Porto Alegre, 26 de agosto de 2025 Ano 19 - N° 4.466
Leite projetado a R$ 2,3712 para o mês de agosto no RS
O valor de referência projetado para o leite no mês de agosto no Rio Grande do Sul está em R$ 2,3712, 2,35% abaixo do estimado do mês de julho (R$ 2,4283). O dado foi divulgado na manhã desta terça-feira (26/8) durante reunião do Conseleite.
O colegiado também divulgou o valor consolidado de julho, que fechou em 2,4592, 1,21% acima do valor final de junho (R$ 2,4299). Segundo o coordenador do Conseleite, Darlan Palharini, os dados reproduzem o mercado dos primeiros 20 dias do mês de agosto e consideram informações fornecidas pelas indústrias. (Sindilat)
Sistemas circulares na produção de leite fecham ciclos de nutrientes e água, reduzindo impactos e fortalecendo a sustentabilidade. Saiba mais!Segundo o estudo “Perspectivas para Agropecuária 2025-2034” (OECD/FAO, 2025) a produção mundial de leite deverá crescer 1,8% ao ano na próxima década, mais rápido do que a maioria das outras commodities agrícolas. O crescimento da produtividade será alcançado por meio da otimização dos sistemas de produção, melhoria da saúde animal, maior eficiência alimentar e melhor genética. Há tendência crescente em direção a práticas sustentáveis, como as relacionadas ao uso da água e ao manejo de dejetos.A importância econômica, social e como fornecedora de proteína de qualidade da pecuária leiteira para a humanidade e para o Brasil é indiscutível, como demonstrado pelo índice de crescimento citado acima, mas os impactos ambientais negativos da atividade exigem repensar a relação desta com os sistemas naturais.
Repensar esta relação por significar migrarmos de sistemas lineares para circulares.
Economia linear: e aquela na qual os recursos finitos são extraídos para produzir produtos que são usados, geralmente, não em seu potencial máximo, conceito do “extrair-produzir-descartar” (Hamam et al., 2021). Van der Wiel et al. (2019) sistemas de produção animal são altamente lineares o que lhes confere elevada ineficiência no uso de insumos e recursos naturais.
Sistema produtivo circular: segundo Jurgilevich et al. (2016) um sistema produtivo circular utiliza práticas e tecnologias que minimizem a entrada de recursos finitos, incentivando o uso de recursos regenerativos, prevenindo a perda de recursos naturais (por exemplo, nitrogênio, fósforo e água) e estimulando a reutilização e a reciclagem das perdas inevitáveis.
A base científica da Economia Circular (EC) ainda está no seu início, mas é importante estabelecer a definição e os objetivos antes que uma estratégia de EC possa ser avaliada. Velasco-Munoz et al. (2021) definem a EC em sistemas agropecuários como o conjunto de atividades destinadas não apenas a garantir a sustentabilidade da agricultura por meio de práticas que buscam o uso eficiente e eficaz dos recursos, mas também garantir a regeneração e a biodiversidade dos agroecossistemas e nos ecossistemas circundantes.
O Brasil tem urgência em estabelecer o seu conjunto de políticas em economia circular. O Decreto nº 12.082, de 27 de junho de 2024 institui a Estratégia Nacional de Economia Circular. Considera-se economia circular o sistema de produção que mantém o fluxo circular de recursos, baseando-se nos princípios da não geração de resíduos, da circulação de produtos e materiais e da regeneração.
Muscat et al. (2021) destaca que a aplicação dos princípios de circularidade nas unidades de produção pecuária é uma forma de reduzir os impactos ambientais negativos da atividade. Van Hal et al. (2019) enfatizam que a produção leiteira é uma das mais promissoras na transição para um sistema circular. Stanchev et al. (2020) apontam que a pecuária leiteira tem todo potencial de circularidade, pois pode promover o fechamento dos ciclos de nutrientes e água na propriedade, mas destacam que ainda existem muitos desafios para alcançar esta circularidade.
No mundo há pouco estudos sobre a circularidade dos sistemas leiteiros e no Brasil estes são inexistentes.
Ewert (2025) identificou as dificuldades e barreiras para produtores europeus adotarem as práticas e tecnologias da economia circular. Dos entrevistados, 65% responderam que adotavam pelo menos um método de agricultura circular. A barreira mais significativa para a adoção é o alto custo inicial de implementação, seguido por conhecimento limitado e obstáculos regulatórios. Compostagem e produção de biogás foram as práticas mais amplamente adotadas, enquanto agricultura de precisão e reuso de água foram menos adotados.
A pecuária circular enfatiza a redução dos resíduos, a eficiência de uso dos recursos e sistemas de circuito fechado. Os principais componentes incluem:
Eficiência do uso de insumos, recursos naturais e energia: otimizar o uso das águas de serviço e irrigação, do solo e dos nutrientes por meio de abordagens de precisão, utilizar sistemas de circuito fechado e ter uma matriz híbrida de energia (biomassa, solar e eólica);
Redução dos resíduos: minimização do desperdício de insumos, implementação de práticas de precisão na utilização de fertilizantes e no arraçoamento dos animais;
Reuso dos resíduos: uso dos subprodutos (lodos, efluentes, compostos, digestato, etc.) de processos de tratamento (lagoas, biodigestores, compostagem, etc.) como material fertilizante;
Conservação dos recursos naturais: utilização de práticas de conservação do solo e das fontes de água superficiais e aproveitamento de água da chuva.
Os desafios ambientais presentes e futuros à produção de leite exige que migremos de sistemas lineares para circulares. Muitas práticas de circularidade já estão acontecendo nas propriedades brasileiras como o uso dos resíduos orgânicos como fertilizante e a geração de energia a partir destes resíduos.
Mas foi-se o tempo só de fazer!
Devemos planejar, documentar, monitorar e reavaliar todos os processos para primeiro: melhorar a gestão do sistema de produção sendo eficientes no uso de insumos e recursos naturais, reduzindo ao mínimo os passivos ambientais; segundo: mostrar para sociedade que prezamos por um sistema econômico aliado do meio ambiente, portanto, circular! (Milkpoint)
Leite de vaca continua essencial: ciência reforça benefícios à saúde
Consensos de especialistas mostram que o leite é seguro, nutritivo e deve fazer parte da alimentação em todas as fases da vida.
O leite sob os holofotes das redes sociais
Nos últimos anos, o leite de vaca tem sido alvo de debates intensos nas redes sociais. Influenciadores e modismos dietéticos frequentemente colocam os laticínios como vilões, sugerindo que seriam inflamatórios ou inadequados para adultos. Mas a ciência segue em outra direção. Um consenso publicado em 2024 pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e pela Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN) concluiu, com base em evidências sólidas, que o leite é um alimento adequado, seguro e funcional ao longo de toda a vida.
Um alimento humano por excelência
Diferente de outros mamíferos, os humanos desenvolveram variantes genéticas que permitem manter a produção de lactase, enzima que digere a lactose, após o desmame. Além disso, a microbiota intestinal evoluiu para ajudar na fermentação desse açúcar. Esse processo adaptativo explica por que o consumo de leite se consolidou como prática cultural e biológica.
Do ponto de vista nutricional, o leite se destaca: um copo de 200 mL contém em média 244 mg de cálcio e 6,4 g de proteína, cobrindo de 11% a 35% das necessidades diárias, dependendo da idade.
Proteínas do leite: qualidade nutricional máxima
As proteínas do leite — caseínas e proteínas do soro (whey) — possuem altíssimo valor biológico. Elas oferecem todos os aminoácidos essenciais em proporções ideais, superando a maioria das fontes vegetais.
Avaliações por métodos internacionais como PDCAAS e DIAAS atribuem às proteínas do leite nota máxima, comparável apenas à albumina do ovo. Além disso, estudos mostram efeitos funcionais notáveis, graças a peptídeos bioativos que exercem ações:
Anti-hipertensiva,
Antioxidante,
Anti-inflamatória,
Antimicrobiana,
Reguladora do apetite.
Componentes como a lactoferrina e a membrana do glóbulo de gordura do leite (MFGM) ampliam ainda mais o impacto positivo na saúde.
Cálcio: insubstituível na dieta
Embora vegetais como espinafre e couve contenham cálcio, nenhum alimento natural oferece a mesma combinação de quantidade, absorção e praticidade que o leite. Sua biodisponibilidade acima de 30% o torna a principal fonte dietética desse mineral.
O consumo regular de leite contribui para:
Prevenção de osteopenia, osteoporose e raquitismo,
Desenvolvimento ósseo na infância e adolescência,
Proteção contra hipertensão, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares na vida adulta,
Combate à sarcopenia em idosos.
Mito: leite provoca inflamações?
Um dos argumentos mais difundidos contra o leite é de que ele causaria processos inflamatórios. O consenso brasileiro desmente essa ideia. Pesquisas apontam que, em pessoas saudáveis, o consumo de leite está associado até mesmo à redução de marcadores inflamatórios, como proteína C reativa (PCR) e citocinas pró-inflamatórias.
A única exceção é a alergia à proteína do leite de vaca (APLV), uma condição clínica específica, distinta da intolerância à lactose. Nesses casos, a exclusão do leite é necessária.
Intolerância à lactose: soluções práticas
Outro mito é que o consumo frequente de leite aumentaria o risco de intolerância à lactose. Na verdade, ocorre o oposto: quanto mais leite se consome ao longo da vida, menor tende a ser a intolerância, devido à adaptação intestinal.
Mesmo indivíduos diagnosticados costumam tolerar até 12 g de lactose por dia, equivalente a um copo de leite. Para quem apresenta sintomas, existem alternativas seguras:
Leite sem lactose,
Uso de enzima lactase em cápsulas,
Consumo fracionado,
Combinação com fibras e gorduras.
O que deve ser evitado é a retirada indiscriminada de laticínios, que pode gerar deficiências nutricionais graves.
Leite UHT: seguro e nutritivo
Outra crítica comum é ao leite UHT (ultrapasteurizado). No entanto, estudos confirmam que o processo térmico não compromete proteínas, cálcio nem vitaminas. Pelo contrário, garante segurança microbiológica, elimina a necessidade de conservantes e amplia a acessibilidade ao alimento, mantendo preço competitivo e prazo de validade estendido.
Em todas as fases da vida
Segundo o consenso, o leite deve ser recomendado em todas as etapas: infância, adolescência, vida adulta, gestação e envelhecimento. Guias alimentares nacionais e internacionais indicam de duas a três porções de laticínios por dia, preferencialmente versões com baixo teor de gordura para adultos e integrais para crianças.
Além da densidade nutricional, o leite se destaca pelo custo-benefício, sendo uma das fontes mais acessíveis de proteína e cálcio em países onde a deficiência de minerais é um problema de saúde pública.
Conclusão: ciência contra os modismos
Apesar das polêmicas, a ciência brasileira e internacional é clara: o leite é seguro, nutritivo e essencial. Excluir o alimento da dieta sem orientação profissional representa risco nutricional e perda de benefícios importantes para a saúde.
A recomendação dos especialistas é simples: confie na ciência, não nos modismos. O leite continua sendo um dos pilares de uma alimentação equilibrada, acessível e funcional.
Adaptado para eDairyNews, com informações de Compre Rural e supervisão da Redação.
Jogo Rápido
Mapa publica regulamento para a premiação do Selo Agro Mais Integridade 25/26
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou o regulamento para a premiação do Selo Agro Mais Integridade, relativo ao biênio 2025/2026, por meio da Portaria nº 828. A iniciativa é destinada a empresas do agronegócio que, reconhecidamente, desenvolvam boas práticas de integridade, ética, responsabilidade social e sustentabilidade ambiental. A premiação é uma iniciativa promovida pelo Mapa, com o apoio de instituições parceiras, com o objetivo de estimular a implementação de programas de integridade e ética; conscientizar as empresas sobre seu relevante papel no enfrentamento de práticas concorrenciais desleais ou contrárias à integridade; reconhecer as práticas de integridade e ética implementadas pelas empresas do agronegócio no mercado nacional; e reduzir os riscos de ocorrência de fraudes e corrupção nas relações entre o setor público e o setor privado vinculado à prática do agronegócio. (Terra Viva)