Porto Alegre, 23 de setembro de 2024 Ano 18 - N° 4.228
Fundoleite busca R$ 15 milhões para projetos
Até julho deste ano, a cadeia leiteira tinha obtido a liberação de apenas R$ 130 mil, de um saldo de R$ 35,91 milhões acumulados, os quais foram usados para pagar despesas do Conseleite com a UPF
Segundo maior em recursos depositados, o Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite (Fundoleite) conseguiu a liberação de módicos R$ 130 mil até julho deste ano, frente um saldo de R$ 35,91 milhões. Os valores pagos representam 0,36% do total arrecadado junto a pecuaristas e indústrias do setor lácteo. Os pagamentos foram feitos para custear o convênio do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite (Conseleite) com a Universidade de Passo Fundo (UPF), que fornece serviços técnicos mensais de cálculo do preço de referência aos produtores.
O secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Darlan Palharini, relata a necessidade de liberação de R$ 15 milhões para a execução de outros projetos já apresentados. “A arrecadação é satisfatória, mas não tivemos sucesso até agora para a aplicação dos recursos, que são fundamentais, ainda mais agora depois das enchentes, porque seriam aplicados a fundo perdido na recuperação de pastagens, de equipamentos, instalações e no próprio rebanho”, afirma.
Palharini foi informado pelo Correio do Povo sobre o saldo do Fundoleite (R$ 35,91 milhões, em 16 de julho de 2024) e espera uma sinalização do governo estadual. “Não sabemos por que até agora não houve liberação, já que, segundo informação da PGE (Procuradoria-Geral do Estado), as dificuldades jurídicas já teriam sido ultrapassadas”, salienta. Para o dirigente, qualquer possível mudança na gestão deve buscar mais agilidade na operacionalização. “O que a gente precisa é a efetiva liberação do recurso”, reforça.
O gerente de relações institucionais e sindical do Sistema Ocergs, Tarcisio Minetto, diz que os recursos no fundo são fundamentais para a melhoria de processos produtivos, assistência técnica e extensão rural (Ater), sanidade e certificação. A legislação indica que 70% da arrecadação deve ser direcionada para Ater, 20% para projetos de desenvolvimento e apoio à cadeia produtiva e 10% para custeio administrativo de entidade representativa do setor. “O Sistema Ocergs entende que é preciso celeridade na liberação de recursos, e o Fundoleite tem valores para serem utilizados”, afirma.
A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) informou que está em andamento desde 2023 o contrato com a UPF para elaboração e apresentação de relatório técnico de acompanhamento sistemático de parâmetros para a formação do valor de referência do leite ao produtor. A Seapi diz que já trabalha para a renovação do contrato e garantia do serviço em 2025. “Já os projetos para desenvolvimento da cadeia produtiva do leite e dos seus produtos lácteos, o governo está trabalhando para a liberação desses recursos, sabendo da importância do setor produtivo. Há questões administrativas e jurídicas que precisam ser superadas para manifestações futuras”, informou a assessoria da pasta. (Correio do Povo)
89% da grande indústria do país tem práticas ambientais
Estudo mostra que empresas maiores adotam maior número de iniciativas e que a maior parte delas está ligada à regulação do setor
Em tempos de secas e queimadas no Brasil, um novo estudo do IBGE dá uma dimensão do uso de iniciativas ambientais por indústrias extrativas e de transformação de médio e grande porte no país. Das empresas industriais com pelo menos 100 funcionários, 89,1% têm alguma prática ambiental: são 8.758 das 9.827 nesse perfil. A maioria (58,8%) tem iniciativa em pelo menos quatro temas e uma em cada dez empresas (9,7%) só adotaram um tipo de iniciativa.
As informações são da Pesquisa de Inovação Semestral (Pintec 2023): Indicadores Temáticos - Práticas Ambientais e Biotecnologia, uma parceria entre IBGE, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O levantamento foi feito com amostra de 1.611 empresas, dentre 9.833 que se encaixam no perfil estudado.
O estudo se volta para a atuação das companhias em seis temas. O tópico resíduos sólidos foi o teve maior adesão entre as companhias (79,6%), seguido por reciclagem e reuso (75,1%), eficiência energética (61,5%), recursos hídricos (57,1%), emissões atmosféricas (46,3%) e uso do solo (23,9%).
Os dados mostram que o número de temas adotados pelas empresas aumenta de acordo com seu porte. Entre aquelas com ações em apenas um tema, a maioria (81,6%) era empresas na faixa de 100 a 249 funcionários. As empresas com mais de 500 funcionários detinham a maior parcela (38,2%). As empresas com 500 ou mais ocupados lideram em todos os seis temas de iniciativas ou práticas ambientais.
“Entre as grandes empresas, só 2,2% tem ações em apenas um tema. Por outro lado, as empresas menores têm participação maior entre as com apenas um tema [81,6%]”, afirma o gerente de pesquisas temáticas do IBGE, Flávio Peixoto.
A regulação brasileira é a principal razão para a adoção de práticas ambientais. Das indústrias com iniciativas na área, 88,6% apontam este como o principal fator a influenciar na decisão. A estratégia autônoma das empresas também aparece com destaque (87,7%), seguida por influência de fornecedores e/ou clientes (63,9%) e da opinião pública e/sociedade civil (44,9%). O atendimento a normas ambientais externas foi apontado por 44,1%.
Apenas 22,2% das empresas industriais mencionam a atratividade de programas de apoio (públicos ou privados) para a inclusão de iniciativas ambientais em sua operação. “Isso sugere a importância da melhoria das condições de acesso à apoio público. Os programa
Na análise dos benefícios das práticas ambientais, o mais citado foi atendimento às normas legais (89,5%). As vantagens mais mencionadas em seguida trazem outras informações sobre a visão das empresas. Eficiência operacional, redução de custos e riscos operacionais (84,4%); melhoria na reputação/imagem (78,8%); relacionamento com o cliente (71,6%); e relacionamento com a comunidade local (66,5%) foram os benefícios mais frequentes.
Os altos custos das soluções ambientais são o principal obstáculo, seja nas empresas com iniciativas na área (71,8%), seja nas que não têm ações. No grupo de empresas industriais com práticas ambientais, 52,4% citaram a escassez de oferta de programas de apoio e fomento público como fator complicador, seguido por escassez de recursos financeiros na empresa (39,7%).
A indústria de bebidas lidera a adoção de medidas, com 100% das empresas. Em seguida aparecem refino e derivados de petróleo, coque e biocombustíveis (99,4%); artigos de borracha e plástico (95,9%); equipamentos de informática, produtos
Peixoto explica que geralmente as práticas ambientais estão ligadas ao ramo de atividade. “Os setores, por sua natureza, tendem a praticar mais as iniciativas ligadas às suas atividades.” O setor de bebidas se destaca no tema de recursos hídricos (93,3%). Já o de produtos farmoquímicos e farmacêuticos é líder em resíduos sólidos (94,4%).
Valor Econômico
EMATER/RS: Informativo Conjuntural 1833 de 19 de setembro de 2024
BOVINOCULTURA DE LEITE
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, os produtores de leite da Campanha ainda enfrentam dificuldades para aumentar a produção tanto pelo desempenho abaixo do normal das pastagens de aveia e de azevém quanto pela limitação de pastejo, causada pelo excesso de umidade no solo.
Em Candiota, o barro vem causando grandes transtornos, como a elevação da incidência de mastites nas matrizes e sérios problemas para o acesso dos caminhões de coleta até os resfriadores das propriedades.
Na Fronteira Oeste, o cenário é um pouco melhor devido à condição mais favorável de umidade nos solos, que beneficia as pastagens e não causa acúmulo de barro nos potreiros e nos acessos internos.
Na de Caxias do Sul, o bem-estar dos animais foi favorecido pelas temperaturas mais agradáveis tanto para animais em sistema a pasto quanto para os confinados. A condição corporal e de sanidade dos bovinos leiteiros está boa, sem restrições alimentares.
Em Picada Café, foi constatado casos de raiva herbívora, deixando os municípios próximos em alerta, de acordo com informações da Inspetoria de Defesa Agropecuária de Nova Petrópolis. O tempo seco favoreceu a qualidade do leite produzido na maior parte da semana, mantendo os úberes limpos. A contagem de células somáticas e bacteriana total ficaram dentro dos parâmetros exigidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). As coletas de leite transcorreram normalmente.
Na de Erechim, matrizes leiteiras apresentam melhora na produtividade, principalmente em animais criados a pasto, pois o clima beneficiou o desenvolvimento das pastagens. Os produtores estão realizando o desmame, a mocha e a vacinação contra brucelose em terneiras com idades entre 3 e 8 meses. Além disso, está ocorrendo a secagem das vacas com o objetivo de preservar a saúde e a produtividade do úbere para a próxima lactação. Os casos de mastite, que foram altos durante o período chuvoso e úmido, estão começando a se normalizar. A vacinação contra clostridioses e a dosificação para o controle de verminoses ainda estão em andamento em muitas propriedades. As inseminações artificiais ocorrem dentro da normalidade, e as práticas de IATF estão aumentando. As vacinas reprodutivas, como para rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), diarreia viral bovina (BVD) e leptospirose, têm sido aplicadas nas novilhas e reforçadas nas vacas, visando melhorar a imunidade do rebanho, conforme os protocolos estabelecidos para cada propriedade. O estado sanitário dos rebanhos é considerado adequado.
Na de Frederico Westphalen, dias secos e ensolarados e a chuva facilitaram o desenvolvimento das culturas e o aumento do pastejo. A produção de leite está estável.
Na de Ijuí, o clima mais ameno com baixa umidade tem auxiliado no manejo dos animais a campo e contribuído para o controle da umidade no substrato utilizado nas instalações de acomodação dos animais confinados. A dieta das vacas ainda é de pastagens e silagem, que respondem por aproximadamente 65% do alimento consumido; ração representa 24%; e o restante entre fenos e suplementos.
Na de Porto Alegre, a atenção tem sido redobrada em relação ao estado sanitário para evitar problemas de casco e mastites. A produção de leite ainda está abaixo do normal. Há melhora no estado corporal, nutricional e sanitário do rebanho em razão da suplementação alimentar com ração e silagem de milho e de maior atenção sanitária, mas essas práticas refletem em aumento no custo de produção. Não há registros de infestação por mosca ou carrapato. É realizado agendamento de diagnósticos de gestação nos rebanhos.
Na de Pelotas, observa-se a retomada na produção de leite na proporção da melhoria das pastagens cultivadas de inverno e pastejo. Conforme relatos de empresa compradora, o volume de produção está em níveis ajustados para a época; destaca-se que, desde junho, os
volumes não atingiam níveis compatíveis.
Na de Santa Maria, a maior parte do rebanho leiteiro recebe boa oferta de pastos de aveia e azevém. Em Pinhal Grande, há necessidade de complementação da dieta das vacas com silagem e ração.
Na de Santa Rosa, mantém-se a tendência de aumento da produção de leite, potencializada pelas condições climáticas para o desenvolvimento das pastagens. Na maioria das análises de leite, houve melhora da qualidade. Além das pastagens de inverno, começam a entrar, na dieta das vacas, as forrageiras de verão, como Tifton, Jiggs, e as braquiárias, como Aruana, que apresentam qualidade nutricional, diminuindo o uso de proteína na ração. Os produtores realizam a suplementação no cocho com ração e com alimentos conservados, como silagem, pré-secado e principalmente feno. Entre os dias 12 e 13/09, as chuvas causaram a formação de barro nos arredores das salas de espera, reduzindo o pastejo. Nos demais dias, o tempo seco colaborou para o bem-estar das vacas e para sua produtividade.
Na de Soledade, em decorrência da restrição da oferta de pastagens anuais de inverno, os bovinocultores de leite buscaram a complementação da oferta de volumosos com alimentos conservados (silagem, pré-secado e feno) produzidos ou adquiridos. (Emater/RS adaptado pelo SINDILAT/RS)
Jogo Rápido
Previsão do tempo para o Rio Grande do Sul: Chuvas distribuídas e elevação de temperatura
A semana entre os dias 23 e 25 de setembro de 2024 trará mudanças climáticas significativas ao Rio Grande do Sul, com temperaturas em elevação e volumes expressivos de chuva em diversas regiões. A atmosfera repetirá o comportamento do final de semana anterior, favorecendo uma elevação gradativa nas temperaturas e a possibilidade de precipitações fracas em áreas do Sul, Campanha, Fronteira Oeste e parte da Região Metropolitana. Na segunda-feira (23/09), espera-se que o cenário se mantenha estável, com o calor crescente ao longo do dia e pancadas leves em regiões isoladas. Já na terça-feira (24/09), a presença do Jato de Baixos Níveis (JBN) intensificará o movimento do cavado em superfície, que se deslocará do Paraguai até o Rio Grande do Sul. Isso aumentará a nebulosidade e continuará elevando as temperaturas, preparando o Estado para um quadro mais úmido. O destaque será na quarta-feira (25/09), quando a propagação de uma frente estacionária no Oceano Atlântico deverá provocar chuvas de moderada a forte intensidade nas regiões Sul e parte da Campanha. Esse aumento nas precipitações será uma constante durante a semana, com volumes acumulados de chuva significativos. De acordo com os prognósticos meteorológicos, há previsão de chuvas bem distribuídas em todo o Estado ao longo da próxima semana, com volumes que podem variar de 30 a 50 mm na maioria das regiões. No entanto, algumas áreas, como a Campanha, Fronteira Oeste, Extremo Sul, Região Central e Vales, poderão registrar acumulados superiores a 50 mm. Em contrapartida, nas fronteiras com Argentina e Santa Catarina, além da Região Metropolitana, Litoral Norte e áreas próximas à Laguna dos Patos, os volumes de chuva devem ser menores, entre 20 e 30 mm. Essas condições demandam atenção, especialmente em regiões propensas a alagamentos e enchentes, como áreas ribeirinhas e zonas mais baixas. A elevação das temperaturas, combinada com a umidade, pode gerar instabilidades que agravam os riscos de temporais localizados e trovoadas intensas. Os gaúchos devem se preparar para dias quentes, mas acompanhados por chuvas em momentos estratégicos, o que poderá aliviar parcialmente o impacto do calor intenso, mas exige cautela em áreas mais vulneráveis. (Boletim agrometeorológico)