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16/03/2020

Porto Alegre, 16 de março de 2020                                              Ano 14 - N° 3.182

 Lácteos x Petróleo 

Um evento impensado, como diria Nassim Taleb em seu famoso livro “O Cisne Negro”.... “o impacto do altamente improvável”. Devido o coronavírus e a queda do preço do petróleo nos encontramos em um cenário baixista para o comércio internacional.
 
Historicamente se observava uma alta correlação entre o valor do leite em pó integral (WMP) – nosso principal lácteos de exportação – com o preço do petróleo. Dita relação foi estabelecida porque a metade do destino dos lácteos exportados vai para países produtores de petróleo. Mas, a partir de 2009, ocorreu um fenômeno que começou a reduzir essa relação. 
 
Foi o início das importantes importações de lácteos pela China. Estas compras foram crescendo ano após ano até transformar o gigante asiático no principal importador de lácteos do planeta. O impacto desse evento foi que a alta correlação entre os preços do WMP (GlobalDairyTrade FAZ Oceania) e o petróleo (Brent FOB Europa) existente antes de 2009 (r2=0,70) cai para r2=0,51.   

 
Evolução do preço do Petróleo e do Leite em Pó Integral
 
 
 
Evolução da importação de Leite em Pó Integral pela China
 
Mas, atualmente, e apesar da menor correlação entre o valor do petróleo e do WMP, a emergência sanitária internacional do coronavírus reduziu, substancialmente, a atividade econômica do gigante asiático (a demanda de alimentos e petróleo), que combinada com a discórdia entre Arábia Saudita, Rússia e a Organização dos Produtores de Petróleo (OPEP) derrubaram o preço do barril do petróleo tipo Brent..., e nos colocamos em uma situação de fatores baixistas preocupantes.
 
Será preciso esperar um pouco para ver o alcance e a potencial duração destes fatores para conseguir ter uma perspectiva razoável de como a economia mundial será afetada e em particular, o setor lácteo, nos próximos meses...  

Felizmente a produção de leite de 2019 para os 5 principais exportadores do mundo (União Europeia, Estados Unidos, Nova Zelândia, Argentina e Austrália) foi apenas 0,07% superior à de 2018. (DairyLando - Tradução livre: Terra Viva)

 
Lactalis busca maior presença nos EUA

A aquisição da fabricante dos iogurtes Siggi's e Stonyfield são apenas um prelúdio para um maior crescimento nos Estados Unidos, segundo Thierry Clement, CEO da Lactalis North America.

Até 2017, a Lactalis North America, uma divisão da empresa francesa de laticínios de 85 anos, tinha uma presença mínima nos estados, principalmente por meio de sua popular marca de leite longa vida Parmalat e queijos President. Mas, há três anos, a Lactalis comprou a Stonyfield da Danone por US$ 875 milhões, o que lhe conferiu uma forte posição em orgânicos. Em seguida, em 2018, ocorreu a adição da Siggi's, fabricante de iogurtes no estilo islandês, usando ingredientes simples, e da Green Mountain Creamery, uma produtora de iogurte orgânico localizada em Vermont, há um ano.

"Somos líderes no mundo [em laticínios] e não estamos nos EUA", disse Clement. "Não ofertamos todas as categorias [de produtos], por isso, ainda temos muito a oferecer se queremos ser líderes neste país e essa é a nossa missão."

Atualmente, a Lactalis registra vendas globais de US$ 20 bilhões anualmente em 85 países, mas a América do Norte representa apenas cerca de US$ 3 bilhões, ou 15%, desse total. Clement visa dobrar as vendas na região por meio de aquisições e inovações nas ofertas de produtos existentes.

Ele disse que ter uma maior presença nos EUA criaria economias de escala em suas operações, com essas eficiências permitindo à Lactalis ser mais competitiva em preço. Além disso, uma oferta mais ampla de produtos tem o potencial de aumentar o apelo da empresa junto aos varejistas.

"O crescimento interno é claramente uma meta. Ainda temos muito a trazer e, portanto, acredito firmemente que é uma grande oportunidade", afirmou Clement. "Mas o crescimento externo [por meio de fusões e aquisições] também é possível porque, se houver uma oportunidade adequada ao nosso portfólio, estaremos ouvindo".

A Lactalis planeja continuar seu alcance em todos os produtos naturais, ricos em proteínas e ingredientes simples, com conteúdo nutricional profundo, inclusive nas opções de laticínios e produtos à base de plantas.

Clement disse que a empresa parou de descartar ofertas à base de plantas — a Siggi's, líder de mercado da skyr, lançou um iogurte feito a partir de uma mistura de coco, macadâmia e proteína de ervilha, em dezembro — mas precisarão ser produtos simples e com ingredientes naturais. Atualmente, muitos dos produtos à base de plantas no mercado são carregados de gordura e ingredientes, na tentativa de imitar o leite, disse ele.

"É um mercado, os consumidores estão pedindo por isso e estamos muito felizes em vender, mas apenas se estiver de acordo com nossa crença", disse Clement. "Não sou contra as plantas. É muito bom na dieta, mas não é exclusivo. E acho que os laticínios, em termos de valor nutricional, ainda são maiores".

Apesar dos desafios contínuos enfrentados pelo leite, uma imagem sombria sublinhada pelas falências recentes da Dean Foods e da Borden Dairy, o consumo geral é maior do que nunca. O consumo per capita de laticínios aumentou de 242,5 quilos, em 1975, para 290,7 quilos em 2018, devido em grande parte à crescente popularidade de iogurte, manteiga e queijo, segundo dados do USDA. Até mesmo alguns segmentos da categoria de leite, incluindo variedades com redução de gordura total e com sabor, aumentaram nos últimos anos.

A indústria de iogurte mostrou que precisa continuar inovando, especialmente quando categorias 'quentes', como tradicional e grego, enfrentam dificuldades. As vendas caíram quase US$ 384 milhões em iogurte tradicional desde novembro de 2015 para cerca de US$ 3 bilhões anualmente, segundo dados fornecidos pela Nielsen. O grego enfrentou quedas ainda mais acentuadas, de cerca de US$ 460 milhões para quase US$ 3,2 bilhões.

Os pontos positivos do iogurte são os islandeses, como as variedades Siggi e não lácteos, que apresentaram uma taxa de crescimento anual de 45% nos últimos quatro anos.

Clement disse que o setor precisa fazer mais para responder à inflação que afeta o iogurte. Embora os custos com mão-de-obra e leite tenham aumentado, os preços do iogurte permaneceram estáveis, devido, em grande parte, a uma atividade promocional dos varejistas, com cortes de preços e cupons. Isso pressionou as empresas de laticínios, inclusive a Lactalis. "Tudo isso destrói o valor da categoria e faz as empresas sofrerem", afirmou.

Clement disse que a Lactalis aumentou os preços do queijo e iogurte em 2019 e novamente neste ano. Segundo ele, a indústria de laticínios como um todo precisará implementar mais aumentos para permanecer competitiva. "A tendência é de aumento de preços em todo o setor de laticínios", disse ele. "Precisamos obter inflação. Precisamos ter algum aumento de preço na prateleira e colocar diante do consumidor as realidades que a indústria de laticínios está enfrentando". (As informações são do FoodDive, traduzidas pela Equipe MilkPoint)

 
 
 

Piá registrou aumento de 7,8% nas vendas de seu mix em 2019 
Durante assembleia realizada nesta sexta-feira (13), no Centro de Eventos de Nova Petrópolis, a Cooperativa Piá apresentou o seu balanço de 2019, cujos destaques foram o crescimento de 7,8% nas vendas de seu mix, e a venda de imóveis que não estavam sendo utilizados na geração de receitas, com o objetivo de aplicar recursos em equipamentos de produção de produtos de valor agregado. 

Um dos exemplos de desmobilização de bens foi a venda de um imóvel em Vila Flores, onde funcionava a agropecuária e a entrega de leite por parte dos produtores. Com isso, a cooperativa comprou uma máquina de padronização de leite e outra de envase em sachê, que permitirá novas embalagens para o requeijão e o doce de leite. Também está em negociação a venda de um imóvel em Feliz, que permitirá a compra de dois terços de uma queijaria completa. Ainda este ano, o novo equipamento entrará em operação, devendo produzir 200 toneladas de queijo por mês.
 
Em um ano em que o preço do leite esteve abaixo do praticado em 2018, a Piá conseguiu avançar na venda de seu mix de produtos. Com o lançamento da nova embalagem de requeijão de 400 gramas, o sucesso do iogurte de kefir e os novos sabores da linha Essence, a Piá conseguiu crescer 7,8% em vendas. A estratégia de investir forte em produtos de maior valor agregado terá prosseguimento em 2020, com a entrada em funcionamento de novos equipamentos para queijo e manteiga e de lançamentos como o iogurte X Protein para beber. Além disso, a marca de lácteos vai entrar na linha de food service para atender padarias e restaurantes. O primeiro produto programado é o doce de leite de 1,5 litro em bisnaga.
 
Além de novos lançamentos de produtos, a Piá abriu um Centro de Distribuição em Curitiba (PR). Com isso, as vendas de seu mix tiveram um aumento de 10,8% em 2019 no mercado do Paraná. A previsão é de que haja um aumento de vendas ainda maior em 2020.
 
Um dos pontos destacados pela diretoria da Piá na assembleia de sexta-feira foi a redução do endividamento em 13% durante o ano passado. Também houve a estruturação da gestão da cooperativa com a contratação de um Superintendente, Caio Gouvêa, e a redução do número de funcionários de 1.147 para 1.005 o que representou – 12%. Esta racionalização foi decorrente dos investimentos em tecnologia de produção. Desde 2011, a Piá investiu R$ 100 milhões em novos equipamentos e tecnologias. 
 
Durante a assembleia também foram eleitos os novos integrantes do Conselho Fiscal: Fernanda Blume, Luciano Reichert e Maicon Weber. E, como suplentes: Ivan Luiz Petry, Nestor Jose Grings e Roque Jorge Grings. (Assessoria de Imprensa Piá)

 
 
             
Preços/França
A rede LiDL França assinou um acordo com a Savencia Fromage & Dairy, segundo maior produtor de queijo da França e o quarto a nível mundial, no qual estabelece o preço que a indústria irá pagar aos 6.100 produtores que entregam leite. O preço base será entre 353 e 362 €/1000 litros, [R$ 1,91 a R$ 1,96/litro], dependendo das regiões, o que daria um preço médio de 380 €/100 litros, [R$ 2,06/litro], incluindo as bonificações. O acordo abrange todos os produtos de marca nacional, que são distribuídos nos 1.500 pontos de venda da LiDL França, o que representa em torno de 115 milhões de litros de leite. Este é o segundo ano que o LiDL faz este acordo com a Savencia, com vistas a valorizar o preço pago aos produtores de leite que fornecem a matéria prima para os lácteos vendidos nas prateleiras. (Agrodigital – Tradução livre: Terra Viva)
 
 

 

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