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Consciente da importância de fortalecer as exportações como ferramenta de estabilização do mercado, a Aliança Láctea Sul Brasileira trabalhará pela capacitação das empresas para o comércio exterior.  O coordenador da Aliança Láctea e presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Alexandre Guerra, acredita que aproveitar as oportunidades que existem no mercado internacional é vital para enfrentar a crise econômica durante e após a Covid-19. “O Brasil ainda é importador de leite, mas não nos resta outra opção senão estar no mercado externo. Mas, para podermos exportar e acompanhar as missões internacionais, temos que estar preparados”, disse durante reunião realizada na manhã desta sexta-feira (17/07) e que contou com dezenas de dirigentes.

Aparelhar as empresas brasileiras para essa nova realidade e encontrar oportunidades é a meta da Apex Brasil. Presente no encontro, o presidente da Apex, Sergio Segovia, lembrou que o Brasil é o quarto maior produtor de lácteo do mundo e que o setor está entre os prioritários para estímulo à exportação ao lado de cafés, frutas, cachaças e mel. “A Apex quer contribuir para modernizar processos produtivos e fomentar exportações, o que pode ocorrer por meio de convênios setoriais ou novas soluções”, sugeriu. Em 2019, a agência esteve ao lado de empresas que movimentaram US$ 22 bilhões em exportações só no ramo de alimentos, bebidas e agronegócio.

Atualmente, o incentivo ao embarque de lácteos vem sendo feito por meio de dois programas da Apex desenvolvidos em parceria com a CNA (Agro BR - Brazil is Food) e Viva Lácteos (GooDairy Brazil). O foco, explica o presidente, é a valorização de produtos típicos brasileiros, suas marcas e conceitos. Só no programa desenvolvido com a CNA, a meta é atender 140 empresas até o fim de 2020.

Outra ação em curso é o Programa de Qualificação para Exportação (Peiex), projeto de avaliação, diagnóstico e plano de trabalho voltado à exportação que está sendo adaptado para atender às demandas do agronegócio. Em andamento, um projeto piloto do Peiex Agro tem foco no setor lácteo e atuação prevista em Varginha (MG) e Passo Fundo (RS). A previsão é que o treinamento ocorra em agosto deste ano. “Qualificação é essencial para exportar e inovar para implementar soluções que garantam participação planejada e segura”, pontuou Segovia, lembrando que o setor cooperativista é alvo de grande interesse internacional.

O gerente de agronegócio da Apex, Igor Brandão, indicou que a demanda por alimentos em âmbito mundial deve crescer 60% até 2050, puxada pelo crescimento populacional. Os setores mais favorecidos, segundo estudo da FAO, devem ser o de proteína animal, de frutas e de vegetais. “O mercado global está em transformação. Verificamos tendência de aumento da renda per capital na Ásia e na África. A população será mais urbana e gastará mais com alimentos”, projetou, ressaltando que a população mundial deve chegar a 11 bilhões de pessoas em 2100. Apesar disso, os itens ficarão mais baratos, o que eleva a necessidade de as empresas do agro tornarem-se mais competitivas. Entre as tendências, indicou um aumento do e-commerce na aproximação entre consumidores e produtores. Antes da pandemia, informou ele, 20% das transações eram feitas pelo e-commerce. Com a crise, esse índice chegou próximo a 60% e deve se estabilizar em 40% após a pandemia.

Para conquistar novos clientes, o presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, deputado federal Alceu Moreira, desafiou o setor a estar mais presente em eventos internacionais e a criar uma agência própria de fomento, similar às existentes no setor de carnes bovina, suína e de aves. “Não podemos mais ter feiras internacionais sem a presença do setor lácteo brasileiro”, pediu o parlamentar. Entre os mercados em prospecção para o segmento está a Rússia, um dos maiores compradores mundiais de lácteos. Contudo, indica a superintendente de Relações Internacionais da CNA, Ligia Dutra, as maiores potencialidades da Ásia são China e Filipinas. Na América, a especialista indica Chile e Peru.

Para as empresas que tiverem interesse em negociar com a China, Ligia recomenda que  registrem suas marcas naquele mercado tendo em vista que há um problema recorrente de sobreposição. Outra dica é dar início logo ao processo de habilitação para exportação tendo em vista que, hoje, o processo é mais simples para o setor de lácteos do que para outros ramos. “A tendência é que esse processo fique mais exigente. Então, recomenda-se que as empresas pensem em começar a preparar sua habilitação”. Para participar do projeto Agro BR, basta realizar inscrição pelo site da CNA de forma gratuita.

Com escritório localizado na China, a CNA também planeja dar início a estudo especial de prospecção para o setor lácteo no país oriental, ação que também será realizada em conjunto com a Apex.

Reforma Tributária

Durante a reunião da Aliança Láctea, ainda foi tratado sobre a iminente Reforma Tributária em curso no âmbito federal e nos estados. Alexandre Guerra informou que está sendo criado grupo de trabalho para compreender a fundo as mudanças propostas e promover debate com o setor. “Defendemos a simplificação e harmonia tributária de forma a se evitar passivo e criar competitividade. Não há como ter duas pessoas produzindo e dez calculando a parte tributária”, exemplificou. Questionado sobre o impacto desse cenário no campo, o deputado Alceu Moreira foi enfático: “A Reforma Tributária não agradará todo mundo. Mas não iremos fazer injustiça com o leite”.

A necessidade de encontrar formas de elevar a competitividade do setor também foi alvo da fala do presidente da Câmara Setorial do Leite em Brasília, Ronei Volpi. Antes da chegada da Covid-19, a ideia era trabalhar com um plano de competitividade para o setor lácteo com atividades internas e externas e preço. Com a pandemia, tivemos um certo atraso, mas essa é nossa prioridade”.

Representando o secretário da Agricultura do RS, Covatti Filho, o diretor de Políticas Agrícolas e Desenvolvimento Rural, Ivan Saraiva Bonetti, garantiu que o governo do estado trabalha para reduzir assimetrias. “Hoje, 60% da produção de leite do Rio Grande do Sul é comercializada em outros estados. Temos que avaliar as oportunidades de os estados da Aliança Láctea fortalecerem seus produtos e abrir mercados no exterior”.

Brucelose e Tuberculose

Também foram tratadas questões sanitárias e de gestão integrada na Região Sul do Brasil. Na próxima reunião da Aliança Láctea, prevista para 6 de novembro, deve ser apresentado protocolo conjunto de alinhamento para o enfrentamento da brucelose e da tuberculose para Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná  e buscar apoio junto ao Ministério da Agricultura como plano piloto de área livre ou controlada dessas zoonoses.

A Aliança Láctea Sul Brasileira promove nesta sexta-feira (17/7), reunião virtual com seus integrantes para tratar de temas ligados à cadeia produtiva, com foco na pandemia e seus reflexos no mercado interno, nas exportações para os mercados da América do Sul e Ásia e na unificação do controle e saneamento de doenças de zoonoses entre os três estados do Sul. O encontro será remoto, atendendo às determinações das autoridades de saúde, e acontece das 9h às 12h30min.

A reunião, a primeira a ser realizada após o início da Covid-19, tratará justamente dos relatos dos protocolos que vem sendo adotados pelo setor lácteo para manter a produção e a qualidade dos produtos aos consumidores, além do intenso trabalho desenvolvido pelas indústrias no que se refere à proteção dos trabalhadores, produtores rurais e demais pessoas envolvidas direta ou indiretamente com os estabelecimentos. “O momento agora também é dar continuidade no planejamento do setor, e isso necessariamente passa pelas exportações, o que exige competitividade e alinhamento com questões sanitárias, pontuou o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat) e coordenador da Aliança Láctea, Alexandre Guerra.

Segundo Guerra, após o primeiro momento de esforços junto às indústrias para manter a produção, a qualidade e o fornecimento de alimentos e ao mesmo tempo garantir a proteção dos trabalhadores, agora é a hora de voltar a planejar o futuro da cadeia láctea. “O auxílio emergencial do governo garantiu o consumo das famílias na medida em que assegurou renda no momento de dificuldades. Isso manteve o ritmo de consumo dos produtos lácteos no mercado interno, com exceção da linha food service. Mas temos que pensar como será esse mercado daqui para a frente sem esse auxílio”, afirmou Guerra, destacando a necessidade de se buscar oportunidades comerciais no mercado externo.

A Aliança Láctea Sul Brasileira reúne representantes das secretarias de Agricultura dos estados da Região Sul, além de representantes do Sindilat-RS, Sindileite de Santa Catarina e do Paraná e Federações da agricultura dos três estados. Para a reunião desta sexta-feira já confirmaram presença nomes como a superintendente do Ministério da Agricultura no RS, Helena Rugeri, o presidente da Apex-Brasil, Sérgio Segóvia Barbosa, o diretor de Políticas Agrícolas e Desenvolvimento Rural da Secretaria da Agricultura do RS, Ivan Saraiva Bonetti, e a superintendente de Relações Internacionais da CNA, Lígia Dutra. Outras entidades do agronegócio também participarão, como Farsul e Fetag, Emater, Câmara Setorial do Leite do Ministério da Agricultura e o deputado Alceu Moreira, que preside a Frente Parlamentar do Agronegócio da Câmara Federal.

Reunião remota da Aliança Láctea Sul Brasileira
Quando: dia 17/07 sexta-feira
Horário: 9h às 12h30

A constatação de que os processos no setor industrial nunca mais serão os mesmos neste momento, e especialmente no pós-pandemia, vem suscitando debates sobre quais são os caminhos que precisam ser adotados para garantir excelência de uma ponta a outra da cadeia, independentemente da área de negócio. Buscando reunir diferentes elos da produção gaúcha, a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav)/ Sipargs promoveu, na manhã de terça-feira (14/7), o VIII Fórum Virtual Edição Especial: Soluções, Suportes e Alternativas para o enfrentamento à Covid-19 na Indústria de Alimentos. A mediação do debate foi feita pela engenheira de Segurança do Trabalho da Cooperativa Languiru e integrante da Comissão SST – Segurança em Medicina do Trabalho da Asgav/Sipargs, Diane Sordi.

O ponto central do debate foi feito pela engenheira agrônoma diretora da Plantarum Desenvolvimento e Tecnologia, empresa que atua na prestação de serviços de análises de alta complexidade e controle de qualidade nos setores de produção vegetal, microbiologia e fármacos. De acordo com Andrea Brondani da Rocha, a certificação de processos nas indústrias se tornou imprescindível para manter o diferencial dentro de uma empresa e conquistar competitividade nos mercados em que atua.

Segundo ela, a melhoria contínua da eficácia e da qualidade – do ponto de vista agora epidemiológico – deve ganhar em breve um novo aliado: um consórcio organizado pelo senador Luis Carlos Heinze produziu protocolo clínico já aprovado pelo Ministério da Saúde – que está sendo executado pela área epidemiológica da Santa Casa de Misericórdia de Porto alegre. Com base nesse protocolo, serão implantados processos junto a trabalhadores de indústrias que atuam em linhas de maior exposição ao coronavírus. “Será a possibilidade de um acompanhamento mais efetivo, via diagnóstico PCR. Com isso, os impedimentos que ocorreram mais significativamente em indústrias frigoríficas poderão ser solucionados inclusive do ponto de vista jurídico”, afirmou Andrea.

O secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan Palharini, reforçou a importância de iniciativas que contemplem a indústria de alimentos brasileira neste momento de dificuldades sanitárias. Segundo ele, além de protocolos, o segmento precisa da certificação para seguir atuando em todas as frentes e mercados. “Os lácteos têm maior concentração no mercado interno e, para o nosso setor, que visa ampliar as exportações, a adoção de critérios que vão do produtor à indústria são essenciais para essa conquista”, pontuou. O presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, também acompanhou o debate.

O presidente da Assembleia Legislativa, Ernani Polo, parabenizou a iniciativa da Asgav/Sipargs, no sentindo de promover amplos debates que alinham decisões sobre a melhor atuação hoje e no pós-pandemia. “Especialmente no que se refere à proteína animal, onde surgiram eventos pontuais, é importante a proteção de trabalhadores e processos”, disse. O chefe do Legislativo afirmou ainda que é necessário que sejam respeitadas as orientações para que todo o esforço de uma cadeia seja reconhecido. Polo reforçou também aos representantes das entidades presentes, que nos próximos dias deverão ser chamados pelo governador Eduardo Leite para serem apresentados aos pontos da Reforma Tributária gaúcha, apresentada pelo governo na terça-feira.

O diretor-executivo da Asgav/Sipargs, José Eduardo dos Santos, confirmou que o setor da alimentação vem atuando com responsabilidade para evitar o crescimento do número de casos de Covid-19 nos estabelecimentos. Somente nos frigoríficos avícolas foram investidos R$ 28 milhões em apenas três meses. “Estamos dedicando todos os esforços para combater a pandemia em nossas indústrias, e certamente, os reflexos destes investimentos evitaram uma maior propagação do vírus e propiciaram maior segurança dentro dos estabelecimentos industriais”, pontuou. O aporte nesse período incluiu contratação de consultorias, validação de protocolos, compra de insumos diversos e EPI’s.

A terceira reunião da Câmara Temática do Mercosul e Comércio Exterior, instituída em 2019 pelo governo do Rio Grande do Sul, reuniu na manhã desta terça-feira (14/7) representantes de diversas entidades gaúchas para ouvir o relato do diretor-superintendente da Portos RS, Fernando Estima, sobre o cenário logístico do Estado e seus gargalos.

Conectar a logística e ampliar o diálogo com o mercado, especialmente com o agronegócio, é visto pelo dirigente como o ponto de partida para sanar as dificuldades impostas ao segmento no Estado. Uma das grandes polêmicas é o debate sobre a desestatização da infraestrutura gaúcha, algo que para Estima não se sustenta pelos números e pelo desempenho dos terminais portuários do RS – o porto de Porto Alegre, o porto de Pelotas e o porto de Rio Grande. Juntas, as três instalações exportaram 16,3 milhões de toneladas de janeiro a maio deste ano, um incremento de 4,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Isso, segundo ele, prova a eficiência da logística mesmo em meio a uma crise sem precedentes.

De acordo com Estima, aos portos públicos gaúchos somam-se ainda cinco terminais arrendados e outros 17 terminais privados que formam a malha de exportação do Estado. Com um olho crítico para as privatizações, o superintendente da Portos RS salientou que o Estado precisa enxugar a máquina, mas lembrou que a estrutura portuária gaúcha já é bastante desestatizada. “É preciso muita seriedade na pauta de concessões para ter bons resultados. Rodovias e ferrovias são exemplos que tiveram melhorias, mas que saíram muito caras para todos. O que precisamos é melhorar o que já temos com o apoio público, qualificar hidrovias, ferrovias e portos”, salientou. Segundo ele, os resultados obtidos até maio só confirmam que os complexos e instalações logísticas atuais colocam o RS em posição de destaque no Mercosul.

O diretor superintendente da CCGL, Guillermo Dawson Júnior, lembrou do investimento anunciado no ano passado em sua unidade portuária de Rio Grande, o Termasa, onde a capacidade de escoamento de produtos agrícolas da CCGL será quadruplicada. Atualmente, o chamado fluxo de expedição é de 1,5 mil toneladas por hora e saltará para 6 mil toneladas por hora. “O sistema cooperativo há anos queria colocar em prática essa ampliação, mas a lei portuária por muitas vezes trancou esse projeto”, frisou.

A live sobre o sistema logístico gaúcho foi acompanhada por diversos dirigentes de entidades do setor de agronegócio, entre eles o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), Alexandre Guerra, e o 2º vice-presidente do Sindicato, Caio Vianna, além de representantes de federações como Farsul, Famurs, Fetag, Fecoagro, Afubra, Aprosoja, Cesa, Ageflor e bancos como Banrisul, Banco do Brasil e BRDE.

A 58ª reunião da Câmara Setorial do Leite, primeira após a pandemia de coronavírus ter se instalado no Brasil, debateu os efeitos da Covid-19 na cadeia produtiva leiteira. O Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat) participou do encontro, representado pelo presidente Alexandre Guerra. A reunião ocorreu no dia 7 de julho, de forma virtual.

Mesmo não tendo se reunido desde o início da pandemia, a Câmara já havia criado comitês emergenciais no combate aos efeitos da crise. Uma das demandas apresentadas na ocasião foi que as reuniões fossem realizadas com maior periodicidade e, nesse meio tempo, que fossem abordadas as pautas trabalhadas pelo setor, como a cobrança por agilidade por parte do Ministério da Economia sobre a devolução dos recursos financeiros do PIS/Cofins para os laticínios.

Segundo o presidente da Câmara, Ronei Volpi, a principal motivação da realização da reunião foi deixar as 25 instituições que integram a Câmara niveladas por meio de informações sobre o que vem sendo feito no setor leiteiro. "A conclusão é que nós somos uma das cadeias produtivas que sofreram menos impactos. Não interrompemos a coleta de leite nem a industrialização", afirma.

Outra pauta discutida na reunião foi a plataforma que está sendo testada como projeto-piloto pelo Ministério da Agricultura (Mapa) em parceria com seis laticínios, para que os dados SIG/SIF sejam importados e inseridos automaticamente no sistema do Mapa. Sem essa tecnologia, as empresas têm de inserir diariamente os dados no sistema da própria empresa e no sistema do Mapa, o que causa retrabalho.

O Governo do Estado do Rio Grande do Sul decidiu prorrogar, até o dia 30 de setembro, a obrigatoriedade da emissão de Nota Fiscal do Produtor nas saídas de leite destinadas à indústria de laticínios. A medida, publicada no Diário Oficial do Rio Grande do Sul (DOE) nesta sexta-feira (10/7), tem efeitos desde o dia 1º de julho, data em que voltaria a exigência. Considerada uma vitória pelos representantes das indústrias e entidades representativas do setor, a decisão foi tomada de forma a minimizar os efeitos da crise ocasionada pela Covid-19 na produção de leite e auxiliando no distanciamento social, no fluxo de pessoas entre as propriedades rurais e as fábricas. O Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), que já pleiteava a prorrogação, entende que a medida abre espaço para o debate sobre o tema, mas acredita que ela deveria se estender até a normalização do trânsito de pessoas no Estado. “O ideal é que a medida seguisse suspensa até o fim dos efeitos da pandemia”, solicitou o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra.

Confira o decreto clicando aqui. 

A empresa de laticínios Kiformaggio, de Nonoai (RS), é a nova associada do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS). Fundado em 1992, o grupo, que fica há cerca de 416 quilômetros de Porto Alegre, possui filial em Carlos Barbosa, na Serra. Focada na produção de queijos cobocó, parmesão, tropical, colonial e queijos ralados, a Kiformaggio também atende mais de 30 marcas próprias, em parceria com outras empresas e indústrias.

Representada pelo diretor Humberto Döering Brustolin, com 24 anos de casa, a empresa passa por constante crescimento, após expansão da fábrica. “A Kiformaggio ampliou o atendimento para além da região Sul do Brasil, levando a marca ao Sudeste e Centro-oeste. Além disso, a empresa também possui queijos premiados entre os melhores do Rio Grande do Sul e hoje é conceituada como uma marca de renome nacional”, afirma Brustolin.
Com a pandemia de Covid-19, Brustolin destaca que o momento foi de adaptação às novas necessidades. “Foi feito um trabalho de conscientização com os colaboradores. Hoje a empresa possui uma série de protocolos que reforçam a segurança nas indústrias. Também vem se preparando para atuar com vendas on-line e buscando novos nichos de mercado”, pontua.

Foto: Rodrigo Reis da Silva

Os cuidados que o produtor de leite precisa ter na propriedade para afastar a possibilidade de contaminação por coronavírus foram tema de live promovida na manhã desta segunda-feira (29/6) pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Reunindo um time de especialistas da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Seapdr) e da Embrapa, o debate remoto elencou dicas importantes que o produtor deve adotar – ou redobrar – para que a doença não chegue aos proprietários e colaboradores das propriedades rurais e, assim, não comprometa a produção e os resultados financeiros.

O Webinar 'Covid-19: o que o produtor precisa saber' deu um foco importante na biosseguridade na cadeia da bovinocultura de leite na rotina do transporte – uma das mais sensíveis do processo, uma vez que o caminhão de coleta passa por diversas propriedades. De acordo com Rogério Dereti, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, diante do cenário é essencial que o produtor adote mudanças de hábitos, reforçando que a atividade leiteira em si, já exige uma série de regras e boas práticas de produção que contemplam parte das recomendações das autoridades de saúde. “Não é algo fácil de se fazer no cotidiano e, no caso dos transportadores, que mantêm diversos contatos ao longo do dia, é recomendável que mantenha a distância de dois metros dos indivíduos que atuam na propriedade, bem como faça uso sempre do álcool em gel 70%", afirma Dereti.

Guilherme Nunes de Souza, também pesquisador da Embrapa Gado de Leite, lembra que o momento de coleta do leite do resfriador também merece atenção especial. “O ideal é o que o próprio transportador encaixe a mangueira no equipamento e, após isso, faça a higiene do registro com álcool”, explica Nunes. Segundo ele, os produtores ainda devem manter a tampa do registro no local adequado, uma vez que isso ajuda na manutenção da qualidade e assepsia de todo o processo. Em outra frente da rotina da propriedade, Dereti sugere que as tarefas na fazenda sejam bem divididas para evitar que diferentes pessoas tenham contato com equipamentos e superfícies – ação que facilita a contaminação pela Covid-19. “Na sala de ordenha, por exemplo, em uma propriedade com quatro conjuntos de ordenha, não é preciso mais de uma pessoa para fazer o serviço. Essa é a proporção ideal neste momento de cuidados extremos”, afirmou Dereti.

Na rotina que não depende de fatores externos, as famílias devem restringir o acesso/visitas de pessoas que não sejam fundamentais para dar andamento à atividade leiteira. No caso da entrega de insumos feita por pessoas de fora, sempre manter a distância recomendada de dois metros e, depois, higienizar as superfícies que tenham sido tocadas pelo visitante. Em outros casos de pessoas da família do produtor que mantenha atividades fora da fazenda, é altamente recomendável manter o distanciamento, além da rotina que se faz necessária a todos nos dias atuais: troca de roupas e assepsia total quando chegar em casa.

A pesquisadora da Secretaria da Agricultura do Estado Laura Lopes de Almeida reforçou a importância dessas medidas preventivas dentro da propriedade, uma vez que 80% das pessoas contaminadas por coronavírus são assintomáticas, ou seja, não apresentam sintomas. Isso significa que os sintomas físicos não podem ser unicamente considerados na hora de manter proximidade com as pessoas. “Dois metros é a distância ideal, além do uso permanente de máscaras quando em contato com pessoas de fora, higiene das mãos e das superfícies regularmente são as armas que temos para enfrentar esta guerra”, pontuou Laura, coautora de um guia organizado pela Embrapa Clima Temperado, que traz orientações aos produtores de leite e como tomar medidas de precaução para evitar a contaminação pelo novo coronavírus.

Os planos sociais criados para fazer frente à pandemia do coronavírus no Brasil – que somam mais de R$ 200 bilhões incluindo auxílio emergencial, liberação de FGTS e antecipação do 13° salário - foram fundamentais para manter o consumo de produtos lácteos no Brasil nos últimos meses. Em live Roda de Conversa – Mercado do Leite - promovida na manhã desta sexta-feira (26) por Emater-RS e Secretaria da Agricultura do Estado, o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS), Alexandre Guerra, pontuou que os recursos injetados na economia contribuíram para reduzir o impacto da crise sobre o setor – uma vez que as famílias priorizaram a compra de alimentos neste período. “Em meio às incertezas, dependemos dos planos sociais para também contribuir no giro da economia interna, o que inclui a manutenção do consumo de lácteos pelas famílias”, pontuou Guerra. Segundo ele, o segmento também foi ancorado no momento de crise pelo fator câmbio sobre a parcela da produção que é importada - essencialmente o leite em pó.

Como representante da indústria, Guerra destacou que uma das linhas mais afetadas pela crise foi a de food service, voltada a um grande mercado que atende hotéis, restaurantes, lancherias e o setor de eventos em geral. “Com o fechamento desses estabelecimentos e os cancelamentos de todos os eventos, essa linha simplesmente parou”, afirmou o presidente do Sindilat. No entanto, o isolamento das famílias e a impossibilidade de se investir em outras ações – viagens ao exterior por exemplo – levaram muitos brasileiros a direcionarem seus recursos para a qualidade de vida dentro de casa. “O setor lácteo neste mês de junho já sentiu esse impacto positivo das famílias apostando em novas receitas, pois houve um aumento das vendas de itens diferenciados da cadeia láctea, como manteigas, cremes de leite, leite em pó e queijos, equilibrando assim a perda da comercialização no food service”, constata Guerra.

Apesar do aumento do consumo em algumas linhas, desde março o mercado se mantém bastante volátil em relação a preços, oferta, estoque e demanda – acompanhando o movimento de consumo que em um primeiro momento da pandemia cresceu exponencialmente para depois oscilar. “As incertezas prevalecem no setor e o que vemos é um mercado sem saber como proceder diante do cenário”, destacou. Para Guerra, a fragilidade do momento exige ações de equilíbrio para acompanhar a evolução do mercado. “Isso passa pela lição de casa, fazendo a gestão da atividade e buscando a equação, como produzir mais com menos”, afirma Guerra. Outras iniciativas importantes partem do governo, com a promoção de uma reforma que simplifique e unifique o sistema tributário nacional, e do próprio setor, com redução de despesas, diversificação de linhas e inserção no e-commerce, que nos últimos meses vem se mostrando importante ferramenta de comercialização para todos os segmentos da economia.

Jaime Ries, assistente técnico estadual em Bovinocultura de Leite da Emater-RS, falou sobre os desafios do setor produtivo diante do cenário que inclui balança comercial deficitária, redução drástica do número de produtores na atividade (especialmente os menos tecnificados) e queda no consumo. De acordo ele, no período que compreende 2009-2018, o déficit da balança do setor equivaleu a 2,8% do volume total de leite. “São cerca de 900 bilhões de litros/ano daquilo que é consumido no país”, afirma Ries. No mesmo período analisado, em todos os anos o Brasil foi deficitário no comércio exterior , sempre importando mais que exportando. “A exceção foi em 2008, quando a curva se inverteu, mas logo depois voltamos à realidade de importador”, pontuou o técnico. Segundo ele, em média, o Brasil exporta apenas 1% daquilo que produz e importa 3,50%. Para Guerra, apesar de tudo o setor segue trabalhando, captando todo o leite das propriedades e industrializando para fazer chegar nas casas dos consumidores um produto tão essencial para saúde das pessoas.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Seapdr) promovem, no dia 29 de junho, live sobre os cuidados e prevenções para Covid-19 dentro das propriedades rurais. O evento, que surgiu da necessidade de discutir biosseguridade na cadeia leiteira, apresentará um guia informativo intitulado de “Covid-19 - O que o produtor de leite precisa saber?”. O debate também vai abordar as rotinas de higienização que os transportadores de leite precisam manter durante as coletas. A transmissão será gratuita e ao vivo, às 10h, pelo canal no Youtube da Embrapa

Segundo a palestrante Laura Lopes de Almeida, médica veterinária e virologista no laboratório do Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), da Secretaria de Agricultura, as discussões sobre biosseguridade vêm crescendo na rotina dos produtores de leite. Para ela, o coronavírus é uma doença do estilo de vida moderno, que irá modificar para sempre algumas rotinas de higienização dentro e fora dos grandes centros urbanos. “Agora, estamos precisando mudar de forma emergencial, mas algumas transformações precisam ficar para sempre, e a biosseguridade é uma delas. Esses conceitos que os produtores e indústrias têm de higienização são desafios que precisamos inserir também dentro da nossa vida urbana. Higienização e segurança do pasto ao prato”, explica.

Para a médica veterinária da Embrapa Clima Temperado Lígia Pegoraro, uma das grandes lições que a Covid-19 trouxe foi a necessidade da saúde única: o homem, os animais e a propriedade. A técnica ainda afirma que biosseguridade interna e externa precisam andar de forma transversal. “O transportador de leite, os veterinários, as pessoas que vendem insumos, os produtores rurais e as indústrias devem estar juntos. É uma corrente e se algum elo quebrar põe em risco todo o sistema”, destaca.

O secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat-RS), Darlan Palharini, reforça que eventos como esses vêm ao encontro da dedicação das indústrias em manter os processos de higienização alinhados aos produtores rurais. “As indústrias de laticínios, assim como outras empresas que também trabalham com alimentos, sempre estiveram atentas às seguranças necessárias para entregar qualidade aos consumidores. Durante a pandemia, essa preocupação triplicou e as mudanças seguirão na rotina na cadeia leiteira”, enfatiza.

Também participam do evento os médicos veterinários da Embrapa Gado de Leite Guilherme Nunes de Souza e Rogério Derreti, e a médica veterinária da Embrapa Suínos e Aves Clarissa Vaz.