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08/02/2024

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 08 de fevereiro de 2024                                                   Ano 18 - N° 4.082


Balança comercial de lácteos: 2024 inicia com importações em patamar ainda alto

O primeiro mês de 2024 encerrou e a balança comercial de lácteos seguiu demonstrando um alto patamar para as importações, mantendo assim o saldo da balança em nível bastante negativo. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo registrado no mês de janeiro chegou a -199 milhões de litros em equivalente-leite. Apesar da recuperação mensal de 15 milhões em relação a dezembro de 2023, o saldo ainda se manteve próximo aos -200 milhões de litros, conforme pode ser observado no gráfico 1.

Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos – equivalente leite.

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

Sobre as exportações, o volume total exportado continuou avançando, encerrando o mês de janeiro com uma alta de 39,5% em relação ao mês anterior. No total, foram exportados 7,84 milhões de litros em equivalente-leite, ficando 47% acima do resultado obtido em janeiro de 2023, como mostra o gráfico 2.

Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

As importações passaram por um recuo mensal em janeiro, de aproximadamente 6%. No entanto, o volume total importado se manteve em um patamar bastante alto, com 206,5 milhões de litros em equivalente-leite importados em janeiro, representando uma alta de 36% em relação ao resultado obtido em janeiro de 2023, como pode ser observado no gráfico 3.

Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

Dentre as categorias importadas, novamente o soro de leite enfrentou um aumento percentual em seu volume importado, de cerca de 68% em relação ao mês anterior. No entanto, o seu volume permaneceu abaixo das importações da categoria observadas em janeiro de 2023.

Outras categorias também enfrentaram aumento nas importações do último mês, como o leite em pó desnatado e os leites modificados. Apesar da baixa relevância dos leites modificados dentro das importações totais, janeiro encerrou com um expressivo aumento na categoria. Enquanto o leite em pó desnatado, que representa a segunda maior categoria dentro das importações, passou por um aumento de 35% nas importações do último mês, atingindo o maior patamar em volume desde janeiro de 2023.

Por outro lado, a categoria mais relevante dentro das importações, o leite em pó integral, passou por um recuo em seu volume importado no último mês, de 16%.

Enquanto para as exportações, diversas categorias apresentaram avanços em janeiro. As duas categorias de maior relevância, leite condensado e creme de leite, registraram aumento nas exportações do último mês, de 77% e 72%, respectivamente, com o creme de leite atingindo o maior patamar no volume exportado desde outubro de 2020.

Outras categorias como leite UHT, leites em pó integral, desnatado e semi-desnatado, iogurtes, manteigas e doce de leite também enfrentaram aumentos em seus volumes exportados no último mês.

As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de janeiro de 2024 e dezembro de 2023.

Tabela 1. Balança comercial de lácteos em janeiro de 2024

Tabela 2. Balança comercial de lácteos em dezembro de 2023

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.

O que podemos esperar para os próximos meses?

Nos últimos três meses observamos as importações brasileiras permanecerem em patamares bastante altos, e esta alta está alinhada principalmente com uma antecipação de compras, devido tanto as alterações tributárias relacionadas a produtos importados, que entrou em vigor neste mês de fevereiro, como com uma tendência de alta nos preços internacionais, que tornou mais vantajoso realizar as negociações antecipadamente.

Desta forma, apesar dos preços dos principais produtos importados seguirem competitivos em relação aos preços dos produtos locais, a tendência para os próximos meses é que as importações apresentem recuos mensais, por conta da antecipação das compras e da entrada do novo decreto, que penaliza indústrias lácteas que compram leite de produtores brasileiros e importam derivados lácteos.

Apesar do recuo esperado nos próximos meses, as importações de 2024 devem se manter em um patamar elevado quando comparado com os anos anteriores, como 2021 e 2022, devido a competitividade de preços, que impede, de certa forma, que as importações recuem de forma muito intensa. (Milkpoint)


Embrapa cria plataforma com métricas de carbono adaptadas às condições tropicais

Mais de 50 especialistas de várias Unidades da Embrapa vão reunir suas expertises para a criação de uma plataforma com dados, funcionalidades e métricas sobre balanço de carbono adaptados aos sistemas agrícolas brasileiros.

A iniciativa, conduzida pelo portfólio Mudança Climática, está sendo impulsionada por um aporte financeiro de R$ 20,3 milhões, oriundo de uma emenda parlamentar. O desafio dos cientistas é grandioso: definir, pela primeira vez, parâmetros padronizados de mensuração de emissão e absorção de carbono adaptados às condições de clima tropical.

Esses indicadores têm que ser compatíveis com os princípios de Transparência, Precisão, Completude, Comparabilidade, Consistência (TACCC) adotados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e pelas Nações Unidas para o desenvolvimento de Inventários Nacionais de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Inventário Nacional).

Segundo o presidente do Portfólio, o pesquisador Giampaolo Pellegrino, da Embrapa Agricultura Digital, o desenvolvimento de métricas de balanço de carbono e adaptação da agropecuária brasileira atende a uma forte demanda internacional por rastreabilidade nas emissões, ao mesmo tempo em que garante a sustentabilidade da agricultura brasileira, que precisa oferecer respostas embasadas em métricas padronizadas e reconhecidas globalmente. “O projeto prevê o investimento em qualificação de infraestrutura e a formação de uma rede de cooperação em PD&I, que nos possibilite elaborar métodos de medição adequados às condições e ao modelo de produção nacional, a exemplo do que já acontece nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos”, observa Pellegrino.

A expectativa é que os resultados alcançados contribuam para fortalecer a imagem do País, aumentando a competitividade do setor agrícola e seu impacto comercial nos mercados nacional e internacional. De acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, a agropecuária, mesmo que sob bases sustentáveis, é responsável por cerca de 25% das emissões de gases de efeito estufa do Brasil.

Portanto, é premente que o País invista na construção de um modelo tropical robusto e preciso para mensurar a emissão de GEEs, como explica o pesquisador da Assessoria de Relações Internacionais (Arin) Gustavo Mozzer, que também faz parte do portfólio Mudança Climática. Ele explica que essa necessidade se tornou ainda mais urgente após o Acordo de Paris. No documento, resultante da 21ª Conferência das Partes (COP21), os 195 países estabeleceram suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês). O Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 48.4%% até 2025, e em 53.1% até 2030, além de estabelecer um objetivo de longo prazo de neutralidade climática até 2050.

O Acordo de Paris exige ainda que o País passe a reportar a forma de implementação da sua estratégia doméstica no Inventário Nacional, de responsabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). “Os dados que serão produzidos pelo esforço de tropicalização de métricas de carbono serão estratégicos para a evolução dos métodos utilizados atualmente para estimativa das emissões, na direção da implantação de métodos tropicais”, complementa Mozzer. 

Para a presidente Silvia Massruhá, que participou ativamente da aprovação dessa emenda, o projeto é um passo determinante para garantir o cumprimento das metas assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris. Além da NDC, contribuirá também para o relato e verificação do Relatório Bienal de Transparência (BTR) e para o Inventário Nacional. “Trata-se de um processo com necessidade contínua de aperfeiçoamento a partir da integração dos muitos esforços e conhecimentos que a Embrapa possui no tema e o recurso é um passo fundamental nessa agenda, que é absolutamente prioritária em nossa gestão na Empresa”, observa Massruhá, lembrando que a Diretoria-Executiva da Embrapa continuará a buscar recursos para garantir a continuidade das ações de PD&I.

O diretor de Pesquisa e Inovação, Clenio Pillon, destaca que essa iniciativa em rede, que reúne diferentes expertises para o alcance de resultados dentro de um grande tema de atuação vai ao encontro dos objetivos da atual gestão de PD&I da Embrapa, que preconiza a integração e o compartilhamento de conhecimentos entre as UDs. “É uma ação estruturante, que vai muito além da Empresa, e prevê a formação de uma rede de cooperação institucional voltada ao desenvolvimento de um plano de monitoramento e gestão de informação sobre balanço de carbono, sustentabilidade e competitividade da agricultura nacional, diante do cenário global, abrangendo todas as regiões brasileiras”, acrescenta.

Governança corporativa a longo prazo visa alcançar o Tier 3

Pellegrino explica que para o êxito das ações de dinâmica do carbono e adaptação na agricultura brasileira, é fundamental contar com uma rede de especialistas, integrando conhecimentos não apenas na área de PD&I, mas também de comunicação e capacitação.

Segundo ele, trata-se de um projeto de governança corporativa de longo prazo que pretende mudar a forma de mensuração das emissões de carbono no País. Hoje, assim como a maior parte das nações em desenvolvimento, o Brasil utiliza um repertório de métodos baseados no Tier 1 e Tier 2, que são modelos-padrão e modelos gerais baseados em dados de atividade e fatores de emissões nacionais, seguindo as normas para elaboração dos Inventários do IPCC.

“Nosso objetivo é caminhar para o Tier 3, no qual o País utiliza modelos matemáticos desenvolvidos nacionalmente de forma a representar mais adequadamente as emissões de GEE dos nossos sistemas de produção. Mas, para isso, é necessário o desenvolvimento de arcabouços para aquisição continua de dados nacionais que caracterizem os sistemas de produção típicos das diversas regiões do Pais. Trata-se de um processo de construção e articulações domésticas de estratégias que subsidiarão debates com a comunidade científica e a academia para assegurar o reconhecimento e aceitação do método brasileiro e sua compatibilidade com as normas internacionalmente aceitas para o Inventário Nacional”, pontua.

Pellegrino e Mozzer lembram que a Embrapa tem mais de 15 anos de experiência em pesquisas para medir emissões de carbono. Esse aporte financeiro inicial, associado às novas diretrizes e prioridades estabelecidas pela Diretoria-Executiva, representa um avanço para a iniciativa. Somam-se a isso o amadurecimento no papel das redes de pesquisa no ambiente corporativo e a integração dos dados, conhecimentos e informações por elas gerados.

Eles citam três grandes projetos do passado, cujos resultados contribuem para a iniciativa atual: o Saltus (florestas), a Rede Pecus (pecuária) e o Fluxus  Socioeconomia (grãos).

As informações são da Embrapa

Previsão de produção global de leite: espera-se um crescimento modesto em 2024

De acordo com as estimativas mais recentes, a produção global de leite nas principais regiões produtoras deve crescer modestamente 0,25% em 2024, um pouco mais do que o aumento de 0,05% registrado em 2023. Embora seja provável que a produção aumente, espera-se que haja variabilidade nas principais regiões.

De modo geral, os mercados de lácteos em 2023 se suavizaram devido aos fundamentos mais fracos do mercado subjacente. De acordo com o Rabobank, o crescimento da oferta de leite em 2023 foi abaixo do esperado. A decepcionante demanda de importação chinesa contribuiu para a falta de movimento geral do lado da demanda e para os preços mais baixos do que no ano anterior.   

No entanto, com a recente recuperação dos preços, mesmo em níveis bastante baixos, espera-se que a produção de leite tenha algum crescimento em algumas das principais regiões exportadoras, com exceção do Reino Unido, Argentina e Nova Zelândia. Os EUA (1,0%), a UE (0,3%) e a Austrália (0,6%) estão prevendo algum crescimento.

O declínio no tamanho do rebanho nos EUA, observado entre março e outubro de 2023, está se estabilizando lentamente e espera-se que o número de vacas aumente em 2024 em resposta à recuperação dos preços do leite nos EUA. O aumento nos volumes de leite na UE será apoiado por um aumento na demanda doméstica e de serviços de alimentação, já que a redução da inflação e o aumento dos salários aumentam a renda disponível.

É provável que a Austrália reverta algumas das perdas de produção em 2023, entrando no novo ano. Os preços mais firmes do leite, aliados à boa demanda de exportação, devem impulsionar a produção.

Por outro lado, espera-se que as condições climáticas voláteis, aliadas ao enfraquecimento da demanda dos consumidores, reduzam a produção na Argentina. Na Nova Zelândia, o novo orçamento do governo conservador significará uma abordagem cautelosa para a agricultura, o que afetará os fluxos de leite durante a estação. No Reino Unido, estima-se que a produção para 2024 seja 0,9% menor, devido à redução das margens e à demanda morna dos consumidores. 

De acordo com o Rabobank, é provável que os preços se firmem em direção às médias de longo prazo no primeiro semestre de 2024. Considerando o modesto crescimento da produção, o retorno da demanda será necessário para impulsionar o mercado. Além disso, as condições persistentes (que podem causar alguns desafios climáticos para os produtores do Hemisfério Sul), a recuperação econômica da China e a instabilidade geopolítica no Oriente Médio também são outros fatores importantes a serem observados neste ano. 

 
As informações são do Agriculture and Horticulture Development Board, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.


Jogo Rápido

Onda de calor afeta seriamente o fornecimento de pastagens em fazendas leiteira na Argentina
A onda de calor tem afetado a produção de pastagens em regiões produtoras de leite da Argentina. De acordo com Ignacio Kovarsky, produtor e presidente da Sociedade Rural Trenque Lauquen, "nossa área no oeste de Buenos Aires é o epicentro da seca deste ano: os produtores de gado estão totalmente desesperados". "Nas últimas semanas, não tivemos pastagens e nem gramíneas de verão e o mesmo aconteceu com a alfafa. Portanto, tudo o que é ração de reserva para vacas leiteiras ou para o confinamento vai ser complicado", disse ele. Ele também explicou que "nos grãos, tudo o que é de segundo crescimento está em plena estação de crescimento e precisa de água. No verão seco de 2023, choveu 180 milímetros e, neste ano, estamos longe dessa marca". "Este ano está tudo ruim. Por causa disso, as reservas para o inverno nas fazendas leiteiras da região serão muito ruins. Já estamos lutando para alimentar as vacas leiteiras e, se não houver colheita, não haverá nada para alimentá-las", disse ele. As informações são do Infortambo, traduzidas pela Equipe MilkPoint.


 
 

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