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25/04/2017

 

Porto Alegre, 25 de abril de 2017.                                               Ano 11- N° 2.486

 

Falta de gordura afeta produção de manteiga

É visível nas prateleiras refrigeradas dos supermercados. Nos últimos meses, os tabletes e potes de manteiga que disputam espaço com as margarinas se tornaram artigo de luxo. Não só porque estão bem mais caros, mas também porque estão mais difíceis de encontrar. A menor oferta do produto pode ser explicada por um conjunto de fatores, mas o mais importante deles é a falta de matéria gorda no país para a fabricação de manteiga, segundo indústrias e analistas do setor de lácteos. Nesse cenário, os preços da manteiga negociada entre empresas subiram 27% (já em valores deflacionados) em 12 meses. No varejo, a alta foi de 19% no período (ver infográfico). A matéria-prima para a produção da manteiga é a gordura do leite. Quando o leite é retirado da vaca tem, em geral, um teor de 3,5% de gordura. A produção de leite desnatado gera um excedente de gordura, que é usado para a fabricação de manteiga, creme de leite, requeijão e cream cheese. Mesmo a produção de leite longa vida integral gera gordura, uma vez que há uma padronização do produto, que fica com teor de gordura de 3%, explica Valter Galan, especialista da MilkPoint, consultoria especializada no mercado de lácteos. 

 
 
No entanto, o país produz volumes pequenos de leite desnatado. "Aqui no Brasil, 75% do leite [longa vida] consumido é integral", observa Guilherme Portella, diretor de relações institucionais da Lactalis no Brasil. No país, a empresa francesa fabrica manteiga com as marcas Batavo e Elegê. Como a produção de leite desnatado é pequena, a oferta de matéria gorda para fabricação de manteiga e outros itens é restrita. Ademais, o país está produzindo menos leite em pó desnatado, que é uma "grande fonte de gordura", observa Ricardo Cotta, diretor de relações institucionais e novos negócios da Itambé. Gustavo Beduschi, assessor técnico da Viva Lácteos, que reúne empresas do setor, afirma que há uma disputa por matéria gorda pelas indústrias de laticínios para a produção dos diferentes itens, mas a oferta de gordura não cresceu, daí o atual quadro. O fato de a produção de leite ter caído nos dois últimos anos no país também pode ter agravado a situação. "Há uma demanda por matéria gorda muito maior do que se consegue suprir", diz. O aumento da demanda por manteiga também é uma das razões apontadas por analistas e indústrias para a oferta mais restrita. De acordo com Galan, assim como na Europa e nos EUA, nos últimos três anos, tem havido no Brasil uma migração das gorduras vegetais para as gorduras lácteas. Isso decorre da mudança de percepção em relação aos efeitos da manteiga para a saúde. "A demanda é maior porque a ideia de que a manteiga faria mal à saúde está sendo desmistificada", observa Cotta, da Itambé. "Até uns três anos atrás, a manteiga era vilã. Mas houve uma mudança no padrão de consumo", concorda Portella, da Lactalis. Dados da empresa de pesquisa de mercado Kantar WorldPanel mostram que em 2016, o consumo de manteiga cresceu 1%, para 29.978 toneladas, um mercado de R$ 721,581 milhões. 
 
A pesquisa da Kantar é realizada numa amostra de 11.300 domicílios, que representam um universo de 52 milhões de lares, responsáveis por 91% do potencial de consumo do país. Entre 2015 e 2014, o consumo de manteiga já havia subido 5,4%. Danielle Rossi, gerente de contas da Kantar Worldpanel, afirma que o crescimento "mais tímido" do consumo do que o visto em anos anteriores ¬ quando mudou a percepção sobre o efeito da manteiga para a saúde ¬ é um reflexo da recessão no país, que leva consumidores a migrarem para produtos de menor valor. No caso da manteiga, o principal substituto é a margarina. Dados da consultoria Euromonitor, referentes a vendas de manteiga no varejo no país, mostram um volume de 77,7 mil toneladas em 2016, pouco abaixo das 77,9 mil toneladas de 2015. Tanto Itambé quanto Lactalis informam que poderiam estar produzindo mais manteiga do que o fazem atualmente se houvesse matéria¬prima porque há demanda, apesar dos preços mais altos. "O que produzimos, estamos vendendo", afirma Cotta. Guilherme Portella, da Lactalis, diz que a empresa chegou a produzir mais leite em pó desnatado para poder gerar matéria gorda para a produção de manteiga. "Temos mais demanda do que conseguimos produzir", acrescenta o executivo. Beduschi e Galan lembram que a recessão também levou a uma redução do consumo fora de casa, o que acabou estimulando muitas pessoas a cozinharem, demandando mais manteiga. Outro sinal de que a oferta doméstica de manteiga é restrita é o aumento das importações do produto. No primeiro trimestre deste ano, as compras no exterior somaram 1.500 toneladas, 68% acima das 890 toneladas de igual período de 2016, de acordo com dados da Secex compilados pela MilkPoint. Como observa Laércio Barbosa, diretor do Laticínios Jussara, a falta de matéria¬prima para produção de manteiga não se restringe ao Brasil. "Está faltando no mundo", afirma. Segundo ele, estimativas indicam que os estoques de leite em pó desnatado estão mais altos na Europa e nos EUA ¬ assim, os países estão produzindo menos, o que leva à falta de matéria gorda (Valor Econômico)
   
 
Importações de lácteos perdem fôlego, mas déficit na balança do país persiste

O Brasil encerrou março com um déficit de US$ 38,5 milhões na balança comercial de lácteos. O valor ainda é expressivo, mas vem caindo desde o início do ano. Em março, as importações custaram US$ 51,979 milhões (alta de 21,2%) e as exportações renderam US$ 13,432 milhões (aumento de 149%), conforme dados da Secex, compilados pela Viva Lácteos, que representa empresas do setor. Em volume, houve uma queda de 7,3% nas importações em março na comparação com igual mês de 2016, para 15,719 mil toneladas. Já as exportações subiram 86,8%, para 5,192 mil toneladas. "As importações estão caindo há cinco meses", observa Gustavo Beduschi, assessor técnico da Viva Lácteos. Em novembro de 2016, custaram US$ 62,4 milhões e em dezembro ficaram em US$ 61,8 milhões. (ver gráfico) Para ele, uma das razões para essa queda das compras é a valorização, ainda que pequena, dos preços internacionais dos lácteos. Afora isso, a produção de leite também começa a reagir no mercado brasileiro, afirma. 

 
No primeiro trimestre do ano, o Brasil importou 51, 287 mil toneladas de lácteos, um aumento de 54,2% sobre igual período de 2016. Os gastos com as compras de lácteos no exterior subiram 91% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, para US$ 164,310 milhões. No mesmo período, as exportações de lácteos totalizaram 13,367 mil toneladas, com alta de 12,8% sobre os três primeiros meses de 2016. A receita com as vendas externas teve aumento semelhante, de 12,6%, para US$ 38,963 milhões. Um destaque nas exportações em março, segundo Beduschi, foram os queijos. 

As vendas cresceram 66,5%, para 342,6 toneladas. A receita com os embarques de queijo subiu 111,8%, para US$ 1,660 milhões. Ainda que os volumes de queijo exportados sejam pequenos são importantes porque fazem parte da estratégia de diversificação das exportações pelo setor, que ainda dependem bastante dos embarques de leite em pó e condensado. Os exportadores também tentam diversificar os destinos para reduzir a "venezuelodependência", que é verdade, diminuiu em decorrência da crise no país vizinho. Em 2015, as importações do país absorviam 75% das exportações brasileiras de lácteos em valor. No ano passado, essa participação caiu para 48%, segundo Beduschi. No primeiro trimestre deste ano, ficou em 21%. De acordo com o assessor técnico da Viva Lácteos, o Brasil tem conseguido ampliar suas exportações para países árabes e também na América Latina. (Valor Econômico)

 
México

Em meio às incertezas do futuro do NAFTA com o Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, prometendo encerrar a parceria comercial, o México procura diversificar seus parceiros. O professor de economia agrícola da Escola de Economia e Administração Aplicada da Cornell University, Andrew M. Novakovic, PhD, disse ao DairyReporter que o México procurar parcerias fora dos EUA não é um movimento surpreendente. "O mais assustador é que com a retórica econômica e de imigração, o México explora fornecedores alternativos para todos os produtos, e os lácteos são muito importantes pra nós", disse Novakovic. Desde que o NAFTA foi criado, em 1994, as exportações de lácteos dos EUA para o México mais que quadruplicaram, chegando a 1,2 bilhões de dólares, fazendo com que o mercado mexicano seja o número 1. 

No último ano, as exportações para o México foram quase um quarto de todos os lácteos exportados pelos EUA, de acordo com o USDEC. "Muitas pessoas dirão que o México procura diversificar suas fontes de suprimento mesmo que nada tenha mudado ainda, porque eles estão preocupados com a retórica e não querem ser pegos de surpresa", acrescentou. "De certa forma os danos já começaram a ocorrer". No último mês, Os líderes do setor de laticínios dos EUA foram à Cidade do México para reafirmarem a importância de manutenção da parceria comercial, e ao mesmo tempo recomendaram cautela em relação a novos acordos comerciais com outras nações. "Eu acredito que o México precisa ser cuidadoso ao abrir seu mercado para outros fornecedores de lácteos que estejam mais interessados em vendas no mercado spot do que parcerias de longo prazo", disse o presidente do USDEC, Tom Vilsack, durante o Fórum Nacional de Lácteos realizado na cidade do México.
 
A Argentina será o próximo parceiro comercial 
No entanto, o México estará finalizando um tratado comercial com a Argentina até o final do ano, disse o Ministro de Comércio Exterior, Juan Carlos Baker, em entrevista à Reuters. O Presidente da Argentina, Mauricio Macri, também prometeu abrir a economia e o comércio de seu país para o México, até o final de 2017. "Existe grande potencial lá", disse Baker. "A Argentina poderá exportar em condições atrativas para o México". Baker falou à Reuters México que seu país não voltaria a pagar impostos de exportações se os EUA restringirem suas vendas. (Dairy Reporter - Tradução Livre: Terra Viva)

 

Preço ao produtor, em março, foi o mais alto em três anos
Preços/Uruguai - O preço médio do leite que receberam os produtores no mês de março foi o mais alto dos últimos três anos. Segundo o Instituto Nacional do Leite (INALE), o valor estimado foi de 9,91 pesos, [R$ 1,10/litro], sendo o maior valor desde julho de 2014, quando o preço médio foi de 10,08 pesos. O dado representa um aumento mensal de 3%, considerando que em fevereiro, o preço médio do litro foi de 9,58 pesos, [R$ 1,06/litro]. Comparando com março de 2016, o preço foi reajustado em 26%, quando o valor pago foi de 7,86 pesos. Em dólares, o preço do litro de leite ao produtor em março atingiu US$ 0,35, [R$ 1,10/litro], e neste caso, é o maior valor médio desde março de 2015. A diferença é muito grande quando se compara com março de 2016. Naquele mês, o valor do litro de leite, era de US$ 0,24. A elevação anual alcançou 43%. Na comparação em dólares é importante levar em consideração a variação cambial no período. Em março, o valor médio do dólar foi de 28,42 pesos, sofrendo uma queda de 11% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o valor foi de 31,16 pesos.  (El Observador - Tradução Livre: Terra Viva)
 
 

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