportações, 54,48 milhões de litros Eql – respectivas quedas de 3,9% e de 34,8% na comparação anual. 

Com o mercado abastecido, indústrias de laticínios seguem encontrando dificuldade nas negociações com canais de distribuição, que pressionam por cotações mais baixas dos lácteos. O levantamento realizado pelo Cepea, com apoio da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), mostra que, em outubro, o queijo muçarela, o leite UHT e o leite em pó negociados no atacado paulista registraram desvalorizações de 4,08%, 5,62%, 2,9%, respectivamente (valores deflacionados pelo IPCA de outubro/25), com as médias de outubro passando para R$ 30,05/kg, R$ 4,03/litro e R$ 29,37/kg, na mesma ordem.

As quedas nas cotações dos lácteos e do leite cru vêm comprimindo as margens do produtor. Pesquisas do Cepea apontam que o Custo Operacional Efetivo (COE) voltou a subir (0,52%) entre setembro e outubro, na “média Brasil”, influenciado principalmente pela valorização de defensivos agrícolas. O aumento dos preços dos grãos também deteriorou o poder de compra do produtor: em outubro, foram necessários 28,4 litros de leite para adquirir um saco de 60 kg de milho, altas de 7,1% frente a setembro e de 2,3% em relação à média dos últimos 12 meses (27,8 litros). Os resultados indicam a perda de rentabilidade e cautela crescente nos investimentos – o que deve, por sua vez, provocar desaceleração gradual da produção.

Contudo, no curto prazo, o mercado deve continuar abastecido, e agentes do mercado esperam que as cotações no campo possam se recuperar apenas a partir do segundo bimestre de 2026. (CEPEA)

EMATER/RS: Informativo Conjuntural 1895 de 27 de novembro de 2025

BOVINOCULTURA DE LEITE

A condição corporal e a saúde dos rebanhos estão adequadas, assim como a qualidade do leite. Foram realizados o controle de mastites e o manejo de ectoparasitas, apesar do aumento nos casos de infestação por moscas, especialmente mosca-dos-chifres, e de carrapatos em algumas propriedades. Em locais onde ocorre a transição das pastagens, foi necessário reforçar a alimentação com concentrados energéticos e proteicos até que as forrageiras anuais e perenes de verão atinjam condições de pleno pastejo.

Na região administrativa da Emater/Rs-Ascar de Bagé, o predomínio de temperaturas amenas no período proporcionou conforto às matrizes e o acesso às pastagens sem limitações de horários. O tempo seco facilitou as práticas de higiene na ordenha.

No município de Bagé, os produtores tiveram facilidade para comercialização de terneiros e de vacas de descarte devido ao momento favorável da pecuária de corte na região.

Na de Caxias do Sul, a infestação por moscas aumentou. A produtividade está estável. 

Na de Passo Fundo, os animais foram manejados prioritariamente em pasto, com complementação no cocho conforme a categoria. As vacas em lactação receberam pasto, silagem, ração e sal mineral; já as vacas secas e novilhas foram alimentadas com silagem, feno, ração e sal mineral. A produtividade está adequada.

Na de Erechim, a queda de granizo registrada no dia 13/11 (domingo) provocou danos severos em diversas propriedades, afetando as salas de ordenha, as estruturas de compost barn e de free stall, os galpões e as coberturas de silos.

Na de Pelotas, a produção está em níveis razoáveis em muitas propriedades. Foram registrados problemas pontuais de infraestrutura, como interrupções no fornecimento de energia, que prejudicou o manejo das  ordenhas.

Na de Santa Maria, nas propriedades com predomínio de pastagens anuais de verão, os rebanhos apresentaram déficit nutricional em razão do atraso no desenvolvimento dessas espécies. Em função da finalização da colheita de silagem de inverno, há maior disponibilidade de volumoso conservado para suplementação. Nos sistemas mais intensivos, foi ampliado o uso de silagem para manter a produtividade, mas, na maior parte, houve redução na produção e no escore corporal devido à oferta insuficiente de pastagens.

Na de Santa Rosa, em decorrência da elevada amplitude térmica dos últimos dias do período, foi necessário garantir condições mínimas de bem-estar ao rebanho, especialmente a partir das 10 horas da manhã e durante a tarde. Os animais foram conduzidos para áreas com disponibilidade de sombra e de água. Em algumas propriedades, foi adotado o molhamento intercalado com ventilação durante a alimentação para reduzir o estresse calórico e manter o apetite das vacas.

Na de Soledade, muitos produtores, para ampliar a escala produtiva, estão elevando a carga animal nas áreas de pastagens e recorrendo ao uso intensivo de silagem em detrimento do pastejo. Essa estratégia tem aumentado os custos de produção, o que pode comprometer os indicadores de produtividade. (Emater)


Jogo Rápido

Previsão é de temperaturas elevadas e de instabilidade no Estado
O final de semana tem previsão de temperaturas elevadas, aumento da umidade e instabilidade, com chuvas isoladas em diferentes regiões do Estado. Após a passagem da frente fria no início da semana os próximos dias no Rio Grande do Sul tendem ao predomínio de tempo firme com temperaturas em elevação. As informações constam no Boletim Integrado Agrometeorológico 48/2025, produzido pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), em parceria com a Emater/RS-Ascar e o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Sábado (29/11): condição de céu ensolarado no Estado e temperatura elevada no Oeste em torno de 33°C e no Litoral entre 24°C a 28°C.  Na metade Oeste, podem ocorrer chuvas isoladas, com precipitação moderada a forte, com possibilidade de queda de granizo. Domingo (30/11): o avanço de uma frente fria na Argentina deve proporcionar chuva no Sul e Fronteira Oeste. A temperatura máxima pode atingir entre 36°C e 38°C no Norte do RS.  Segunda-feira (1º/12): a frente fria deve atuar durante a madrugada levando chuva para a região Central e Leste e, ao longo do dia, para a região Norte do Estado. 
Terça-feira (2/12): o dia deve ser ensolarado com nebulosidade variável. A temperatura máxima deve ficar entre 20°C e 28°C no RS. Quarta-feira (3/12): a previsão é de sol com poucas nuvens e a temperatura máxima pode variar entre 26°C e 32°C. O boletim agrometeorológico atualiza semanalmente a situação de diversas culturas e criações de animais no RS. Acompanhe todas as publicações agrometeorológicas da Secretaria em www.agricultura.rs.gov.br/agrometeorologia. (SEAPI)

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Porto Alegre, 27 de novembro de 2025                                                  Ano 19 - N° 4.523


Conseleite indica leite projetado a R$ 2,0237 em novembro no RS

O Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do RS (Conseleite) divulgou projeção de R$ 2,0237 para o valor de referência do leite em novembro no Rio Grande do Sul, queda de 8,69% em relação ao projetado de outubro (R$ 2,2163). Os dados foram divulgados na manhã desta quinta-feira (27/11), em reunião na sede do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat/RS).O Conseleite também anunciou o valor consolidado em outubro de 2025 em R$ 2,2006 um, 5,29% abaixo do consolidado em setembro de 2025 (R$ 2,3235). O cálculo é elaborado mensalmente pela UPF com dados fornecidos pelas indústrias, considerando a movimentação dos primeiros 20 dias do mês, e leva em conta parâmetros atualizados pela Câmara Técnica do colegiado em 2023.Conforme o coordenador do Conseleite, Darlan Palharini, os números apresentados mostram um cenário que ainda exige muita atenção. “Esses resultados refletem a pressão que o setor lácteo brasileiro vem enfrentando. A entrada cres Conseleite indica leite projetado a R$ 2,0237 em novembro no RS cente de leite importado, especialmente em períodos de safra, afeta diretamente a formação de preços e reduz a competitividade da produção local. Por isso, reforçamos a necessidade de medidas de governo mais consistentes e duradouras.”Cenário de queda de valores do leite é mundialA manhã também contou com a participação do pesquisador sênior da Embrapa Gado de Leite, Glauco Carvalho, que abordou o cenário econômico e perspectivas para a cadeia produtiva do leite.Em participação on-line, o pesquisador apresentou o contexto do mercado internacional, ambiente econômico e crescimento, balança comercial da oferta de leite, custo, preços e margens. “Todos os mercados estão sentindo essa mudança no cenário de preços. A rentabilidade em vários países na produção de leite vem diminuindo. Esse panorama não é realidade apenas no Brasil”, explicou.

Apresentando dados, Glauco mostrou que em um ano, comparando setembro de 2024 com o mesmo mês em 2025, houve uma produção de um bilhão de litros a mais, o que aponta um excedente de leite. “Estamos com um volume de leite forte a nível global. Tivemos uma expansão de 4,4% na produção no período de um ano.”

(SINDILAT/RS)

CONSELEITE MINAS GERAIS CONSELHO PARITÁRIO DE PRODUTORES E INDÚSTRIAS DE LEITE DE MINAS GERAIS RESOLUÇÃO NOVEMBRO/2025 

A diretoria do Conseleite Minas Gerais reunida no dia 26 de Novembro de 2025, atendendo os dispositivos disciplinados no artigo 15 do seu Estatuto, inciso I e de acordo com metodologia definida pelo Conseleite Minas Gerais que considera os preços médios e o mix de comercialização dos derivados lácteos praticados pelas empresas participantes, aprova e divulga: 

a) A projeção para o maior valor de referência; o valor médio de referência; o valor base de referência e o menor valor de referência para o produto entregue em Setembro/2025 a ser pago em Outubro/2025 

b) A projeção para o maior valor de referência; o valor médio de referência; o valor base de referência e o menor valor de referência para o produto entregue em Outubro/2025 a ser pago em Novembro/2025 

c) A projeção para o maior valor de referência; o valor médio de referência; o valor base de referência e o menor valor de referência para o produto entregue em Novembro/2025 a ser pago em Dezembro/2025. 


Os valores de referência indicados nesta resolução para a matéria-prima leite denominada leite base se refere ao leite analisado que contém 3,30% de gordura, 3,10% de proteína, 400 mil células somáticas/ml, 100 mil ufc/ml de contagem bacteriana e produção individual diária de até 160 litros/dia. Os valores são posto propriedade incluindo 1,5% de Funrural. CALCULE O SEU VALOR DE REFERÊNCIA O Conseleite Minas Gerais gera mais valores do que apenas o do leite base, maior, médio e menor valor de referência, a partir de uma escala de ágios e deságios por parâmetros de qualidade e ágio pelo volume de produção diário individual, apresentados na tabela acima. Visando apoiar políticas de pagamento da matéria-prima leite conforme a qualidade e o volume, o Conseleite Minas Gerais disponibiliza um simulador para o cálculo de valores de referência para o leite analisado em função de seus teores de gordura, proteína, contagem de células somáticas, contagem bacteriana e pela produção individual diária. O simulador está disponível no seguinte endereço eletrônico: www.conseleitemg.org.br. 

CNA alerta para crise no setor leiteiro e defende medidas antidumping

Entidade participou de audiência pública na Câmara dos Deputados na quarta (26)

Brasília (27/11/2025) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, na quarta (26), de audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir a crise enfrentada pelo setor leiteiro e a prática de dumping nas importações de leite em pó da Argentina e do Uruguai.

O vice-presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Jônadan Ma, apresentou dados que comprovam a prática de dumping e detalhou a linha do tempo da atuação da Confederação junto ao Ministério da Indústria (MDIC), destacando a gravidade da situação enfrentada pelos produtores brasileiros. 

“Vivenciamos uma crise séria. Todas as medidas já tinham sido tomadas em 2023, restando apenas a entrada do processo antidumping, proposta pela CNA com recomendação do Ministério do Desenvolvimento Agrário”, disse.

Em sua fala, mostrou que o preço do leite em pó no mercado interno da Argentina girou em torno de US$ 7,75 por quilo em 2023, e do Uruguai, US$ 7,91/kg, enquanto o leite em pó é exportado por US$ 3,56 e US$ 3,71, respectivamente, o que representa a preços de exportação 54% e 53% menores que nos mercados internos.

“Os números estão comprovados no processo apresentado pela CNA ao MDIC. A decisão do Ministério, que alterou o entendimento técnico e passou a considerar que o leite in natura não é similar ao leite em pó, foi inaceitável e descabida. Essa medida retira do setor a única ferramenta de defesa comercial”, explicou.

Jônadan Ma afirmou que existe alta correlação entre a investigação do dumping e os volumes importados de leite em pó. Quando apresentada a petição para adoção de direitos provisórios, em março, as importações caíram 15%. Com a publicação do parecer preliminar desfavorável do MDIC, o reflexo foi um aumento mensal de 28% nas importações de agosto para setembro.

“O antidumping é o único antídoto que temos para reduzir os impactos da importação de leite. Desde 2023 enfrentamos volumes recordes de importações e a tendência é que 2025 termine com o terceiro maior resultado na série histórica”.

O vice-presidente reforçou que a CNA não é contra a importação de leite, desde que ocorra nos termos de livre-mercado e não vai aceitar concorrência predatória e desleal. “Lutamos pelo nosso mercado nacional e pela sobrevivência dos que trabalham na atividade”, concluiu.

Durante a audiência, o deputado federal Domingos Sávio (PL/MG), autor do requerimento da audiência, questionou a decisão preliminar do MDIC e defendeu coerência técnica no processo. “Há precedentes na própria história comercial internacional do Brasil sobre a análise de dumping. O leite in natura sempre foi considerado similar ao leite em pó, essa mudança de conceito vai impactar a vida de milhões de produtores, principalmente os pequenos”.

Segundo o parlamentar, “dizer que os produtos não são similares exige uma resposta concreta e baseada em conhecimento técnico. A natureza do leite em pó e do leite in natura é a mesma, e a OMC reconhece essa similaridade. Não podemos mudar as regras internacionais ao nosso favor, nem contra”, disse.

O MDIC salientou que o processo segue em aberto e a decisão ainda não está tomada. A pasta avalia tecnicamente o pedido de reconsideração da CNA, bem como as novas provas apresentadas, mas não foi sinalizado o prazo para a publicação da decisão.

Como encaminhamento, o Deputado solicitará uma audiência com o Ministro Geraldo Alckmin juntamente com as instituições presentes para buscar a reversão do entendimento e retomada da investigação, com vistas a:

1. A reversão do entendimento quanto ao produto similar doméstico, retomando o entendimento anterior e considerando o impacto das importações sobre o leite in natura.

2. A retomada célere do processo de investigação e a aplicação dos direitos antidumping, com base nos elementos técnicos já apurados pelas áreas competentes;

3. A adoção de medidas antidumping provisórias, que assegurem a defesa comercial do setor leiteiro enquanto a investigação segue seu curso normal. Assista a audiência na íntegra clicando aqui.  (CNA).


Jogo Rápido

Câmara aprova CEP rural: veja como a medida pode facilitar a vida do produtor
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) aprovou, neste mês, o Projeto de Lei 2.898/2021, que cria um código de georreferenciamento para propriedades rurais e agroindustriais. O texto, de autoria do deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), altera a Lei dos Serviços Postais para permitir que cada imóvel rural receba um identificador próprio destinado a facilitar sua localização física. Na prática, o PL cria um “CEP rural”, um endereço georreferenciado para propriedades no campo. A proposta busca melhorar a precisão logística, permitir entregas, dar suporte a ações de fiscalização, assistência técnica e crédito, além de reforçar a organização territorial. O projeto já havia passado pela Comissão de Agricultura (CAPADR) e pela Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação (CCTI). Na CCJC, o exame era apenas de admissibilidade, etapa que avalia constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa. Agora, segue para apreciação no Senado. Ao apresentar seu voto, o relator da proposta, deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), afirmou que o texto atende aos requisitos legais. “Trata-se de um projeto simples, claro e bem articulado. Não há qualquer ofensa a direitos ou garantias constitucionais, tampouco afronta à legislação vigente. Do ponto de vista jurídico e técnico, o PL é absolutamente adequado”, disse o relator. O autor da proposta disse que o georreferenciamento é ferramenta essencial para gestão territorial. “Indispensável. Ele fortalece a gestão das propriedades rurais, melhora o acesso a serviços e políticas públicas, e coloca o Brasil na rota da agricultura de precisão”, afirmou o deputado Evair Vieira de Melo. Segundo ele, o código geográfico poderá facilitar a entrega de produtos, a identificação de rotas, o acesso a crédito rural e ações de fiscalização. “Cada propriedade poderá ter um código definido, o que facilita desde entregas até ações de fiscalização, crédito e assistência técnica. É um avanço simples, mas de enorme impacto para o produtor rural”, completou. Se aprovado pelo Senado e sancionado, o código terá implementação gradativa, sob regulamentação federal, com uso potencial por serviços postais, órgãos de segurança, sistemas de crédito e plataformas digitais. As informações são do Estadão, adaptadas pela equipe MilkPoint.

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Porto Alegre, 26 de novembro de 2025                                                  Ano 19 - N° 4.522


11º Prêmio Sindilat de Jornalismo divulga finalistas

Reunida na manhã desta quarta-feira (26/11), a comissão julgadora do 11º Prêmio Sindilat de Jornalismo anunciou seus finalistas. Com participação de concorrentes de diferentes regiões do Rio Grande do Sul e de outros estados, a premiação está alinhada com a diversidade e conceito democrático da produção de leite, que ocorre em quase todos os municípios gaúchos. Presidente da Comissão e representante da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), o jornalista Antônio Goulart citou que foi um ano de difícil decisão. “Tivemos trabalhos de muita qualidade e profundidade este ano”, citou, lembrando que a mídia do agronegócio passa por uma especialização profunda.

Dividido em duas categorias (Texto e Audiovisual), o Prêmio Sindilat de Jornalismo também se adaptou aos novos tempos, valorizando o conteúdo independentemente da plataforma. “As mídias mudam, mas a qualidade do conteúdo jornalístico apresentado se mantém. O prêmio busca valorizar exatamente o trabalho de apuração e abordagens diferenciadas sobre o setor que visem seu desenvolvimento e propostas resolutivas para seus dilemas”, completou o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini.  Entre as temáticas abordadas estão avanços tecnológicos, questões de mercado e histórias inspiradoras do campo.

A Comissão Julgadora do 11º Prêmio Sindilat de Jornalismo contou com a participação dos jornalistas Antônio Goulart (ARI), Jorge Leão (Sindjors), Gerson Raugust (Farsul), Camila dos Santos (Fetag) e da gerente de comunicação do Sindilat, Jéssica Aguirres. A entrega dos troféus e premiações ocorrerá no Jantar de Fim de Ano do Sindilat, no dia 17 de dezembro, em Porto Alegre (RS).

A diretoria do Sindilat também anunciou a entrega de menção honrosa à jornalista Tamires Hanke, da RBS TV, pela cobertura do MilkSummit 2025 Brazil, realizada no mês de outubro em Ijuí (RS).

Confira a lista de Finalistas do 11º Prêmio Sindilat de Jornalismo:

CATEGORIA TEXTO

Jornalista: Andressa Silva Simão Pardini
Veículo: Notícias Agrícolas
Trabalho: Desistir Não é Opção: a história da pecuarista que superou desafios pessoais e crises no setor para se manter na pecuária leiteira no Rio Grande do Sul

Jornalista: Bruna Oliveira Scheifler
Veículo: Revista Valor Cooperado/ Cotrijal          
Trabalho: Legado para o futuro: cooperativismo e sucessão rural são chaves para o desenvolvimento sustentável

Jornalista: Raíza Goi Borba
Veículo: Revista Valor Cooperado/ Cotrijal
Trabalho:  Propriedade ganha reforço de robô na ordenha

CATEGORIA AUDIOVISUAL

Jornalista: Bruno Pinheiro Faustino
Veículo: Negócio Rural
Trabalho: Leite é tudo igual?

Jornalista: Eliza Maliszewski
Veículo: Canal Rural
Trabalho: Terceira ordenha: sistema aumenta produtividade nas fazendas leiteiras
Jornalista: Simone Feltes
Veículo: TVE/RS
Trabalho: Desafios da cadeia do leite no RS                                                                                                      

As informações são do Sindilat


Uruguai: Alerta para reajuste no preço do leite para produtores até 2026

A Conaprole alerta que a queda global dos preços forçará um ajuste no início de 2026, após nove declínios consecutivos.

Preço do leite ao produtor: especialistas alertam que um ajuste será necessário no início de 2026.
Os produtos lácteos continuam a apresentar um declínio sustentado no mercado internacional. Desde maio, os preços têm caído constantemente, e o leite em pó integral reflete claramente essa tendência: seu preço caiu de US$ 4.374 por tonelada no início de maio para US$ 3.452 no último leilão da Global Dairy Trade (GDT) em novembro. O declínio acumulado em seis meses chega a 27% .

O diretor da Conaprole , Juan Parra , reconheceu a preocupação do setor e previu que o início de 2026 forçará uma revisão dos sinais de preço para os embarcadores.

“Quase certamente haverá um ajuste de preços até o início de 2026. Esperamos que não seja muito drástico, mas a queda tem sido clara e constante. Não parece provável que se reverta no curto prazo”, observou Parra, acrescentando que o mercado internacional registrou nove quedas consecutivas .

O Brasil está comprando menos e pressionando os fluxos comerciais.
Parra também analisou a situação regional. A recuperação da produção no Brasil , um dos principais destinos dos produtos lácteos uruguaios, reduziu a demanda nos últimos meses.“Há vendas, mas não nos níveis que vimos em anos anteriores. Esses sinais são preocupantes”, afirmou. O executivo enfatizou que o volume de compras do Brasil caiu abaixo do normal , impactando um fluxo comercial historicamente forte para a cooperativa.

A Indonésia e o TPP abrem novas possibilidades.
Em um cenário complexo, a possível autorização do Uruguai para exportar produtos lácteos para a Indonésia é um desenvolvimento positivo. Parra destacou que a Indonésia é o terceiro maior importador mundial de produtos lácteos , tornando essa abertura uma oportunidade estratégica.

Por outro lado, a futura integração do Uruguai na Parceria Transpacífica (TPP) é vista como uma vantagem competitiva para a indústria de laticínios.

“Temos oito países com os quais podemos comercializar produtos lácteos sem tarifas. É uma oportunidade muito interessante para a cooperativa e para o setor”, afirmou.

A taxa de remissão está aumentando e este ano promete ser recorde.
Em novembro, as entregas à Conaprole aumentaram 16,6% em comparação com o mesmo período de 2024, com uma média diária de 5,4 milhões de litros . Se esse ritmo for mantido, 2025 fechará com uma produção de aproximadamente 1,67 bilhão de litros , marcando um novo recorde para a cooperativa.

Parra destacou o papel da primavera — “espetacular”, em suas palavras —, com chuvas semanais e uma produção que, nos últimos quatro ou cinco meses, foi 12% superior à do ano anterior.

Margens positivas para o produtor
A combinação de boa disponibilidade de forragem e uma relação favorável entre grãos e leite permitiu a manutenção de margens atrativas.

“O valor deve fechar positivo, mais próximo de US$ 3 ou US$ 4 por vaca por dia. Depois, é preciso deduzir os custos de infraestrutura e operação”, explicou Parra, que descartou uma deterioração no curto prazo: “Acreditamos que a margem de lucro com a alimentação permanecerá positiva e aceitável”.

Fonte: Blasina e Associados

Instalações da Piracanjuba iniciam produção de queijo em nova planta no PR

Cidade do Paraná com 9,5 mil habitantes recebe fábrica de R$ 612 milhões e, nesta semana, inicia a operação da produção de queijo muçarela.

A pequena São Jorge D’Oeste, município paranaense com 9.587 habitantes, entrou oficialmente no mapa dos grandes investimentos da indústria de alimentos do Brasil.

O Grupo Piracanjuba afirmou que iniciou nesta semana a produção de muçarela na nova fábrica instalada na cidade. O início das operações marca um avanço estratégico para a empresa e um impulso significativo para a economia regional.

A fábrica, que receberá um investimento total de R$ 612 milhões com apoio do programa Paraná Competitivo, será uma das maiores produtoras de queijos do país.

Nesta primeira fase, já em operação, a planta está produzindo muçarela em barra — o queijo mais consumido no Brasil — ampliando a capacidade produtiva da Piracanjuba e fortalecendo sua competitividade nos mercados do Sul e Sudeste. Segundo a empresa, a unidade permitirá reduzir custos logísticos, encurtar rotas e melhorar a eficiência.Além do impacto na cadeia produtiva, o complexo deve transformar o cenário econômico local: cerca de 250 empregos diretos serão gerados, com efeito multiplicador no comércio, serviços e setor agropecuário da região. Para o governo estadual, a instalação reforça o objetivo de atrair indústrias e agregar valor à produção rural. “Nós temos uma empresa que começou muito pequena, uma empresa familiar, e que se tornou uma empresa grande que emprega mais de 4 mil pessoas. E aqui no Paraná temos que incentivar para que mais empresas possam vir para nosso estado”, disse em recente visita técnica ao local,  secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Márcio Nunes.
 

Uma queijaria de nova geração
Com 54 mil metros quadrados de área construída e capacidade para processar 1,37 milhão de litros de leite por dia, o empreendimento se destaca pelo modelo industrial integrado. No mesmo complexo onde serão produzidas 39,4 mil toneladas anuais de muçarela e 7,9 mil toneladas de manteiga, a empresa instalará duas plantas anexas para transformar o soro de leite — subproduto da produção de queijos — em produtos de alto valor agregado.

A partir do soro de leite, efluente da produção de queijos, a planta produzirá até 6 mil toneladas ao ano de whey protein e até 14,8 mil toneladas anuais de lactose em pó. Segundo a empresa, a construção das duas plantas em uma mesma unidade traz ganhos de escala, sendo a primeira queijaria de grande porte no Brasil que já nasce planejada e integrada em um mesmo parque industrial.

Trata-se de um movimento pioneiro no Brasil. O objetivo é diminuir a dependência de importação dos produtos, que têm aplicações que vão desde a nutrição até produtos farmacêuticos e cosméticos, e que hoje gira em torno de 85% e US$ 54 milhões na balança comercial brasileira. Os outros 15% são de produção nacional, com poucas indústrias produzindo whey protein em pó em suas várias concentrações. Os dados são dos ministérios da Agricultura e Pecuária e de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço, de 2023.

As informações são do  GMC Online, adaptadas pela equipe MilkPoint.


Jogo Rápido

Rádio é a mídia que mais cresceu na audiência com os agricultores revela palestrante na Federasul
O  Doutor e Mestre em Educação, Jornalista e publicitário José Luiz Tejon, falou do papel do rádio para a comunicação do produtor rural em entrevista coletiva no Tá Na Mesa da Federasul. Ouça aqui. (Agert)

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Porto Alegre, 25 de novembro de 2025                                                  Ano 19 - N° 4.521


O setor do leite precisa de medidas urgentes, afirma Guerra

“Amanhã já será tarde. Não tem tempo”, alertou Alexandre Guerra, 1º vice-presidente do Sindilat-RS, ao defender ações imediatas para conter a crise no leite. Na audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo (Cappc), ele pediu mobilização para que outros estados comprem do mercado nacional, como fez o Rio Grande do Sul ao destinar R$ 86,5 milhões para adquirir leite em pó. “Também é esperado que a União faça esse anúncio, mas todos os estados poderiam tomar o mesmo caminho de forma emergencial”, afirmou.

Para aliviar a pressão sobre o mercado, em um momento que combina supersafra e aumento das importações, Guerra reforçou outra pauta do sindicato: frear as entradas. “Como qualquer país que protege sua economia faria, se fosse adotado o processo manual para liberar licenças, já se colocaria um entrave forte a curto prazo”, disse durante a atividade realizada na segunda-feira (24/11) organizada pelo deputado estadual Zé Nunes, ao acrescentar a importância de ações de longo prazo para a proteção do mercado interno.

As medidas se somam ao conjunto defendido pelos Conseleites. Segundo Darlan Palharini, coordenador do Conselho gaúcho, que participou do debate no Parlamento gaúcho, elas incluem ainda a aplicação de sobretaxa de 50%, por 36 meses, na entrada de leite em pó, manteiga, soro de leite e queijo muçarela oriundos da Argentina e do Uruguai, e a suspensão, por 6 meses, da compra de produtos lácteos do Mercosul, para reequilibrar o mercado interno. (Sindilat)


CONSELHO PARITÁRIO PRODUTORES/INDÚSTRIAS DE LEITE DO ESTADO DO PARANÁ – CONSELEITE–PARANÁ

RESOLUÇÃO Nº 11/2025

A diretoria do Conseleite-Paraná reunida no dia 25 de novembro de 2025 na sede da FAEP na cidade de Curitiba, atendendo os dispositivos disciplinados no Capítulo II do Título II do seu Regulamento, aprova e divulga os valores de referência para a matéria-prima leite realizados em Outubro de 2025 e a projeção dos valores de referência para o mês de Novembro de 2025, calculados por metodologia definida pelo Conseleite-Paraná, a partir dos preços médios e do mix de comercialização dos derivados lácteos praticados pelas empresas participantes.

Os valores de referência indicados nesta resolução para a matéria-prima leite denominada “Leite Padrão”, se refere ao leite analisado que contém 3,50% de gordura, 3,10% de proteína, 500 mil células somáticas/ml e 300 mil ufc/ml de contagem bacteriana.

Para o leite pasteurizado o valor projetado para o mês de Novembro de 2025 é de R$ 4,1683/litro.

Visando apoiar políticas de pagamento da matéria-prima leite conforme a qualidade, o Conseleite-Paraná disponibiliza um simulador para o cálculo de valores de referência para o leite analisado em função de seus teores de gordura, proteína, contagem de células somáticas e contagem bacteriana. O simulador está disponível no seguinte endereço eletrônico: https://www.sistemafaep.org.br/conseleite-parana/ .

 

Tecnologia e sucessão familiar impulsionam a produção leiteira em Aratiba

Eliete Smaniotto cresceu no ambiente rural em Aratiba, no norte do Estado. Eram inúmeros animais a sua volta. Seus pais criavam aves, suínos e vacas de leite. Eliete acompanhava a rotina, ainda criança, se afeiçoando pelos bichos. Houve um tempo, no entanto, em que a família Smaniotto precisou escolher uma única atividade para dar sequência.

"Para a gente conseguir trabalhar com mais qualidade, porque tudo demanda muito tempo e mão de obra. Então, tivemos que optar por uma. E meus pais optaram pelas vacas de leite", conta.

Eliete nunca saiu de casa para trabalhar, sempre viveu a lida na propriedade. Assim, nasceu o amor pela produção leiteira. "Elas não são só animais e produção, a gente acabou criando um carinho. Meus pais também são apaixonados pelo que fazem, também têm um carinho muito grande. Então eu acho que foi um amor que foi passado de geração e que foi se criando ao longo do tempo".

Hoje, o rebanho conta com 140 animais, dos quais 61 são vacas em ordenha. Diariamente, elas produzem em média 2.700 litros de leite — aproximadamente 45 litros por vaca ao dia. Para isso, a ordenha é completamente robotizada, desde fevereiro de 2025.

A tecnologia ainda é rara, mas cada vez mais presente na ordenha dos estabelecimentos leiteiros. Segundo a Emater/RS-Ascar, em 2019, a robotização fazia parte de apenas 0,06% dos estabelecimentos. Em 2021, já eram 0,18%. Em 2023, 0,35%.

Na propriedade da família Smaniotto, o robô foi uma solução para suprir a falta de mão de obra. "Nós somos uma propriedade familiar. Eu, meu irmão mais novo e meus pais que trabalhamos. Então a gente sentou para decidir entre robotizar ou contratar mão de obra, contratar funcionários".

Ponderando os pontos positivos e negativos, a família optou pela robotização da ordenha. Eliete já conhecia a tecnologia. Comentava com os pais, mas era um sonho ainda distante, por conta do alto valor. "Na hora que fechamos o pedido foi um sonho realizado", relata.

Para que todo o sistema fosse implantado, foi necessário um investimento de aproximadamente R$ 1,5 milhão. A partir de então, toda a rotina da ordenha foi alterada. Antes, era necessário passar cinco ou seis horas, todos os dias, só para a ordenha. Hoje, o robô faz o serviço 24h por dia.

"Ele para um pouco para fazer as lavagens, porque ele faz três lavagens durante o dia. A vaca escolhe o momento que ela quer ordenhar, e a gente tem todo um controle reprodutivo no sistema do robô, controle de qualidade do leite, de produtividade, controle de sanidade do animal", descreve.

A robotização tem suprido a necessidade de mão de obra na propriedade. O equipamento comporta cerca de 65 vacas. "Então a gente está no limite, né? E caso a gente queira aumentar o plantel, aí a gente coloca um segundo robô".

Além disso, a família também tem planejado melhorias estruturais, como forma de lidar com as altas temperaturas e garantir uma melhor produtividade — sem esquecer do conforto para os animais.

"A gente pensa ainda que alguns anos fechar o barracão, climatizar, para que se mantenha uma temperatura boa para as vacas, porque a gente acaba sofrendo muito no verão, por ser muito quente, e as vacas precisam de uma temperatura mais baixa para produzir mais, para conforto térmico, bem-estar, e para manter a cama delas", esclarece.

Nesse sentido, a família tem debatido a possibilidade de mudar o atual sistema de confinamento, compost barn para free-stall: "justamente por manter a cama melhor porque no inverno é muito úmido e acaba ficando muito úmida a cama e no verão é muito quente", explica.

Eliete está no oitavo semestre do curso de veterinária. Hoje, dá sequência à sucessão familiar, mas quase tomou um rumo longe da atividade. "Até comecei a fazer cursinho para vestibular pensando em uma área totalmente diferente. Nas primeiras, eu cheguei para os meus pais desesperada, comecei a chorar porque eu não queria sair de casa, eu não queria fazer outra coisa, eu não me via mais sem estar ali. Meus pais sempre me apoiaram muito e nessa hora ainda mais", lembra.

A jovem produtora percebe a instabilidade do setor como um empecilho recorrente entre os produtores. Para isso, aposta na organização financeira.

"Tem meses que o preço está muito bom, tem meses que o preço está muito baixo. Então para não acabar desistindo, não acabar quebrando, a gente tem que ter uma organização muito grande".

Mesmo assim, ela vê muito mais benefícios na escolha pela sucessão familiar, para além da paixão pelos animais e pelo trabalho. "Eu, particularmente, acho que é uma coisa muito boa. Eu estou dando continuidade num negócio que é da minha família, então eu posso fazer os meus horários, eu posso fazer as coisas do jeito que eu quero, não tem ninguém me mandando. A gente tem uma liberdade muito maior, eu tenho uma liberdade muito grande em ajustar a minha rotina, em trabalhar do jeito que eu quero, em crescer quando eu quiser crescer e inovar quando eu quiser inovar", finaliza.


Jogo Rápido

Agro+ 
Com o setor leiteiro em crise, o governo do rio grande do sul anunciou nesta semana a compra de cerca de 2,2 mil toneladas de leite em pó, em chamada pública publicada no Diário Oficial. Segundo o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, a medida chega em um momento decisivo e dá fôlego aos produtores gaúchos.Confira a entrevista completa clicando aqui. (Agro+ via youtube)

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 24 de novembro de 2025                                                  Ano 19 - N° 4.520


Câmara Setorial do Leite discute produção do setor e ações para aumentar consumo do produto no Estado

A Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados se reuniu nesta sexta-feira (21/11), de forma virtual, para discutir os assuntos de interesse do setor. Entre as pautas, a situação da produção de leite no Rio Grande do Sul, mas também em nível de país e de mundo, além da possibilidade de realização de uma campanha que estimule a produção de leite no Estado.

O secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat-RS), Darlan Palharini, apresentou dados sobre a atual situação do setor leiteiro no Rio Grande do Sul, no país e no mundo. A captação brasileira de leite, até junho deste ano, responde por um aumento de 7% em comparação com 2024, o que representa 2,5 bilhões de litros a mais de produção. Já no Rio Grande do Sul, no mesmo período, houve uma produção 12% maior, com  aumento de aproximadamente de 500 milhões de litros. “O que se pode ver é que temos disponibilidade de leite per capita, porque temos aumentado a disponibilidade durante o ano. Segundo dados da Embrapa, são em torno de 1 milhão de litros no mercado brasileiro à disposição”, destacou Palharini.

Com relação à importação de leite em pó, Palharini destacou que entre janeiro a outubro de 2024 foram 149 mil toneladas. No mesmo período de 2025, dados dão conta que são 151 mil toneladas.

O coordenador da Câmara Setorial do Leite e vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Eugênio Zanetti, ressaltou a iniciativa do governo do Estado para a aquisição de leite em pó integral, produzido por cooperativas da agricultura familiar do Estado. O edital de chamada pública prevê a compra de aproximadamente 2 milhões de quilos de leite em pó, totalizando investimento estimado em R$ 90 milhões.

Um dos pontos levantados pelas entidades que integram a Câmara Setorial é a realização de uma campanha de incentivo ao consumo interno de leite, construída por todos os elos da cadeia produtiva, tendo em vista a disponibilidade do produto atualmente no mercado. (SEAPI)


Noroeste gaúcho investe para se consolidar como maior polo leiteiro do País

A Mesorregião Noroeste do Estado é, atualmente, o principal polo leiteiro do País. Segundo a Emater/RS-Ascar, cerca de 86% do leite produzido no Rio Grande do Sul se concentra em 273 municípios, numa área de apenas 26% do Estado. Apesar da produtividade constante, o setor leiteiro tem enfrentado uma tendência de concentração: em dez anos, o número de produtores diminuiu em quase dois terços.

Há anos, o estado gaúcho sustenta uma produção leiteira estável. Segundo os dados preliminares da 6ª edição do Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no Rio Grande do Sul, organizado e apresentado pela Emater/RS-Ascar na 48ª Expointer, houve uma pequena queda no total de leite produzido no atual período. Em 2023, o Estado produziu um total de 4,12 bilhões de litros. Já em 2025, esse número é de 4,09. Apesar disso, observou-se um leve aumento na produção do leite destinado à industrialização: de 3,83 bilhões de litros em 2023, o número passou a 3,84 bilhões.

Como comparação, o Estado de Minas Gerais, líder nacional no setor, produziu 9,7 bilhões de litros de leite em 2024, segundo os dados da última Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) do IBGE. Ou seja, mais de 27% de todo o leite brasileiro. O Rio Grande do Sul, terceiro maior produtor, foi responsável por aproximadamente 11% da produção do País.

Segundo o documento da Emater/RS-Ascar, o Valor Bruto da Produção (VBP) estadual é de R$ 9,5 bilhões por ano. Trata-se do quinto produto com maior VBP no Estado, atrás somente da soja, arroz, frango e suíno.

O leite tem importância econômica, social e cultural de norte a sul do Estado. Em 2023, dos 497 municípios gaúchos, 493 contavam com a produção de leite. Nos dados prévios do 6º Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no RS, a Emater/RS-Ascar estima que 451 municípios destinem leite para a industrialização. Apesar disso, a produção estadual é impulsionada, principalmente, pela metade norte e, em especial, pela mesorregião noroeste.

É histórica a importância dessa parcela do Estado para a cadeia produtiva do leite no território nacional. Conforme o Anuário Leite 2025, produzido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a relevância tornou-se ainda mais significativa num intervalo de duas décadas.

Em 2003, o noroeste era o segundo maior polo produtor de leite no País, com cerca de 1,3 bilhões de litros anuais. Vinte anos depois esse número mais que dobrou: segundo os dados do IBGE, a mesorregião produziu 2,72 bilhões de litros de leite em 2023, destacando-se como o maior centro produtor em todo o País. Trata-se de praticamente 70% do leite produzido no Estado, atualmente o terceiro maior produtor, atrás de Minas Gerais e Paraná.

Ou seja, sozinha, a Mesorregião Noroeste produziu 7,71% de todo o leite brasileiro em 2023, de acordo com a Embrapa. Segundo Jaime Ries, assistente técnico estadual da Bovinocultura Leiteira e coordenador das pesquisas sobre a cadeia produtiva do leite pela Emater/RS-Ascar, a importância da metade norte para a produção leiteira é inegável.

"Eu diria que, incluindo também o Vale do Taquari, nós temos quase 86% das propriedades que produzem leite e também do leite industrializado em todo o Estado. Se for ver, em 26% da área estadual, concentramos 86% da produção, para se ter uma ideia da concentração. Ela é muito grande nessas regiões. Já foi mais importante na região metropolitana e no litoral, mas hoje praticamente está sumindo daqui. Na metade sul, tem alguns polos importantes em São Lourenço, Bagé e Livramento, mas, no geral, a produção de leite é toda concentrada na metade norte", reforça.

Nessa ampla região produtora, a cidade de Santo Cristo se destaca há alguns anos como a maior produtora estadual. Os últimos dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) do IBGE, divulgados em setembro, demonstram que o município da Fronteira Noroeste contabilizou 75,198 milhões litros de leite em 2024. Dos dez municípios que mais produziram leite no último ano, apenas São Lourenço do Sul não faz parte da Mesorregião Noroeste.

Apesar da estabilidade no volume produtivo anual, alguns desafios do setor têm afastado os pequenos produtores da atividade leiteira, principalmente nos últimos dez anos.

Menos estabelecimentos, mais concentração produtiva

Os dados da 6ª edição do Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no RS revelam uma sequencial redução no número de produtores em todo o Estado nos últimos anos. Em 2015, o Rio Grande do Sul contava com 84.199 estabelecimentos produtores de leite. Em 2025, esse número caiu para praticamente um terço: apenas 28.946.

Para Jaime Ries, coordenador do relatório da Emater/RS-Ascar, um dos aspectos que devem ser levados em conta é a estagnação produtiva em todo o País nos últimos anos. "O Rio Grande do Sul mantém sua fatia em torno de 11% a 12% da produção brasileira. Então esse é o tamanho do nosso mercado de leite no Estado. Vamos arredondar para 4 bilhões de litros. Ou seja, na medida que uns crescem e outros saem, perdendo competitividade, mas o volume total fica estável. Com os volumes médios diários hoje, se mantivéssemos aqueles 84 mil produtores de 2015, teríamos de produzir como a Argentina. Estaríamos produzindo mais ou menos como Minas Gerais e Santa Catarina juntos", pondera.

Segundo Ries, o que ocorre atualmente é um processo de especialização. Propriedades maiores têm aumentado o número de confinamentos, para viabilizar a produção em escala.

No mesmo compasso, o número de vacas leiteiras também diminuiu nos últimos dez anos. Em 2015, eram mais de 1,17 milhões de animais. Hoje, são pouco mais de 742 mil. Entretanto, o número de animais por estabelecimento está aumentando — o esperado para um cenário de concentração. De menos de 14 vacas leiteiras em 2015, hoje a média é de mais de 25 por propriedade no Estado. As vacas também produzem mais: hoje, a produtividade média é de 17 litros diários por animal. Em 2015, eram 11,8 litros por vaca ao dia. Com as atuais tecnologias como a robotização, há estabelecimentos que chegam a uma produtividade na casa dos 45 litros diários por vaca.

Para Darlan Palharini, Secretário Executivo do Sindilat e Coordenador do Milk Summit Brazil 2025, a redução dos estabelecimentos é um movimento mundial na cadeia produtiva do leite. "O Rio Grande do Sul não passaria sem também ter esse ajuste de número de produtores, já que, se a gente pegar os Países vizinhos, a Argentina e o Uruguai também passaram por esse processo", relembra.

Palharini acredita que pontos cruciais limitam a continuidade das propriedades leiteiras. Segundo ele, hoje, é um desafio manter um estabelecimento com produção abaixo de 200 litros diários. Outro aspecto muito citado é a falta de mão de obra. Jaime Ries menciona, ainda, o envelhecimento da população rural. "A população rural vem diminuindo, a idade média aumentando. E o leite é uma atividade que, diferente da soja e milho, exige mão de obra todos os dias, o ano inteiro", reitera. Para ele, as principais dificuldades dos produtores estão relacionadas: pouca mão de obra, falta de sucessão familiar, renda da atividade e custo elevado. (Jornal do Comércio)

Produção de leite deve moderar em 2026, diz Rabobank

O forte crescimento da produção tem reduzido os preços globais dos lácteos, mas a moderada expansão prevista para 2026 tende a aliviar parte dessa pressão. A produção de leite nas principais regiões exportadoras segue crescendo de forma acelerada, superando as expectativas anteriores do RaboResearch. Nos Estados Unidos, a produção avançou 4,2% em julho, o maior crescimento desde 2021, e manteve ritmo elevado em agosto, com aumento anual de 3,2%. Na Nova Zelândia, o início da temporada também foi recorde, culminando em outubro, tradicionalmente o mês de maior oferta. A expectativa é de que esse avanço continue até 2026, ainda que em ritmo mais moderado.

Entre as sete principais regiões exportadoras, projeta-se que a oferta de leite cresça 1,8% na comparação anual no segundo semestre de 2025, desacelerando para 1,1% em 2026.

Os elevados preços pagos ao produtor nos EUA, na União Europeia e na Oceania durante o primeiro semestre de 2025 foram determinantes para o aumento da produção. A melhora nas margens das fazendas, a recuperação após os surtos de doenças registrados em 2024 e a ausência de eventos climáticos adversos continuam estimulando o crescimento da oferta. Além disso, espera-se que os preços dos concentrados permaneçam favoráveis até 2026, sustentados pela ampla disponibilidade de grãos.No campo da demanda, os mercados globais de lácteos seguem enfrentando dificuldades, especialmente entre consumidores de baixa e média renda. A fraqueza persistente da demanda é visível em diversos canais de alimentação, e a recuperação dependerá do aumento da confiança do consumidor. A China ainda enfrenta retração no consumo, e os sinais de retomada no Sudeste Asiático são inconsistentes. Nos Estados Unidos, incertezas sobre o mercado de trabalho e o impacto das tarifas continuam pressionando o sentimento do consumidor.

O crescente excedente exportável já pressiona os preços em algumas das principais regiões produtoras. Nos EUA, as fortes quedas nos preços do queijo e da manteiga no terceiro trimestre de 2025 devem resultar em recuos no preço do leite ao produtor no quarto trimestre de 2025 e no primeiro semestre de 2026. Na Europa, a fraqueza nos preços também se confirma, enquanto diversos produtos neozelandeses apresentaram reduções no Global Dairy Trade durante o terceiro trimestre de 2025. Ainda assim, mantém-se a expectativa de que os preços do leite na Nova Zelândia superem as dificuldades ao longo da temporada.

O cenário base do RaboResearch indica preços mais baixos até 2026, impulsionados pela maior disponibilidade de leite exportável.

De forma geral, a esperada desaceleração no crescimento da produção até 2026 deve contribuir para reduzir a pressão sobre os preços, conforme o mercado busca restabelecer o equilíbrio entre oferta e demanda. Entretanto, a continuidade de uma oferta abundante combinada com uma demanda mais fraca do que o previsto pode acentuar as quedas de preços, como ilustrado no cenário pessimista.

As informações são do Observatorio de la Cadena Láctea Argentina (OCLA), traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint. 


Jogo Rápido

Rio Grande do Sul produz o melhor leite do Brasil
A força do leite na região Norte contrasta com um trauma recente. Há uma década, a Operação Leite Compensado atingiu diretamente produtores e cooperativas da região do Alto Uruguai, culminando em crises no setor. Conforme Darlan Palharini, Secretário Executivo do Sindilat e Coordenador do Milk Summit Brazil 2025, a Operação Leite Compensado teve impactos negativos em todo o Estado, mas também serviu para que o setor reconhecesse "alguns pontos falhos e que precisava trabalhar no sentido de melhoria da qualidade e da transparência do processo". Palharini afirma que o Rio Grande do Sul tem, atualmente, a "melhor qualidade de leite produzido no Brasil. Tanto que hoje a gente continua vendendo mais de 60% da nossa produção para outros Estados, justamente por esse reconhecimento da qualidade do nosso produto". Hoje, para o Secretário Executivo do Sindilat, o grande desafio do setor diz respeito à competitividade com o mercado externo. "O produto lácteo na sua grande maioria é commodity, principalmente o leite em pó e o queijo muçarela. O nosso preço ele ainda é um pouco acima do que o mercado mundial está pagando, mas ele está evoluindo bastante nesse sentido de fazer frente produto importado". Durante os últimos dias 14 e 15 de outubro, Palharini coordenou o primeiro Milk Summit Brazil, em Ijuí. Foram 21 palestras para um público de cerca de 750 pessoas no noroeste do Estado. O evento foi uma realização do governo do Estado, através da Seapi e do Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite do RS (Fundoleite), em conjunto com o Sindilat/RS, Prefeitura de Ijuí, Emater/RS-Ascar, Suport D'Leite e Impulsa Ijuí. A segunda edição já foi confirmada para 2026, também no município do noroeste. "Temos visto uma profissionalização muito grande da atividade no noroeste, com a entrada de tecnologia, que acaba amenizando bastante a questão da mão de obra. Então eu diria que a região noroeste do Estado está no caminho certo, com aumento de produção e de competitividade", conclui. (Jornal do Comércio)