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10/02/2021

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 10 de fevereiro de 2021                                                  Ano 15 - N° 3.401


Estresse térmico em vacas leiteiras: um mal que se sente na pele

O Brasil é o quinto produtor mundial de leite. Sua pecuária é caracterizada pela produção extensiva (USDA).

Em outubro de 2020 foram registrados recordes de temperaturas máximas em Minas Gerais, chegando até 44,2ºC (Inmet). Minas é o maior produtor de leite do país, com cerca de 27,1% da produção nacional, e com produção extensiva expressiva, grande parte do rebanho leiteiro fica exposto às condições climáticas.

Em condições de estresse térmico por calor, a vaca passa por adaptações fisiológicas e comportamentais frente a essas mudanças climáticas, podendo resultar em prejuízos de desempenho, sanitários, comportamentais e financeiros. Aqui, abordaremos como identificar um quadro de estresse térmico, prejuízos de produtividade e econômicos e estratégias de como contornar essa situação.

Zona de conforto térmico ou termoneutralidade (ZTN) é a faixa de temperatura na qual o animal fica confortável, ou seja, não há sistema termorregulador ativado, seja para dissipação ou produção de calor. Isso significa um gasto mínimo para a regulação térmica e, consequentemente, uma máxima eficiência produtiva. Em ambientes acima dessa faixa, mecanismos de dissipação de calor são ativados, ao mesmo passo que, em temperaturas inferiores a ZTN, haverá ativação de mecanismos de produção de calor.

Os animais de raças zebuínas são mais resistentes ao calor do que os taurinos, pela sua adaptação a regiões tropicais. Isso é explicado pela maior superfície corporal e melhor capacidade de sudação. Animais jovens possuem uma menor variação da ZTN devido à sua menor capacidade de controle térmico.

Tabela 1. Conforto térmico de acordo com a classificação de bovinos.

Em relação a vacas em lactação, novos estudos sugerem que a zona de termoneutralidade tenha se estreitado para o intervalo de 6 a 16ºC, uma vez que a seleção genética intensiva na busca por um melhor desempenho, acaba resultando também em uma menor resistência térmica. Desse modo, é possível que em grande parte do ano no Brasil as vacas sofram constantemente de estresse térmico. 

Parâmetros como temperatura retal (TR) e frequência respiratória (FR) são recomendados para se avaliar o estresse térmico em bovinos, assim como o valor de índice de temperatura e umidade (ITU). Sob condições de estresse térmico, há elevação da TR e FR.

Em condições normais, a FR de um bovino varia de 10 a 30 movimentos/minuto e sua TR gira em torno de 38,5ºC. A respeito do método ITU, o valor do índice é determinado de acordo com os valores de temperatura e umidade relativa do ar e classificado como estresse térmico baixo (72% a 78%), moderado (79% a 88%) ou alto (89% a 98%).

Tabela 2. Classificação do estresse térmico determinado por meio da temperatura e umidade relativa do ar do ambiente e classificado de acordo com o ITU.

O índice térmico de globo úmido (ITGU) é bastante utilizado devido a sua precisão. Com sua utilização, até 74% é considerado zona de conforto térmico, de 74% a 78% alerta, 79% a 84% perigo e acima disso, emergência.

Além dos parâmetros citados, há fatores comportamentais que podem indicar essa condição, pois os animais tendem a aumentar o consumo de água, diminuem a ruminação e o pastoreio durante o dia e aumentam a noite, buscam por locais sombreados, frescos e úmidos para se refrescarem.

Com o aumento drástico da temperatura ambiente, há uma queda na ingestão de matéria seca, podendo chegar a uma retração de 55%, comprometendo a produção de leite. Em condições adversas de temperatura e umidade, pode haver quedas de mais de 50% de produção, sendo que vacas de origem europeia, como a holandesa, são as mais susceptíveis. A queda na qualidade do leite se deve ao menor direcionamento de nutrientes para produção.

Em relação às perdas na reprodução, vacas expostas a uma alta intensidade de calor podem apresentar um período de cio mais curto, o que aumenta a falha na detecção de cio para 75 a 80%. O número de montas também é menor nessa condição e a taxa de concepção pode cair para valores menores que 10%.

Segundo Antunes et al. (2021), os prejuízos causados por estresse térmico podem chegar a R$1.000,00/vaca/ano, sendo 80% por conta da queda da produtividade e 20% associado a pior qualidade do leite.

Por meio da nutrição, é possível fornecer alimentos com uma melhor qualidade, com alta densidade e suplementação mineral. Tudo isso devido à redução de consumo alimentar limitado e, dessa forma, produzindo menor calor metabólico. Seguindo a mesma lógica, é possível fornecer alimentação nas horas mais frescas do dia e em maior número de refeições. Em condições extremas, a adição de tamponantes na dieta pode minimizar os danos causado pelo estresse térmico (ex: bicarbonato de sódio, 0,8 a 1,5% da matéria seca para vacas leiteiras).

Considerando o ambiente e equipamentos para bovinos em produção extensiva ou semi-intensiva, podemos aumentar a área sombreada, seja com sombra natural (plantio de árvores ou bambus) ou artificial (como sombrites) e o número de bebedouros, sempre deixando água disponível para os animais.

Já se tratando de melhorias em instalações, o sistema de aspersão associado à ventilação contribui para um resfriamento eficaz, com uma queda de até 3ºC da temperatura ambiente em relação a ambientes somente ventilados.

Utilizar genéticas mais adaptadas ao clima tropical do Brasil também pode ser uma opção, contudo, seria preciso uma análise de viabilidade econômica, pois esse investimento não necessariamente é garantia de maior rentabilidade.

No Brasil, grande parte dos bovinos estão susceptíveis ao estresse térmico, devido ao clima e por causa da produção predominantemente extensiva. A identificação é relativamente simples, assim como a adoção de estratégias para se reduzir os prejuízos causados por esse quadro, que podem ser espantosos. (Edairy News)


Produtor de Estrela adota sistema de compost barn para rebanho

Compost barn - Uma tecnologia que melhora o conforto do rebanho leiteiro, amplia a higiene animal e ainda aumenta a produtividade e a longevidade das vacas: assim é o compost barn, um sistema de alojamento para vacas em lactação que consiste em uma grande área de descanso aberta com cama, geralmente de maravalha ou serragem secas, onde os dejetos são compostados com revolvimento mecânico realizado regularmente. 

Em Estrela, no Vale do Taquari, agricultores como o jovem Guilherme Frederico Dickel implantaram esse tipo de galpão, com resultados satisfatórios, o que garante a continuidade do trabalho no campo.

Morador da localidade de Novo Paraíso, Dickel mantém um rebanho de 69 vacas em lactação que juntas produzem cerca de 1.500 litros de leite por dia - número que tem aumentado nos últimos anos, a partir da adoção de uma dieta mais adequada para o rebanho, de cuidados com a genética dos animais e de investimentos em maquinários e benfeitorias que ajudam a reduzir a penosidade no trabalho. "Há cinco anos, quando ainda tirávamos o leite com o balde ao pé, sem um sistema de ordenha canalizada, por exemplo, sequer sabíamos dessas possibilidades", salienta o jovem de 27 anos.

Foi a partir de uma série de conversas com os extensionistas da Emater/RS-Ascar que a propriedade passou pelas mudanças que conduziriam Dickel a produzir mais e melhor. Na época produtores de suínos, os Dickel - Guilherme mora com os pais Anelise e Artêmio - resolveram mudar a matriz produtiva, apesar da pouca experiência com a bovinocultura de leite. "Em 2015 tínhamos duas ou três vacas que não chegavam aos trinta litros por dia", recorda. Um problema de Leite Instável Não-Ácido (Lina) fez o agricultor buscar o serviço de Extensão Rural. "Foi uma pequena revolução", comenta.

Solucionado o problema, os produtores se viram estimulados a prosseguir na atividade. "De tempos em tempos fomos dobrando o rebanho o que, consequentemente, também resultava em aumento da produtividade", explica Dickel. Cursos como o de Dietas Para Vacas Leiteiras, realizado no Centro de Treinamento de Teutônia (Certa), além da participação em dias de campo, fóruns, palestras, seminários e outras atividades, ampliaram os conhecimentos da família. "Em paralelo tivemos a oportunidade de conhecer a experiência de outros bovinocultores, de trocar informações, o que foi muito bom", analisa o jovem.

Antes de retornar oficialmente para a propriedade, Dickel chegou a trabalhar na indústria metalúrgica. "Hoje jamais trocaria a minha rotina", garante. A possibilidade de acessar linhas de crédito para investimentos maiores, caso do compost barn, também entra nesse contexto. "Hoje a gente tem a propriedade organizada, com menos sujeira e menos preocupação com eventuais doenças que possam afetar o rebanho", pondera. É na estrutura de 1.800m² e 12,5m de altura que o rebanho permanece praticamente o dia inteiro, sem se sujar, descansado e bem alimentado.

O extensionista da Emater/RS-Ascar Tiago Conrad salienta que, apenas no município, mais de 10 bovinocultores de leite já adotaram o compost barn como uma ferramenta que dá liberdade de movimento para os animais, deixando-os livres para se deitar e levantar naturalmente. "Até o cio melhora pela 'maciez' da cama de serragem, se comparado a um piso de concreto", explica. Vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Governo do Estado, a Emater/RS-Ascar apoia os agricultores interessados em saber mais sobre projetos do tipo. (Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional de Lajeado)

Projeto identifica realidade das famílias na atividade leiteira e atuará junto delas

Atividade leiteira - Na semana passada a Emater/RS-Ascar realizou a última das doze entrevistas do projeto "Elite a Pasto", desenvolvido em Serafina Corrêa. O projeto objetiva desenvolver um sistema de produção de leite que permita viabilizar a atividade leiteira para pequenas e médias propriedades com o uso de pastagens.

De acordo com o engenheiro agrônomo Leandro Ebert, extensionista da Emater/RS-Ascar, a atividade leiteira vem passando por um processo de concentração em médias e grandes propriedades que conseguem adotar as novas tecnologias e efetuar os investimentos necessários para aumentar a escala da exploração. Enquanto isso, pequenas propriedades vão sendo excluídas da atividade sem ser apresentadas a uma opção ou alternativa de um sistema de produção viável aos recursos disponíveis.

Nessa primeira etapa, buscando compreender o cenário atual com cada família e provocar a reflexão dos participantes para posteriormente procurar a transformação da realidade, os extensionistas realizaram entrevistas com as famílias. As entrevistas orais semiestruturadas foram baseadas no diálogo, de forma a ouvir os participantes, levantando aspectos relativos à história ou à jornada da família com a bovinocultura leiteira e com pastagens; a experiência relacional com a assistência técnica; as barreiras, problemas ou dificuldades atuais e, por fim, aos motivos ou fatores causadores da situação atual.

O conteúdo das entrevistas está sendo processado pelos extensionistas da Emater/RS-Ascar do município visando encontrar tanto os pontos comuns quanto as especificidades importantes para o processo. Posteriormente, esses pontos serão discutidos com as famílias participantes para desenvolver a próxima etapa do projeto, quando será feito o planejamento das ações.

Para a extensionista social Sandra Elisa Manteze, um dos pontos relatados pelas famílias nas entrevistas, e que merece destaque, é que apesar de enfrentar diversas dificuldades durante os anos, a dedicação das pessoas pela atividade ou por suas propriedades, com o amor pela terra e pelas suas raízes, permitiu que elas permanecessem no campo e fizessem a propriedade dar certo. "Conforme relataram, graças a essa dedicação, as famílias alcançaram a qualidade de vida que têm atualmente, vivendo e tirando o sustento todos esses anos junto da família, o que não conseguiriam se tivessem abandonado a propriedade e migrado para o meio urbano", frisa a extensionista.

"Com as informações levantadas nas entrevistas pudemos identificar também os desafios que enfrentam atualmente, suas origens e os pontos críticos para ação junto aos participantes. A partir disso pretendemos, como Extensão Rural e Social, atuar junto das famílias para construir um modelo de produção adaptado à realidade de cada uma delas, ao se utilizar dos recursos e condições identificados e considerando as suas realidades e anseios", destaca Ebert. (Assessoria de Imprensa Emater/RS-Ascar - Regional de Caxias do Sul)


Jogo Rápido

Vem aí: MilkPoint Experts - Feras da Gestão, uma imersão em negócios e pessoas
A atividade leiteira pode ser muito rentável e prova disto são os produtores que crescem e se profissionalizam cada vez mais. Mas como chegar lá? Como tomar as decisões corretas? Como identificar gargalos na produção? Como encontrar e manter boa mão de obra? O que fazer com as informações sobre mercado? Como ser mais eficiente e ter uma propriedade de sucesso? As respostas para todas estas perguntas passam pela gestão das propriedades e é sobre isso que vamos tratar no MilkPoint Experts – Feras da Gestão, uma verdadeira imersão em negócios e pessoas. Um time de palestrantes de peso vai tratar de assuntos como índices zootécnicos, rentabilidade, engajamento de colaboradores, gestão de custos, mercado do leite, sucessão familiar, além de trazer representantes de fazendas de sucesso para te explicar na prática como obtiveram seus resultados. Tudo isto para te tirar da zona de conforto e te ensinar a aplicar fundamentos que vão dar resultado na sua propriedade. E você que é técnico também não pode ficar de fora, todo este conhecimento é fundamental para ser aplicado nas fazendas que atende. Para maximizar esta experiência, o evento se estenderá por 8 semanas, com encontros semanais de 3 horas. Será realizado em uma super plataforma interativa e contará ainda com mentorias e imersões que deixam o aprendizado ainda mais rico. Em breve traremos mais informações, mas já reserve na sua agenda as semanas entre 30 de abril e 25 de junho de 2021. Produtores e técnicos que querem ter ou a ajudar a construir negócios de sucesso, estão convocados para este super evento. Confira nossa programação no site e venha fazer parte do futuro da produção de leite no Brasil! (Milkpoint)


 

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