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03/08/2017

Porto Alegre, 03 de agosto de 2017                                              Ano 11- N° 2.555

 

  CNA defende parceria entre Brasil e Argentina para atender demanda mundial por alimentos

O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, disse nesta quarta (02) que Brasil e Argentina devem atuar como parceiros para conquistar mercados e atender à crescente demanda mundial de alimentos. "Esse relacionamento precisa entrar em um novo momento, com mentes abertas que olham para um mercado internacional pulsante, e com olhos de quem vê grandes oportunidades", afirmou Martins na abertura do 1º Diálogo Agrícola Brasil-Argentina, na sede da CNA.

Promovido pela Confederação e pela Embaixada da Argentina, o evento reuniu representantes do governo e do setor privado em três painéis para debater os desafios que os dois principais membros do Mercosul enfrentam no mercado internacional, especialmente a demanda asiática por alimentos.

No discurso, Martins disse que a CNA sempre viu a parceria entre Brasil e Argentina "muito além da concorrência regional" e que agora é hora de "dar as mãos para encarar os imensos desafios e oportunidades que temos pela frente, para que possamos estar preparados para, juntos, enfrentá-los".

Na sua avaliação, há muito mais interesses em comum do que diferenças na relação entre brasileiros e argentinos. E para o agronegócio, uma das prioridades é conquistar o mercado asiático. "O que falta é nos alinharmos na direção do oriente, pensando alto e com estratégia para que os nossos produtos, que já são sustentáveis e de altíssima qualidade, cheguem às prateleiras indianas e chinesas".

Segundo Martins, o caminho é longo e há muito que ser feito, "mas o produtor rural é craque em colocar a mão na massa, em produzir e em colher frutos do seu trabalho". Ao fazer uma analogia com a rivalidade entre argentinos e brasileiros no futebol, o presidente da CNA concluiu seu discurso dizendo que no campo da produção e da exportação, os dois países precisam ser parceiros "em uma partida que, se bem jogada, certamente trará muitos resultados para os nossos países".

Para o embaixador da Argentina, Carlos Magariños, a parceria com o Brasil deve ir além dos governos, estendendo-se também entre os setores privados, pois "os empresários são os atores principais neste processo". Segundo ele, é preciso sair do campo das ideias para as ações.

Já a superintendente de Relações Internacionais da CNA, Lígia Dutra, afirmou que os dois países têm muito a colaborar com o mercado internacional. "Quando você consegue aliar outros países que têm interesses similares, podemos negociar com maior peso e com melhores condições de acesso a mercados". (As informações são da Assessoria de Comunicação CNA)

 

Lala diz que concluiu negociação para compra da Vigor

A mexicana Lala Foods informou ontem ao mercado em seu país que concluiu o processo de negociações para a compra da Vigor Alimentos S.A., controlada pela J&F Investimentos. No comunicado, a maior empresa de lácteos do México informou que o negócio inclui a participação acionária da Vigor na Itambé Alimentos, mas não mencionou o valor da operação.

Como informou ontem o Valor, a Lala acertou a compra da Vigor por R$ 5,7 bilhões, valor que inclui dívidas. A Lala atribuiu  valor de R$ 5,7 bilhões por 100% da Vigor e também da Itambé, na qual a controlada da J&F tem participação de 50%. A outra metade da Itambé pertence à Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR).

No comunicado de ontem, a Lala informou que a proposta de compra da Vigor será apresentada para aprovação ao conselho de administração da companhia na quinta-feira. A J&F confirmou, por meio de sua assessoria, que está em "processo avançado de negociações com o Grupo Lala acerca da alienação da Vigor Alimentos S.A, incluindo sua participação acionária de 50% no capital da Itambé Alimentos S.A."

De acordo com a Lala, que é listada na bolsa do México, a transação está sujeita a "certas condições comuns", incluindo "a aprovação do conselho de administração e da assembleia de acionistas da Lala, autorizações governamentais, acordos de acionistas e outras condições contratuais inerentes".

O comunicado afirma ainda que a Lala obterá financiamentos e possíveis capitalizações para fazer a aquisição. Em teleconferência com analistas na semana passada, a empresa informou que poderia recorrer a emissão de ações para financiar eventuais aquisições.

A Lala destacou no documento que a Vigor é focada em produtos de valor agregado, como iogurtes e queijos, tem 7.600 empregados, 14 unidades de produção, 31 centros de distribuição e 67 mil pontos de venda no país. Já a Itambé tem em seu portfólio produtos como leite em pó, leite condensado, doce de leite, iogurte e leite longa vida. O faturamento consolidado da Vigor em 2016 foi de R$ 6 bilhões.

Com receita líquida de U$ 2,9 bilhões no ano passado, a Lala tem 22 fábricas, sendo 14 no México, cinco na América Central e três nos EUA. Produz itens como leite, manteiga, iogurtes, queijos, creme de leite, entre outros. Seu valor de mercado na bolsa ontem era de cerca de US$ 4,8 bilhões.

A Vigor é mais um dos ativos que a J&F pôs à venda após a divulgação da delação de seus controladores. Em busca de recursos depois de ver o crédito secar, a holding já vendeu a Alpargatas à Cambuhy investimentos e as operações de carne bovina no Mercosul para a Minerva Foods. (As informações são do jornal Valor Econômico)

Produção/Uruguai 

A produção de leite caiu em 2016 pelo terceiro ano consecutivo, um fato que não ocorria desde 1977. Também foram fechadas 163 fazendas produtoras de leite, o que representa 6% das unidades produtivas do início do ano, segundo pesquisa anual realizada pela Estadísticas Agropecuarias (DIEA). 

Isso significa que 2016 foi o período com maior fechamento de unidades produtoras, pelos menos desde 2011, quando foi o melhor ano para a atividade. "Precisamos que sejam aprovadas medidas de capitalização do setor ou a devolução de impostos às exportações" para começar a reverter a situação, ressaltou a El Observador o presidente da Sociedad de Productores de Leche de Florida (SPLF), Horacio Rodríguez. Acrescente-se à queda da produção e de fazendas, a perda de qualidade do leite, devido às adversidades climáticas, a baixa qualidade da alimentação dada às vacas pelas dificuldades econômicas dos pecuaristas. Os fatores climáticos "afetaram a alimentação e o manejo", o que refletiu na queda da matéria gorda e da proteína do leite, que são os componentes de qualidade pelos quais se paga o produto. Por trás da realidades estatística do setor lácteo está a crise financeira que vem atravessando o setor, derivada da acentuada queda dos preços dos lácteos nos mercados externos - que ocorreu nos últimos três anos - levando os produtores ao endividamento. "É uma tendência inevitável", o encerramento da atividade leiteira nas fazendas como resultado final dos problemas internos e externos, entre outras causas, que vem ocorrendo nos últimos cinco anos, analisa Rodríguez.

"Todos sabemos que a produção de leite está caindo e seguirá diminuindo, porque os produtores venderam as vacas", acrescentou. "Não temos claro se haverá uma queda ainda mais acentuada" no número de fazendas de leite, que passaram de 3.218 em 2011, para 2.716 no ano passado, redução de 16%, mas, "sabemos que a produção de leite caiu 10% em 2016, e que a Conaprole fechou o exercício de 30 de junho passado, com 4% menos captação de leite", disse o presidente da SPLF.

Rodríguez lembrou também com preocupação que um setor que havia chegado a faturar US$ 914 milhões com exportações em 2013, caiu para US$ 563 milhões em 2016, segundo o Uruguay XXI. "Todos sabemos que a produção de leite está caindo e continuará diminuindo porque os produtores venderam as vacas", acrescentou Rodríguez.

Segundo a pesquisa da DIEA, a produção total de leite de 2016 está 8,8% abaixo da registrada em 2015. Sem dúvida, o mais relevante é que pode retroceder ao ano 2.000 para encontrar uma queda em percentual maior do que a do ano passado, assim como pela primeira vez desde 1977, não se registrava três anos consecutivos de redução na captação de leite nas indústrias.

Os principais produtos elaborados pela indústria em 2016 foram o leite pasteurizado e longa vida, quase inteiramente para o mercado interno, e leite em pó, queijos e manteiga, três itens de exportação, em sua maioria.

As cifras de 2016
- 2.026 milhões de litros de leite foi a produção das fazendas de leite, segundo a DIEA
- 115 milhões de litros a menos que em 2015
- 2.716 produtores entregaram leite para as indústrias
- 163 fazendas de leite a menos no final de 2016, em relação a 2015, o que significa o fechamento de 6% das empresas do setor. (El Observador - Tradução livre: Terra Viva)

 

Fiscalização agropecuária em reconstrução

 

Alvo de forte cobrança dos países importadores de carnes brasileiras por mudanças "concretas" na área de defesa agropecuária, o Ministério da Agricultura corre contra o relógio para implementar uma série de medidas na área de fiscalização. A começar pela dos frigoríficos, "calcanhar de Aquiles" do sistema de inspeção animal do Brasil, na avaliação da atual gestão do ministério.

Concurso público e contratações emergenciais de 600 médicos veterinários, remoções internas de 60 fiscais, mapeamento de frigoríficos exportadores de carne de frango com mais problemas sanitários, auto embargos para as plantas com riscos sanitários maiores e uma Medida Provisória para a criação de um fundo abastecido por taxas de fiscalização e serviços de defesa agropecuária - com potencial de arrecadar R$ 1 bilhão por ano - estão no pacote de novidades. Nem todas, porém, deverão ser aceitas pelos fiscais.

Essas são as apostas do ministro Blairo Maggi para evitar uma enxurrada de fechamentos de mercados estrangeiros ao Brasil, incluindo União Europeia e China. "Da Operação Carne Fraca [deflagrada em 17 de março com foco em casos de corrupção de fiscais e funcionários de frigoríficos] para cá, a pressão sobre o Ministério da Agricultura ficou muito grande. Houve mais cobranças da União Europeia, por exemplo, e críticas ao modelo antigo, o que nos impeliu a adotar essas medidas", afirmou o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Luís Eduardo Rangel, ao Valor.

"Temos hoje uma oportunidade política de apresentar essas mudanças, mas precisamos correr", acrescentou. De acordo com Rangel, todas essas medidas já estavam no radar de sua secretaria (SDA) há mais de um ano e constavam do rascunho de intenções do Plano de Defesa Agropecuária, desenhado na gestão da ex-ministra Kátia Abreu.

Mas "a temperatura já chegou em um nível inaceitável", reconheceu Rangel, em referência à pressão sobretudo de europeus e americanos, que são enfáticos em dizer em seus relatórios de auditoria que o sistema de defesa da agricultura brasileira precisa funcionar, que a gestão sobre os fiscais é muito fragmentada e descentralizada e que a falta de fiscais é crônica.

É nesse sentido que vem a primeira das mudanças. Uma portaria e um decreto, previstos para sair no início da próxima semana, deverão instituir no país o sistema de "comando e controle" para a área de inspeção animal. Na prática, o sistema centraliza em Brasília todas as ordens de serviço de fiscalização federal para frigoríficos e outras fábricas de alimentos de origem animal. Com isso, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) passará a ter controle sobre os fiscais que atuam nos frigoríficos. Hoje, esse papel é das superintendências estaduais do ministério, principais alvos da Operação Carne Fraca.

Para responder aos questionamentos dos europeus, que deverão fazer uma nova auditoria no Brasil em novembro, além da contratação emergencial de 300 veterinários temporários, a Pasta vem fazendo concursos internos de remoção interna pra realocar 60 fiscais de outras áreas de atuação para frigoríficos (360 é o déficit atual de fiscais pra auxiliar na fiscalização dos 720 frigoríficos mais críticos). Rangel admite, porém, que a adesão a esse plano está baixa.

"Apoiamos a tentativa de acabar com as ingerências políticas, mas não aceitamos temporários, isso é terceirização. O ministério deveria contratar as pessoas que passaram no último concurso mas não foram chamadas", afirmou Maurício Porto, presidente do Anffa, sindicato dos auditores fiscais agropecuários.

Em outra frente, o ministério contratou o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), que vem fazendo uma consultoria que resultará no texto-base da MP sobre a reformulação da defesa agropecuária federal, por meio da qual a SDA seria equiparada a uma agência reguladora, nos moldes da Receita Federal, com autonomia financeira e de gestão. Aqui entra o fundo de defesa, alimentado por taxas cobradas de empresas. A inspiração são as taxas cobradas pela Aneel, agência do setor de energia elétrica. A MP também poderá criar um "adicional de produtividade" para os fiscais, para suprir a falta de regulamentação de horas-extras da categoria, que teria motivado pagamentos rotineiros de propinas por parte da JBS, como consta em delação de executivos da companhia.

"Não pode ser só a iniciativa privada a única a contribuir para o fundo, mas está claro que temos que melhorar a fiscalização no Brasil", disse Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). (As informações são do jornal Valor Econômico)

Sexto mês consecutivo de queda nos custos de produção da pecuária leiteira
Os custos de produção da pecuária leiteira caíram pelo sexto mês consecutivo. Segundo o Índice Scot Consultoria, em julho, o recuo foi de 3,8% em relação a junho deste ano. Desde o início da queda, em fevereiro deste ano, a queda acumulada é de 12,1%. O "refresco" para o produtor veio principalmente dos alimentos concentrados, notadamente os energéticos, pressionados pela queda da cotação do milho. Na comparação com julho do ano passado, os custos de produção da atividade caíram 14,8%. Apesar do recuo no preço do leite pago ao produtor a margem da atividade continua em bons patamares, graças a redução dos custos de produção. Para os próximos meses, a expectativa é de aumento dos custos de produção, com um cenário mais firme de preços para os alimentos concentrados. Com as quedas previstas no preço do leite ao produtor, espera-se um estreitamento da margem para o produtor de leite neste segundo semestre. (Scot Consultoria)

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