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28/06/2019

Porto Alegre, 28 de junho de 2019                                              Ano 13 - N° 3.011

   LEITE/CEPEA: preço ao produtor se estabiliza em junho

O valor do leite pago ao produtor em junho (pelo produto captado em maio) ficou praticamente estável frente ao mês anterior. Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a “Média Brasil” líquida fechou a R$ 1,5278/litro neste mês, ligeira alta de 0,68% em relação à de maio/19, mas 13,9% superior à registrada em junho/18, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de maio/19). Os únicos estados que não seguiram a tendência de estabilidade foram o Paraná e o Rio Grande do Sul, onde as médias mensais subiram 2,93% e 2,86%, respectivamente, de maio para junho.

Desde o início do ano, os preços do leite ao produtor já subiram 21,1% na “Média Brasil” líquida. Essa expressiva valorização está atrelada ao cenário de elevada competição entre indústrias para garantir a compra de matéria-prima e à menor oferta neste primeiro semestre. A disponibilidade de leite tem sido limitada pelas condições sazonais (redução de chuvas no Sudeste e Centro-Oeste e diminuição da qualidade das pastagens), mas também pela maior insegurança de produtores em realizar investimentos desde 2017. Nos últimos dois anos, a diminuição do poder de compra das famílias brasileiras e a “gangorra” de preços do leite prejudicaram os investimentos dentro da porteira, com efeitos sendo sentidos no longo prazo.

No entanto, os laticínios enfrentam dificuldades em repassar as valorizações da matéria-prima ao consumidor, tendo em vista a estagnação econômica. O aumento da concorrência dos laticínios também na venda dos derivados e a pressão dos canais de distribuição nas negociações têm corroído as margens das indústrias. Para os próximos meses, agentes do setor acreditam em quedas graduais nos preços do leite ao produtor. (Por: CEPEA/ESALQ/Agrolink)
                  
 

Leite/NZ

O Rabobank projeta o preço do leite ao produtor em NZ$ 7,15/kgMS, [R$ 1,38/litro], para 2019/20. Em seu relatório trimestral – Dairy Quarterly Q2 2019. Um otimismo em meio ao caos, em que o Rabobank diz que os fundamentos do mercado mundial ficaram presentes em todo o primeiro semestre de 2019: estagnação da oferta, baixos estoques e preços estáveis, e que continuam sendo temas chaves que permeiam todo o setor.
“A produção de leite dos ‘Big 7’ exportadores (União Europeia, Nova Zelândia, Austrália, Uruguai, Argentina e Brasil) em 2019 ficou abaixo à do ano anterior, dando sustentação ao mercado. Fracos finais de temporada na Nova Zelândia e Austrália, junto com forte demanda da China, deram suporte às cotações dos produtos lácteos na Oceania”, diz a analista, Emma Higgins, no relatório do Rabobank.

Higgins diz em sua análise que o segundo semestre de 2019 terá o desafio de melhorar a produção de leite nas regiões exportadoras. “A produção de leite nessas regiões [exportadoras] foi claudicante no primeiro semestre, ficando com o resultado negativo de 0,3%, criando uma tensão no mercado internacional. No entanto, a defasagem da oferta está diminuindo lentamente, e no terceiro trimestre, a expectativa é de que haja crescimento no ‘Big 7’, especialmente entre os produtores do Hemisfério Norte (União Europeia e Estados Unidos da América)”, diz ela.   

O banco sugere que haverá menor volume de leite disponível nos países exportadores do Hemisfério Sul no segundo semestre de 2019, e isso é importante para os produtores da Nova Zelândia. “Nossa expectativa é de que haja recuperação do preço das commodities lácteas após esse período de queda sazonal”, disse Higgins.

Do lado da demanda, o relatório diz que o conjunto dos mercados importadores é misto.

“O apetite chinês foi maior do que o esperado nos primeiros quatro meses de 2019, e alguns compradores podem ter estoque adequado. Assim, acreditamos que a demanda chinesa continuará robusta, mas, menos intensa do que no primeiro semestre, o que pode definir o teto dos preços”, acrescenta a analista.

“A economia dos Estados Unidos da América (EUA) está caminhando para uma desaceleração em 2020, enquanto a economia da Eurozona apresenta baixa performance desde 2018. São aspectos que moderam os gastos dos consumidores e limitam a demanda por produtos lácteos”, conclui Higgins. (Dairy News – Tradução livre: Terra Viva)

Argentina: preço do leite ao consumidor dobra e consumo tem queda histórica

Quando o dinheiro não é suficiente para continuar enchendo o bolso como antes, a primeira coisa a sair da lista de compras são os “petiscos" e os "aperitivos". Com o resto, a tática é geralmente escolher embalagens e marcas mais baratas. Mas, se isso não for suficiente, cortes mais drásticos serão impostos: aqueles que implicam em deixar de levar os alimentos essenciais à saúde ou servi-los em quantidades menores.

Esse foi o passo dramático que milhões de famílias argentinas tiveram que fazer este ano, reduzindo seu consumo de leite e produtos lácteos a níveis historicamente baixos. Isso, após seus preços, em apenas um ano, dobrar.

No leite, a escalada foi frenética. Há um ano, no supermercado Capital, o saquinho mais econômico encontrado foi de 22,50 pesos (US$ 0,51). Hoje, no entanto, o preço não fica abaixo de 45 pesos (US$ 1,02): o dobro. Se analisarmos a garrafa de litro, o aumento anual foi de 33 pesos (US$ 0,75), para 64 pesos (US$ 1,43), um crescimento de 94%.

Na mesma linha, as consultoras Focus Market e Scanntech pesquisaram 750 produtos e constataram que o leite foi o segundo que mais encareceu no ano passado: em média, 95,4%. Entre os 10 itens comparados, sachê e longa vida, o valor passou de cerca de 24,30 pesos (US$ 0,55) por litro em maio de 2018 para cerca de 50,10 pesos (US$ 1,14) no mês passado.

O aumento no preço do leite também afetou todos os derivados, como ficou claro no relatório Consumer Price Index divulgado pela Indec na última quinta-feira. Segundo a agência oficial de estatísticas, os lácteos foram os mais afetados pela inflação até agora neste ano, com um aumento de 31,2% em Buenos Aires em cinco meses. Nos últimos 12 meses, já subiram 81,1%, contra uma inflação de 63% no total de alimentos e uma taxa geral de 56,8%.

Para exemplificar, um pote de iogurte de 190 gramas de uma das marcas líderes que há um ano custava 23,50 pesos (US$ 0,53) agora é vendido a 50 pesos (US$ 1,14), um valor 113% mais caro. E o quilo do queijo cremoso, se há um ano valia 164 pesos (US$ 3,74), agora já está em 326 pesos (US$ 7,44). No meio da crise, a resposta das famílias a estes aumentos foi limitar o consumo de produtos lácteos como não o faziam há décadas, bem como voltar-se para os mais econômicos.

Segundo os últimos dados da Secretaria do Agronegócio, atualizados até março, no primeiro trimestre deste ano, 13,2% a menos de leite fluido foi vendido no país comparado há um ano e 21,1% a menos que mesmo mês de 2016. Ou seja, 1 de cada 5 litros de leite tomados três anos antes foi eliminado.

Se analisarmos o consumo de março, o registro mais recente, em leites não refrigerados ("longa vida") a queda no consumo anual atingiu 30,1% em litros, em comparação a uma retração de 3,3% para aqueles de saquinho, que mostra em que medida os compradores se refugiaram nas opções mais baratas. A queda, por sua vez, ultrapassou 21% ao ano em leite em pó e iogurte, alcançou 18,5% em manteiga e 11% em queijos. Mais dispensáveis, sobremesas lácteas e pudins foram consumidos 30,9% a menos e leites achocolatados e aromatizados, 51,5% menos.

No total, o Observatório da Cadeia Leiteira Argentina (OCLA) calculou que, em janeiro e fevereiro, o consumo de leite - direto e via derivados - caiu para um patamar equivalente a 183 litros por habitante ao ano. Foi o menor registrado desde 2003. E, tirando 2003, o menor desde 1991. Estima-se, entretanto, que os primeiros quatro meses de 2019 tenham uma média de 180 litros, longe dos 193 litros per capita consumidos em todo o ano de 2018, os 197 de 2017, os 201 de 2016 e os 217 de 2015.

"Em 2018 o consumo diminuiu um pouco, mas a queda deste ano foi muito forte, em quantidades e qualidades. Os lácteos são os produtos básicos em que os maiores cortes estão sendo observados. As pessoas consomem menos sobremesas lácteas, cremes, queijo ralado ou leite com sabor. E no leite, o que mais se destacou foi uma mudança para as marcas secundárias, e do papelão para o sachê, o que até causou complicações para manter a oferta de marcas mais baratas em sachê”, explica Jorge Giraudo, diretor executivo da OCLA.

Segundo o especialista, os aumentos ocorreram principalmente nos primeiros meses deste ano porque, "devido às altas temperaturas", a produção caiu 10%. E, ao mesmo tempo, devido às altas exportações de 2018, as empresas ficaram com poucas reservas para compensar. Essa falta de oferta que permitiu os aumentos, disse Giraudo, já começou a se normalizar. "Mas não esperamos que os valores caiam", adverte.

"Agora o preço é suficiente para a fazenda não estar em crise, porque muitos de seus custos são dolarizados, como os de ração para gado, vacinas e combustíveis", acrescentou David Miazzo, economista da Fundação para o Desenvolvimento Agrícola da Argentina. Nesse contexto, mesmo que a produção se recupere é difícil que o preço caia. Para ressurgir o consumo, o que precisa ser recomposto é o poder de compra dos salários. 

Segundo nutricionistas consultados, essa situação é muito preocupante já que o leite é um alimento essencial para a saúde da população e especialmente para o adequado crescimento das crianças. Alimento que, por sua vez, é muito difícil de ser substituído. 

A recomendação médica, no país e em todo o mundo, é que as pessoas, para ter uma dieta saudável, consumam cerca de três porções de leite por dia, que podem ser um copo (200 ml) de leite, um iogurte e um pedaço de queijo de 30 gramas, explica Sérgio Britos, diretor do Centro de Estudos de Política Alimentar e Economia.

"O problema é que na Argentina, antes deste último outono, a população vinha registrando um nível de consumo muito inferior ao saudável", afirma. Em média, segundo Britos, as pessoas consumiam 48% menos laticínios do que o ideal: ou seja, a metade. Embora com desigualdades: nos setores de baixa renda o déficit está próximo de 60%, e naqueles com maior renda, a 30%.

"É um preocupante problema nutricional e de saúde que afeta as crianças em particular. Os produtos lácteos são a fonte fundamental de cálcio em nossa dieta e o cálcio é um mineral essencial para a nossa saúde óssea", completou Britos. 

"Durante a idade escolar e pré-adolescência, o cálcio se fixa e forma a densidade óssea que terá que nos sustentar ao longo da vida. Portanto, a recomendação desse nutriente é muito exigente neste período. O perigo é que se, devido a um déficit de cálcio, a criança não tiver massa óssea suficiente naquele momento, ele terá um alto risco na idade adulta de ser mais propenso a fraturas e osteoporose", disse Britos.

Em 24/06/19 - 1 Peso Argentino = US$ 0,02283
43,7968 Peso Argentino = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)
(As informações são do Clarín, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint)

 
Cresce a produção de leite
Para o levantamento foram considerados os volumes de leite adquiridos pelos laticínios com algum tipo de inspeção sanitária (municipal, estadual e/ou federal). De janeiro a março foram coletados 6,2 bilhões de litros de leite no país, um aumento de 3% em relação a igual período do ano passado. Este foi o maior volume captado neste intervalo desde 1997. No primeiro trimestre de 2018, o volume captado havia reagido 2,7% frente a igual período de 2017. Em 2019, com o produtor incentivado, com o preço do leite 6% maior em valores reais (deflacionados pelo IGPI – Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) no período de janeiro a maio, a produção cresceu em maior proporção comparado com os anos anteriores. Em contrapartida, a demanda comedida na ponta final da cadeia começa a pressionar o preço do leite para o produtor já no final do primeiro semestre. (Fonte: Scot Consultoria)

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