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09/06/2020

Porto Alegre, 9 de junho de 2020                                              Ano 14 - N° 3.237

Balança comercial: cai o volume importado, mas também cai o preço

Segundo dados divulgados na sexta-feira (05/06) pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo da balança comercial de lácteos foi de 38 milhões de litros negativos em equivalente leite no mês de maio, valor estável quando comparado a abr/20 e 59% maior que mai/19. Este foi o maior valor do saldo da balança comercial de lácteos desde fevereiro/2016. Confira a evolução no saldo da balança comercial láctea no gráfico 1.

Gráfico 1. Saldo da balança comercial brasileira de lácteos, 2017 a 2020.
 
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT

Em maio, o que mais chamou a atenção foi a redução dos preços praticados para importação de leite em pó – o integral, por exemplo, foi importado a preços aproximadamente US$ 400/ton menores que em abril/2020. Esta redução nos preços de importação alinham os valores aos praticados no mercado nacional. Aliada a queda recente na taxa de câmbio, o cenário passa a ser um pouco mais favorável às importações, notadamente do Mercosul.

Apesar disso, as exportações voltaram a subir em maio, os 11,3 milhões de litros em equivalente-leite exportados, representaram um acréscimo de 27% em relação a abr/20. No acumulado do ano (jan/mai) foram exportados 61 milhões de litros em equivalente leite, contra 54 milhões no mesmo período de 2019.

Já o volume de leite importado foi apenas 4% maior, em comparação a abr/20 – um aumento de 1,9 milhões de litros. Comparando com a média do volume importado no mês de maio dos últimos 5 anos, em 2020, houve uma redução de 61,0%. No acumulado do ano, importamos 191 milhões de litros a menos do que no mesmo período de 2019 (- 37%).

Na tabela 2, é possível observar as movimentações do comércio internacional de lácteos no mês de maio deste ano.

Tabela 2. Balança comercial láctea em maio de 2020
 
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint, com base em dados COMEXSTAT.

                    

Ferramenta da Embrapa indica status tecnológico de propriedades leiteiras
Mais de 500 propriedades que produzem leite já utilizaram a ferramenta IAT-Leite, desenvolvida pela Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP). IAT significa Índice de Atualização Tecnológica e, no caso, é direcionada para a produção leiteira. Trata-se de um sistema de diagnóstico que permite conhecer o grau de uso de tecnologias, acompanhar a implementação de melhorias na propriedade e um mecanismo de diálogo e planejamento entre o produtor e o técnico do serviço de extensão rural que acompanha a propriedade.

Para se ter uma ideia, o IAT-Leite contempla 190 perguntas (ou indicadores) que devem, preferencialmente, ser respondidas em conjunto pelo produtor e pelo técnico. Assim, eles podem discutir as tecnologias pertinentes para a realidade local e os recursos necessários para eventual adoção. Estes indicadores abordam as diferentes dimensões que envolvem a produção leiteira, tais como manejo de alimentação, manejo reprodutivo, manejo de ordenha, manejo sanitário, manejo ambiental, manejo de conforto e bem-estar, dentre outros.

A ferramenta ganha relevância ao atender um complexo agroindustrial que fatura R$ 68,7 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos. A produção de leite no país é estimada em 35,1 bilhões de litros, envolvendo 1,1 milhão de propriedades e mais de 2 mil unidades de recebimento e processamento agroindustrial.

A observação dos indicadores de produtividade da bovinocultura leiteira demonstra o potencial latente de melhorias. A produção por animal ainda é baixa se comparada com a produção média mundial ou de outros países que possuem médias de produção superiores a 3 mil kg/vaca/ano enquanto a média da produção brasileira foi de 1.771 kg/vaca/ano, no período de 2015 a 2017.

De acordo com a pesquisadora Claudia De Mori, a tecnologia se destaca como um elemento fundamental para alcançar este aumento de eficiência na produção de leite no país. “E neste sentido, o IAT-Leite se apresenta como ferramenta que pode auxiliar na análise do perfil tecnológico da propriedade leiteira e visualização de potenciais ações de melhoria”, disse.

Segundo Claudia, entre 2016 e 2018 a ferramenta foi aplicada em mais de 500 propriedades do Programa Balde Cheio em Minas Gerais. Esse programa transfere tecnologias para a pecuária leiteira por meio da capacitação de técnicos que atendem os produtores de leite.

A agregação dos dados de perfil de atualização tecnológica das propriedades mostrou que algumas boas práticas têm maior grau de adoção. É o caso da amostragem e análise de solo em áreas produtoras de forragens, empregada uma vez por ano por mais de 80% das propriedades. Outros exemplos: mais de 80% das propriedades mantinham registro de controle leiteiro mensal ou quinzenal e mais de 60% delas executavam os processos de pré e pós-dipping na ordenha (mergulho dos tetos da vaca em solução desinfetante).

Outras tecnologias ainda possuem baixa adoção, como a oferta de formulação mineral específica para vacas em final de gestação, aplicada por menos de 30% das propriedades; banco de dados de colostro, presente em menos de 5% das propriedades; e sistema de tratamento de dejetos dos animais, relatado em menos de 3%).  Estes dados também permitiram uma discussão com os técnicos e o direcionamento das ações de capacitação de técnicos e produtores do Balde Cheio.

Claudia é uma das autoras do Comunicado Técnico “Índice de atualização tecnológica para propriedades leiteiras: IAT-Leite”, publicação disponibilizada gratuitamente neste link, onde detalhes da ferramenta podem ser consultados gratuitamente.
Técnicos sentem impacto

Para o técnico Lucas Leocádio Pereira da Silva, de Bocaiúva (MG), o IAT-Leite é uma forma de fazer uma espécie de check-list na propriedade dos produtores. “Dá para se ter uma ideia de como estão os manejos de pastagem, sanitário, reprodutivo. Aplico logo nas primeiras visitas porque ela me dá um retrato da propriedade”, afirmou.

Lucas conta que faz um tipo de “entrevista” com os produtores e alguns, ao falarem de determinada tecnologia, informam que desconheciam sua existência. “É uma oportunidade de discutir alguns conceitos com eles e definir quais tecnologias serão aplicadas naquele momento.”

Ainda de acordo com o técnico, os gráficos gerados pelo IAT-Leite permitem fácil visualização do nível tecnológico da propriedade. “A satisfação que a gente tem depois de um ano de trabalho, quando volta a aplicar e vê o impacto, vê como o índice melhorou, é muito grande. A gente aplica todo ano e estabelece uma meta para melhorar nosso índice.”

Também técnico do Balde Cheio, Fábio Silveira Moreira, de Barbacena (MG), utiliza a ferramenta. “É muito boa. Apesar de ser bem extensa e tomar um tempo para aplicar na primeira vez, é muito interessante porque vai apontar onde a propriedade está naquele momento dentro de seus macrotemas”, afirmou.

Como exemplo, ele cita o manejo de pastagem. O IAT-Leite permite levantar se o produtor está aplicando tecnologias de manejo.
“Com isso, vou saber quais os gargalos da propriedade e quais ações terei que recomendar. Sento com ele, faço o diagnóstico das deficiências da propriedade e traço metas junto com ele para o ano.” Passado esse período, a ferramenta é reaplicada e as tecnologias, ajustadas.

Outro técnico, Leonardo Cotta Quintão, de Viçosa (MG), disse que o IAT-Leite é uma ótima ferramenta para diagnóstico da propriedade. “O preenchimento é simples e autoexplicativo. Como medida de segurança, a planilha é travada e não permite respostas duplicadas ou fora do local correto, ou seja, até mesmo técnicos que não estão familiarizados com a ferramenta conseguem usar”, explicou.

De acordo com Leonardo, após o preenchimento da planilha, um relatório bem detalhado é gerado com os pontos fortes e fracos da propriedade, semelhante a análise de Swot ou à matriz Fofa (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) usado em empresas. “Com isso podemos saber onde deve ser o foco do trabalho.”

Para saber mais sobre o Programa Balde Cheio, consulte a página oficial do projeto neste link https://www.embrapa.br/balde-cheio. (As informações são da Embrapa Pecuária Sudeste)

Retomada do movimento é lenta em SC e RS 
Pesquisa indica que 13 mil dos 50 mil trabalhadores do setor em Porto Alegre já perderam o emprego e mais 12 mil poderão ser demitidos se a situação atual se mantiver

Um mês e meio depois da retomarem atividades, os bares e restaurantes de Santa Catarina estão operando com somente 30% de ocupação, na média, embora a legislação permita que funcionem com 50%. Primeiro a autorizar a reabertura dos estabelecimentos, o Estado já perdeu 3 mil empresas do ramo, ou 20 % do total, por conta da pandemia de covid-19.

A situação é semelhante no Rio Grande do Sul, que reabriu o setor em 22 de maio e registra também uma ocupação média de 30%. “O movimento está mais fraco do que esperávamos”, afirma Maria Fernanda Tartoni, presidente da Associação de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Sul (Abrasel-RS).

Uma pesquisa com associados da Abrasel no Estado indica que 13 mil dos 50 mil trabalhadores do setor em Porto Alegre já perderam o emprego e mais 12 mil poderão ser demitidos se a situação atual se mantiver. Apenas 78% dos estabelecimentos reabriram em maio e 50% afirmam que poderão encerrar atividades nos próximos 60 dias.

Em Santa Catarina, os estabelecimentos ficaram fechados entre os dias 18 de março e dia 21 de abril. Nesse período, 29 mil postos de trabalho foram encerrados - ou 29% do total de empregos no setor - diz a Abrasel do Estado. “A retomada está sendo muito lenta e gradual. O cenário é nebuloso”, afirma Raphael Dabdab, presidente da entidade.

Dono de um pub em Florianópolis, Dabdab afirma que precisou demitir todos os seus 30 funcionários e ainda não tem previsão de quando vai reabrir o negócio. “Trabalhávamos com música ao vivo, entretenimento. A retomada nesse nicho está ainda mais incerta”, diz.

O protocolo de funcionamento dos restaurantes em Santa Catarina é rígido. É preciso garantir uma distância mínima de 1,5 metro entre os clientes, além da obrigatoriedade do uso de máscaras. “Isso reduz a capacidade do estabelecimento comportar clientes entre 50% e 70%”, afirma Dabdab. O executivo afirma que a Abrasel está tentando alterar a regra e obter uma autorização para usar mesas nas calçadas.

Em paralelo, embora Florianópolis não registre morte por covid-19 há quase um mês, o medo de contágio está comprometendo o reaquecimento do setor. O levantamento da Abrasel mostra que apenas 7,5% dos consumidores declaram que se sentem seguros para frequentar estabelecimentos.

Segundo Dabdab, os empresários que sobreviveram estão precisando de financiamento e de uma definição sobre a renovação da MP da redução de jornada e salários, ainda em análise no Senado. (Valor Econômico)

Lançado Movimento HackatAgro.com pela Comissão de Inovação da Farsul
Foi lançado nesta semana o portal HackatAgro.com, uma iniciativa da Comissão de Inovação da Farsul. O HackatAgro.com é um movimento em prol da digitalização do Agro Gaúcho, reunindo Produtores, Startups, Investidores, Empresas e Entidades. A ambição do projeto da Farsul é estimular a criação de uma rede colaborativa, que identifique os problemas dos produtores e os conectam a startups, mentores, pesquisadores e investidores. Um verdadeiro movimento de hackers, desenvolvedores e empreendedores, com o objetivo de criar soluções inovadoras e disruptivas, garantindo eficiência, sustentabilidade e renda para o Agro. Segundo Donário Lopes de Almeida, que lidera a Comissão de Inovação da Farsul, o movimento HackatAgro.com é a consolidação de discussões, debates e ações promovidas pela entidade nos últimos 20 meses. Muitas palestras, seminários, visitas e até um hackathon fizeram parte desta jornada de aprendizado. “O processo de digitalização do Agro já vinha acontecendo, e a Covid19 só abriu novas oportunidades para diversas atividades nas cadeias de produção. Vamos estimular o ecossistema de inovação a direcionar esforços para a solução dos problemas do Agro, acelerando a transformação digital no campo”, complementa. Depois dos eventos de sensibilização e interação entre produtores rurais e startups do Agro, as Agtechs, nas duas edições passadas da Expointer e Expodireto, o projeto de inovação da Farsul passa agora a concentrar ações no ambiente digital. O lançamento do portal HackatAgro.com neste momento está alinhado com a nova realidade, e estará incluindo webinars, vídeo e podcasts, e-books, e a segunda edição do Hackathon do Agro em dezembro. Em plena Covid19, a Farsul manteve as atividades com atuação de forma remota e digital. Além da Comissão de Inovação, muitas outras e distintas áreas da entidade estiveram atuantes no período de quarentena. O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, um ativo usuário do aplicativo Zoom durante a pandemia, falou com entusiasmo “as inovações e a tecnologia trazem a oportunidade de disseminarmos eficiência e ganhos para nossos produtores, e estamos focando nisso”. (HackatAgro.com)

                     

PIB do agronegócio cresce 3,3% no primeiro trimestre
O Produto Interno Bruto do (PIB) do agronegócio teve alta de 3,3% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2019, puxado principalmente pela alta de preços e por expectativas de maior produção. É o que mostra o estudo do PIB divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O estudo mostrou, de janeiro a março de 2020, elevações nos segmentos primário (5,85%), serviços (3,53%), agroindústria (1,41%) e insumos (0,43%). Tanto a pecuária quanto a da agricultura tiveram crescimento no acumulado do primeiro trimestre, de 6,11% e 1,91%, respectivamente. No caso do ramo pecuário, o resultado foi impulsionado pela alta dos preços dos diversos produtos, em um efeito inercial que começou no fim de 2019 e pela maior procura por proteínas animais no final do ano passado e no início de 2020. “A inércia decorre tanto da elevação dos preços das carnes suína e bovina - resultado da demanda aquecida no mercado externo em decorrência da Peste Suína Africana (PSA) – como do reflexo dessa elevação nos preços das proteínas substitutas, como a carne de frango e os ovos”, explica o estudo. Já o comportamento da agricultura é reflexo de preços mais elevados no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2019, além das boas perspectivas para a safra atual. Quanto aos preços, destaque para café, arroz, milho, soja e trigo, além de alguns hortifrutícolas, como banana e tomate. Quanto à produção, as expectativas são muito positivas para produtos importantes no PIB, como café, soja, milho, algodão e laranja, entre outros. O PIB do agronegócio em março teve alta de 0,94%, comportamento puxado pelo crescimento de todos os segmentos da cadeia produtiva (insumos, serviços, agroindústrias e insumos), além do bom desempenho dos ramos agrícola e pecuário. Segundo estudo CNA/Cepea, os primeiros impactos da Covid-19 também influenciaram o resultado no mês de março. “No mês de março, a pandemia gerou um comportamento de alta nos preços de diversos produtos agropecuários. Além do seu impacto via efeito de desvalorização cambial, a possibilidade de isolamento social, naquele momento, causou picos de demanda que impulsionaram os preços do arroz, da banana, do café e dos ovos”. (As informações são do CNA)
 
 

 

 

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