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02/08/2018

Porto Alegre, 02 de agosto de 2018                                              Ano 12 - N° 2.791

O volátil mercado do leite, por marcos Antônio Zordan

Mercado do leite - O comportamento do mercado muda com rapidez, por conta de fatores climáticos, desempenho da economia, taxa de inflação, índice de desemprego etc. São muitas as variáveis imprevisíveis que criam embaraços para os produtores rurais e para os laticínios - atrapalhando o planejamento da produção. 

Neste ano, um fato totalmente imprevisível e de natureza política quase quebrou a espinha dorsal da economia nacional: a greve dos caminhoneiros. O governo não previa a dimensão do movimento e a sociedade não avaliava a extensão dos estragos. O fato é que a agricultura, a indústria, o comércio e os serviços foram duramente afetados. Milhares de empresas sucumbiram e muitas atividades econômicas ainda sentem os efeitos deletérios desse movimento grevista. O mercado do leite foi duramente afetado. Milhões de litros se perderam nas zonas de produção rural ou mesmo nas indústrias de processamento.

COM MENOS MATÉRIA-PRIMA NA INDÚSTRIA E MENOS OFERTA NO VAREJO, O CUSTO DE PRODUÇÃO SUBIU E O PREÇO FINAL TAMBÉM.

Na esfera nacional, o preço do leite recebido por produtores subiu em julho pelo sexto mês consecutivo e atingiu recorde real para o mês, de acordo com pesquisas do Cepea (*). O valor líquido recebido em julho, decorrente da captação de junho, registrou aumento de 14% em relação ao mês anterior. Esse robusto aumento foi consequência direta da paralisação dos caminhoneiros, ocorrida no final de maio. Logo após o encerramento do movimento, as indústrias de lácteos correram atrás da matéria-prima para a retomada da produção. Como havia pouca oferta e muita demanda, o preço do leite cru aumentou no mercado primário e no mercado spot. Dois fatores contribuíram com esse cenário de baixa captação em junho: a entressafra no Brasil Central e a situação das pastagens de inverno no sul.

No âmbito de Santa Catarina, essas condicionantes também estiveram presentes. Quinto produtor nacional, o Estado produz mais de 3 bilhões de litros ao ano. Atualmente, o Sul tem peso na produção de leite com volume expressivo, compensando a entressafra em Minas Gerais. O consumidor, entretanto, vergastado pelo desemprego e pela queda da renda familiar, não aderiu aos novos e elevados preços, tanto que, em julho, o movimento altista não se sustentou. Nesse momento, a queda dos preços demonstra que o mercado entra novamente em equilíbrio, com a normalização da produção à campo, a recomposição dos estoques nas unidades de processamento e as cotações em níveis adequados.

A instabilidade deve se manter em agosto porque os estoques estão repletos, a produção está subindo moderadamente e as vendas de queijo, leite em pó e leite longa vida registram leve redução. Ainda tem muito consumidor com estoque adquirido durante a greve, quando o temor do desabastecimento era forte, o que inibe agora o aumento das vendas no varejo.

Nessas condições de oferta normal e consumo contido, não há espaço para a indústria aumentar a remuneração dos produtores rurais. Na prática, Santa Catarina volta a viver o quadro reinante em 20 de maio, antes da eclosão do movimento dos transportadores. Nesse contexto, o produtor rural catarinense tem o desafio de administrar os seus custos e insumos, como energia elétrica, medicamento, instalações, rações, mão de obra, etc. ao tempo em que sofre a concorrência da importação de leite do Uruguai, um dos países mais competitivos em matéria de lácteos. Marcos Antônio Zordan é Diretor de Agropecuária da Cooperativa Central Aurora Alimentos. (Compre Rural)

Qualidade do leite é tema de Dia de Campo em Quevedos

Qualidade do leite/RS - Produtores de leite de Quevedos, na região Central, estão elevando o padrão de qualidade da produção entregue às cooperativas e empresas coletoras regionais, com ações que atendam às exigências sanitárias, desde os processos de ordenha, da saúde das vacas, e do transporte e armazenamento, beneficiando os consumidores, aumentando a rentabilidade do produtor e auxiliando para que ele ganhe mais espaço no mercado. 

O assunto foi debatido nesta quarta-feira (1º/08), durante um Dia de Campo sobre Produção Leiteira, promovido pela Emater/RS-Ascar na propriedade de José Luiz da Silva Oliveira, onde também será também realizada a reunião bimestral da Associação de Produtores de Leite de Quevedos (Aspelq).

Conforme o extensionista do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar de Quevedos, Ricardo Streb Marconato, o leite produzido com qualidade é cada vez mais valorizado pelo mercado consumidor. - O evento foi muito importante para os produtores de leite do município, pois os assuntos discutidos nas estações vêm ao encontro das temáticas debatidas nas reuniões anteriores da Aspelq. A situação da produção leiteira no município tem melhorado bastante, pois agora contamos com mais uma empresa coletora, a Coomat, além da cooperativa CCGL, e isso fez com que os nossos padrões de qualidade se elevassem bastante. Já falamos sobre isso nas reuniões, mas é importante ressaltarmos que, independente da cobrança das empresas, devemos sempre colocar um produto de qualidade da mesa das famílias -, assegurou o técnico. De acordo com Marconato, essa qualidade é garantida por uma gestão atenta das propriedades leiteiras no que diz respeito ao processo de produção, da saúde dos bovinos até à entrega final do produto.

A programação iniciou às 13h30, com quatro estações temáticas, sendo a primeira ministrada pela médica veterinária da Prefeitura de Quevedos, Tassiéli Senger, sobre a higiene da ordenha. Na segunda estação, foi apresentada por Ricardo Streb Marconato, com  o tema de piqueteamento de pastagens. A terceira estação contou com a apresentação do assistente técnico de Solos do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Santa Maria, Luiz Antônio Rocha Barcellos, que dissertou sobre solos. Pensando também no aproveitamento excedente do leite na propriedade, a extensionista social do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar de Quevedos, Leonor Trevisan, abordou o tema de segurança e soberania alimentar com apresentação e degustação de produtos derivados do leite. (Emater/RS)

WDS 2018 - Destaque para o Desenvolvimento Sustentável

WDS 2018/FIL - O maior evento do setor lácteo, o encontro IDF World Dairy Summit (WDS-2018) que será realizado em Daejeon, na Coreia do Sul, entre os dias 15 e 19 de outubro, tem a expectativa de atrair mais de mil delegados internacionais. 

O tema principal será, Dairy for the Next Generation, [Leite para a Próxima Geração]. O principal orador na abertura da Cúpula será o secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki Moon, que abordará os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU e O Desejável Papel dos Lácteos. O Secretário da Comissão do Codex Alimentarius, Tom Heilandt, fará uma palestra sobre a colaboração no desenvolvimento de padrões globais. Elisabeth Erlacher-Vindel, Chefe de Ciência e Novas Tecnologias da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) falará sobre o uso prudente de antimicrobianos. A palestra de Berhe G. Tekola, diretor de Produção e Saúde Animal da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, terá foco no papel dos produtos lácteos no mercado mundial de alimentos.

O Fórum Mundial dos Líderes do Setor Lácteo, que ocorrerá após a abertura, examinará a compreensão e a projeção futura da indústria de laticínios, levando em consideração tecnologias, mercados emergentes e a realidade asiática.

A presidente da International Dairy Federation-Federação Internacional dos Lácteos (IDF/FIL), Judith Bryans, durante o Fórum fará a apresentação da representante da indústria de laticínios coreana Maeil Dairy, Seon Hee Kim, e diretor executivo da chinesa Mengniu Dairy Company, Minfang Lu.  

"O WDS é um evento especial para ampliação do conhecimento científico dentro da comunidade de laticínios e apresenta aos participantes a oportunidade única de compartilhar ideias, aprendizados e melhores práticas com os parceiros globais e especialistas mundiais. Ao fazer isso a FIL/IDF ajuda a moldar pontos de vista sobre competitividade, padrões e fatores chaves que permitam o setor lácteo continuar produzindo lácteos seguros, nutritivos e sustentáveis. Tendo em vista a multiplicidade de mudanças enfrentadas em âmbitos políticos, social, tecnológico e ambiental, o Fórum da Cúpula Mundial dos Laticínios oferece uma rara oportunidade de reunir lideranças do setor lácteo com percepções individuais que permitem projetar o futuro da indústria, com seus desafios e oportunidades", disse Judith Bryans.

O encontro anual também verá o Diretor do Comitê de Coordenação de Programas Científicos, Jean-Marc Delort, presidir a sessão plenária sobre a próxima década. O Professor Emérito da Universidade de Seul, Kyung-soo Chun, fará palestra durante a plenária, sobre 'O Pensamento Sócio-Humanístico da Indústria de Laticínios'.

O segundo dia do encontro será iniciado com uma visão geral do relatório FIL Situação Mundial dos Lácteos 2018, de Jurgen Jansen, da organização holandesa Zuivel. Mingyu Yang, da Yili Dairy, compartilhará suas opiniões sobre a indústria de laticínios da China, enquanto Jim Mulhern da Federação Nacional dos Produtores de Leite dos Estados Unidos falará sobre as políticas comerciais agrícolas de seu país.

O segmento Oportunidades de Mercado em Regiões Emergentes terá abordagens regionais: Ásia, África e América do Sul. Nirajan Karade, Conselho Nacional de Desenvolvimento dos Lácteos da Índia; Ariel Londinsky da FEPALE, Uruguai; e Peter Ngaruiya da ESADA, Quênia; falarão sobre o setor lácteo de seus países e regiões.

A diretora Geral da IDF, Caroline Emond, que presidirá o Fórum de Especialistas Globais em Laticínios, partindo de questões atuais e conquistas, lembrou que Cúpula oferece uma excelente plataforma de trabalho em rede. "Os maiores especialistas do mundo em laticínios irão convergir para a Coreia do Sul para compartilhar conhecimentos e perspectivas sobre a cadeia de valor dos lácteos", disse Emond. "Fazer parte desta rede beneficiará a todos os envolvidos nesse setor dinâmico".

Mercado de Lácteos, Inovação; Segurança Alimentar; e Regulamentação; uso de Tecnologia de Comunicação e Informação para Agricultura Inteligente; bem como Nutrição e Saúde, serão tópicos na agenda dos cinco dias da Cúpula, incluindo visitas técnicas a indústrias de laticínios.  Mais informações: www.idfwds2018.com (FIL/IDF - Tradução livre: www.terraviva.com.br) 

Governo sanciona lei das cantinas escolares
O Diário Oficial do Estado publicou ontem a sanção do governo gaúcho à lei n° 15.216, que estimula a alimentação saudável; e proíbe a comercialização de produtos que colaborem para doenças como obesidade, diabetes e hipertensão em cantinas e similares instalados em escolas públicas e privadas do RS. A legislação já está em vigor, mas Luana Petrini, nutricionista responsável técnica da Secretaria Estadual da Educação, explica que "as cantinas e similares têm um período de três meses para se adaptarem. Depois, estarão sujeitas às penalidades previstas em lei". Os infratores, de acordo com as penalidades previstas na lei federal 6.437, de 20 de agosto de 1977, estão sujeitos a fechamento da empresa e multa, de até R$ 1,5 milhão. Luana ressalta que a medida tem o objetivo de favorecer a alimentação saudável, que já é oferecida na merenda escolar. Conforme a lei, fica proibida a comercialização, no ambiente das escolas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, das redes públicas e privadas, de itens como balas, pirulitos, biscoitos recheados; refrigerantes e sucos artificiais; alimentos industrializados cujo percentual de calorias provenientes de gordura saturada ultrapasse a 10% das calorias totais; alimentos preparados com gordura vegetal hidrogenada ou alto teor de sódio, entre outros. As cantinas também serão obrigadas a oferecer, pelo menos, duas variedades de frutas, inteira ou em pedaços, ou em forma de suco. (Correio do Povo)

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