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09/10/2020

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 09 de outubro de 2020                                                      Ano 14 - N° 3.323


Momento para pecuária leiteira exige cautela do produtor

Ainda sob reflexo da pandemia de coronavírus o ano de 2020 continua repleto de incertezas. No caso da pecuária de leite, as dúvidas no mercado no início da pandemia deixaram os produtores com grande receio sobre qual a direção seguir, diminuir a produção como alguns laticínios sugeriram, ainda no mês de maio desse ano, descartar animais de baixa produção tendo em vista os bons preços pagos pela arroba bovina, ou estruturar seu negócio de forma a enxugar custos e seguir produzindo.

Os mais otimistas se propuseram a seguir em frente e agora colhem os frutos de um bom planejamento da atividade. O setor encontrou desafios, principalmente aqueles condicionados ao consumo de derivados lácteos, em um primeiro momento afetado fortemente pelo isolamento social, mas que em seguida encontrou força com a incorporação na renda das famílias brasileiras do auxílio emergencial.

Esse cenário se somou ao período de sazonalidade típica da produção de leite, resultando em consecutivos aumentos nos preços pagos ao produtor nos últimos meses. Em setembro, especificamente, a “Média Brasil” líquida pesquisada pelo Cepea atingiu R$ 2,13/litro, um recorde real da série, analisando os valores mensais deflacionados pelo IPCA de agosto/20. De janeiro a setembro deste ano, o aumento no preço do leite é de expressivos 56,4%.

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Por outro lado, o movimento de alta também é notado nos custos de produção, dados do Projeto Campo Futuro (CNA/SE-NAR), que conta com a parceria técnica do Cepea, indicam que o Custo Operacional Efetivo (COE), acumula alta de 8,1% de janeiro a agosto, tendo-se como base a “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP), no mesmo período do ano passado, o aumento havia sido de 0,14%. Analisando os dados do referido mês em comparação a agosto de 2019 a alta chega a 12,0%.

Dentre os estados acompanhados pelo Projeto Campo Futuro, os que apresentaram as elevações mais fortes nos custos foram Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. De janeiro a agosto, os desembolsos nestes estados aumentaram 11,53%, 9,35%, 7,71% respectivamente. Os custos foram impulsionados pela alta generalizada dos grãos, em especial do milho e do farelo de soja, importantes componentes das rações concentradas, insumo esse que, segundo os dados acompanhados, acumula alta de 13,4% no ano. Os custos com os concentrados chegam a comprometer até 30% da receita anual de uma propriedade de bom desempenho produtivo.

Tendo em vista que o ano de 2019 os dados do projeto apontam que o preço recebido pelos produtores avançou 13,4% em relação ao ano anterior, e o custo operacional efetivo apresentou o incremento de 28,6% no mesmo período, o ano de 2020, até o momento, tem se mostrado um ano de recuperação de margens para o produtor de leite no país. Contudo a forte valorização do dólar tem elevado os preços de importantes insumos pecuários e esse contexto deve continuar se refletindo sobre o bolso do produtor nos próximos meses.

Outro fator importante a se considerar é a relação de troca, tendo como base o preço do leite na “média Brasil” e a média do preço de milho nas regiões acompanhadas pelo Cepea, de janeiro a agosto. Sob essa ótica o poder de compra do produtor de leite caiu frente ao mesmo período do ano passado. Entre janeiro e agosto de 2020, com a venda de um litro de leite, o produtor comprou, em média, 1,97 quilo de milho, sendo que, no mesmo período do ano passado, era possível adquirir 2,53 quilos. Observando a mesma análise para o farelo de soja, a venda de um litro de leite possibilita atualmente a compra de 0,99 quilo do derivado, contra 1,22 quilo de janeiro a agosto de 2019. Isso evidencia que, apesar da recente alta na receita, o produtor perdeu o poder de compra frente a dois dos principais insumos utilizados pela atividade.

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Olhando a frente, as referências do mercado futuro sinalizam que as expectativas dos agentes são de continuidade dos preços firmes para a soja e o milho, até o final de 2020 e início do ano que vem. Por outro lado, sazonalmente, os preços do leite tendem a recuar com a chegada das chuvas e a melhoria das condições das pastagens no Sudeste e Centro-Oeste do país, regiões responsáveis por 45,8% da produção nacional.

Já pelo lado da demanda, a redução dos valores pagos no auxílio emergencial pode retrair o consumo observado até setembro, alterando, assim, o apetite de compra e a competição entre indústrias pelo leite no campo. Diante disso, cabe ao produtor atenção e monitoramento constante dos números da sua propriedade ressaltando que apenas a elevação dos preços não resulta em melhoria das margens da atividade, o foco deve estar no aumento da eficiência produtiva, garantindo assim margens sustentáveis ao longo do tempo. (As informações são da CNA, disponíveis AQUI)


 

EUA: exportações de lácteos atingem recorde em agosto

O volume das exportações de lácteos dos EUA, com base nos sólidos do leite, aumentou 17% em agosto em relação ao ano anterior e 16% no acumulado do ano, relata o U.S. Dairy Export Council (USDEC).

Agosto também marcou um mês recorde para as exportações de lácteos, com os EUA embarcando 190.435 toneladas de leite em pó, queijos, derivados do soro de leite, lactose e manteiga. Foi também o 12º mês consecutivo de aumentos ano a ano no volume agregado de exportação de lácteos dos EUA, relata a USDEC. O valor dessas exportações cresceu 11% em agosto e 14% no acumulado do ano.

“No acumulado do ano, estamos a caminho de alcançar US$ 6 bilhões na exportação de laticínios dos EUA este ano”, acrescenta Michael Dykes, presidente e CEO da International Dairy Foods Association (IDFA). “A volatilidade e a incerteza continuam sendo um fator no mercado e no comércio de laticínios, mas a IDFA continua otimista de que, com a contínua demanda por lácteos em todo o mundo, especialmente no Sudeste Asiático e na China, este ano terminará em alta.”

Em agosto, as exportações totais de leite em pó desnatado dos EUA subiram colossais 35%, impulsionadas principalmente pela duplicação dos embarques para o Sudeste Asiático. A China foi o grande comprador, passando de apenas 173 toneladas em agosto de 2019 para 5.343 toneladas em agosto. As vendas de leite em pó desnatado para o México, no entanto, caíram 15%.

Surpreendentemente, as exportações de queijos também cresceram, em 17%. "Os preços de exportação de queijo estavam bem abaixo dos preços domésticos de maio-junho, sugerindo que os exportadores dos EUA aceitaram margens mais baixas para manter as relações internacionais”, afirmam analistas comerciais do USDEC.

As exportações de soro de leite dos EUA aumentaram 29%, com a maior parte desse aumento devido à compra chinesa e sua tentativa de reconstruir seu rebanho de suínos depois que granjas foram devastadas pela peste suína africana. Os embarques de soro de leite dos EUA para a China em agosto chegaram a 17.212 toneladas – alta de 318%. Este aumento nas exportações de soro de leite mais do que compensou quedas acentuadas nos embarques para o resto do Sudeste Asiático (-14%) e México (-60%).

Dykes observa que o volume geral de exportação de lácteos dos EUA para a China, até agosto, já ultrapassou os embarques feitos lá em todo o ano de 2019. Ele espera que os valores de exportação ultrapassem os níveis de 2019 em breve. Ele credita o acordo comercial de Fase Um dos EUA/China por esses aumentos. (As informações são do Farm Journal & MILK Magazine, traduzidas pela Equipe MilkPoint)

 

Canadá lança programa para rastreabilidade de gado leiteiro

A Lactanet Canada anunciou o lançamento do DairyTrace, o programa nacional de rastreabilidade de gado leiteiro para produtores de leite no Canadá.

Projetado e construído para ser um sistema centralizado nacional para gerenciamento de todos os dados de rastreabilidade do gado leiteiro, o DairyTrace tem como objetivo fornecer proteção, prosperidade e tranquilidade à indústria de laticínios canadense no caso de uma emergência de saúde animal.

Juntamente com o módulo de rastreabilidade, o DairyTrace permitirá a subsistência econômica dos produtores de leite, bem como trará tranquilidade aos consumidores em caso de uma emergência. Conforme os produtores de leite adotam o sistema e depositam seus, será possível o rastreamento em casos de emergência ou crise de saúde animal.

O DairyTrace inclui duas ferramentas de rastreabilidade: um aplicativo e um portal de banco de dados online, que agilizará e simplificará o registro e a comunicação e movimentação de animais. O programa também inclui suporte de atendimento ao cliente, identificações dos animais aprimoradas e materiais de instrução impressos, online e via vídeo.

De acordo com os regulamentos federais e/ou requisitos de proteção, todos os que possuem ou trabalham com gado leiteiro devem se registrar e relatar movimentação, localização e informações de custódia do animal.

"O DairyTrace foi desenvolvido para fornecer aos produtores de leite ferramentas simples de usar para gerenciar suas obrigações de rastreabilidade", disse Gert Schrijver, produtor de laticínios e presidente do comitê consultivo DairyTrace da Lactanet.

"Todos os produtores de leite também terão acesso a um balcão único para solicitar suas etiquetas e receber suporte total do serviço de atendimento ao cliente do DairyTrace e do programa National Livestock Identification for Dairy (NLID) oferecido pela Holstein Canadá ou pela Agri-Traçabilité Québec (ATQ) na província de Québec, onde os produtores praticaram com sucesso este modelo de rastreabilidade por muitos anos usando o sistema SimpliTRACE.”

A rastreabilidade afeta mais de 1,4 milhão de animais leiteiros em mais de 10.000 fazendas. A Lactanet e a DFC têm trabalhado em colaboração desde 2016 com a visão comum de um programa nacional de rastreabilidade de gado leiteiro. Ao harmonizar os dados em uma estrutura nacional comum, o DairyTrace também promoverá o compartilhamento de informações e potencialmente agregará valor às iniciativas de pesquisa e genética, ao mesmo tempo que se alinha com o módulo de rastreabilidade. (As informações são do Dairy Reporter, traduzidas pela Equipe MilkPoint)


Jogo Rápido
Sem aumento do piso regional
Uma reunião virtual entre deputados que integram a base aliada do governo Leite na Assembleia cimentou o acordo para que o salário mínimo regional não tenha reajuste em 2020. O projeto de lei que prevê a reposição de 4,5%, índice referente à inflação do ano anterior, tramita desde fevereiro na Casa e deve ser votado até o final deste mês. Pelo acordo, os integrantes da base devem apresentar uma emenda ao texto original, suprimindo o percentual de reajuste proposto pelo governo do Estado. O argumento central é de que a pandemia agravou a crise econômica e que muitos empresários teriam de demitir trabalhadores caso fossem obrigados a reajustar os salários. O texto também previa que a correção fosse aplicada retroativamente, a partir de 1º de fevereiro. O mínimo regional incide sobre o salário de categorias que não têm convenções ou acordos coletivos e sobre a remuneração de trabalhadores informais. (Rosane de Oliveira/Zero Hora)


 

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