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20/11/2017

Porto Alegre, 20 de novembro  de 2017                                              Ano 11- N° 2.624

 

Alternativas ao impasse 

Para especialistas em comércio internacional, o impasse que envolve a circulação de produtos agropecuários no Mercosul está longe de ser resolvido em definitivo por meio de restrições aos demais países-membros. As alternativas, na avaliação deles, passam por reforçar a competitividade dos produtos brasileiros frente aos parceiros comerciais. "A saída para esse processo é mais ganhos de produtividade", defende o professor Marco Antonio Montoya, coordenador do curso de Ciências Econômicas da Universidade de Passo Fundo (UPF). Na avaliação dele, as medidas de barreiras protecionistas são transitórias e costumam ser adotadas em momentos de crise. Montoya toma como exemplo a cadeia do leite no Rio Grande do Sul. Em algumas regiões, a produtividade é alta e o setor tem condições de competitividade. 

Mas, na média estadual, percebe-se que ainda há muito por fazer. "O que é preocupante é que não exista uma política concreta de qualificação do leite, que busque incorporar o produto permanentemente na merenda escolar, por exemplo, já que ele tem um componente social nas cadeias produtivas", lamenta Montoya. Segundo o professor Charles Pennaforte, do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o embate deve-se a uma questão estrutural de um bloco econômico onde todos os países são exportadores de produtos agrícolas. Com seus 207 milhões de habitantes, o Brasil é visto como um "gigante" pelos seus vizinhos, que tentam comercializar seus produtos neste mercado. "Para o Uruguai, o que justifica estar no Mercosul é justamente o acesso aos mercados brasileiros e argentino. Essa troca de produtos sempre vai existir", detalha Pennaforte. Um dos fatores que mais prejudicam a competitividade brasileira é a carga tributária, que, segundo ele, deveria ser readequada.(Correio do Povo)

Argentina - A "febre da manteiga" amortece, mas os preços continuam elevados

Neste mês de novembro a filial argentina da Saputo declarou exportações de 173 toneladas de manteiga a granel pelo valor médio ponderado de US$ 5.885/tonelada, tendo o valor máximo chegado a US$ 5.955/tonelada. Os destinos forma Iêmen, Líbano, Emirados Árabes Unidos e Malásia. Segundo dados da alfândega, em novembro de 2016 foram registradas vendas de 209 toneladas de manteiga a granel, ao preço médio de US$ 4.908/tonelada, enquanto no mesmo mês de 2015, as exportações declaradas foram de 469 toneladas ao valor médio de US$ 2.790/tonelada. O preço FOB médio da manteiga exportada pelos países da Europa Ocidental começou a ceder nas últimas semanas, mas ainda continuam sendo muito elevados em termos históricos. Atualmente - segundo dados do USDA - se encontra na faixa de US$ 5.750 a US$ 6.100/tonelada, depois de haver alcançado o máximo anual de US$ 7.875 a US$ 8.400/toneladas na primeira quinzena de setembro de 2017. Uma queda da produção europeia de leite - incentivada por um programa comunitário para evitar desequilíbrio nos preços internos - fez com que as indústrias privilegiassem a elaboração de queijos (produto mais rentável) em detrimento de outros (como o leite em pó desnatado) que resulta no aumento da disponibilidade de creme e de manteiga.

"Na França o setor supermercadista está quase completamente concentrado em cinco grandes cadeias, as quais, tradicionalmente, negociam contratos de preços uma vez ao ano, usualmente em fevereiro", diz um recente boletim do USDA. Essa metodologia, da lei francesa foi criada com o propósito de conter pressões inflacionárias, mas, gera transtornos quando produtos exportáveis registram grandes variações de preços. "As indústrias de laticínios francesas pediram às cadeias a possibilidade de renegociar os contratos quando os valores internacionais da manteiga começaram a registrar altas no segundo trimestre de 2017, mas as redes de distribuição negaram", explica o boletim. Resultado: as indústrias de laticínios privilegiaram a exportação de manteiga em detrimento do mercado interno. "Muitos consumidores franceses, alarmados pelas notícias sobre a baixa disponibilidade de manteiga, incrementaram as compras para congelar o produto e armazená-lo. Além disso, confeitarias e restaurante compraram grandes volumes de manteiga nos supermercados, a preços regulados, o que agravou o problema do abastecimento do produto", acrescenta o relatório do USDA.

Se bem que a França importe grandes volumes de manteiga de outros países europeus, as cadeias de supermercados se negaram a realizar operações em grande escala e aceitar os elevadíssimos preços. Atualmente estão sendo negociados acordos de preços com as indústrias de laticínios para evitar agravar a escassez da oferta. A manteiga está sendo substituída pela margarina em diversos processos industriais, dado que este último produto (elaborado usualmente com óleo de palma hidrogenado) está sendo cada vez mais percebido como prejudicial para a saúde em diversas regiões do mundo. (valorsoja - Tradução Livre: Terra Viva) 

Dispositivo criado na USP analisa qualidade de leite e evita desperdício na produção

O grupo desenvolveu um dispositivo de baixo custo para coleta e análise de amostras de leite durante a ordenha. Estudantes que integram uma startup iniciada na Universidade São Paulo (USP), em São Carlos, viajam para Índia neste fim de semana para fazer um estudo de mercado e tentar fechar parcerias. O grupo, que desenvolveu um dispositivo de baixo custo para coleta e análise de amostras de leite durante a ordenha, venceu em 1º lugar o prêmio Social Impact Award Switzerland (SIA Summit 2017), na Suiça, no mês passado.

Após arrecadarem cerca de R$ 2,6 mil em uma "vaquinha virtual" para custear parte da viagem, os alunos da USP receberam um prêmio no valor de R$ 13 mil, que será investido no projeto. A estimativa é que o protótipo esteja pronto até abril do ano que vem e disponível aos produtores no primeiro semestre de 2019. O projeto, que teve o apoio da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, concorreu no SIA Summit com outras inovações tecnológicas de 18 países, sendo que 13 finalistas foram escolhidos em Genebra.

O grupo de São Carlos faz parte agora de uma rede global que apoia empreendedores de impacto social e, por meio de um programa do governo suíço em parceria com universidades e instituições do Brasil e da Índia, os estudantes vão para Bangalore em busca de expansão. A Índia é o segundo produtor de leite no mundo, mas possui problemas muito parecidos com os enfrentados no Brasil, que é o 5º maior produtor.

Qualidade do leite
Um dos objetivos da Thinkmilk é exibir informações sobre a qualidade do leite, traços de antibióticos e possíveis doenças do animal. Com isso, é possível aumentar a produtividade de pequenos fazendeiros, ajudar na redução do desperdício e no combate à mastite, um dos maiores problemas da pecuária de leite brasileira.

Segundo o estudante Bruno Azevedo, equipamentos baseados em sensores de baixo custo podem explorar um vasto mercado que ainda não tem acesso a alta tecnologia.

"Com produtos de maior qualidade, o Brasil pode aumentar a exportação para mercados bastante exigentes, como o europeu. Isso melhora a competitividade e a renda de nossos pequenos fazendeiros, reduzindo a pobreza em regiões rurais e democratizando o acesso a alimentos de qualidade", avaliou.

O estudante participou de um intercâmbio na Suíça durante um ano e essa experiência gerou possibilidades para a tecnologia iniciada em São Carlos. "Os consultores e pesquisadores que nos apoiam têm experiência de anos trabalhando com outras startups que desenvolveram sensores e sistemas inovadores e, o que é mais importante, souberam transformá-los em produtos, levando-os para o mercado", ressaltou Azevedo.

Aprimoramento
Aperfeiçoar o sensor e integrá-lo ao sistema que monitora os sinais e processa os dados é o próximo passo da startup nos meses seguintes. "Temos uma expectativa de preço baseada no custo do protótipo, mas ainda é cedo para afirmar", disse o estudante. O grupo pesquisa as instituições brasileiras que têm contato direto com fazendeiros, pois precisa de dados mais precisos sobre o tamanho do mercado e as reais necessidades do produtor.

"Queremos oferecer uma solução completa por um preço menor que as existentes e que se pague em pouquíssimo tempo, gerando resultados visíveis ao fazendeiro logo nas primeiras semanas de uso", ressaltou Azevedo.

Além dele, fazem parte do grupo o doutorando Rodrigo Duarte Pechoneri, o servidor do Grupo de Óptica do IFSC João Marcelo Pereira Nogueira, além de outros parceiros suíços. Eles recebem orientação do professor de engenharia mecânica Daniel Varela Magalhães e têm como mentor o professor de engenharia de produção Daniel Capaldo Amaral. (G1)

 

Entre Aspas
"Li as justificativas do decreto e dento do regulamento do Mercosul diz que deve haver simetria entre produtos negociados."
Darlan Palharini - Secretário Executivo Sindilat, em relação ao projeto apresentado por deputados para reintroduzir "cobrança de direitos alfandegários na circulação de alguns produtos agropecuários" no âmbito do Mercosul. ​(Zero Hora)

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