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Fórum Estadual do Leite expõe os desafios do setor leiteiro no Brasil

A 15ª edição do Fórum Estadual do Leite, realizado na manhã desta quarta-feira (13), na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, começou com clima de otimismo e esperança após o discurso do secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, Covatti Filho. Os integrantes da cadeia produtiva leiteira, que lotaram o auditório central do Parque de Exposições, escutaram o compromisso e o engajamento do secretário, que saiu em defesa das demandas do setor com o Mercosul, da ampliação do uso de forrageiras pelos produtores e com relação ao fim do subsídio sobre a energia elétrica utilizada pelos produtores rurais. “Conversamos com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que nos sinalizou que o subsídio será mantido e prorrogado por um ano. Após esse prazo, serão feitas algumas adequações”, afirmou o representante do executivo gaúcho no evento.

As mudanças no cenário produtivo do leite dos últimos anos e a necessidade de implementação de tecnologias de produção para que os pequenos produtores não sejam engolidos pelos grandes, e para que consigam produzir para multinacionais, norteou a manhã de palestras no Fórum Estadual do Leite. O chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, foi o responsável por abordar esse novo tempo para o setor leiteiro, comparando a cadeia produtiva do passado com a que pode se transformar a partir do uso da Tecnologia da Informação (TI), dos jovens e suas ideias criativas e de grandes players que já perceberam a importância da cadeia produtiva do leite, a exemplo de Microsoft, Cisco, IBM, TOTVS, entre outras gigantes.

Chefe geral Embrapa gado de leite, Paulo do Carmo Martins, em fala durante o evento

“É essencial que haja uma adequação às novas demandas dos clientes. Não podemos nos acomodar”, destacou Martins, ao apontar que o mundo atual é o do compartilhamento – de conhecimentos, de produtos e de serviços. “O novo mundo e a nova economia mudaram a lógica da produção”, frisou, chamando a atenção para a transformação que se avizinha também ao setor do leite. Citou o Ideas for Milk, desafio de startups que vem ao longo dos anos destacando grandes inovações voltadas exclusivamente ao setor leiteiro. “O mundo digital veio para resolver grande parte dos nossos problemas”, afirmou Martins.

O economista da Embrapa Gado de Leite, Glauco Carvalho, lembrou que o setor, em 2017, pagou fortemente pelo ‘preço’ da crise, quando em apenas um ano foram perdidas conquistas equivalentes a oito anos em termos de consumo. “Estamos, porém, na terceira posição na produção mundial e não figuramos entre os maiores importadores, nem exportadores”, afirmou o economista. No período 2000-2017, destacou Carvalho, o Brasil foi o país que apresentou o segundo maior crescimento em produção do mundo. “Crescemos 65% e só perdemos para a Nova Zelândia”, afirmou. Metade desse crescimento ocorreu nos estados da Região Sul (35,7%). De acordo com Carvalho, a área agricultável do Brasil equivale ao território de 33 países do continente europeu. Esse fato demonstra que a produção agrícola e pecuária do país ainda tem muito a crescer, mas é preciso ampliar a eficiência para melhorar a competitividade.

O economista da Embrapa Gado de Leite, Glauco Carvalho

Uma das idealizadoras do movimento #bebamaisleite, Ana Paula Menegatti, falou sobre as ações realizadas pelo Brasil em prol da conscientização de crianças e adultos sobre os benefícios da ingestão de leite. Para isso, por meio de parcerias com indústrias, ela e a sócia Flávia Fontes utilizam diversas ferramentas que vão desde eventos próprios até promoção de palestras e debates com celebridades que também apreciam a bebida, além de médicos e especialistas na área.

Para o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, as palestras do Fórum Estadual do Leite evidenciaram a necessidade de adoção de atitudes rápidas e concretas por parte do setor para seja possível melhorar a competitividade da cadeia produtiva. “Isso é fundamental para que possamos continuar neste mercado competitivo e globalizado”, disse, chamando a atenção para a necessidade de que a produtividade por animal seja ampliada. Como consequência, pontua Guerra, os custos de logística e de operação reduzem, permitem uma readequação da indústria e possibilitam que o país deixe de ser importador para se tornar uma nação exportadora de lácteos. “Temos muito trabalho a ser feito e esses desafios devem ser encarados como oportunidades”.

O Fórum Estadual do Leite é uma promoção da Cotrijal e da CCGL, com apoio do Sindilat, da Sementes Adriana e do Senar/RS.

Fotos: Thaise Teixeira

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