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30/12/2025

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 30 de dezembro de 2025                                                 Ano 19 - N° 4.544


Newsletter do Sindilat/RS completa 20 anos em 2026 e reafirma seu papel estratégico no setor lácteo

Publicada nesta terça-feira, 30/12/2025, a última edição deste ano celebra duas décadas de informação qualificada, alcance e credibilidade

Enviada todos os dias, sem interrupções, a Newsletter do Sindilat/RS chega à sua última edição de 2025 celebrando uma trajetória sólida e consistente. Em 2026, o informativo completa 20 anos de circulação, consolidando-se como uma das principais fontes de informação do setor lácteo.

Atualmente, a Newsletter alcança mais de 4 mil pessoas diariamente, por e-mail e WhatsApp, reunindo um público altamente qualificado, formado por produtores, indústrias, lideranças, técnicos e formadores de opinião.

Ao longo dos anos, o conteúdo publicado se tornou referência ao abordar, de forma estratégica, temas essenciais para o desenvolvimento da cadeia produtiva do leite, como qualidade, sanidade, produção, mercado, inovação, competitividade, políticas públicas, economia e legislação.

Ultrapassando o informativo, a Newsletter do Sindilat/RS também é um canal de conexão, atualização e apoio à tomada de decisão, acompanhando a evolução do setor e os desafios do presente e do futuro.

Ao encerrar 2025, o Sindilat/RS reforça seu compromisso com a informação de qualidade e projeta 2026 como um ano simbólico, de celebração e continuidade de um trabalho que, há duas décadas, conecta diariamente quem faz o setor lácteo acontecer. (Sindilat/RS)


CEPEA: maior oferta mantém pressão no campo

Com aumento da captação e estoques elevados, mercado segue pressionando os preços pagos ao produtor

O preço do leite ao produtor registrou nova queda na “Média Brasil”. Segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o valor médio do leite captado em novembro foi de R$ 2,1122 por litro, recuo de 8,31% em relação a outubro/25 e de 23,3% frente a novembro/24, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de novembro/25). Com esse movimento, os preços acumulam retração real de 21,2% na parcial do ano. As sucessivas reduções refletem o maior nível de oferta no mercado.

Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de novembro/2025)

Fonte: Cepea-Esalq/USP.

Em 2025, a oferta de lácteos apresentou crescimento significativo. O Cepea projeta que o ano seja encerrado com aumento médio de 7% na captação industrial, alcançando 27,14 bilhões de litros, volume recorde. A produção de leite cru foi impulsionada pelos investimentos realizados em 2024 e por condições climáticas mais favoráveis ao longo de 2025, que estimularam a produção no Sudeste e no Centro-Oeste e atenuaram a queda sazonal no Sul neste período. De outubro para novembro, o ICAP-L (Índice de Captação de Leite) avançou 1,61% na Média Brasil, acumulando alta de 15,9% no ano. 

A oferta também segue sendo complementada pelas importações que, embora tenham recuado 14,8% em novembro, permanecem em níveis elevados. Na parcial do ano, ingressaram no país cerca de 2,05 bilhões de litros em equivalente leite (Eql), volume apenas 4,8% inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior, que foi marcado por recorde de importações. As exportações, por sua vez, apresentaram retração de 33% na comparação anual, somando 62,4 milhões de litros Eql no acumulado do ano.

Segundo agentes de mercado, houve aumento dos estoques de lácteos tanto na indústria quanto nos canais de distribuição. Em um ambiente de mercado bem abastecido, as negociações de derivados têm ocorrido com maior pressão, o que impacta as margens dos laticínios. Esse movimento se reflete nos preços do leite cru, afetando a receita do produtor. 

Análises do MilkPoint Mercado mostram que, em dezembro, o Índice de Custos com a Produção de Leite (ICP) voltou a subir, pressionado principalmente pelo aumento dos custos com alimentação energética, combustíveis e defensivos agrícolas. Com o avanço do desenvolvimento das culturas de verão, a demanda por defensivos se manteve aquecida em um momento estratégico do calendário agrícola, sustentando os preços e reforçando o movimento de elevação dos custos de produção. O cenário aponta para uma redução da rentabilidade no campo e para maior cautela nos investimentos, o que tende a contribuir para uma desaceleração gradual da produção.

As informações são do CEPEA e da equipe MilkPoint Mercado.

Retrospectiva 2025: conjuntura internacional

Oferta global de leite cresceu mais rápido que a demanda em 2025. Entenda como o avanço da produção, a competição entre exportadores e o movimento das importações impactaram o mercado e o que esse cenário indica para 2026.

Ao longo de 2025, o mercado global de lácteos foi marcado por um plano de fundo bastante claro: o crescimento da captação de leite foi expressivo em nível mundial.

Gráfico 1. Variação da produção leiteira em relação ao mesmo período em 2024

Fonte: DCANZ, USDA, OCLA, adaptado por MilkPoint Mercado

Diferentes polos produtores ampliaram a oferta ao longo do ano, como observado na variação da produção de alguns países em relação ao mesmo período em 2024 (Gráfico 1), resultando em maior disponibilidade de leite e derivados. Complementarmente, a demanda por lácteos foi variável: em alguns países vemos uma sustentação, em outros uma leve queda ou até um leve crescimento. O gráfico a seguir mostra a evolução do consumo em alguns países, considerando 2021 como ano-base (2021 = 100).

Gráfico 2. Consumo doméstico de leite fluído (mil Kg) (2021 = 100)

Fonte: USDA, adaptado MilkPoint Mercado

Mesmo quando a demanda apresentou oscilações positivas, como no caso do Brasil, seu avanço não foi suficiente para acompanhar o expressivo ritmo de crescimento da oferta. Esse descompasso alterou de forma relevante o equilíbrio do mercado internacional: o aumento da disponibilidade de leite e derivados ampliou a oferta nos principais fluxos de comércio, intensificou a competição entre exportadores e dificultou a absorção do volume adicional produzido. Nesse contexto, os preços passaram a cumprir o papel de principal mecanismo de ajuste, com recuos ao longo do ano na tentativa de estimular a demanda e realocar os excedentes.

Esse movimento estrutural pode ser observado de forma clara nos principais indicadores de preços do mercado internacional. 

O Global Dairy Trade (GDT), referência para a formação de preços no comércio global de lácteos, refletiu ao longo do ano a dificuldade de sustentação das cotações em um ambiente de oferta elevada. Os recuos observados nos preços dos derivados ao longo de 2025 indicam que o ajuste necessário para viabilizar o escoamento do volume adicional ocorreu, majoritariamente, via preços. Embora tenham ocorrido oscilações pontuais entre os leilões, o comportamento geral indicou um mercado pressionado, com valores dos principais derivados encontrando resistência para se manter em patamares mais elevados - como se pode observar no Gráfico 3 que ilustra os movimentos para o leite em pó integral (LPI), o principal produto comercializado, referente ao último leilão realizado.

Gráfico 3. Preço médio do leite em pó integral no leilão GDT

Fonte: Global Dairy Trade (GDT)
Essa leitura é corroborada pelos indicadores da FAO, que mostram uma redução nos preços internacionais dos derivados lácteos ao longo de 2025. O comportamento desses índices reforça que, mesmo com a demanda global se mantendo ativa, ela não foi suficiente para absorver o volume adicional ofertado pelo mercado. 

Gráfico 4. Índice FAO - Preço médio de lácteos

Fonte: FAO, adaptado MilkPoint Mercado

Esses movimentos não ocorreram de forma isolada. Ao ajustar a análise para uma escala mais próxima do mercado brasileiro, os dados do levantamento realizado pelo MilkPoint Mercado junto a players do Mercosul mostram que a dinâmica foi semelhante ao longo de 2025. Em um contexto de oferta elevada e maior competição, os exportadores da região passaram a reduzir preços de forma recorrente na tentativa de manter o escoamento de seus volumes para o Brasil. Como exemplo, observa-se no gráfico a seguir o comparativo dos preços praticados nacionalmente para LPI em contraste com os preços deste produto importado.

Gráfico 5. Preços nominais leite em pó integral (R$/Kg) - Custo de aquisição importado vs. local

Fonte: MilkPoint Mercado, levantamento “Mercosul”

Os preços mais baixos no mercado externo contribuíram para a manutenção de patamares elevados de importação ao longo do ano, em níveis muito semelhantes ao observado em 2024 (Gráfico 6). No entanto, diferentemente de outros momentos históricos, o mercado brasileiro também se mostrou amplamente abastecido em 2025, em função de uma oferta doméstica elevada.

Gráfico 6. Importações (milhões de litros) para as categorias lácteas em equivalente leite

Nesse cenário, embora volumes relevantes tenham sido direcionados ao Brasil, mesmo a preços mais baixos, o ajuste via preços passou a apresentar ganhos cada vez menores para os exportadores. O escoamento para o mercado brasileiro não foi suficiente para absorver integralmente o excedente disponível. 

Dessa forma, é possível que parte dos exportadores tenham buscado diversificar os destinos dos produtos, buscando mercados alternativos para o escoamento da produção e reduzindo parte da concentração das vendas no mercado brasileiro. 

Em síntese, o cenário internacional de lácteos em 2025 foi marcado por um ambiente de oferta elevada em nível global, com crescimento da produção em diferentes regiões e uma demanda que avançou em ritmo mais contido. Esse desequilíbrio intensificou a competição entre exportadores e levou os preços a cumprirem o papel de principal mecanismo de ajuste ao longo do ano. A partir desse diagnóstico, a atenção se volta agora para 2026: entender se esse quadro de oferta ampla tende a se manter ou se haverá mudanças relevantes do lado da produção e da demanda será fundamental para avaliar os próximos movimentos do mercado lácteo global. (Milkpoint adaptado pelo Sindilat)


Jogo Rápido
UPF-RS é fixada em R$ 28,3264 para 2026 e atualiza contribuições ao Fundesa e Fundoleite
Entra em vigor em 1º de janeiro de 2026 o novo valor da Unidade Padrão Fiscal do Rio Grande do Sul (UPF-RS), fixado em R$ 28,3264, conforme a Instrução Normativa RE nº 111/25, publicada no Diário Oficial do Estado em 23 de dezembro de 2025. O índice da Receita Estadual substitui o valor de R$ 27,1300, utilizado em 2025, representando um aumento de aproximadamente 4,41%. A atualização da UPF impacta as contribuições ao Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa). No caso do leite, a contribuição passa a ser de R$ 0,001756 por litro produzido em 2026, calculada com base em 0,000062 UPF por litro. Desse total, 50% (R$ 0,000878) são descontados na nota de compra do leite pago ao produtor e 50% (R$ 0,000878) recolhidos pela indústria. Os recursos do Fundesa são destinados à indenização de produtores pela perda de animais acometidos por zoonoses, como tuberculose e brucelose, além de financiarem ações de prevenção e controle de doenças infectocontagiosas previstas nos programas oficiais de sanidade animal. Já a contribuição ao Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite (Fundoleite) terá recolhimento de R$ 0,001756 por litro adquirido, de responsabilidade exclusiva da indústria. Desse montante, o Estado concede bonificação de 50% via crédito de ICMS. O fundo é voltado ao financiamento de ações, projetos e programas estruturantes para o desenvolvimento da cadeia leiteira, com foco na competitividade e em campanhas de estímulo ao consumo de lácteos. O secretário-executivo do Sindilat/RS, Darlan Palharini, lembra que o Fundesa segue sendo um instrumento de segurança sanitária para os produtores. Em relação ao Fundoleite, o dirigente reforça que o sindicato mantém diálogo permanente com o governo estadual para a efetiva liberação dos recursos. “Este aporte já é esperado há muito tempo e chegaria em boa hora para equilibrar o setor neste momento em que temos uma crise instaurada, fruto da entrada de importados que prejudicam a produção nacional”, afirma. (Jardine Comunicação)