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25/09/2020

 

Porto Alegre, 25 de setembro de 2020                                              Ano 14 - N° 3.313

Novo Guia Alimentar pode comprometer consumo de lácteos e outros alimentos
O Ministério da Agricultura já enviou dois pedidos de revisão do “Guia Alimentar para a População Brasileira” ao Ministério da Saúde este ano. As demandas partiram de câmaras setoriais da Pasta de Tereza Cristina, que são fóruns consultivos formados por representantes do setores público e privado, e criticam reflexos negativos da publicação para a imagem e para o consumo de produtos como carnes, leite e até orgânicos.
A nota técnica do ministério que foi divulgada na semana passada – que aponta afirmações incoerentes e até “cômicas” no guia e sustenta que a classificação “NOVA”, que envolve alimentos “ultraprocessados”, foi feita a partir de dados “pseudocientíficos” – é um terceiro documento. Chegou a ser enviado por e-mail ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mas Tereza Cristina voltou atrás poucas horas depois e pediu que a mensagem fosse desconsiderada, conforme apurou o Valor.
A ministra rejeitou o teor da nota por avaliar que não era suficiente e consistente para fundamentar a discussão, e pediu ontem a sua equipe para que os argumentos sobre questões nutricionais (que envolvem produção e industrialização) sejam “tecnicamente bem embasados”.
Mas os questionamentos ao “Guia”, publicado em 2014, no governo de Dilma Rousseff, começaram antes. O primeiro pedido de alteração foi enviado em 21 de maio e partiu da Câmara Setorial de Agricultura Orgânica, que solicitou uma correção semântica. Direcionada a crianças com menos de 2 anos, a publicação coloca os produtos orgânicos em categoria inferior aos de base agroecológica, como se estes fossem mais justos socialmente por valorizar pequenos produtores, dar condições de trabalho mais justas e zelar pelo ambiente.
“Isso acaba prejudicando todo um esforço que vem sendo feito pelo próprio governo com as campanhas de incentivo ao consumo de orgânicos”, diz o presidente da câmara setorial desses produtos, Luiz Carlos Demattê.
No dia 2 de junho, a Pasta pediu outras alterações, desta feita por solicitação da Câmara Setorial de Carne Bovina. Na visão do segmento, há menções equivocadas em relação à sustentabilidade da pecuária brasileira, como a vinculação da atividade ao desmatamento e à poluição.
“O guia deixa claro o direcionamento ideológico ao criticar, de forma equivocada, as produções pecuárias. Ele não deve indicar a redução de produtos de origem animal, e sim indicar que devem ser consumidos em quantidades adequadas, conforme o perfil metabólico individual”, diz um documento de março assinado pelo presidente da Câmara Setorial da Carne Bovina, Antonio Pitangui de Salvo, que norteou o pedido de revisão.
A Câmara Setorial de Leite e Derivados também reclamou. “Os produtores não compreendem o porquê de haver restrições ao consumo de queijos e iogurtes saborizados, por exemplo. O consumo per capita de queijos no Brasil é um quinto do dos países desenvolvidos. Por que isto? Todos somos favoráveis a um guia que oriente principalmente os profissionais ligados à alimentação e à saúde, mas estritamente baseado na ciência. Nada mais”, relatou Ronei Volpi, presidente do colegiado.
Na visão do Ministério da Agricultura, o “Guia” tem menções inadequadas e inapropriadas para um documento oficial que precisa ser convergente com as políticas públicas plurais da parte de nutrição, saúde e oferta de alimentos do governo como um todo. Mas a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, defende o diálogo. “Ninguém quer contrariar o que a ciência está dizendo. A discussão é sempre salutar e não vejo porque não se pode discutir o assunto”, afirmou ela esta semana.
O Valor apurou que o Ministério da Agricultura também se baseou em um estudo internacional, publicado este ano no periódico “The British Medical Journal” (BMJ), para indicar as alterações. Para a Pasta, o trabalho, que analisou guias do mundo inteiro, mostra que a publicação brasileira é de difícil compreensão e que a “falta de clareza” ou suas “incertezas” comprometem o sucesso das políticas públicas.
Os cientistas que elaboraram o estudo, no entanto, se disseram “chocados” com o uso do material para “atacar” o “Guia Alimentar” brasileiro. “Uma revisão defendida pelo Ministério da Agricultura, em vez do Ministério da Saúde, e influenciada pela indústria de alimentos, corre o risco de que as diretrizes se tornem menos ambiciosas em aspectos cruciais e não enfatizem adequadamente a importância de limitar o consumo de alimentos processados, de carne bovina e laticínios”, afirmou ao Valor Marco Springmann, pesquisador da Universidade de Oxford, no Reino Unido. “É ridículo sugerir que nosso estudo apoia a eliminação desse conselho”, reforçou Anna Herforth, pesquisadora da Universidade de Harvard, nos EUA.
Pesquisadores da USP, por outro lado, apontaram erros no conceito de processamento de alimentos do “Guia” e consideram algumas informações “alarmantes” – o termo “ultraprocessados”, realçaram, não é reconhecido pela Engenharia e Ciência de Alimentos. Sobre as sugestões para evitar esses alimentos devido à presença de ingredientes como sal, açúcar e gorduras, disseram que mesmo produtos minimamente processados podem contê-los. (As informações são do Valor Econômico)

                     

SP perdeu até 75 mil restaurantes e bares em 6 meses de quarentena
Em frente ao muro do cemitério da Consolação ficava o restaurante La Frontera. A fronteira era um recurso poético. Representava, na identidade cultural, o limite difuso entre a Argentina natal de Ana Massochi, a dona, e o Brasil que a acolheu há mais de quatro décadas.
A cozinha navegava ao longo de outra fronteira: a da alta gastronomia com a culinária rústica, do fogo. É a escola de dois célebres patrícios de Ana, os chefs Francis Mallmann e Paola Carosella.
A imagem fronteiriça se evidencia na situação física do restaurante. A rua Coronel José Eusébio divide os mortos do cemitério e os vivos que celebravam a própria finitude com berinjela defumada, lulinhas ao alho, nhoques macios, bifes, galetos, doce de leite e muito vinho. É a graça doce-amarga do humor argentino, sempre brincando com aquilo que apavora.
Num ano em que a morte passou dos limites, o cantinho de Ana Massochi cruzou a fronteira para o lado de lá. Ele é um entre dezenas de milhares de restaurantes fechados definitivamente em exatos seis meses de quarentena oficial no estado de São Paulo.
As baixas se acumulam desde 24 de março, quando um decreto do governador João Doria (PSDB) restringiu o funcionamento do comércio, devido à pandemia da covid-19.
Os dados, ainda que imprecisos, impressionam: nestes seis meses de quarentena, entre 20% e 25% dos estabelecimentos de alimentação encerraram as atividades no país. Quando transposto para o contexto estadual, o levantamento aponta de 50 mil a 75 mil restaurantes, bares e lanchonetes paulistas mortos por falta de faturamento.
O luto não é metáfora para os empresários do setor. Emparedados por dívidas, consternados com a demissão de funcionários e abatidos pela derrota, eles tentam superar as perdas.
"Prefiro deixar quieto agora", responde o chef Raphael Despirite à solicitação de entrevista sobre o fechamento do Marcel. O restaurante francês, aberto há 65 anos pelo avô de Rapha, servia o suflê mais famoso da cidade.
Outros pontos tradicionais também pereceram na pandemia. O espanhol PASV, desde 1970 na avenida São João. O árabe Abu-Zuz, há 31 anos no Brás. O próprio La Frontera já contava 14 anos de estrada. O velho Itamarati, no largo de São Francisco, balançou, mas não caiu: após a casa anunciar o fechamento, advogados frequentadores se engajaram numa campanha para resgatá-la.
A peste baixou inclemente também sobre os restaurantes jovens com nomes inspirados na fauna brasileira. São Paulo perdeu o Capivara, excelência em peixes num salão de boteco da Barra Funda. Foi-se o Cateto, que transferiu da Mooca para Pinheiros o combo queijos artesanais + charcutaria + cervejas especiais + coquetéis.
Havia apenas seis meses que Leo Botto tocava o Boto –com um tê só– quando a pandemia virou o mundo de ponta-cabeça.
"A gente ainda estava engatinhando", conta o cozinheiro e empresário. Acabrunhado, ele admite que o amadorismo contribuiu para o fechamento da casa. "Fico até com vergonha de dizer que contratamos 25 funcionários para a abertura." O Boto tinha 50 cadeiras no salão, 25 lugares no bar e nenhum sócio com currículo em gestão de restaurantes.
No afã de salvar o negócio, Botto trabalhou até como entregador. Pegou covid-19. "A exposição era extrema", lembra. Ele teve todos os sintomas clássicos do coronavírus, mas conseguiu se recuperar sem internação. Assim que o governo permitiu a reabertura, ele reabriu. "Estávamos completamente descapitalizados. Não funcionou."
Já Ana Massochi –que revelou Botto no La Frontera– não pode colocar o revés na conta da inexperiência. Desde 1980 ela está à frente do Martin Fierro, o argentino que assistiu impávido à playboytização da Vila Madalena. Na pandemia, ela percebeu ser inviável manter os dois restaurantes.
"Precisei escolher um deles", conta. Optou por fechar o filho mais novo porque a operação era cara, apenas se pagava.
A gota d'água foi a postura draconiana dos donos do imóvel, que se recusaram a negociar o valor do aluguel. Ainda em março, Ana decidiu abreviar o capítulo La Frontera e doar os equipamentos para um café comunitário na Vila Brasilândia. "Baixei a cortina e comecei a olhar para o outro lado."
A asfixia financeira é a principal queixa das duas entidades que representam o setor: a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e a ANR (Associação Nacional de Restaurantes). A primeira tem associados em cada boteco de cada cafundó do país; a segunda reúne a elite da categoria, empresários com dinheiro e influência. São elas as fontes dos números apresentados no começo do texto.
Ambas as associações reclamam do governo e dos bancos, que prometeram crédito e não entregaram. Ambas lamentam também a manutenção, ao cabo de seis meses, da ocupação e do horário restritos –em São Paulo, os restaurantes podem funcionar até as 22h, com 40% da capacidade.
"Vai quebrar muita gente ainda", estima Percival Maricato, presidente da seção paulista da Abrasel. "Mais de 40% dos empresários não resistem a outro ano de recessão. E tudo aponta para isso."
A aflição é compartilhada pelos grandes do setor. "Das redes de restaurantes, 40% precisaram fechar pelo menos uma unidade", afirma Cristiano Melles, presidente da ANR. Estão na lista a IMC (das marcas Frango Assado, Pizza Hut, KFC e Viena) e a CTC (das pizzarias Bráz, Lanchonete da Cidade e bares Pirajá e Astor).
A rede Galeto's, cujos restaurantes pontuavam a paisagem urbana em São Paulo, encerrou o atendimento presencial em todas as lojas. Os franguinhos agora só viajam de moto para a casa do freguês.
"O delivery veio para ficar", diz Percival Maricato. A verdade, porém, é que ninguém tem a mais remota ideia do futuro próximo. Planos abundam.
Raphael Despirite, taciturno em relação ao Marcel, se empolga ao falar da mistura de experiências digitais e físicas no projeto Fechado para Jantar. "Nos últimos que fizemos, tivemos lives com as pessoas recebendo a comida em casa."
Leo Botto pretende recomeçar pequeno, numa casa para uma dúzia de clientes, e servir cogumelos selvagens colhidos nas ruas de São Paulo. Sim, é isso que você leu – e eu mal posso esperar para provar.
Ana Massochi vai seguir concentrada no Martin Fierro, sólido, constante e de empanadas imortais. Levou para lá os nhoques de batata assada, receita surrealmente gostosa que Leo Botto criou para o restaurante em frente ao muro do cemitério.
O La Frontera vive. (As informações são do Valor Econômico)

 

Argentina: setor lácteo funcionando, mas com rentabilidade menor
Desde que as medidas sanitárias foram instaladas para mitigar os efeitos da pandemia Covid-19, a indústria de laticínios da Argentina não fechou suas portas.
Por ser considerada uma atividade essencial e por ter um fornecedor – as vacas – que todos os dias gera matéria-prima perecível, que pode ser mantida resfriada por apenas até 72 horas, as empresas do setor continuaram operando.
Isso se deu de tal forma que, durante os meses da pandemia, o setor operou em um ritmo de produção superior ao do ano passado, baseado no crescimento do volume de leite recebido e na maior procura desde abril, tanto no mercado interno como externo.
Em Córdoba, de acordo com o Monitor de Atividade Produtiva elaborado pelo Ministério da Indústria da Província, a indústria de laticínios fechou agosto com uma produção, medida em litros, 24,5% acima do nível registrado em fevereiro. Na última semana do mês passado, o nível de emprego nas fábricas da província era de 97,1%.
Produção e demanda
O principal motivo para esse crescimento foi o aumento, até agora, da produção de leite nas fazendas leiteiras. Até julho, o crescimento foi de 9% em relação ao mesmo período de 2019, segundo dados do Ministério da Agricultura do país.
Soma-se a essa maior quantidade de matéria-prima, segundo os industriais, uma maior demanda externa e um aumento do consumo interno durante o isolamento, que variava mensalmente e no mix de produtos.
“Quando a pandemia começou, parecia que o mundo estava desmoronando e um quilo de leite em pó não estava à venda em lugar nenhum. Na verdade, o preço internacional caiu de US$ 3.200 para US$ 2.500 a tonelada e sem negociações. Agora se recuperou para US$ 3.000, com um câmbio um pouco melhor”, observou Javier Baudino, industrial de laticínios de Pozo del Molle e vice-presidente da Associação das Pequenas e Médias Empresas de Laticínios (Apymel).
Embora as empresas do setor afirmem que estão trabalhando com plena capacidade, alertam que a rentabilidade do negócio é inferior à de um ano atrás.
Eles garantem que há produtos – como algumas marcas de queijo fresco – cujo valor no atacado não mudou neste ano e outros que refletem até uma queda no valor. Aqueles que conseguiram atualizar o fizeram bem abaixo da inflação.
Enquanto isso, os custos industriais aumentaram. O último acordo conjunto, segundo os industriais, elevou no ano passado o salário-base inicial de um empregado da categoria B de 34.600 pesos (US$ 457,42) para 62.393 pesos (US$ 824,86).
No mesmo período, houve uma atualização de 25% no preço do leite pago ao produtor. Além disso, muitas outras entradas que estão envolvidas no processo têm valores dolarizados.
“Estamos com uma produção maior que a do ano passado e com um consumo que cresceu durante a pandemia, mas que, em termos anuais, está abaixo dos primeiros oito meses de 2019”, disse Ercole Felippa, presidente da cooperativa Manfrey, empresa que entre janeiro e agosto, vendeu mais volume no mercado interno do que no mesmo período do ano passado. “Temos 30% mais mercado”, disse ele.
Com a recuperação do número de litros de leite processado, as fábricas que a empresa Sancor possui na província (La Carlota, Balnearias e Devoto) também apresentam uma maior atividade do que em 2019.
Da cooperativa eles reconhecem que o crescimento poderia ser ainda maior se tivesse capital de giro para sair e comprar mais leite. No início da pandemia, vários produtos da marca, como doce de leite e a linha de queijos ficaram sem estoque.
Na área de Villa María, a empresa de laticínios Capilla del Señor, dedicada à fabricação de queijos, alguns deles funcionais (por exemplo, que ajudam a reduzir o colesterol), trabalhou em agosto com seus 35 funcionários a 80% de sua capacidade de elaboração.
“Em setembro vamos atingir cem por cento da capacidade”, disse Álvaro Ugartemendia, gerente geral da empresa, embora comente que os números de atividade são muito bons.
Além de ser uma atividade essencial, o aumento do contágio do coronavírus no interior da província acende algumas luzes de alerta na atividade.
Com uma recepção de leite entre 90.000 e 100.000 litros por dia, em Coronel Moldes, a empresa Cotahua trabalhou integralmente até agosto. Esse ritmo foi interrompido durante o mês de setembro, quando, devido à aplicação de protocolos de saúde, vários trabalhadores (a maioria devido ao contato próximo com transportadores) deixaram de frequentar a empresa.
“Tivemos que interromper o processamento por dois ou três dias para desviar o leite para outra empresa”, admitiu seu presidente, Mario García Díaz. No entanto, a planta estaria totalmente operacional novamente na próxima semana.
As informações são do La Voz, traduzidas pela Equipe MilkPoint.

 

Lançamento oficial do novo site Sooro Renner
A Sooro Renner apresenta aos clientes, parceiros e colaboradores o lançamento do novo site. Há tempos a empresa tinha o desejo de atualizar e trazer novas funcionalidades para o portal. Agora, o portal conta com uma linguagem muito mais moderna e dinâmica, para se comunicar com esse novo mercado. A curadoria também cuidou para que todas as informações disponíveis sejam relevantes. Com o objetivo de estreitar os laços com o cliente final, ia Sooro Renner iniciou o projeto chamado “Mundo Whey”, um blog inteiramente dedicado à alimentação de alta performance, Sports Nutrition e diversos outros assuntos. A Sooro Renner convida você você para conhecer o novo site e também o Blog Mundo Whey. “É o nosso esforço para trazer sempre informações relevantes e de qualidade aos nossos clientes, parceiros e colaboradores”, reforçou a empresa. www.sooro.com.br (As informações são da Assessoria de Impreensa da Sooro)

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