Iogurtes sem refrigeração ganham espaço com foco em praticidade e saúde
Indústria asiática aposta em iogurtes de longa duração com culturas probióticas ativas, alinhando tecnologia e conveniência ao estilo de vida moderno.
A busca por praticidade, saúde e produtos com maior vida útil está impulsionando o desenvolvimento de iogurtes estáveis em temperatura ambiente, especialmente nos mercados asiáticos. Esse formato oferece conveniência ao consumidor moderno, permitindo armazenamento e consumo sem necessidade de refrigeração, sem abrir mão dos benefícios dos probióticos. Culturas vivas após tratamento térmico
Na China, o mercado de iogurte segue em forte expansão, com projeções de crescimento anual composto (CAGR) de 8,52%. O segmento específico de iogurtes estáveis à temperatura ambiente acompanha essa tendência, com um CAGR de 3,6%. Atentas a esse movimento, indústrias têm investido em tecnologias que garantem a presença de culturas vivas mesmo após processos térmicos, adicionando os probióticos após a esterilização ou após a fermentação, assegurando viabilidade microbiana e manutenção do sabor e textura característicos.Evitando a pós-acidificação
Outro avanço interessante explora o uso de bactérias lactose-negativas em combinação com Lactobacillus rhamnosus para controlar a fermentação e a acidez. O objetivo é evitar a fermentação excessiva durante o armazenamento e, assim, ampliar a vida útil do produto sem comprometer suas características funcionais.Adaptações climáticas e culturais
Na Índia, o cenário é semelhante. O mercado de iogurtes deve atingir US$ 50,45 bilhões até 2029, com um crescimento projetado de 8,97% ao ano. A maior consciência em relação à saúde, aliada à demanda por alimentos prontos para consumo, tem favorecido o avanço dos iogurtes probióticos de longa duração. Grandes multinacionais já atuam no desenvolvimento de formulações adaptadas ao clima local e aos hábitos de consumo indiano, promovendo iogurtes que combinam estabilidade, benefícios funcionais e conveniência.
Esses movimentos mostram como o setor lácteo asiático está se reinventando para acompanhar as transformações nos padrões de consumo. A integração entre inovação tecnológica, microbiologia aplicada e marketing nutricional promete abrir novas fronteiras para os lácteos funcionais — agora, prontos para o consumo a qualquer hora e em qualquer lugar.
As informações são da GrayB, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint
Proteínas lácteas bioativas: aliadas contra a sarcopenia no envelhecimento
Com alto valor biológico e peptídeos funcionais, proteínas lácteas bioativas ajudam a preservar a massa muscular e a saúde na terceira idade.
As proteínas lácteas bioativas estão ganhando destaque como ingrediente-chave para o envelhecimento saudável, especialmente no combate à sarcopenia — perda de massa e força muscular comum após os 60 anos.
Com a expectativa da OMS de que a população mundial acima dessa idade dobre até 2050, superando 2 bilhões de pessoas, cresce a necessidade de soluções nutricionais que mantenham a funcionalidade, a independência e a qualidade de vida.
Reconhecidas como padrão ouro em nutrição proteica, as proteínas lácteas oferecem alto valor biológico, excelente digestibilidade e um perfil de aminoácidos que atende ou excede as necessidades humanas.
A composição inclui caseínas (80% do total proteico do leite bovino), que liberam aminoácidos de forma lenta, e proteínas do soro (whey protein), de digestão rápida e ricas em leucina — aminoácido que ativa a via mTORC1, essencial para estimular a síntese de proteínas musculares, cuja eficiência tende a diminuir com a idade.
Além de fornecerem todos os aminoácidos essenciais, as proteínas lácteas apresentam peptídeos bioativos com propriedades fisiológicas específicas.
Entre eles, compostos derivados da caseína, como IPP e VPP, demonstraram efeito anti-hipertensivo ao inibir a enzima conversora de angiotensina. Já peptídeos antioxidantes ajudam a neutralizar radicais livres, reduzindo danos oxidativos associados à perda muscular e ao envelhecimento precoce.
Outros, como lactoferrina e lactoperoxidase, exibem ação imunomoduladora, fundamental para idosos que sofrem com a imunossenescência.
Essa combinação de benefícios é particularmente relevante diante do fenômeno chamado inflammaging, caracterizado por inflamação crônica de baixo grau que acelera a perda de massa magra e aumenta a resistência à insulina.
Estudos indicam que certos peptídeos lácteos podem reduzir citocinas pró-inflamatórias como IL-6 e TNF-α, ajudando a frear esse processo.
No contexto da sarcopenia, a whey protein se destaca pela rapidez de absorção e alta concentração de leucina, que ajudam a superar a resistência anabólica típica do envelhecimento.
A ingestão adequada de proteína — especialmente de alta qualidade — é apontada pelo European Working Group on Sarcopenia in Older People como um dos fatores de risco modificáveis mais importantes.
Para a indústria de alimentos, o potencial dessas proteínas impulsiona o desenvolvimento de iogurtes proteicos, bebidas lácteas enriquecidas, sobremesas funcionais e suplementos em pó direcionados a públicos sênior e esportivo.
Cresce também o uso de whey protein hidrolisada, com melhor digestibilidade, solubilidade e liberação controlada de peptídeos bioativos — solução ideal para bebidas ready-to-drink.
Blends que combinam proteínas lácteas, fibras prebióticas e micronutrientes como cálcio, vitamina D e magnésio vêm se consolidando como formulações completas para suporte ao envelhecimento saudável, aproximando o conceito de “alimento como medicina”.
No entanto, ainda existem desafios tecnológicos, como manter estabilidade em pH ácido, evitar sabor residual e preservar a bioatividade durante a pasteurização.
Do lado regulatório, alegações funcionais como “auxilia na manutenção da massa muscular” exigem comprovação científica robusta, e o reconhecimento dessas claims varia conforme a jurisdição.
O mercado está aquecido: segundo a Grand View Research, o setor global de whey protein superou US$ 10 bilhões em 2023, impulsionado não apenas pelo consumo esportivo, mas também pela demanda crescente do público idoso.
Europa e Japão já registram forte penetração de bebidas e suplementos voltados a essa faixa etária, enquanto políticas públicas incentivam dietas que previnam a sarcopenia, reduzindo custos com saúde.
Diante desse cenário, as proteínas lácteas bioativas não apenas alimentam, mas também atuam como ferramenta estratégica para preservar a autonomia e a vitalidade de uma população que envelhece mais — e quer envelhecer melhor.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Ciência do Leite