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Startups gaúchas se destacam nacionalmente na criação de soluções tecnológicas para a cadeia produtiva do leite

Utilizar soluções tecnológicas para auxiliar os produtores de leite no manejo das vacas e, consequentemente, reduzir custos e agilizar o trabalho nas propriedades, tem se tornado uma tendência do setor. O Desafio das Startups competição que integrou o Ideas for Milk 2018, evento promovido pela Embrapa Gado do Leite, premiou três startups que têm como atuação principal simplificar a vida no campo e na indústria. Entre elas, duas gaúchas se destacaram na competição.

Para o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini, é indispensável reconhecer essas iniciativas e torná-las cada vez mais acessíveis para os produtores de leite e a indústria. “O setor lácteo está permanentemente em um processo de modernização e isso passa diretamente pelo investimento em tecnologia”, afirmou Palharini, que participou da escolha dos vencedores.

“Traduzir a opinião das vacas.” Este é o principal objetivo da CowMed AS, startup criada pelos irmãos Leonardo e Thiago Guedes que, atualmente, conta com uma equipe de seis especialistas. Para isso, a empresa desenvolveu uma coleira capaz de mensurar os principais parâmetros comportamentais relacionadas à saúde e à reprodução dos animais. A tecnologia pode ser aplicada individualmente ou em lotes e foi pensada para pequenas, médias e grandes propriedades leiteiras.

Os dados são coletados por antenas e enviados para a nuvem, onde a ferramenta VIC (Virtual Interpreter of Cows) analisa os animais e emite alertas para os produtores, que vão desde sinais sobre o comportamento do cio até a indicação do melhor horário para realizar a inseminação. O produtor recebe as informações coletadas pelo programa por meio de software web de monitoramento ou aplicativo mobile. É possível comprar a tecnologia ou adquirir um plano de pagamento mensal.

De acordo com os desenvolvedores do projeto, o monitoramento dos animais permite obter uma pecuária mais precisa. Além disso, esse monitoramento pode servir de base para criar ferramentas que potencializem a produtividade. A empresa conta com um portfólio de mais de 15 mil animais monitorados em 11 estados brasileiros e mais de 30 milhões de horas de comportamento animal. A ideia rendeu para a equipe o segundo lugar no Desafio das Startups do Ideas for Milk 2018.

Se a CowMed SA focou no comportamento das vacas, a Startup Z2S Sistemas Automáticos levou conhecimentos da engenharia elétrica para o campo para auxiliar na limpeza e higienização da produção de leite. O engenheiro eletricista Elias Francisco Sgarbossa projetou em seu trabalho de conclusão de curso da faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade de Passo Fundo (UPF), com o apoio da Agência de Inovação Tecnológica da (UPF), um sistema automático para limpeza de ordenhadeiras canalizadas. O ROV funciona automaticamente e funciona em horário programado, sempre 30 minutos antes da ordenha.

Produtos Z2S premiados no Ideas for Milk 2018     Foto: Elias Sgarbossa

Em 2017, a startup foi incorporada ao UPF Parque e, no final  de 2017, foram anexados ao portfólio de serviços da Z2S mais dois equipamentos de limpeza e higienização. O SALT é responsável pela limpeza de tanques de resfriamento de leite e o ROVTL auxilia os produtores na higienização entre ordenhadeiras e transferidores de leite. Os sistemas funcionam a partir de um microcontrolador com firmware embarcado, escrito em linguagem C e podem ser integrados ou serem utilizados de forma independente. Todo o processo ocorre de maneira automática, incluindo o controle e o monitoramento de temperatura, dosagem de produtos químicos e acionamento dos motores.

O sistema ROV nasceu de uma demanda particular de Sgarbossa. Filho de produtores de leite, o engenheiro eletricista notou que a família levava muito tempo realizando o processo de limpeza da ordenhadeira. A partir disso, iniciou testes do protótipo na fazenda e o resultado foi surpreendente. Em um ano, o equipamento proporcionou redução de 87% na Contagem Bacteriana Total (CBT) do leite, atingindo níveis inferiores a 2mil UFC/ml.

Além disso, a sustentabilidade também foi ampliada na produção da fazenda, tendo em vista que o equipamento reduziu em 50% o consumo de detergentes e 20% o consumo de água. Os engenheiros eletricistas Adriano Luis Toazza e Charles Bortolanza também integram a startup que ficou em terceiro lugar do Desafio das Startups da Ideas for Milk 2018.

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