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03/08/2018

Porto Alegre, 03 de agosto de 2018                                              Ano 12 - N° 2.792

Empresas do agronegócio avaliam ter frota própria contra tabela do frete

O tabelamento do frete, adotado pelo governo para acabar com a paralisação dos caminhoneiros, elevou o custo do transporte de carga em todos os setores e já é considerado um elemento crítico no agronegócio. Para contornar esse choque de preços, produtores agropecuários de diferentes portes avaliam alugar ou até ampliar a frota de veículos de carga. "Com essa nova política de preços, as despesas com o transporte quase duplicaram.

As empresas estudam alugar veículos e até mesmo comprar caminhões como alternativa para reduzir o custo com o transporte", diz o presidente da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut), Luís Henrique Teixeira Baldez. Como o transporte é um custo básico, até a fixação de preços da próxima safra está atrasada porque os produtores aguardam uma definição do STF (Supremo Tribunal Federal) em relação à constitucionalidade do tabelamento.

Se for mantido, o analista sênior de agronegócio do Itaú BBA, Guilherme Bellotti, prevê a verticalização da operação de transporte, com produtores comprando caminhões. A Cargill, uma das maiores comercializadoras de grãos do mundo, com forte presença no Brasil, já considera contratar seus próprios motoristas para o transporte de grãos na próxima safra de soja. "Com o tabelamento, indústrias e exportadores terão de repensar a forma como irão operar no Brasil, pois se cria ruptura no funcionamento natural da cadeia de suprimentos e desequilibra contratos", diz o diretor de grãos e processamento da Cargill para América Latina, Paulo Sousa, em nota. O executivo considera ainda que as indústrias de processamento de produtos agrícolas e as empresas exportadoras serão obrigadas a mudar seu modelo de atuação. 
 
 

Em vez de comprar os grãos com a retirada nas fazendas ou nos armazéns no interior, serão forçadas a comprar somente com entrega nas fábricas e nos portos. "Pequenos produtores e produtores rurais da agricultura familiar serão forçados a se organizar em cooperativas de frete, com suas frotas próprias, ou perderão competitividade", diz o executivo. Há 30 dias, a cooperativa agrícola Coamo, uma das maiores do país, comprou 151 caminhões para renovar a frota e também aguarda o STF. "A compra de caminhões já estava programada para aumentar a frota e substituir veículos mais antigos, mas não descartamos a aquisição de mais unidades", afirma José Aroldo Galassini, presidente da Coamo. A cooperativa tem 780 unidades em frota própria, 450 caminhões dedicados com a garantia de frete de ida e volta durante o ano inteiro. No pico da colheita, contrata das transportadoras até 2.000 veículos por dia. A JBS, maior empresa do setor de carnes no mundo, já deu um primeiro passo. Tem frota particular e decidiu ampliar o número de veículos. Foram adquiridos 360 caminhões. "A decisão está amparada na estratégia de uma operação sustentável, que garanta a produção e oferta de produtos, reduzindo os impactos de custo causados pela aplicação do tabelamento do frete rodoviário", diz a empresa em nota. O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, conta que muitas empresas já não estão entregando os insumos nas fazendas e os próprios agricultores têm de buscar produtos para dar início ao plantio da próxima safra. A Ocepar é uma cooperativa que responde por cerca de 60% da produção agrícola do Paraná. Ela recebe os produtos, embala e faz a distribuição.

A maior parte do translado de mercadorias é feita por caminhoneiros terceirizados, mas Ricken estima que será preciso adquirir mais caminhões para depender menos dos terceirizados. Com o envio de 4 milhões de sacas de cafés por ano para o porto de Santos (SP), a cooperativa Cooxupé viu o preço do frete neste trajeto aumentar 37% desde que foi instituído o tabelamento. A cooperativa tem 14 mil produtores que entregam suas produções em 17 filiais. "Sem uma solução, vamos ter de partir para a frota própria e, para isso, precisaríamos de cerca de 50 veículos", diz o presidente da Cooxupé, Carlos Paulino. Uma eventual compra em bloco de caminhões pelo setor agrícola movimentaria os negócios das montadoras, que contabilizaram alta de 51,67% nas vendas no primeiro semestre Desconto de R$ 0,46 centavos no preços do diesel (valor corresponde à soma dos valores do PIS/Cofins e da Cide) Zanone Fraissat/Folhapress 03/08/2018 Empresas do agronegócio avaliam ter frota própria contra tabel

deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. Essa expansão não é reflexo da paralisação dos caminhoneiros, uma vez que o prazo entre a encomenda de um caminhão e a sua entrega é de até cinco meses. Esse movimento começou em outubro de 2017 durante a Fenatran (Salão Internacional do Transporte de Carga) e está baseado na expectativa de aumento do PIB (Produto Interno Bruto) e na renovação de frota. O vice-presidente de marketing da MercedesBenz do Brasil, Roberto Leoncini, explica que nos últimos dois meses verificou um movimento de pequenos produtores de milho e trigo adquirindo algumas unidades de caminhões. "Mas, de um modo geral, o que vemos é que o nível de consulta aumentou após a entrada em vigor do frete mínimo, mas não se refletiu em encomendas porque as empresas ainda aguardam a decisão do STF para definir sobre a frota própria", diz Leoncini. O presidente da MAN Latin America, Antonio Roberto Cortes, concorda que por enquanto

ainda não há reflexo do tabelamento na venda de caminhões. "As empresas estão fazendo contas para saber se é melhor ter frota própria ou terceirizada. Ainda é cedo para refletir em compras. Tudo vai depender da decisão do STF", diz Cortes. O presidente do Sindilat (Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul), Alexandre Guerra, afirma que o custo do frete para o setor de leite aumentou entre 20% e 100%, dependendo da região. "Dependemos exclusivamente do transporte rodoviário, e o que não conseguirmos negociar com essa elevação dos custos por causa do tabelamento será repassado ao consumidor e isso pode levar à inflação", avalia Guerra. No caso da soja, o presidente-executivo da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), André Nassar, estima que o produto deve ficar até 30% mais caro dependendo da rota e da época do ano. "O ideal seria acabar com o tabelamento, mas caso isso não ocorra é necessário que haja uma tabela mais compatível com o mercado", diz Nassar. O movimento das empresas de adotar frota própria não preocupa a categoria dos caminhoneiros, conforme afirma Wallace Landim, o Chorão, que liderou manifestações durante a paralisação. "É uma forma de pressionar e ameaçar, mas acho muito difícil isso se efetivar, porque é inviável para a empresa arcar com os altos custos da contratação de caminhoneiros pela CLT [Consolidação das Leis do Trabalho]", afirma Chorão. Para ele, o volume transportado é muito grande e mesmo que algumas empresas adquiram frota própria não será suficiente para atender à demanda. "Alguns vão comprar, mas será uma parcela pequena", diz. (Folha de São Paulo) 

 
 
 
Indústria gaúcha resgata perdas

O Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS), que mede o nível de atividade da indústria gaúcha, obteve em junho o maior avanço mensal da série histórica, iniciada em janeiro de 2003. Ao subir 11,9% em relação a maio, retirados os efeitos sazonais, o índice superou os patamares anteriores à greve dos caminhoneiros. Porém, o resultado, divulgado ontem pela Federação das Indústrias do RS (Fiergs), foi influenciado pelo episódio envolvendo os transportadores, ao incorporar a atividade represada do mês anterior ao nível normal de junho. "Passado o efeito imediato da paralisação, a tendência é de que a indústria retome a trajetória de recuperação no restante do ano. Mas agora a intensidade deve ser ainda menor do que a de antes", diz o presidente da entidade, Gilberto Porcello Petry. 

Ele explicou que a consequência do movimento foi a elevação do preço do frete e dos impostos, impondo ainda mais restrições à recuperação do setor. Dessa forma, o avanço da atividade industrial gaúcha em 2018, previsto inicialmente para próximo de 3%, deverá convergir para o ritmo do final do primeiro semestre, em torno de 2%. Na relação de junho com maio, quatro dos seis indicadores que compõem o IDI-RS tiveram expansão, com taxas históricas para faturamento real (33,8%) e compras industriais (28,2%), a maior e a segunda maior desde 2003. Já as horas trabalhadas na produção (1,2%) e a utilização da capacidade instalada - UCI (1,7 ponto percentual), que foi de 80,5% em junho, cresceram menos. O emprego ficou estável (0,1%), enquanto a massa salarial real caiu 1,1%. Na análise dos resultados anuais, o IDI cresceu 4,6% em junho ante igual mês de 2017, inferior à perda de 6,7% em maio. O reflexo foi forte desaceleração na expansão acumulada anual de 3,5%, até abril, para 1,9% no final do primeiro semestre de 2018, a primeira taxa positiva desde 2013 (4,5%) para o período. (Correio do Povo)

Índia mira projetos que desenvolvem a atividade leiteira

Na Índia, o Ministro da União para Agricultura e Bem-Estar dos Agricultores, Shri Radha Mohan Singh, anunciou o projeto Meghalaya Milk Mission que será realizado por meio da Corporação Nacional de Desenvolvimento Cooperativo (NCDC).

De acordo com Singh, o projeto tem por objetivo auxiliar a meta de dobrar a renda dos produtores até 2022 por meio da promoção da atividade leiteira. O ministro contou que o montante contará com um centro de refrigeração que será utilizado para vários treinamentos destinados a produtores de leite.  

Menos importações
A disponibilidade de leite per capita no Estado de Meghalaya, que faz fronteira com Bangladesh no nordeste da Índia, é muito menor do que a recomendação do Conselho Indiano de Pesquisa Médica (ICMR), que avalia o consumo ideal de leite por pessoa. Com o Milk Mission, será permitido ao estado substituir a importação de leite pela produção própria, de forma a possibilitar maior demanda do produto.

Segundo Shri, há cooperativas em apenas 97 aldeias, sendo que existem 6.449 no estado. Essa quantidade pode servir como potencial para a agricultura e setores relacionados. "As cooperativas podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento do setor de lácteos nos próximos quatro anos", afirmou.

Para coincidir com a Mission 2022 do governo indiano, o NCDC deu início à Mission Sahakar-22, na qual novas oportunidades de emprego serão geradas por meio de cooperativas. "A Sahakaar-22 está fortalecendo a condição econômica dos produtores, aumentando a renda e acelerando o ritmo de desenvolvimento no Estado de Meghalaya".

Aumento no setor de empregos
O governador de Meghalaya, Shri Ganga Prasad, disse que a Mission tem componentes essenciais que abrangem tanto a introdução de novas vacas quanto o desenvolvimento de gado nativo por criação seletiva. "A Mission cobrirá todos os aspectos do setor de lácteos, incluindo a compra de infraestrutura moderna de resfriamento", acrescentou Prasad. Ele afirmou também estar satisfeito que o governo do estado esteja considerando a criação de uma Agência de Desenvolvimento de Lácteos Meghalaya para levar adiante a Mission.

O vice-ministro-chefe, Shri Prestone Tynsong explicou que a Milk Mission ajudará a resolver o problema do desemprego no estado e facilitará o trabalho autônomo. (As informações são do Dairy Reporter, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint)

Menos custos, mais cuidados
O chefe da divisão de febre aftosa do Ministério da Agricultura, Diego Viali dos Santos, disse ontem que a retirada da vacinação contra a doença - prevista para ocorrer até 2022 no Brasil - deve reduzir custos para o pecuarista gaúcho, mas que isso deve ser revertido em uma maior atenção ao rebanho. Conforme Santos, os produtores do Rio Grande do Sul gastam mais de R$ 30 milhões por ano na aquisição das vacinas. Com a suspensão da vacinação, o pecuarista "precisa ficar de olhos mais abertos e notificar qualquer suspeita de sintoma", recomendou. Santos participa do Encontro Nacional de Epidemiologia Veterinária, que se encerra hoje, em Porto Alegre. (Correio do Povo)

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