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13/08/2019

Porto Alegre, 13 de agosto de 2019                                              Ano 13 - N° 3.043

  Fonterra prevê perda de até NZ$ 675 milhões no ano financeiro que acabou de terminar

A Fonterra divulgou que as baixas contábeis levariam a cooperativa a uma perda de NZ$ 590 milhões a NZ$ 675 milhões (US$ 381 a 436 milhões) no ano financeiro que acabou de terminar. A cooperativa disse que não pagaria um dividendo para o ano até 31 de julho para poder pagar as dívidas. A perda anual seria apenas a segunda da Fonterra desde sua criação em 2001.

O diretor executivo, Miles Hurrell, disse que ficou claro que a Fonterra precisava reduzir o valor contábil de vários de seus ativos e levar em conta outros ajustes contábeis pontuais, que totalizam cerca de NZ$ 820-860 milhões (US$ 530-US$ 555,6 milhões). "Desde setembro de 2018 estamos reavaliando todos os investimentos, grandes ativos e parcerias para garantir que eles ainda atendam às necessidades da cooperativa. Não estamos deixando pedra sobre pedra no trabalho para transformar nosso desempenho. Analisamos nossos negócios de ponta a ponta, incluindo a venda e a revisão do futuro de vários ativos que não são mais essenciais para nossa estratégia", disse ele em um comunicado.

O processo de revisão também identificou um pequeno número de ativos que foram supervalorizados, com base nas perspectivas de seus retornos futuros esperados. "Enquanto a faixa de lucro subjacente do ano fiscal de 2019 da cooperativa está dentro da atual orientação de 10-15 centavos por ação, quando você leva em consideração essas prováveis baixas, esperamos ter uma perda reportada de US$ 590-675 milhões (US$ 381 a 436 milhões) este ano, o que é uma perda de 37 a 42 centavos (23,9 a 27 centavos de dólar) por ação", completou ele.

Hurrell citou a maioria dos ajustes contábeis pontuais relacionados a despesas com depreciação não-caixa em quatro ativos específicos e os desinvestimentos que a cooperativa fez este ano como parte da revisão do portfólio. "A DPA Brasil, o negócio de consumidores da Nova Zelândia, o desempenho da China Farms e da Australian Ingredients têm melhorado, mas mais lento do que o esperado e não no nível em que baseamos nossos valores anteriores", disse ele.

A avaliação contábil da Fonterra para a DPA Brasil será prejudicada em cerca de NZ$ 200 milhões (US$ 129,2 milhões), devido principalmente às condições econômicas no Brasil. O fechamento de seu negócio de consumo venezuelano significaria um ajuste contábil de cerca de NZ$ 135 milhões (US$ 87,2 milhões), relacionado principalmente à liberação da reserva acumulada de conversão de moeda estrangeira adversa. O valor contábil para a China Farms será prejudicado em aproximadamente NZ$ 200 milhões (US$ 129,2 milhões) devido ao desempenho operacional mais lento do que o esperado.

Em seu negócio de consumo na Nova Zelândia, o efeito combinado dos desafios operacionais, juntamente com uma recuperação mais lenta do que planejada na participação de mercado da Fonterra, resultaram na reavaliação de seus ganhos futuros. "Estamos agora reconstruindo este negócio e, como parte disso, vendemos o Tip Top, que permite que a equipe se concentre em seu core business. O impacto combinado é uma redução de cerca de NZ$ 200 milhões (US$ 129,2 milhões)", disse Hurrell.

O presidente John Monaghan disse que, à luz das reduções significativas que refletem importantes ajustes contábeis que a Fonterra precisava fazer, a diretoria apresentou sua decisão sobre o dividendo anual.

"Em última análise, somos acusados de atuar nos melhores interesses de longo prazo da cooperativa. O desempenho subjacente da empresa está alinhado com os últimos resultados, mas não podemos ignorar a perda reportada entre NZ$ 590 - NZ$ 675 milhões (US$ 381 a 436 milhões) quando você olha para o quadro geral", disse ele.

"Não pagar dividendos para o ano fiscal de 2019 faz parte da nossa intenção declarada de reduzir a dívida da cooperativa, que é do interesse de todos a longo prazo", finalizou ele.

Em 12/08/19 - 1 Dólar Neozelandês = US$ 0,64607
1,54781 Dólar Neozelandês = US$ 1 (Fonte: Oanda.com) 
(As informações são do Otago Dairy Times, traduzidas pela Equipe MilkPoint)

 

Preços/AR 

Este ano o preço da matéria prima começou tomar um caminho ascendente que poucas vezes foi registado na história. O calor fez cair a produção, tal como ocorre em todo o verão, mas a demanda extraordinária de leite com destino social fez com que houvesse a necessidade de assegurar leite cru às indústrias, que começaram a elevar os preços de uma forma extraordinária.

Deve-se ter em conta que o leite produzido em janeiro foi comprado a AR$ 9,63/litro, [R$ 0,72/litro], na média nacional, enquanto que no mês de junho foi pago AR$ 15,15/litro, [R$ 1,14/litro]. São quase seis pesos de aumento no preço da matéria prima, mas, não por decisões políticas sábias, mas pela simples equação da oferta e demanda.

Em fevereiro a produção caiu para 668 milhões de litros, e em junho 808 milhões. Definitivamente, a produção de leite continua estagnado desde 1999.

No meio de tudo isso e sem alcançar novos mercados internacionais, e apesar das previsões feitas pela Agroindústria, as 19 indústrias de laticínios registradas para exportar fazem seus negócios e precisam cumprir seus contratos. 

O consumo interno está muito baixo, porque somente o litro de leite em embalagem Tetra Pak já aumentou cerca de 20 pesos no semestre, e ainda continua mantendo o sistema de remarcação. Cada vez que nos deparamos com os lácteos nas gôndolas, é preciso refazer os cálculos e, cortar itens acaba sendo inevitável. O consumo reduzido pode ser explicado pelos cremes, iogurtes e sobremesas que custam acima de 30 pesos por unidade, pelo queijo pastoso em torno de 90 pesos, ou o queijo cremoso por 300 pesos o quilo.   

Segundo dados oficiais a queda na demanda interna de leite fluido foi de 13%, leite em pó (-11%); queijos (-6%), e os outros lácteos (-13%) até o quinto mês de 2019, em relação a 2018.

Nesse contexto, a expectativa era de que na primavera, com um pouco mais de leite, o mercado iria se acalmar no ajuste dos preços ao produtor, no entanto, o tempo se antecipou. 

A matéria prima produzida em julho, que começa ser paga agora, não trás boas notícias. A maioria das indústrias interrompeu os reajustes, sobretudo as que estavam pagando acima de 15 pesos. A novidade é ainda mais complexa se for levado em consideração a desvalorização do peso desta semana. A conta no campo, onde os insumos são comprados em dólar, começa não fechar. Uma vez mais o produtor é o primeiro da cadeia que perde e não há compensação possível.

Quando os produtores foram alertados de que era hora de negociar, e encorajados a fechar contratos, é porque o horizonte mostrava essa tendência. Mas, as nuvens chegaram mais cedo do que o esperado. Deve-se entender que a formalização do setor lácteo deve começar pelas partes, já que a política não tem intenção de solucionar os conflitos. Foram poucos os que se atreveram e tiveram sucesso. Com um valor de referência real, terão em mãos os valores futuros e maior segurança em seus negócios. (Portalechero – Tradução livre: Terra Viva)


Leite/UR

O presidente da União Rural de Flores (URF), Daniel Laborde disse que para os produtores de leite as notícias “não são boas” porque “estamos em um setor que manteve em dez pesos durante muito tempo em um país dolarizado, e que muitos produtores não têm a escala necessária para manter a fazenda em funcionamento”. 

Felizmente tivemos “um bom ano. Se tivesse ocorrido seca, inverno muito chuvoso ou frio, seguramente as consequências seriam muito mais graves”, avaliou.

“O setor lácteo é basicamente de produtores familiares, sem escala: poucas vacas em produção e cujo resultado do trabalho de todos os dias é o salário. Se o salário cai 20 ou 30% e os custos sobem 8% ou 10%, anualmente, então estará com problemas. Isto é o que se passar no setor leiteiro. O preço do leite foi mantido durante os último três anos, os custos em dólares continuaram subindo e evidentemente existem muitos produtores em dificuldades”, explicou.

Quanto à produção, Laborde disse que “o ano ajudou muito”. “No primeiro semestre a produção foi menor em relação a anos anteriores, possivelmente associado ao fato de que tivemos um bom verão, e como as contas não fechavam, a produção de leite foi a mais barata possível. Hoje a produção está muito próxima à do ano passado. Estamos tendo um ano muito bom, com um verão e um outono favorável. Esperamos uma boa primavera para melhorar a produção, e que os números comecem a fechar. Cabe esperar que “os preços internacionais e a situação interna do país acompanhe um pouco para poder recompor o setor que está em dificuldades”, concluiu. (TodoElCampo – Tradução livre: Terra Viva) 
 
Leite UHT 
Os preços médios na primeira quinzena de agosto do leite UHT e do queijo muçarela se elevaram em 3,12% e 0,99%, respectivamente, fechando a 2,5108/litro e R$ 17,7432/kg, na mesma ordem. Esse cenário se deve, ainda, ao aumento na cotação do leite no mercado spot e à elevação nos valores da matéria-prima no campo. Quanto às negociações entre indústrias e atacados, pesquisas do Cepea apontam que ainda permanecem enfraquecidas. (Cepea)

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