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01/11/2018

Porto Alegre, 01 de novembro de 2018                                              Ano 12 - N° 2.851

Fazendas elevam produção de leite com adoção de planejamento genético

Planejamento genético - Considerada a técnica mais barata, simples e eficiente para elevar a produtividade e a lucratividade de uma fazenda, a inseminação artificial tem sido a aposta de várias propriedades leiteiras para ampliar seus projetos pecuários. No primeiro semestre de 2018, foram comercializadas 2.169.238 doses de sêmen das raças leiteiras (quase 60 mil doses acima do mesmo período de 2017), segundo dados da ASBIA - Associação Brasileira de Inseminação Artificial.

Este foi o caminho adotado há quatro anos pelo pecuarista Areno Eduardo Martins Parreira para viabilizar o projeto de ampliação da Fazenda Brasília, em Rio Verde/GO. A propriedade usava a monta natural e mantinha um sistema de produção a pasto em que obtinha uma produção de menos de mil litros de leite por dia. Com a elaboração de um planejamento genético para melhorar a qualidade do rebanho, a propriedade passou a ter todo o rebanho inseminado com sêmen de touros Holandês. "A fazenda começou com um projeto pequeno de produção de leite e tinha um gado que não vinha apresentando muito avanço genético. A produção era de 12 litros de leite por vaca. Para atingir a meta de 4 mil litros/dia, foram feitos investimentos em inseminação, compost barn e bezerreiro argentino", diz o médico-veterinário da fazenda, Valdir Chioga.

As vacas passaram a ser inseminadas com touros Holandês selecionados estrategicamente para acelerar o ganho genético do rebanho. De acordo com Valdemir Lima, regional da Semex em Rio Verde que presta assessoria à Fazenda Brasília, a melhoria genética permitiu elevar em oito vezes a produção, que hoje é de 8.800 litros de leite. Agora, a fazenda trabalha para dar um novo salto. O objetivo é ampliar o rebanho para 500 vacas e chegar a 13 mil litros de leite.

Em Minas Gerais, estado que concentra as maiores vendas de sêmen de raças leiteiras, a Fazenda Estância do Leite conseguiu tornar o negócio rentável após investir em genética. O produtor de leite Luiz Humberto Ferreira está na atividade há mais de 15 anos, mas, nos últimos cinco anos, decidiu intensificar o sistema de produção. "Antes, tirava de 8 a 10 litros de leite por animal. Não dava nem para pagar os custos de produção com o leite vendido. Depois que passamos a investir em inseminação e em outras tecnologias, conseguimos mudar a realidade da fazenda. Hoje, é possível seguir um planejamento, controlar os gastos e ter uma margem de lucro maior. Temos quase 300 animais em lactação e uma média por animal de 30 litros/dia", conta o pecuarista. A Estância do Leite mantém os animais em sistema de confinamento no compost barn e, para ser autossuficiente em alimentos, passou a produzir milho em uma área plantada de 42 hectares, totalmente irrigada.

Uma estratégia adotada pela Estância do Leite foi inseminar o rebanho com touros capazes de produzir filhas mais saudáveis. Segundo dados apresentados pelo programa Immunitty+ da Semex, os reprodutores com alta imunidade são mais férteis, melhorando consideravelmente os índices de prenhez do rebanho. Já as filhas dos touros de maior imunidade apresentam colostro de qualidade superior à média e melhor resposta às vacinas comerciais. "Isso significa menos casos de mastite, de cetose e de outras doenças, reduzindo bastante os custos com sanidade. Além disso, um rebanho saudável produz muito mais", fala Luiz Fernando Oliveira, regional da Semex em Patos de Minas, que assessora a propriedade no planejamento genético.

A fazenda integra o programa Semex Progressive, que oferece soluções genéticas e estratégicas para maximizar a produtividade dos rebanhos leiteiros. Esse planejamento genético inclui orientação e seleção de matrizes, acasalamentos genéticos dirigidos e otimização do uso dos touros com genética comercializada pela Semex, além do acompanhamento e da verificação dos resultados alcançados. (Gadoecia)

 

Casa do Produtor Rural lança publicação técnica para orientar pecuaristas na criação de bezerras leiteiras

Publicação - Livro aborda de maneira simples as diferentes práticas de manejo, que vão desde o nascimento até o desaleitamento, auxiliando na gestão da criação de bezerras leiteiras de qualidade. 

O livro "Criação de Bezerras Leiteiras" foi escrito com a finalidade de produzir informações sobre a criação de bezerras, considerando aspectos nutricionais e de manejo geral para obtenção de animais de alta qualidade.

Dedicado aos produtores rurais, pesquisadores, profissionais do setor, empreendedores agrícolas e estudantes de ciências agrárias, o material é um guia de práticas que orienta na eficiência da criação, como a redução nas taxas de mortalidade ou o aumento no desempenho do animal com um manejo nutricional adequado. A publicação ressalta, ainda, a importância do acompanhamento da vaca gestante até o crescimento do bezerro.

A autoria é da docente Carla Maris Machado Bittar, do Departamento de Zootecnia (ESALQ/USP), que esteve à frente do projeto, juntamente com as alunas de graduação em Engenharia Agronômica e estagiárias da Casa do Produtor Rural, Ana Carolina Fett da Cunha Pereira e Rafaela Nunes Sanchez Portal.

"Estudos demonstram que a adequada criação das fêmeas de reposição corresponde a 22% da produção de leite. Além disso, animais com maiores taxas de ganho nesta fase se tornam vacas mais produtivas. Assim, o investimento na criação de bezerras, embora seja de longo prazo, traz retorno econômico aos rebanhos", comenta a professora.

O maior gargalo na criação de bezerras ainda é a colostragem, tema que foi abordado de maneira bem prática, dando subsídios para que avaliações dos protocolos sejam realizados. Além disso, foram abordados aspectos importantes sobre a dieta líquida e o fornecimento de dieta sólida e água e suas relações no processo do desenvolvimento ruminal, de forma que os animais estejam prontos para o desaleitamento, mantendo taxas de crescimento satisfatórias.

Outros fatores também são destacados, como as instalações que abrigarão as bezerras. Para que possam crescer saudáveis, algumas práticas precisam ser implantadas para garantir um ambiente propício ao seu desenvolvimento e bem-estar animal. O manejo sanitário também é essencial e, quando não realizado, traz grandes prejuízos.

O livro "Criação de Bezerras Leiteiras", editado pela Casa do Produtor Rural, possui 76 páginas com linguagem simples e didática, tabelas, fotos, ilustrações e imagens exclusivas, que dão ao material fluidez e leveza.

O projeto teve o apoio do 2° Edital Santander/USP/FUSP de Fomento às Iniciativas de Cultura e Extensão - Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, do Programa Unificado de Bolsas de Estudos para Apoio e Formação de Estudantes de Graduação (PUB-USP), da Comissão de Cultura e Extensão Universitária (CCEx) e do Serviço de Cultura e Extensão Universitária (SVCEx).

A versão digital do livro está disponível para leitura, impressão e download no site da Casa do Produtor Rural, na seção Publicações. Texto: Beatris Cortelazzi Porta, estagiária de comunicação - Casa do Produtor Rural. Revisado por: Marcela Matavelli, Coordenadora - Casa do Produtor Rural. (Esalq)

EUA: o que o USMCA significa para o setor lácteo do país?

O Acordo EUA-México-Canadá (USMCA), anunciado em 30 de setembro, foi alcançado após meses de duras negociações. Agora que os três países chegaram a um acordo verbal, o que isso significa para os produtores de leite americanos que lutam financeiramente e que estão ansiosos por notícias promissoras?

Mesmo antes de o governo Trump iniciar as negociações oficiais no ano passado para modernizar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), a equipe de política comercial do USDEC (Conselho de Exportação de Lácteos dos Estados Unidos) e da NMPF (Federação Nacional de Produtores de Leite) tornou conhecidas as necessidades dos produtores e processadores de leite.

O NAFTA foi crucial para o crescimento das exportações de lácteos dos EUA porque foi o catalisador para começar a aumentar as exportações do país por meio do acesso preferencial ao México. Em 1993, um ano antes do início da implementação do NAFTA, as exportações de lácteos dos EUA para o México eram de apenas US$ 250 milhões. Avancemos para 2017. As exportações de lácteos para o México totalizaram US$ 1,3 bilhão!

De um ponto de vista estratégico de longo alcance, um dos maiores benefícios do novo NAFTA, agora conhecido como USMCA, é manter a estrutura geral do pacto comercial anterior em vigor. Isso deve significar mais exportações para nossos fornecedores e mais oportunidades para os produtores de leite dos EUA permanecerem nos negócios com a esperança de um futuro melhor. Este acordo, se devidamente implementado, deve dar novas oportunidades de vendas que permitirão aos Estados Unidos inclusive a exportar mais produtos lácteos para o Canadá. É importante notar, no entanto, que o Canadá continuará sendo um mercado de leite amplamente protegido e autossuficiente.

Em um comunicado de imprensa conjunto com a International Dairy Foods Association (IDFA), três organizações agradeceram o presidente Trump e seu governo por lutarem pelos produtores e processadores e pelos empregos gerados nas indústrias.

O texto do acordo também foi divulgado em 30 de setembro. A legislação da Trade Promotion Authority estabeleceu uma linha do tempo para assinaturas e aprovações de acordos de livre comércio, afirmando que o presidente pode assinar em até 60 dias após a divulgação do texto. Depois disso, a rapidez com que o acordo avançará é desconhecida e pode ser influenciada por vários fatores, incluindo eleições de meio de mandato. Embora a consideração do Congresso seja possível durante sua sessão, após a metade do mandato, o cenário mais provável é uma votação na primavera de 2019.

O USMCA não é uma solução rápida para os produtores de leite prejudicados pelos baixos preços do leite. Mas parece ser um passo promissor na direção certa, já que a indústria trabalha em uma estratégia de longo prazo para aumentar as exportações, especialmente para o mercado número 1 dos Estados Unidos, o México. 

 

As tarifas retaliatórias do México e da China estão prejudicando os produtores americanos. Elas já custaram US$ 1,5 bilhão aos produtores de leite dos EUA, com perdas previstas para 2019 superiores a US$ 3 bilhões, de acordo com um recente estudo da Informa Agribusiness.

A China e outros países precisam de atenção. Espera-se que o acordo sobre o USMCA libere o governo Trump para dedicar mais tempo ao conserto das relações comerciais dos EUA com a China, que cobrou tarifas retaliatórias sobre exportações de lácteos dos EUA no valor de US$ 577 milhões no ano passado, e para buscar negociações bilaterais com mercados de alto potencial como o Japão e, pós-Brexit, o Reino Unido. (O artigo foi publicado no Hoard's Dairyman, traduzido e adaptado pela Equipe MilkPoint) 

Alta da produção do leite deve ser afetada por tabela de frete
Produção de leite - A tabela de frete conquistada pelos caminhoneiros, logo após a paralisação no mês de maio deste ano, reduziu a perspectiva de crescimento na produção de leite no Brasil em 2018, de 3,3% foi para 1,5% a 2%, de acordo com a Associação Brasileira de Laticínios (Vivos Lácteos). Em 2017, os dados mostram que a captação do leite teve um total estimado em 33 bilhões de litros. Segundo diretor executivo da associação, a paralisação causou prejuízos de R$ 1 bilhão, desde a falta de produtos para higienização dos maquinários como também a perda de leite que, infelizmente, não pode ser entregue aos laticínios. Só o estado do Rio Grande do Sul deixou de entregar 56 milhões de litros devido à estagnação. De acordo com o diretor, as empresas estão trabalhando com uma quantia mais reduzida e sem nenhum incentivo para qualquer investimento. Ele afirma que a indústria ficou desprovida de estoque, deixando o varejo com um volume de oferta mais reduzido. O que motivou isso foi a alta dos custos do leite pagos aos produtores, que, por sua vez, repassaram ao consumidor nas gôndolas dos supermercados. Segundo a associação, o frete aumentou três vezes, o que fica mais caro para o transporte de leite por trecho. Isso acontece por ser uma carga dedicada e que não permite o frete de retorno por inquisições sanitárias. O embate do tabelamento poderá alcançar 6% no preço final do produto ao consumidor. De acordo com os dados levantados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), no ano de 2017, houve uma variação entre preços mínimo e máximo cobrados pelo leite UHT, no varejo, de 31,4%. Portanto, nesse ano, a variação está em 55%. (Exame)

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