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21/11/2023

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 21 de novembro de 2023                                               Ano 17 - N° 4.028


Crise argentina pode dificultar corte das retenciones no agro

A retirada da tributação sobre as exportações do agronegócio – as chamadas retenciones –, uma forte bandeira do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, não deve ser tão simples quanto prometido. Mergulhado em uma dívida externa de US$ 276 bilhões, com reservas negativas de US% 15,3 bilhões e uma inflação que pode chegar a quase 190% até o final de 2023, o governo local tem nesses impostos uma importante fonte de receita. E o impasse na solução desse imbróglio econômico já faz balançar o mercado internacional de grãos.

A avaliação é do diretor da Brasoja Agro Corretora, Antonio Sartori. “A situação no país vizinho é caótica. E Javier Milei venceu com um discurso de zerar a alíquota das retenciones em cinco anos. E de, nesse mesmo intervalo, dobrar a produção agrícola. Mas cada grão de soja embarcado reverte 33% do valor para os cofres públicos. Outras culturas têm alíquotas menores. Mas é difícil o governo abrir mão desse recurso”, analisa.

A medida seria importante para o agronegócio argentino, que poderia ganhar em tecnologia e produtividade com o aumento da renda dos produtores rurais e o investimento nas propriedades. Mas as entidades do agro estão apreensivas com o que pode, de fato, se tornar a política econômica do futuro governo. “Todos querem uma única cotação para o dólar. Mas hoje há nove cepas para a moeda americana: para a soja, para o turismo, o dólar blue (uma cotação paralela do peso negociada por cambistas dentro do país), o oficial, entre outras. O futuro é uma caixa de surpresas”, acrescenta o dirigente da Brasoja.

Sartori vê a alta de quase 25 pontos na Bolsa de Chicago na tarde desta segunda-feira (20) como mais um reflexo das incertezas quanto à oferta mundial de soja, comodity que tem na Argentina um dos maiores produtores do mundo. Segundo ele, questões políticas, geopolíticas e especulativas já estão estabelecendo um ambiente de retenção da soja nas mãos dos produtores na Argentina e no Brasil.

“Os efeitos exacerbados do El Niño na América Latina criam um cenário de incertezas no campo. Calor extremo em algumas regiões, matando as plantas queimadas, e chuvas excessivas em outras, impedindo a semeadura ou afogando as mudas. O mercado está em alta e, nessa situação, ninguém quer vender”, completa.

Darlan Palharini, secretário executivo do Sindilat, acredita que Milei não deverá manter o subsídio aos locais – medida que, segundo ele, teria sido usada com fins eleitoreiros para potencializar a campanha do candidato derrotado Sergio Massa. “Essa retirada já traria um certo equilíbrio na relação de preços entre o produto nacional e o argentino, que vem sendo derramado em enorme volume no País, desafogando nossos produtores. Queremos acreditar que seja um governo que respeite as regras do Mercosul e que subsídios só possam ser concedidos em comum acordo entre os países do bloco”.

Palharini lembra, porém, das dificuldades econômicas da Argentina e a escassez de dólares. E que isso pode pesar na hora de o novo comando da Casa Rosada definir como tratar o tema.

Já para o presidente da Câmara Empresarial Argentino-Brasileira do Rio Grande do Sul, Fabio Ciocca, a fala de Javier Milei após a confirmação da vitória nas urnas já foi mais ponderada e pragmática, mostrando preocupação com o que ele próprio chamou de “uma nova Argentina”. De acordo com o dirigente, com um discurso efusivo, Milei demonstrou a necessidade de um trabalho conjunto entre as lideranças políticas e o setor privado.

Ciocca avalia que ocorrerá o enxugamento da máquina, com cortes importantes nos gastos públicos, para retomar o equilíbrio fiscal, a fim de restaurar décadas de deterioração econômica. E que questões que gravitam em torno da dolarização, do fechamento do Banco Central, da saída da Argentina do Mercosul, serão bastante complexas para o futuro presidente, pois necessitam do aval do Congresso, onde ele não terá maioria. Ele espera uma política de governo menos intervencionista, impulsionada à abertura de mercado, sem barreiras tarifárias e não tarifárias, o que fortalecerá as negociações com os principais parceiros comerciais”.

Segundo o dirigente, mesmo com fatores conjunturais adversos, Brasil e Argentina têm características tradicionais que podem oportunizar vantagem comparativa no intercâmbio comercial. “Ambos podem ser atores importantes na cadeia global, pois são grandes produtores de alimentos e necessitam trabalhar em conjunto questões relacionadas à segurança alimentar, assim como necessitam figurar como atores na segurança energética e na transição para uma economia verde”. (Jornal do Comércio)


Global Dairy Trade - GDT

Fonte: GDT adaptado SINDILAT/RS

Com capacitação, pecuaristas multiplicam por quatro a produção de leite

Programa Balde Cheio, da Embrapa, atende a mais de 3 mil criadores de gado leiteiro

A capacitação técnica continuada e as melhorias aplicadas na produção de leite geraram uma verdadeira “mudança de chave” na gestão da Agropecuária Saint Expedit, em Porto Nacional (TO).

A produtora Ingergleice Abreu diz que as melhorias na rotina da produção não demandam investimentos tão altos, mas que o retorno é positivo. “A ideia é otimizar o processo com o menor custo possível”, afirmou.

Ela é uma das mais de três mil pessoas atendidas pelo programa Balde Cheio, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A fazenda recebe consultoria do programa há três anos. Algumas atividades foram corrigidas nesse período. Animais que antes eram descartados passaram a receber um manejo mais eficiente e se tornaram produtivos.

“Aprendemos que, com medidas simples, podemos oferecer maior conforto ao animal, o que deixou o rebanho mais produtivo”, relatou.

O Balde Cheio tem 247 técnicos em 375 municípios de 18 Estados do país. Com a assistência do programa, pecuaristas conseguem até quadruplicar a produção leiteira. Enquanto a média geral brasileira é de 1.180 litros de leite por hectare ao ano, as propriedades integrantes da iniciativa têm produtividade de 4.485 litros por hectare.

Um relatório mostrou que cada R$ 1 investido reverte R$ 44,41 em benefícios para a sociedade, com base em valores corrigidos em IGP-DI entre 2003 e 2022. No período, o investimento da Embrapa na manutenção do programa foi de R$ 53 milhões, resultando em um ganho de produtividade equivalente a R$ 941 milhões em valores atuais. A taxa de retorno é de 1.148%.

“Analisamos tudo que foi gerado gasto, considerando o aumento de produtividade. Comparamos a produtividade dos produtores assistidos pelo programa Balde Cheio com a produtividade média de cada região de produtores que não são assistidos, e foram descontados os custos de implantação, de uso da tecnologia, de investimentos feitos pela Embrapa”, disse o coordenador do Balde Cheio, André Novo, que também é chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste.

Enquanto a produção de leite média no país é de menos de 100 litros por dia, cerca de 75% das propriedades que participam do programa produzem mais que o dobro. “Independentemente da produtividade inicial ou da região, a aplicação de tecnologias adequadas para cada estágio multiplicou por três ou quatro vezes”, destacou Novo. São cerca de 79,3 mil hectares atendidos pelo programa no país.

A maior produtividade nessas fazendas é fruto de várias tecnologias e conceitos utilizados de forma customizada para os pecuaristas, como sanidade animal, bem-estar, gerenciamento, irrigação, manejo intensivo de pastagens, estruturação de rebanhos, eficiência na reprodução e preservação ambiental.

De acordo com a Embrapa, a aplicação da metodologia do Balde Cheio propicia aumento da produtividade e da renda, em função da intensificação e das melhorias nos sistemas de produção com sustentabilidade. O programa foi criado em 1998 para melhorar o desempenho da pecuária leiteira do país, com base na adoção de ferramentas de gerenciamento das propriedades e tecnificação dos processos de acordo com a realidade de cada produtor.

A iniciativa capacita profissionais da assistência, extensão rural e pecuaristas em técnicas, práticas e processos agrícolas, zootécnicos, gerenciais e ambientais. É uma rede de formação contínua, na qual as propriedades funcionam como “salas de aula”.

Ainda conforme a Embrapa, o conjunto de práticas preconizado pela iniciativa também contribui para a sustentabilidade ambiental. Os resultados já podem ser vistos nas nascentes preservadas e nos cursos de água descontaminados. Os efeitos das mudanças climáticas, como a ocorrência de secas, também diminuíram nas propriedades participantes do programa.

Em algumas propriedades, houve aumento das áreas de sombra com plantio de árvores. Pecuaristas de Tocantins e Pará abandonaram o uso da queima anual das pastagens. Com o manejo, os animais deixaram de pisotear margens de cursos d’água, o que contribuiu para a preservação e redução do assoreamento. Em São Paulo e Rondônia foi possível irrigar os pastos.

O conjunto de práticas previsto na metodologia permitiu ainda conter a pressão pela abertura de novas áreas para pastagens, diz a Embrapa. André Novo, coordenador do Balde Cheio, disse que as parcerias são vitais para o programa. No ano passado, foram 99. São laticínios, cooperativas, associações de produtores, órgãos públicos e privados de extensão rural, ONGs, bancos, prefeituras, agências e entidades do sistema “S” que atuam junto à Embrapa para disseminar as técnicas para a cadeia leiteira nacional.

Recentemente, o governo criou um grupo interministerial para elaborar um novo programa para aumentar a competitividade da cadeia leiteira nacional, diante de uma crise de custos e preços agravada pela importação de lácteos, segundo o setor. (Globo Rural Via Valor)


Jogo Rápido

Diálogo Setorial - Discussão da proposta de RDC após análise das contribuições recebidas durante o período de consulta pública (CP 1.158/2023) 
O diálogo setorial, a realizar-se no dia 23/11, das 9:30 às 12:30, via teams, com o objetivo de apresentar e discutir a proposta de RDC que dispõe sobre a comprovação de segurança e a autorização de uso dos novos alimentos e novos ingredientes de que trata a CP 1.158/2023. Não é necessário confirmar participação. Incentivamos o compartilhamento do link com os interessados. O encontro virtual será realizado na Plataforma Microsoft Teams e os participantes deverão acessar o link na data e horário informados:  Data: 23/11/2023 | Horário: 9h30 às 12h30 | Link de acesso: Clique para ingressar na reunião. (ANVISA) 


 

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