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04/01/2023

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 04 de janeiro de 2023                                                        Ano 17 - N° 3.815


GDT: preços internacionais dos lácteos iniciam o ano em queda – parte 01

Nesta primeira semana do ano foi realizado o 323º evento do leilão Global Dairy Trade (03/01), e o cenário baixista observado no último leilão prevaleceu. O primeiro evento do ano de 2023 da plataforma GDT apresentou um recuo de -3,7% na média de seus preços, fechando em US$ 3.365 /tonelada.

Gráfico 1. Preço médio leilão GDT x GDT Price Index.

Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2023.

Nesta quinzena, ocorreu um significativo avanço no volume negociado. Foram negociadas 33.478 toneladas de lácteos, volume 16,55% superior em relação ao último leilão. O comportamento dos volumes negociados está na contramão dos últimos anos, que registraram quedas, e é o maior valor para o período desde 2015. 

Gráfico 2. Volumes negociados nos eventos do leilão GDT.

Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2023.

Tabela 1. Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 03/01/2023.

Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 03/01/2023.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2023.

O preço médio do leite em pó integral seguiu recuando, passando de US$ 3.246 /tonelada para US$ 3.208 /tonelada. O resultado é o menor desde dezembro de 2020. Analisando o comportamento dos preços com uma base 100 em 1º de março, quando os preços atingiram um pico de US$ 4.757 /tonelada, nota-se que nos últimos meses os preços do leite em pó integral vêm enfrentando um cenário baixista, acumulando um recuo de aproximadamente 33% no período.

Alguns dos fatores que contribuíram para manter o cenário baixista nessa primeira quinzena de janeiro foram a covid-19 na China e um maior volume negociado neste leilão. Cidades chinesas como Pequim, Xangai, Chengdu e Wenzhou vem investindo em novos centros de tratamentos para doentes, o que reforça o cenário de descontrole da disseminação do vírus, e um possível aumento dos casos nos próximos dias.

Outro ponto que contribuiu para as quedas nos preços internacionais foi o aumento expressivo de 16,55% no volume negociado, sendo o maior valor desde 2015. Este fator ocasionou uma pressão de baixa nos preços praticados.

Em relação aos contratos futuros de leite em pó integral no GDT e na Bolsa de Futuros da Nova Zelândia (NZX Futures), ambas as projeções apontam caminhos distintos. O GDT aponta um cenário estável, com os preços operando na casa dos US$ 3.200 / tonelada, enquanto o NZX Futures projeta um cenário altista, com os preços atingindo US$ 3.520 /tonelada em abril de 2023.  

Confira a parte 02/02 na notícia na newsletter do Sindilat/RS de amanhã. 

As informações são do Milkpoint 


Estiagem avança pelo RS e derruba produção de milho, soja e leite

Sem chuvas regulares sobre o território do Rio Grande do Sul, os produtores rurais voltam a enfrentar uma situação que se repete nos últimos anos. A estiagem que castiga o Estado já provocou perdas de lavouras inteiras de milho, além de queda na produtividade. A situação compromete também áreas de soja e a produção leiteira. Pelo menos 30 municípios já decretaram situação de emergência, conforme a Defesa Civil.

A situação preocupa especialistas em climatologia. Embora tenha chovido em todas as regiões entre domingo e segunda-feira, a precipitação foi muito irregular e com grande variabilidade de volumes de um ponto para outro, avalia a Metsul Meteorologia.

No Oeste, no Centro e no Sul gaúchos, deve ocorrer pouca chuva até a metade de janeiro. Na Metade Oeste, ainda haverá o agravante da temperatura alta, com tardes de forte calor se somando à baixa umidade e escassez de precipitação, também de acordo com a Metsul.

No campo, o ano de 2023 começa com prejuízos à cultura do milho. Segundo a Emater-RS, nas áreas mais impactadas, a escassez hídrica coincidiu com as fases de florescimento e enchimento de grãos do cereal, o que comprometeu a produtividade. Os danos já estão consolidados nas regiões Norte, Central, Campanha e Fronteira Oeste.

Na região de Ijuí, Coronel Barros e Bozano, com chuvas irregulares, variando entre 5 milímetros e 50 milímetros na semana passada, as perdas no milho são de 100%, em muitas lavouras. E a redução na produção de leite redução chega a 60%.

Já na região das Missões, os prejuízos vão de 25% a 70% na safra. “Algumas lavouras estão com 100% de perda. Isso vai gerar impacto negativo na produtividade estadual, que antes do Natal era calculada em 15% e, agora, com certeza, já é maior. E os problemas são ainda maiores para quem depende do milho para fazer silagem, destinada à alimentação animal”, diz o coordenador da área de Culturas e de Defesa Sanitária da Emater-RS, Elder Dal Prá.

Levantamento feito pelas regionais da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag) a pedido do Jornal do Comércio aponta quadro de dificuldades por todo o Rio Grande do Sul. No Alto Jacuí, produtores de praticamente todos os municípios da região fizeram pedidos de cobertura do Proagro, por conta das perdas.

No Alto Uruguai, as chuvas são irregulares, com variação de 10 milímetros a 60 milímetros. Ainda não há registro de falta de água para dessedentação animal e humana, mas alguns municípios já fazem levantamento de perdas nas lavouras, e alguns, igualmente, buscam o ressarcimento dos prejuízos por meio do seguro agrícola.

Na região do município de Jóia, falta água para consumo humano em algumas localidades, assim como em pequenas áreas de irrigação de agricultura familiar, embora as chuvas sejam muito irregulares, com grandes volumes apenas em determinadas áreas e nada mais. As estimativas de perdas são elevadas na bacia leiteira da região. Isso sem falar na produção de milho, e replantio de soja, além de áreas não plantadas ainda, por pouca umidade.

Em Augusto Pestana, o cenário é semelhante. As lavouras de milho do cedo foram perdidas, com mais de 80 % de quebra. A soja, com as pancadas de chuva, ainda se mantém verde. 
Em Condor, o milho sequeiro do cedo foi perdido, e os agricultores estão cortando para uso como silagem, embora de baixa qualidade. A produção de leite também caiu muito. Cruz Alta vê as perdas no milho para silagem chegarem a 80%, assim como os grãos cultivados fora das áreas de pivô. E na soja, o prejuízo ronda a casa dos 40%.

Em Catuípe, o milho safra teve lavouras com até 100 % de perda. A soja do cedo perdeu bastante porte, e ainda faltam algumas áreas a serem semeadas.

Em Santo Augusto, são 3,5 mil hectares de milho plantados por agricultores familiares. E as perdas variam de 80% a 100%, descontadas as áreas com pivô central de irrigação. A seca se iniciou no começo de setembro e segue castigando a região, com precipitações irregulares e em pouca quantidade. No município, a previsão é de plantio de 33 mil hectares de soja, e a semeadura está atrasada em algumas localidades. As perdas são grandes com o leite, devido ao não crescimento e rebrote de pastagens e, consequentemente, a queda na lactação dos ventres.

“Imaginávamos que a situação não seria tão complicada como nos últimos anos. Mas está aí, mais uma vez, essa estiagem. O pessoal vai sofrer”, diz Eugênio Zanetti, vice-presidente da Fetag.

Analista de milho da Safras & Mercado, Paulo Molinari revela que a empresa reduziu a projeção da safra do Rio Grande do Sul de 6,3 milhões de toneladas para 5,8 milhões de toneladas por conta da situação climática. E provavelmente haverá nova redução nos números em janeiro.

"Temos mais um ano de La Niña e seus efeitos conhecidos. é uma perda menor em relação aos últimos dois anos. Mas os números ainda estão abertos, e as chuvas precisam retornar em janeiro".

Molinari observa que o plantio ocorreu normalmente, as chuvas chegaram cedo e o produtor viabilizou a semeadura dentro de uma boa janela. Mas, a falta de precipitação nas fases de polinização e pendoamento é decisiva para a produção. E, por isso, o desenvolvimento das lavouras está mesmo comprometido.

"A tecnologia aplicada nas lavouras de milho gaúchas não ajuda muito a evitar estas perdas de produção. Devemos considerar uma queda de produtividade de 5,5 mil quilos por hectare para 4,8 mil quilos, por enquanto. Mas, apesar das perdas de produção, o volume a ser colhido deverá ser suficiente para atender a demanda regional até a metade do ano, quando a safrinha de 2023 de outros estados pode abastecer o RS".

Já para o analista de soja Luiz Fernando Roque, a commodity preocupa, mas nem tanto como há um ano. O mês de janeiro será decisivo para a cultura. Ele lembra que o plantio atrasou nesta safra, mas isso acabou se tornando um fator positivo, caso o La Niña realmente perca intensidade.

“Se chover regularmente, ainda poderemos colher uma safra boa. Não será mais do tamanho que poderia ser, mas ainda há chance de termos uma produção interessante”, diz Roque.
Embora tenha chovido em Uruguaiana nos últimos dias, a esperança de precipitações mais consistentes está mais para meados do mês. Até lá, o produtor olha para o céu com expectativa e ansiedade. (Jornal do Comércio)

Uruguai: Fundo de reconversão do setor lácteo foi aprovado pelos deputados

Por unanimidade, a  Câmara dos Deputados  converteu  em Lei o Fundo de Reconversão da Indústria Láctea , Projeto de Lei que o Poder Executivo havia enviado ao Parlamento, como forma de socorrer indústrias em dificuldades financeiras. O objetivo, além de dar-lhes uma tábua de salvação, é manter as fontes de emprego neste setor.

Assim que foi votado, o subsecretário do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca, Ignacio Buffa, lembrou em sua conta no Twitter que a iniciativa "gera um fundo de competitividade para as indústrias de laticínios e fornece as bases para o desenvolvimento de um sistema anticíclico fundo para o setor".

O auxílio será construído com US$ 13 milhões, destinados a financiar projetos que devem ser apresentados por empresas em dificuldades econômicas e não sujeitas a crédito. Eles devem apresentar um redesenho industrial, produtivo e um plano de negócios, que serão apreciados por uma Comissão Técnica independente, conforme detalhou dias atrás o ministro Fernando Mattos.

O fundo aprovado será financiado com US$ 6 milhões do Fundo do Laticínio, com compromisso de quitação. Também serão utilizados US$ 3 milhões do Fundo Tecnológico, mais igual valor que será fornecido pela Receita Geral. A expectativa é que, para repor esses US$ 6 milhões do Fundo do Laticínio, dure além do que estava previsto na Lei, que era de 24 de novembro.

“Era urgente tomar uma decisão com aquelas indústrias que estavam à beira do abismo. Estamos trabalhando há meses e encontramos uma fórmula perto do final do ano para tentar colocar essas indústrias de laticínios em uma situação crítica”, explicou o responsável do MGAP na semana passada.

Por sua vez, o Fundo Anticíclico protegerá os produtores das oscilações bruscas de preços no mercado mundial de lácteos, dando-lhes segurança para produzir. (Fonte: Rurales El País, via Portal Lechero)


Jogo Rápido 

Emater dará prioridade à tecnologia
Com orçamento de R$218 milhões para o ano de 2023, a Emater/RSAscar planeja investimentos em tecnologia de informação (TI) para facilitar o trabalho dos técnicos e garantir mais agilidade nos serviços prestados às propriedades rurais. A empresa de assistência técnica também pretende priorizar projetos voltados à irrigação e ampliar a oferta de cursos de capacitação em todas as áreas atendidas, das boas práticas agrícolas à criação de agroindústrias, afirma o novo presidente da Emater/RS e superintendente geral da Ascar, Christian Wyse Lemos. Para Lemos, que assumiu o cargo em 8 de dezembro deste ano, a modernização resolverá um grande gargalo da assistência rural. “Hoje, (os técnicos) fazem as visitas de campo, fazem todas as análises, as anotações para desenvolverem os projetos e, depois, precisam abastecer dois, três, quatro sistemas de TI diferentes. É algo que não condiz com o potencial de trabalho da Emater”, diz. Se, inicialmente, a integração tecnológica significará mais eficiência nos processos internos, em uma segunda etapa trará benefícios também para os produtores atendidos. “Não quero gerar falsa expectativa, não sei se a gente consegue concluir isso dentro do ano de 2023. Mas temos uma face desse sistema para o produtor, para que ele tenha o acompanhamento histórico da sua propriedade, da quantidade que colheu”, explica Lemos. (Correio do Povo, adaptado pelo Sindilat)


 
 
 

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