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30/10/2019

Porto Alegre, 30 de outubro de 2019                                              Ano 13 - N° 3.098

Senado aprova crédito de US$ 195 milhões para investimentos em defesa agropecuária

Ministra Tereza Cristina, que comemorou a notícia, anunciou a medida ao Conselho Nacional dos Secretários de Estado de Agricultura 


Crédito: Antonio Araujo/Mapa

A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) anunciou nesta quarta-feira (30), durante a reunião do Conselho Nacional dos Secretários de Estado de Agricultura (Conseagri), a aprovação pelo Senado de um empréstimo de US$ 195 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para investimentos no sistema brasileiro de defesa agropecuária.

“Ontem eu tive a boa notícia, sofrida, suada, mas conseguimos finalmente aprovar um financiamento no Senado de US$ 195 milhões para ajudar a defesa sanitária brasileira”, informou aos secretários estaduais reunidos na sede do Mapa, em Brasília. “Não é a fundo perdido, mas é a juros baratos, e isso é importantíssimo para organizar o sistema sanitário como um todo”, completou a ministra. “Vamos agora lutar no Ministério da Economia para esse dinheiro vir (logo) para cá”. Tereza Cristina pediu aos secretários de Agricultura que alertem os  governadores sobre a importância da questão sanitária. “Precisamos  trabalhar na mesma régua. Não podemos ter dois Brasis em sanidade”, alertou a ministra.  “Está na nossa mão trazer renda e novos investimentos. Temos de pensar grande”, afirmou, referindo-se à possibilidade de todos os estados brasileiros exportarem seus produtos agropecuários, em especial para a China, hoje nosso principal parceiro comercial.

Crescer mais  
“Estamos montando aqui no Ministério um núcleo China que vai trabalhar num fuso meio de dia e meio de noite para atendê-los, para a gente ter o que entregar”, informou. Tereza Cristina relatou que, durante a reunião na semana passada, em Pequim, o presidente da China, Xi Jinping, pediu ao presidente Jair Bolsonaro para ajudar a resolver o problema deles (de abastecimento de proteína animal, causado pela dizimação de parte do rebanho atingido pela peste suína africana).

“Ele (o presidente chinês) pediu para o Brasil habilitar mais plantas para exportar carne para a China; nós conseguimos habilitar 25 frigoríficos; eles querem mais”, destacou. ”Nós podemos crescer muito mais, em outras cadeias, além de carne, soja, milho, algodão - e não só para a China”, acrescentou Tereza Cristina. A ministra informou ainda que os chineses querem importar café do Brasil. “Nos ajudem a trazer mais café para a China. Foi o que ouvi”, relatou.

“Está na nossa mão ser proativos”, alertou a ministra. “Não adianta pensar que os chineses precisam da nossa proteína animal e vegetal, se não tivermos sanidade. Não adianta ter boa produção e boa higiene, se não respondermos os questionários (sanitários, exigidos para exportação). Deixaremos espaço para outros que sabem preencher papel melhor do que nós; me ajudem nisso”, apelou aos secretários de Agricultura.

A autorização do Senado para o governo brasileiro contratar operação de crédito externo, no valor total de até US$ 195 milhões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) foi publicada no Diário Oficial da União de hoje. Os recursos da operação de crédito destinam-se a financiar parcialmente o Programa de Modernização e Fortalecimento da Defesa Agropecuária - ProDefesa. (MAPA)

Preço-Cepea 
Após apresentarem reação em setembro, os preços do leite no campo voltaram a registrar tendência de queda em outubro. De acordo com a pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o preço pago ao produtor em outubro, referente ao leite captado em setembro, foi de R$ 1,3635/litro na “Média Brasil” líquida, ligeira queda de 0,68% em relação ao mês anterior, mas forte recuo de 7,6% em relação à de outubro/18, em termos reais (valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro/19).

De um modo geral, os preços do leite pagos ao produtor apresentam tendência sazonal de queda a partir de setembro, devido ao aumento da produção no Sul do País e ao retorno das chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste. No entanto, em 2019, o movimento do mercado está atípico para o período, tendo em vista a lenta retomada da produção nesta primavera – que se deve, em parte, ao atraso das chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste, mas também às incertezas dos produtores em realizar investimentos de médio e longo prazos.
 
De agosto para setembro, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) registrou alta de 2,9%, sendo que a expectativa, no início daquele mês, era de que essa variação fosse substancialmente maior. Por conta disso, os preços do leite spot (negociado entre indústrias) caíram e as indústrias cederam à pressão de atacadistas para reduzir as cotações dos derivados lácteos. Em Minas Gerais, o preço do leite spot caiu 6,3% de agosto para setembro, chegando a R$ 1,4433/l. O UHT e a muçarela negociados no atacado paulista se desvalorizaram 2,41% e 3,59%, respectivamente.
 
Mesmo com a queda nos preços de derivados e do spot em setembro, os laticínios não conseguiram impor quedas intensas no campo, por conta da competição por matéria-prima, já que os estoques estiveram justos em setembro.

É importante lembrar que os preços do leite no campo são influenciados pelos mercados de derivados e spot, com certo atraso de um mês nesse repasse de tendência. Dessa forma, os preços de novembro (captação do mês anterior) irão depender das negociações de spot e derivados de outubro.

Em outubro, o mercado de leite spot registrou alta de 1,7% em Minas Gerais, chegando a R$ 1,4306/litro. Já o leite UHT comercializado no atacado paulista registrou muita oscilação nas negociações de outubro, com queda de 0,75% no acumulado do mês, chegando a média de R$ 2,39/litro – recuo de 3,5% em relação ao preço médio de setembro. Agentes consultados pelo Cepea relataram dificuldades em negociar com atacadistas, que estão pressionando por cotações mais baixas para atrair consumidores.
 
Por outro lado, o queijo muçarela negociado no atacado paulista registrou alta acumulada de 4,56% em outubro, registrando média de R$ 17,10/kg, alta de 0,9% em relação à média de setembro. Os estoques da muçarela estiveram mais enxutos durante o mês (o que corrobora, inclusive, a perspectiva dos agentes de que a oferta de leite no campo seguiu controlada em outubro). Apenas nesta última semana do mês, colaboradores relataram que os estoques começaram a se elevar, em virtude do aumento da captação.
Levando-se em conta o retorno das chuvas em outubro, é possível que a captação seja favorecida e os preços de novembro caiam – mas a intensidade da queda vai depender, justamente, da capacidade de crescimento da produção.

NOTA: Cepea manterá a divulgação dos preços brutos e líquidos em 2020

Cumprindo sua missão de gerar conhecimento para apoiar decisões estratégicas que contribuam para o desenvolvimento da agropecuária brasileira, o Cepea atendeu aos pedidos do setor lácteo e continuará calculando os preços brutos do leite ao produtor em 2020.

O Cepea pretendia divulgar apenas os preços ao produtor líquidos, sem frete e impostos, a partir de janeiro de 2020, a fim de facilitar a comparação e análise das informações.

No entanto, cooperativas e indústrias de laticínios reiteraram que o cálculo do preço bruto é importante justamente para evidenciar a disparidade dos preços líquidos entre regiões, por conta da grande heterogeneidade nas condições de frete no Brasil. Assim, a captação em determinadas regiões é mais custosa que outras, o que influencia a formação do preço no campo. Desse modo, a informação do frete, embutida no preço bruto, é estratégica e necessária para as negociações com produtores. Nesse sentido, o Cepea manterá a divulgação dos preços brutos e líquidos, como o faz desde 2005.

De acordo com Natália Grigol, pesquisadora da Equipe Leite, “o episódio reforça a importância do Cepea para o setor lácteo. E também relembra que o compromisso do Cepea, firmado com a sociedade desde quando iniciou os estudos da cadeia do leite, em 1986, é de trabalhar com transparência, neutralidade e de portas abertas para aqueles que quiserem construir com essa instituição informações úteis”.
 
 

Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de setembro/19) - “Média Brasil”
Fonte: Cepea-Esalq/USP.
  

 
Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em outubro/19 referentes ao leite captado em setembro/19 nos estados que compõem a “Média Brasil”
Fonte: Cepea-Esalq/USP.
  


Tabela 2. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em outubro/19 referentes ao leite captado em setembro/19 nos estados que não estão incluídos na “Média Brasil” – RJ, MS, ES, CE e PE
Fonte: Cepea-Esalq/USP.
Nota 1: em janeiro de 2017, o CESSR (ex-Funrural) foi reajustado para 1,5%.
Nota 2: O sinal * indica que há informações, mas que o dado não pode ser divulgado por questão de amostra limitada. O sinal - indica que não houve informação coletada. Para o cálculo da média estadual são consideradas todas as informações obtidas. (CEPEA)

Combate do desperdício
A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou o Projeto de Lei 211/19, que incentiva o empresariado a doar alimentos com prazo de validade próximo, desde que estejam próprios para consumo. O texto altera o Código de Defesa do Consumidor (CDC) com o objetivo de evitar desperdícios. A proposta foi aprovada na forma do substitutivo apresentado pelo relator, deputado Enéias Reis (PSL-MG), ao texto original do deputado Roberto de Lucena (Pode-SP). O substitutivo refere-se apenas a alimentos, pois a comissão entendeu que a parte do projeto original sobre medicamentos deve ser tratada em separado, por meio de outra proposta. “A rejeição da parte relacionada à doação de medicamentos não significa carência de mérito, trata-se apenas de algo que decorre de normas legais e regimentais”, explicou Enéias Reis. “Assim, podemos dar celeridade à proposta relacionada à doação de alimentos, a fim de conseguir incentivar essas ações solidárias”, disse. O substitutivo em tramitação na Câmara dos Deputados refere-se a alimentos in natura, industrializados ou preparados e servidos, acondicionados ou embalados de forma adequada. Deverá ser informado do beneficiário o motivo da doação, e o doador deverá respeitar as obrigações legais relacionadas ao controle sanitário. O projeto ainda será analisado pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois, seguirá para o Plenário. (Agência Câmara)

 

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