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09/12/2021

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 09 de dezembro de 2021                                                  Ano 15 - N° 3.558


Rabobank: resumo mercado de lácteos no Brasil e no mundo no 4T

Os mercados de lácteos globais estão oscilando em níveis não vistos desde 2014. O clima desfavorável comprometeu muito o pico de produção da Oceania e a redução das margens nos EUA e na Europa paralisou o crescimento da produção, resultando em um déficit muito grande com relação ao ano anterior, que não pode ser compensado nem pelo aumento de produção na América do Sul.

Como resultado, a produção de leite do quarto trimestre de 2021 nas 7 grandes regiões exportadoras deve cair 0,3% em comparação com o ano passado. Esta é a primeira redução trimestral na comparação anual, desde 2019.

Os preços do leite ao produtor acompanharam a alta dos preços das commodities na maior parte do mundo, com maior potencial de alta em algumas regiões. Ainda assim, o aumento dos custos dos insumos, a falta de mão de obra, o clima desfavorável e a qualidade questionável dos alimentos limitarão a resposta de produção.

As exportações de lácteos diminuíram em resposta a interrupções logísticas, aumento dos custos de transporte e preços elevados de commodities. O volume das exportações globais de lácteos aumentou 6% em relação ao ano anterior durante o primeiro semestre de 2021, mas caiu para 2% no terceiro trimestre.

Uma desaceleração na demanda de importação da China é esperada e necessária para esfriar os preços, em face dos aumentos limitados do lado da oferta. Os compradores chineses estão divididos entre a alta fora da China e os fracos fundamentos dentro do país para decidir se, quando e em que níveis de preço eles devem retornar ao mercado.

Apesar das crescentes pressões inflacionárias, os consumidores ainda não enfrentaram o choque do aumento de produtos lácteos na maioria dos países, sustentando a demanda. Esse não será o caso em 2022, uma vez que os preços mais altos das commodities a partir do segundo semestre 2021 serão repassados aos consumidores.

Novas variantes do Covid-19, inflação, mão de obra e desafios logísticos, juntamente com outros fatores, pesam sobre a recuperação econômica global, com o potencial dos mercados globais de lácteos vacilarem.

Brasil - Margens comprimidas em toda a cadeia de valor no segundo semestre 2021
Os preços dos grãos permanecem elevados no Brasil, devido à depreciação do câmbio, e os preços de paridade de exportação mantêm os custos da ração altos para os produtores de leite. Os preços do leite na fazenda estão sendo mantidos em níveis mais elevados, mas os custos crescentes reduziram bastante a lucratividade dos produtores na segunda metade de 2021.

Enquanto isso, os processadores também sentiram os impactos dos preços ao produtor e do enfraquecimento da demanda, devido ao aumento da inflação e alta do desemprego. As margens da indústria deterioraram-se em 2021 e as empresas não conseguiram repassar todos os aumentos de custos.

O quadro macroeconômico está piorando

A economia do Brasil caiu menos do que outras economias emergentes em 2020 (-4,1% do PIB), principalmente devido aos gastos públicos significativos. A economia se recuperou em 2021 com um crescimento estimado do PIB de 4,5%. As taxas de vacinação avançaram rapidamente e agora se aproximam de 63% da população adulta.

No entanto, o Banco Central teve de aumentar drasticamente as taxas de juros de uma taxa básica de apenas 2% no início do ano, para uma projeção de 11% no início de 2022, para combater a inflação. Estima-se que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) atinja 10% ao ano.

Os preços da eletricidade permanecem em níveis recordes devido à forte seca durante a maior parte de 2021, apesar das chuvas terem ficado acima da média em outubro. Os preços dos combustíveis e uma taxa de câmbio fraca também contribuíram para a alta inflação do IPC.

A desaceleração da economia é uma preocupação para as vendas do setor de laticínios

Como a economia termina 2021 em uma nota mais fraca, o desemprego deve permanecer elevado durante a maior parte de 2022. A economia provavelmente crescerá menos de 1% no ano, o que será insuficiente para ajudar os consumidores a recuperar a renda perdida. Além disso, a incerteza em torno das eleições presidenciais de outubro de 2022 já está adicionando volatilidade ao mercado brasileiro e se refletindo em vendas mais fracas de lácteos.

Um novo programa de transferência de renda poderia ajudar no consumo
O governo está atualmente tentando aprovar uma reforma constitucional para aumentar os gastos públicos em 2022, o que financiaria um programa maior de transferência para famílias de baixa renda. Pagamentos de R$ 400 por mês dariam suporte à demanda por itens alimentícios, como laticínios. Se aprovado, este programa poderia fortalecer a demanda em 2022 e ajudar a compensar parte da renda perdida com a alta inflação deste ano.

As exportações de lácteos podem aumentar marginalmente com o câmbio fraco e um mercado internacional mais firme.

Os exportadores brasileiros tentarão encontrar algumas oportunidades para exportar nos atuais níveis de câmbio e preços internacionais, especialmente se os preços do leite ao produtor enfraquecerem com o aumento da oferta com a chegada do verão no hemisfério sul.

Enquanto isso, as importações devem apresentar desempenho inferior, com competitividade limitada no mercado interno. No entanto, a condição de uma década em que o Brasil é um importador líquido de laticínios não deve mudar em 2022. (As informações são do Rabobank, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint)


O que está impulsionando a demanda global de lácteos mesmo com a pandemia (EUA)?
 
A demanda por lácteos nos últimos dois anos tem sido um ponto importante para a agropecuária dos Estados Unidos (EUA) e mesmo os obstáculos da cadeia de abastecimento não contiveram a demanda até agora. A "fome" internacional por produtos lácteos está caminhando para um novo recorde em 2021, e grande parte dessa demanda agregada se deve à China.
 
No total, estima-se que o volume referente a pelo menos um dia da produção de leite semanal dos EUA é exportado, o que equivale a quase US$ 6,5 bilhões, enviados para 133 países. O maior comprador de produtos lácteos dos EUA é a China, que está em uma onda de compras recente. As exportações de lácteos dos EUA para a China aumentaram 32% durante o primeiro semestre do ano em equivalente-leite.
 
Então, o que está impulsionando essa demanda, mesmo durante a pandemia? O U.S. Dairy Export Council (USDEC) afirma que é o fato dos benefícios dos lácteos à saúde estarem sendo mais anunciados aos consumidores durante a pandemia. “Muito disso tem a ver com o governo chinês dizendo aos consumidores: 'Ei, lácteos são realmente nutritivos, é ótimo para sua imunidade, saia e compre produtos lácteos'”, disse Will Loux, diretor de análise de comércio global dos EUA Dairy Export Council. “E, francamente, os consumidores chineses fizeram isso e, como resultado, vimos um grande aumento nas importações de tudo, de leite em pó a queijo.”
 
Mas Loux lembrou que exportar esses produtos não tem sido uma tarefa fácil, já que os problemas de transporte, especialmente na Costa Oeste, são um grande obstáculo e não estão apenas aumentando o custo, mas forçando os exportadores a serem criativos.
 
“Os clientes no exterior estão tentando descobrir, ‘Ok, nós confiamos nos EUA para nos entregar este produto no prazo? Eles estão dispostos a fazer essas vendas em primeiro lugar? E, se [os fornecedores] estiverem, eles [os compradores] estão dispostos a pagar o mesmo preço que de antes”, diz Loux. “Por outro lado, os exportadores estão tendo que arcar com custos adicionais apenas para garantir que seus produtos cheguem a um navio. Tudo isso adiciona custos em toda a cadeia de abastecimento, o que afeta os produtores de leite.”
 
Os relatórios recentes mostraram um pouco de otimismo em relação à movimentação do contêineres acumulados na Costa Oeste. O Wall Street Journal informou que o custo para mover um contêiner caiu mais de um quarto no mês passado, a maior queda em dois anos.
 
Embora demore meses para resolver o problema na Costa Oeste, Loux diz que esta janela para mover alguns desses contêineres vazios agora é a mensagem que o USDEC quer deixar clara para os líderes em Washington. (As informações são do Dairy Herd Management, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint)
 

Copom eleva Selic para 9,25% e sinaliza nova alta em fevereiro

Segundo BC, inflação ao consumidor ‘continua elevada’ e cenário externo, ‘menos favorável’

A despeito dos sinais de desaceleração da economia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a sua estratégia de aperto para consolidar o processo de desinflação e voltar a coordenar as expectativas de inflação. O colegiado elevou ontem a taxa básica de juros da economia em 1,5 ponto percentual, para 9,25% ao ano, e sinalizou outra alta da mesma magnitude para fevereiro, contrariando apelos de parte dos analistas para adotar um ritmo menos intenso, que preservasse o crescimento econômico.

“Para a próxima reunião, o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude”, disse o BC em comunicado após a decisão, tomada de maneira unânime. Mas o colegiado fez a ressalva de que seus próximos passos “poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas” e dependerão de: atividade econômica; balanço de riscos, em que o BC faz uma espécie de análise mais subjetiva do quadro inflacionário; e projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante.

Neste momento, o horizonte que o BC considera relevante para conduzir a taxa básica de juros inclui, com pesos iguais, os anos de 2022 e 2023, para os quais as metas de inflação são de 3,5% e 3,25%, respectivamente. (Valor Econômico, adaptado pelo Sindilat)


 Jogo Rápido

Argentina: produção de leite deve crescer 3% em 2021
A produção de leite na Argentina cresceu 4,30% nos primeiros 10 meses de 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando um volume de 9,43 bilhões de litros. Enquanto isso, o ano deve encerrar com 3% acima do produzido em 2020, equivalente a 11,113 bilhões de litros. Esses dados são do Relatório do Setor Leiteiro Argentino sobre a Economia Leiteira de novembro. Nele, além disso, observa-se que os números também foram positivos para as exportações, com alta de 9,58% nos primeiros 10 meses do ano e atingindo 326.836 toneladas. De acordo com o relatório, o setor foi favorecido pelas condições climáticas, tendo um início de ano com pouco calor e umidade, um clima seco e excelente estado dos rebanhos. Soma-se a isso o aumento na adoção de tecnologias que favorecem a eficiência produtiva, tanto do ponto de vista do manejo quanto do conforto animal. Quanto ao preço pago ao produtor, aumentou 0,73% em outubro em relação a setembro, atingindo 33,27 pesos (US$ 0,33) por litro e acumulou um aumento de 69,83% ao ano. Porém, a análise mostra que o terceiro mês de queda de preços foi registrado considerando a moeda constante. “Quando analisado em moeda constante, em relação a setembro, o preço do leite caiu -2,21%, mas permaneceu em território positivo em relação a outubro de 2020 com alta de + 8,46%”, indicou o relatório. As exportações de produtos lácteos continuam crescendo. Cerca de 38,5 mil toneladas de lácteos foram destinadas ao exterior em outubro. O acumulado dos primeiros 10 meses, como já comentado, foi de 326.836 toneladas (melhora de 9,58% em relação ao mesmo período de 2020). Cerca de 38,2% do volume exportado em 2021 foi na forma de leite em pó integral. Foram despachadas 125.134 toneladas entre janeiro e outubro, o que representa um aumento de 9,4% em relação ao mesmo período de 2020. A segunda colocação foi ocupada pelo soro de leite e seus derivados, com 17,1% do volume total exportado, com 55.744 toneladas. De acordo com o relatório, o mercado internacional segue com um tom bastante firme, com demanda ativa em um contexto em que a produção dos principais exportadores não cresce de acordo com as expectativas. (As informações são do La Nación, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint)

 

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