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08/08/2018

Porto Alegre, 08 de agosto de 2018                                              Ano 12 - N° 2.795

A TABELA DE FRETE COBRA O SEU PREÇO

Enquanto nova proposta não é apresentada e o Supremo Tribunal Federal não avalia as ações de inconstitucionalidade audiência pública está marcada para o próximo dia 23 , o agronegócio segue pagando a fatura da tabela de fretes instituída por medida provisória no mês de junho. E ela não é nada barata, argumentam entidades, com base em números.

Ontem, a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) apresentou o relatório das exportações gaúchas do setor em julho. Pelo segundo mês consecutivo, registram-se quedas nos embarques. A razão, afirma o economista-chefe Antônio da Luz, é o tabelamento que "diminui a liquidez". Na comparação com julho de 2017, a soja em grão teve recuo de 25,5% no volume embarcado. Ante junho, caiu 8,18%.

- Pela primeira vez, tivemos exportação de arroz menor do que tínhamos exportado no mesmo mês do ano anterior - completa Luz.

A medida também traz efeitos nocivos dentro de casa. Em seminário de Economia Agrícola do Ipea, José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas, afirmou que o tabelamento deve resultar em mais custos para o setor agropecuário, podendo impactar a inflação.

Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz afirma que feijão e óleo de cozinha tiveram alta expressiva, mas pondera:

- O óleo não está mais caro porque a soja está mais cara e, sim, por causa do tabelamento de fretes, que segue causando impactos à população brasileira.

Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais, o tabelamento gerou alta de cerca de US$ 2,36 bilhões nos custos logísticos para a exportação de grãos e paralisou a negociação dos contratos de grãos para a safra 2018/2019. O assunto pautou reunião com a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA).

Para Luz, além dos prejuízos evidenciados, a indefinição tem outro aspecto negativo:

- Diante desse cenário, empresas estão adquirindo frotas de caminhões. O pessoal vai botar dinheiro em algo que não é seu negócio. Para quem quer competir globalmente, isso é um desastre. (Zero Hora)

Ipea prevê queda menor do PIB agropecuário

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou para cima sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária no país neste ano. Em razão de uma produção de grãos maior que a prevista inicialmente na safra 2017/18, o órgão passou a estimar que o PIB do setor "da porteira para dentro", medido pelo IBGE, cairá 1%, e não 1,3%, como estava previsto anteriormente.

"Como melhorou a condição da safra de grãos, especialmente de soja, tivemos que revisar nossos cálculos", afirmou José Ronaldo Souza Junior, diretor de Macroeconomia do Ipea, ao Valor. Assim, para o PIB da agricultura o instituto agora prevê queda menor em 2018, de 0,6% - e não mais de 2,5% -, enquanto a pecuária tende a recuar 2,5%, e não crescer 1,4%.

De acordo com o diretor do Ipea, o espaço para ajustes nessas previsões diminuiu, já que a colheita de grãos na safra 2017/18 está praticamente definida, restando dúvidas mais relevantes apenas para a safrinha de milho e para o trigo. Na área agrícola, porém, as colheitas de cana, café e laranja, ainda em andamento, também poderão influenciar ajustes.

Para Souza Junior, ainda que o Ipea projete retração para o PIB da agropecuária, há motivos para comemorações, sobretudo porque a colheita total de grãos em 2017/18 só perde para a do ciclo passado - a base de comparação nessa frente, portanto, é elevada.

O destaque negativo deste ano, segundo ele, ficará com a inflação dos alimentos, já que os preços de grãos como soja e milho, apesar da safra robusta, subiram no mercado doméstico graças a fatores externos como a quebra da safra argentina e as disputas comerciais entre Estados Unidos e China.

O Ipea também divulgou ontem seu índice específico para o PIB agropecuário que mede variações mensais. De acordo com o "Indicador Ipea de PIB Agropecuário", o setor cresceu 2,6% entre os meses de maio e junho deste ano, puxado justamente pelo bom desempenho da colheita de grãos. O resultado, no entanto, não foi suficiente para evitar uma queda de 1,9% no segundo trimestre de 2018 em relação ao primeiro. Na comparação com o mesmo período de 2017, houve baixa de 2,9%. De acordo com o Ipea, a queda mais uma vez é explicada pelo resultado "excepcional" da produção agrícola do país na temporada 2017/18. (As informações são do jornal Valor Econômico)

Leite tem previsão de produção menor, mas maior equilíbrio na balança externa

As projeções de longo prazo dos principais produtos do agronegócio brasileiro, feitas neste ano, apresentam um ritmo de crescimento bem acima do que se previa nos anteriores. O setor do leite, porém, deu marcha a ré. Em 2015, quando o Ministério da Agricultura fez as previsões de produção para 2025, estimava-se uma captação de 47 bilhões a 53 bilhões de litros de leite no país. Nas projeções deste ano, divulgadas na segunda-feira (6), os números de 2025 indicam uma produção de 41 bilhões a 46 bilhões de litros, bem abaixo das estimativas iniciais. Essa disparidade ocorre porque as projeções feitas em 2015 se baseavam no ritmo de crescimento de 2014, período em que o país atingiu 35 bilhões de litros, o pico da produção nacional. Nos anos seguintes, o setor perdeu ritmo, e a produção recuou para até 33,6 bilhões de litros em 2016. Os números mais recentes do Ministério da Agricultura indicam que o setor ficará com produção de 43 bilhões a 48 bilhões de litros em 2028. É um cenário menos otimista do que o de 2015, mas mais realista em termos de consumo e de importações.

O consumo de leite deverá aumentar 23% nos próximos dez anos. As exportações, 29%. Já as importações, um dos gargalos do setor, ficarão estáveis no mesmo período. O setor de leite é um dos que ainda precisam de um choque de tecnologia e, consequentemente, de aumento de produtividade. Muito suscetível às oscilações de mercado, principalmente às de custos, a pecuária de leite tem de melhorar a gestão nas fazendas, buscar redução de gastos na produção e aumentar a produtividade dos animais. Os pecuaristas que buscam essas práticas e estão se profissionalizando têm permanecido no mercado. Outros, pressionados pelas baixas margens do setor, saíram da atividade. As perspectivas de crescimento são boas, uma vez que a pecuária tem ainda muita tecnologia para incorporar. Isso garante custos menores e melhor qualidade do produto. Apesar de ter o maior rebanho comercial mundial, o Brasil tem déficit na balança comercial de leite e de derivados. Uma evolução da produção e produtos de qualidade podem elevar o consumo interno e permitir acesso do país ao mercado externo.

Os novos rumos da atividade, que vem buscando maior escala de produção nas fazendas, devem promover essa mudança. O Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2017, divulgado no mês passado, apontou que os líderes de produção são Minas Gerais (9 bilhões de litros), Rio Grande do Sul (4 bilhões) e Paraná (3,4 bilhões). Os principais números das projeções do agronegócio do Ministério da Agricultura apontam para uma produção de grãos de 302 milhões de toneladas em 2028. A produção de milho deverá atingir 113 milhões de toneladas, 27% mais do que a atual, e de soja sobe para 156 milhões, 33% mais. (As informações são do jornal Folha de São Paulo)

Maggi diz que tabelamento do frete terá efeitos sobre a inflação
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse nesta terça-feira (7) que o tabelamento do frete terá efeitos sobre a inflação. De acordo com ele, não se tratará de uma escalada dos preços, mas de um ajuste. "Com toda certeza. Já se percebe isso impacto sobre os preços não só na área de grãos, mas em cargas gerais, cargas de retorno", citou. "Tudo isso vai levar a um movimento de ajuste no processo inflacionário." Maggi participou do 28º Congresso & ExpoFenabrave, em São Paulo. (As informações são do jornal Estadão)

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