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24/03/2022

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 24 de março de 2022                                                         Ano 16 - N° 3.623


SETOR LÁCTEO RECHAÇA ISENÇÃO DE QUEIJO IMPORTADO

Representando os diferentes elos do setor lácteo gaúcho, o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite), que representa as entidades: Sindilat/RS, Apil, Farsul, Fetag-RS, Fecoagro/RS, Fetraf-RS, Gadolando e Gado Jersey RS, manifestou, em reunião nesta terça-feira (22/03), seu total desacordo com a decisão do governo federal de zerar o imposto de importação do queijo muçarela. A mudança foi aprovada na segunda-feira (21/3) pelo Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), e publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (23/03), por meio da Resolução GECEX Nº 317. Com isso, o queijo muçarela será incluído na Lista de Exceções à TEC do Mercosul até 31 de dezembro de 2022, estendendo a todos os demais países o benefício fiscal já concedido aos integrantes do Mercosul. A medida também vale para café moído, margarina, macarrão, óleo de soja, etanol e açúcar.

A deliberação é vista pelo setor de laticínios como inoportuna, uma vez que produtores e indústrias enfrentam uma das maiores crises de competitividade da história recente. Segundo a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag), diferente de produtores americanos e europeus, os brasileiros não recebem subsídios, o que torna a concorrência sem tributação ainda mais injusta. “Passamos por um período de estiagem extrema, e o governo federal não trouxe resposta para o atendimento desse caos no campo. Ao invés de ajuda, a resposta que tivemos é essa abertura de concorrência com outros países, além da já vivenciada dentro do Mercosul. Está mais do que no momento de o governo federal olhar para o produtor de leite nacional, antes que seja tarde”, declarou o vice-presidente da Fetag, Eugênio Zanetti.

Além da alta de custos que reduziu a rentabilidade das operações a níveis praticamente insustentáveis, amarga-se os impactos da redução de consumo em decorrência da renda decrescente das famílias. “Estamos sem margem nenhuma para enfrentar esse novo entrave. Precisamos de maior sensibilidade por parte do governo para que essa posição seja reavaliada o mais breve possível. Uma decisão destas, neste momento, chega como notícia desanimadora para a produção de queijos nacional”, frisou o coordenador do Conseleite, Darlan Palharini.

Segundo o vice-coordenador do Conseleite, Rodrigo Rizzo, a fundamentação utilizada pelo governo para justificar a medida é fraca e, mais uma vez, não consulta o setor produtivo para buscar o equilíbrio da inflação. “Entendemos que a questão inflacionária é importante, mas nosso país não pode fragilizar todo um setor e colocar a renda de milhares em risco”. (Conseleite/RS)

Assembleia Legislativa aprova realização de audiência pública sobre o setor lácteo

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou, na manhã desta quinta-feira (24/3), requerimento para a realização de audiência pública sobre o setor lácteo. O pleito do segmento foi aprovado unanimemente pelos oito deputados presentes na reunião, que ocorreu de forma híbrida (on-line + presencial). O objetivo da audiência pública é fazer com que o governo do Estado compreenda que a atividade leiteira sofre com os reflexos do Fator de Ajuste de Fruição (FAF). "É muito perigoso o que está acontecendo, não podemos correr o risco de enfraquecer o setor que é muito importante para a economia, para os empregos, para o Rio Grande do Sul todo", destacou o deputado Zé Nunes.

Para o secretário-executivo do Sindicato Indústria de Laticínios do RS (Sindilat/RS), Darlan Palharini, a audiência será mais uma oportunidade de expor a preocupação de toda a cadeia produtiva com a implementação do decreto 56.117, que agrava a perda de competitividade do setor. "É importante que o governo do Estado comece de fato um diálogo para que possamos avançar na questão. É urgente que se tome medidas para que os produtores gaúchos não parem de produzir e para que não percamos mais a nossa competitividade frente a outros estados", argumentou.

A audiência, ainda sem data confirmada pelo parlamento, deve ter diversos convidados, entre eles, a Casa Civil, a Secretaria da Fazenda (Sefaz), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), além de entidades representantes do setor lácteo, segundo Zé Nunes.

Estiveram presentes na reunião desta quinta-feira os deputados Clair Kuhn (MDB), Ernani Polo (PP), Elton Weber (PSB), Paparico Bacchi (PL), Vilmar Zanchim (MDB), Capitão Macedo (PSL), Dr. Thiago Duarte (DEM), Zé Nunes (PT) e Adolfo Brito (PP). (Assessoria de imprensa Sindilat/RS)




Argentina – Produção de leite de precisão: como está mudando a forma de produzir leite - Parte 02/03

Na sala de ordenha

Nos últimos anos, na sala de ordenha também foi incorporada tecnologia que facilita e melhora a qualidade da ordenha. As empresas fornecedoras deste equipamento mais conhecidas têm disponíveis sistemas com medição da produção diária, indicadores de fluxos de leite, avaliação da qualidade da ordenha e as características do leite. Os sistemas robotizados agregam a possibilidade de ordenha voluntária, onde todos os processos estão automatizados.

Por outro lado, a possibilidade de determinar o peso corporal das vacas em ordenha, se bem aparece como uma tecnologia pouco adotada, talvez porque pode parecer complexa, é uma ferramenta fundamental para formular a ração de forma precisa e para avaliar consumo de matéria seca e perda de peso durante os picos de produção.

A avaliação automática em linha da composição do leite é outra tecnologia de muito interesse em países especializados na produção de queijos. Permite individualizar animais com alta e baixa qualidade de leite, monitorar a saúde da vaca, e em particular, separar leites, em tempo real, de diferentes qualidade com propriedades para produzir queijos de determinadas características dentro de uma mesma fazenda.

Para a medição da produção diária de leite – se sobra de dúvida uma ferramenta fundamental na avaliação do desempenho do rebanho leiteiro – existem alternativas para adotar em sistemas convencionais de ordenha e robotizado. A possibilidade de medir a produção de cada vaca em cada ordenha, e também algumas características do leite, como a condutividade, é uma grande ferramenta para a tomada de decisões.

Estes sistemas não somente medem a produção de leite, mas também permitem avaliar o fluxo por minuto e o tempo que gasta cada vaca na ordenha. As máquinas de ordenha podem estar equipadas com sensores que permitem detectar mastites. Um deles dá a possibilidade de detectar a mudança na condutividade elétrica, que possibilita detectar as modificações na permeabilidade capilar sanguínea que se produz durante a mastite. Outros sensores detectam enzimas ou mudanças de cor que aparecem como resposta à infecção. Recentemente foram desenvolvidos sensores que detectam o aumento na contagem de células somáticas, tanto medindo na formação de gel, como por medidas físicas do fluxo de leite ou por fluorescência.

A informação destes sensores, em coordenação com os que determinam a produção de leite, composição, ruminação, atividade, peso corporal, pH ruminal, etc, podem dar lugar a algoritmos que permitem determinar com maior precisão a presença de diferentes graus de mastites. Isso possibilitaria determinar quais vacas precisam de atenção imediata, quais vacas podem esperar, quais precisam de atenção ao secar e monitorar a saúde do úbere a nível do rebanho. (Fonte: La Nacion – Tradução livre: www.terraviva.com.br)

Jogo Rápido 

Preços do leite sobem à medida que guerra na Ucrânia ameaça suprimentos de ração e fertilizantes para vacas
Os preços do leite estão subindo com a expectativa de que o mercado será atingido por mais interrupções no fornecimento de fertilizantes e rações e pressões inflacionárias após a invasão da Ucrânia pela Rússia. O mau tempo na Nova Zelândia, nos EUA e na Austrália já havia combinado com a disparada dos preços do gás e interrupções na cadeia de suprimentos relacionadas à pandemia para pressionar os produtores de leite nos cinco maiores exportadores antes da guerra. A produção combinada de leite na Nova Zelândia – conhecida como a “Arábia Saudita do leite” porque controla 35% das exportações globais – UE, Austrália, EUA e Argentina caíram 1,7% em janeiro em comparação com o ano anterior, uma queda de acordo com o relatório da corretora de commodities StoneX. A produção de leite para os cinco produtores caiu ano a ano, com Nova Zelândia e Austrália registrando declínios de mais de 6%. Após o início da guerra em 24 de fevereiro, os preços de produtos cruciais aumentaram ainda mais. A gordura do leite anidra, um produto lácteo essencial, atingiu um recorde de US$ 7.111 a tonelada em 15 de março, de acordo com o índice Global Dairy Trade, que monitora os preços dos lácteos da Nova Zelândia. O leite em pó integral, o produto mais negociado, atingiu a maior alta em oito anos este mês. A empresa neozelandesa Fonterra, maior exportadora de laticínios do mundo, disse na semana passada que estava pagando aos produtores 30% mais pelo leite do que há um ano e previu que o preço aumentaria ainda mais. “O conflito na Ucrânia aumentou um ambiente operacional já complexo da Covid-19, impactando as cadeias de suprimentos globais, o preço do petróleo e a oferta global de grãos”, disse o presidente-executivo da Fonterra, Miles Hurrell, quando a empresa divulgou resultados provisórios na quinta-feira. Michael Harvey, analista do Rabobank, disse que, embora os processadores de laticínios e as empresas de alimentos estejam arcando com o peso dos custos, os consumidores provavelmente enfrentarão aumentos de preços. Ele acrescentou que a invasão da Ucrânia pela Rússia aumentaria os custos de produção de leite, já que ambos os países eram os principais exportadores de fertilizantes à base de nitrogênio e trigo, um alimento importante para o gado, juntamente com milho e soja. A Nova Zelândia e a UE respondem por cerca de 70% das exportações de leite, seguidas pelos EUA, Austrália, Brasil e Argentina. Craig Hough, diretor de política e estratégia da Australian Dairy Farmers, uma entidade comercial, disse que o aumento do custo da ração é um “grande problema” para os produtores de leite porque representa 70-80% dos custos. Hough acrescentou que os produtores de leite australianos importaram a maior parte de seus fertilizantes da China. Mas a crise no fornecimento de gás após a guerra na Ucrânia e as restrições da pandemia na China, enquanto o país enfrenta um crescente surto de Covid, significava que era “difícil obter fertilizante e é muito caro”. Nos “bons e velhos tempos”, os agricultores costumavam ser encontrados conversando uns com os outros no café da manhã local da cidade, resolvendo os problemas do mundo com uma xícara de café de cada vez. Hoje, os agricultores têm sorte se puderem terminar sua xícara de café enquanto ainda está quente.  (As informações são do Financial Times, adaptadas pela equipe MilkPoint)


 

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