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10/03/16

         

Porto Alegre, 10 de março de 2016                                                Ano 10- N° 2.222

 

    Manter os jovens, tarefa difícil no campo

A saída dos jovens do meio rural ameaça o futuro de muitas propriedades, em especial na agricultura familiar. Dados da Emater apontam que 23% dos estabelecimentos não têm sucessor no Rio Grande do Sul. Falta de infraestrutura adequada e de renda fixa são alguns dos fatores que agravam o quadro. O tema foi discutido durante a segunda edição do ciclo Debates Correio do Povo Rural, promovido na Casa do Grupo Record RS na Expodireto Cotrijal, em NãoMe-Toque. O êxodo impacta de forma especial a atividade leiteira, na qual a mão de obra familiar predomina. Segundo o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, o conforto e a qualidade de vida são levados em conta pelos jovens. Enquanto no leite o produtor fica 24 horas por dia à disposição da propriedade, o trabalho na cidade possibilita renda fixa e um horário menos desgastante. Para Guerra, a solução passa pela mecanização, inclusão digital, profissionalização e, principalmente, renda fixa. "Se o jovem tem um percentual do resultado da propriedade, vai passar a trabalhar como sendo dono do negócio também, e não recebendo aquela verba como antigamente o pai fazia, que entregava um 'tanto' no final de semana para cada filho", recorda. Boa parte do trabalho de incentivo à permanência dos jovens no campo é feito por cooperativas. 
 
A Cotrijal deu início, recentemente, ao programa Aprendiz Cooperativo no Campo. O vice-presidente da entidade, Ênio Schroeder, afirma que tem pesquisado como outros países e regiões desenvolvem a sucessão rural. "Não há nenhuma fórmula no mundo. Todos têm o mesmo problema. Nós temos que resolver isso com inteligência porque, do contrário, as propriedades vão acabar não existindo mais", adverte. A velocidade com que a inovação ocorre no campo, conforme Schroeder, reforça a importância da permanência dos jovens, uma vez que as novas máquinas exigem cada vez mais habilidade com a tecnologia por parte do produtor. Enquanto as cooperativas fazem a sua parte, o setor reclama da falta de ações do poder público. Segundo o presidente da Comissão de Jovens da Farsul, Luis Fernando Cavalheiro Pires, a contrapartida do Estado para o campo é precária, o que acaba influenciando a escolha do jovem em deixar a zona rural. Entre os exemplos estão a situação das rodovias e da energia elétrica - justamente em processos cada vez mais mecanizados. "Ou seja, o custo operacional é muito caro, e isso se soma ao processo da renda, que vai ser decisivo para que o jovem permaneça no campo", avalia. 
 
Apesar disso, Pires vê que, nas médias e grandes propriedades, há uma tendência crescente de participação do jovem, porém não da mesma forma como ocorria antigamente. "Deve ser passada ao jovem a ideia de empresa rural, com gestão compartilhada, e não aquela ideia do herdeiro", explicou. O presidente do Sicredi Alto Jacuí, José Celeste De Negri, ressaltou as dificuldades de fazer com que o jovem se sinta atraí- do pelo campo. Um dos principais problemas neste aspecto é o acesso à telefonia e Internet. "Hoje em dia todo mundo está conectado e, no Interior, há uma dificuldade muito grande de sinal. Temos que criar estímulos para que ele venha a gostar daquela vida", observou. Para o professor da UPF, Benami Bacaltchuk, é uma utopia imaginar que se pode segurar todos os jovens no campo. Um fator importante é o fato de que o número de filhos por família caiu nas últimas décadas, o que também impacta no meio rural. "Eles têm outro problema: quem vai continuar (a propriedade)?", explica. "Como tu vai fixá-los se não tem entretenimento, ocupa- ção, saúde, segurança de renda?", continua. Embora muitos jovens estejam descobrindo o gosto pela atividade rural, Bacaltchuk ressalta que o problema da sucessão é maior nas pequenas propriedades. (Correio do Povo)
 
  
Leite em pó/AR 

A Argentina está "nadando" em um oceano de leite em pó: estima-se que exista umas 50.000 toneladas sem destino. As razões para semelhante fenômeno é decorrente do fim da demanda da Venezuela. Até agora, em 2016, foram exportadas 2.520 toneladas de leite em pó integral com destino ao mercado bolivariano (parte das quais são realizadas pela SanCor como pagamento ao crédito de US$ 80 milhões concedido à cooperativa pela Venezuela, em 2006).

No mesmo período de 2015 - 1º de janeiro a 8 de março - foram registradas exportações argentinas de leite em pó para a Venezuela num total de 30.590 toneladas! No ano passado o governo kirchnerista assinou o acordo "petróleo por alimentos", com exportações monumentais de leite em pó com destino à Venezuela. Mas, o governo macrista suspendeu. O governo kirchnerista deixou dívidas de US$ 300 milhões de gás, com a Bolívia, e também uma dívida estimada de US$ 500 milhões em óleo com a Venezuela.

Neste contexto, uma das alternativas que está sendo estuda pela equipe econômica é vender todo o excedente de estoque de leite em pó integral do mercado argentino para pagamento da dívida de energia com a Venezuela. Não existem muitas alternativas para acabar com o estoque de leite em pó: a indústria de laticínios da Argentina está vendendo, por exemplo, o produto para destinos exóticos (como Afeganistão ou Paquistão) a valores FOB de US$ 1.700/tonelada (quando o preço de equilíbrio fica em torno de US$ 2.400/tonelada com os atuais preços aos produtores). A opção de recorrer ao salvo-conduto venezuelano é atrativa, ainda que não esteja isenta de dificuldades. Estes dias, por exemplo, o governo bolivariano congelou a distribuição de umas 25.000 toneladas de leite em pó, porque o preço de empacotamento é superior ao valor venda máximo, fixado oficialmente para o alimento. (valorsoja - Tradução Livre: Terra Viva)

Uruguai: Inale reforça estratégias para captar mais mercados

O Instituto Nacional do Leite (Inale) tem como prioridade esse ano reforçar sua estratégia para melhorar a inserção dos lácteos uruguaios nos mercados internacionais. Procura-se a criação de novos mercados ou elevar a participação em alguns países que hoje têm uma participação pequena, destacou o porta-voz do Inale, Eduardo Viera. O Inale tinha trabalhado no ano passado em delegações oficiais como a realizada no Japão, onde há "expectativa" que possa surgir como um destino relevante para a produção uruguaia nos próximos meses.

Além disso, o Inale participará junto com indústrias locais da missão oficial que viajará ao Irã nos próximos dias 23 e 24 de abril, encabeçada pelo chanceler, Rodolfo Nin Novoa. Viera explicou que o Uruguai tem "algum antecedente" de venda de manteiga a esse destino, que agora ganha relevância devido à remoção das sanções da comunidade internacional. "A ideia é que o setor de lácteos possa incorporar-se a todas as missões oficiais que o governo faça".

O setor tem em mente que uma melhora nos acessos aos mercados é chave fundamental para poder "amortizar" da melhor maneira a forte volatilidade a que o setor está submetido nos mercados globais. A isso, deve-se somar a vantagem que os competidores diretos do Uruguai como Nova Zelândia e Austrália têm obtido com a assinatura de tratados de livre comércio com países asiáticos, um dos principais motores da demanda. (As informações são do El Observador)

Reino Unido: uma em cada cinco fazendas leiteiras poderá fechar neste ano
 
Uma em cada cinco fazendas leiteiras no Reino Unido poderá ser forçada a fechar neste ano à medida que as dívidas dos produtores alcançam níveis de crise. O número de fazendas leiteiras caiu para 10.500, e há 10 anos, esse número era 21.000. 

Os produtores estão recebendo apenas 19 centavos de libra (27,02 centavos de dólar) por litro de leite, porém, o custo é de 28 centavos de libra (39,82 centavos de dólar) para produzir, de forma que eles estão operando com perdas, de acordo com a União Nacional de Produtores Rurais (NFU). Isso fez com que muitos produtores tivessem que enfrentar a difícil decisão de desistir de tudo, apesar de estarem na indústria por muitas gerações.

O presidente da NFU, Rob Harrison, que também possui uma fazenda leiteira, disse: "Acreditamos que muitos deixarão a indústria até o final deste ano, quando muitos produtores terão que devorar suas economias. No ano passado, esse número foi de 4%, mas a expectativa é que mais produtores deixarão a atividade neste ano, de 10 a 20%. 

Nick Adames, proprietário da Black Barn Farm em West Sussex, disse que sua família ordenha vacas leiteiras desde 1895 e a situação nunca esteve tão ruim como agora. Em dezembro, ele recebia somente 20 centavos de libra (28,44 centavos de dólar) por litro de leite. "Nenhuma outra indústria poderia continuar nessa base de rentabilidade e à medida que os estoques de alimentos para os animais caem e precisam ser cultivados e substituídos, muitos simplesmente desistirão. Uma vez que os bancos perderem a fé em nossa capacidade de pagá-los de volta, haverá um enorme êxodo".

Quase um terço de todos os produtores que venderam suas fazendas no ano passado citaram a dívida como uma de suas principais razões para deixar a indústria, de acordo com dados do grupo de propriedades Savills. 

Em 07/03/16 - 1 Libra Esterlina = US$ 1,42217
0,70266 Libra Esterlina = US$ 1 (Fonte: Oanda.com). (As informações são do http://metro.co.uk)
 

Mais Leite Saudável 
A Secretaria do Produtor Rural e Cooperativismo, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, começou a publicar Projetos de investimentos em laticínios aprovados conforme o estabelecido pelo Decreto 8.533 de 30/09/2015. São projetos de investimentos para aquisição de créditos presumidos da Contribuição PIS/PASEP e da COFINS para aplicação no Programa Mais Leite Saudável. As publicações foram iniciadas em 09 de março, e nesses dois dias 5 indústrias já foram beneficiadas. (DOU/Terra Viva)


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