Porto Alegre, 04 de novembro de 2025 Ano 19 - N° 4.508
Deputados da FPA cobram do governo medidas urgentes para conter crise no setor leiteiro
Bancada defende suspensão das importações, medidas antidumping e criação de contrato futuro para garantir previsibilidade de preços
Com importações recordes, queda nos preços e produtores deixando a atividade, o setor lácteo brasileiro enfrenta uma das crises mais severas das últimas décadas. A entrada de leite subsidiado da Argentina e do Uruguai tem comprometido a rentabilidade e ameaçado a sobrevivência de milhares de famílias rurais.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (Republicanos-PR), afirmou que a defesa do produtor de leite é pauta prioritária da bancada. “Nosso papel é pressionar o governo, defender o produtor e garantir igualdade de condições. A bancada do agro está mobilizada e unida para fortalecer a cadeia do leite, do pequeno ao grande produtor”, declarou.
Diante do agravamento da crise, o deputado Valdir Cobalchini (MDB-SC) solicitou a realização de uma audiência pública na Comissão de Agricultura, Abastecimento e Pecuária da Câmara dos Deputados, realizada nesta terça-feira (4). O debate tratou de soluções emergenciais e de longo prazo, como a aplicação de medidas antidumping, a revisão das regras de importação e a criação de um contrato futuro de leite para dar previsibilidade e estabilidade ao produtor.
Cobalchini destacou que a situação ameaça a segurança alimentar e a economia rural. “Hoje, em Santa Catarina, o produtor recebe menos de R$ 2 por litro, enquanto o custo médio de produção chega a R$ 2,40. Isso é inviável”, afirmou. O parlamentar defendeu ações imediatas, como a suspensão temporária das importações do Mercosul, auditorias sanitárias, compras públicas via Conab e ampliação do crédito subsidiado.
Defesa do antidumping e proteção ao produtor nacional
A deputada Ana Paula Leão (PP-MG), presidente da Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite, cobrou do governo a revisão da decisão que negou medidas antidumping ao leite do Mercosul. Segundo ela, o país importou 1,6 bilhão de litros até setembro, alta de 28% em apenas um mês. “Enquanto o leite de fora chega barato, o nacional é desvalorizado. Quando o produtor brasileiro quebrar, o importado vai chegar caro e quem vai sentir será o consumidor”, alertou.
Para o deputado General Girão (PL-RN), o leite tem papel essencial na alimentação humana e exige políticas de capacitação e acesso à tecnologia, especialmente para os produtores do semiárido. “O que pudermos fazer para melhorar a capacidade de produção e informação, especialmente nas regiões de clima adverso, precisa ser feito”, afirmou.
Por sua vez, o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS), presidente da Comissão de Agricultura da Casa, lembrou que a pecuária leiteira está presente em todos os municípios brasileiros e defendeu políticas públicas que fortaleçam a cadeia produtiva. “É papel dessa comissão trabalhar para valorizar o produtor e contrapor as falhas das políticas do governo federal”, ressaltou.
Já o deputado Jorge Goetten (PL-SC) chamou a atenção para a responsabilidade das indústrias e cooperativas na crise. “As mesmas empresas que recebem o leite o ano todo são, muitas vezes, as que mais sacrificam o produtor. É preciso empatia e corresponsabilidade nesse momento de dificuldade”, concluiu. (FPA)
GDT 391: pressão baixista continua a pressionar o leilão, atingindo o sexto recuo consecutivo
O 391º leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT) foi realizado nesta terça-feira (04/11) e apresentou movimentos variados entre as categorias de produtos. Confira!
No 391º leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT), realizado em 04 de novembro, o preço médio dos produtos negociados foi de USD 3.768 por tonelada, registrando uma queda de 2,4% no price index — o sexto recuo consecutivo nos preços. Com isso, o valor acumula redução de 12,2% ao total das seis quedas.
Gráfico 1. Preço médio leilão GDT
O leite em pó integral (LPI), principal referência do mercado, registrou a quinta queda consecutiva, com o preço médio recuando 2,7%, e chegando a USD 3.503 por tonelada.
Já o leite em pó desnatado (LPD) interrompeu a sequência de cinco recuos consecutivos e manteve estabilidade em USD 2.559 por tonelada.
Gráfico 2. Preço médio LPI
A manteiga registrou o nono leilão consecutivo de queda, com recuo de -4,3%, e preço médio de USD 6.371 por tonelada. Já a gordura anidra do leite também apresentou nova redução, de -1,9%, com cotação média em USD 6.887 por tonelada.
A Tabela 1 apresenta os preços médios dos derivados ao fim do evento, assim como suas respectivas variações em relação ao leilão anterior.
Tabela 1. Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 04/11/2025.
Com alta de 1,6%, a muçarela, que vinha em trajetória de queda por nove leilões consecutivos, registrou valorização neste evento, levando o preço médio para USD 3.306 por tonelada.
O leitelho em pó também apresentou avanço, com aumento de 1%, alcançando USD 2.808 por tonelada.
Por outro lado, o cheddar manteve o movimento de retração pelo segundo leilão seguido, com a maior queda percentual do evento, de -6,6%, levando o preço médio a USD 4.449 por tonelada, o menor patamar desde setembro de 2024.
Volume negociado apresenta retração, mas aumento em comparação com o mesmo período do ano passado
O volume negociado neste leilão somou aproximadamente 30,5 mil toneladas, nova redução de -2,7% em relação ao último evento. Em relação ao evento equivalente de novembro de 2024, o aumento é de 8%.
Gráfico 3. Volumes negociados nos eventos do leilão GDT.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2025.
Impacto nos contratos futuros
Os contratos futuros de leite em pó na NZX voltaram a registrar quedas nos preços projetados para os próximos meses, embora em ritmo menos intenso que o observado no último leilão. A tendência ainda é de retração nos últimos meses do ano, mas com expectativa de recuperação gradual ao longo dos primeiros meses de 2026.
Gráfico 4. Contratos futuros de leite em pó integral (NZX Futures)
Fonte: NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2025.
E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?
O cenário de oferta crescente entre a maioria dos players globais continua exercendo pressão sobre os preços. O volume de vendas segue existindo, mas não cresce o suficiente para equilibrar o aumento da oferta, o que é evidenciado pela forte presença de compradores nos eventos de negociação do GDT. Ainda assim, mesmo com o consumo mantido, a conjuntura de excesso de oferta segue pressionando o mercado, e as quedas recentes refletem a continuidade desse movimento.
No mercado interno, o aumento da captação tem elevado os estoques das indústrias, resultando na atual sequência de reduções nos preços dos derivados. Paralelamente, o Mercosul também enfrenta um contexto de oferta crescente e consumo estável, sem sinais de expansão. A queda observada no GDT influencia diretamente nossos principais parceiros comerciais, Uruguai e Argentina, levando-os a ajustar os preços para baixo, o que pode aumentar a competitividade desses países e abre espaço para uma maior pressão das exportações em direção ao Brasil.
Além disso, o câmbio segue como ponto de atenção: com o dólar abaixo de R$ 5,40, os produtos importados permanecem mais competitivos em relação aos nacionais. (Milkpoint)
Com assistência técnica da CCGL, tambo de leite em Aceguá cresce 439%
Em meio a uma das piores secas dos últimos anos no Rio Grande do Sul, o casal Marciéle Lopes e Theo Cezar Mota, de Colônia Nova, em Aceguá/RS, viu na atividade leiteira uma nova oportunidade de futuro. O que começou como uma alternativa em um momento difícil se transformou em um case de sucesso, impulsionado pela parceria com a assistência técnica da CCGL.
Em 2022, o casal decidiu construir a casa da família e arrendar os campos da propriedade dos pais de Marciéle, onde até então criavam ovelhas e terneiros. No ano seguinte, a estiagem severa mudou completamente o cenário.
“Os gastos com a produção aumentaram e o valor da venda dos nossos animais caiu. Foi então que dei a ideia de iniciarmos na atividade leiteira, que sempre fez parte da história da minha família e pela qual tenho um grande carinho”, relembra Marciéle.
Theo admite que, no início, teve receio de investir em uma nova atividade. “Fui bastante resistente, com medo dos gastos e de não dar certo. Mas, pela necessidade de reverter nossa situação, aceitamos o desafio e começamos nossa obra”, conta.
Com poucos recursos, o casal literalmente colocou a mão na massa: “Saímos em alguns tambos para ver como poderíamos montar uma sala de ordenha rápida, funcional e barata. Nós mesmos construímos tudo: éramos pedreiros e carpinteiros. Levamos três meses para terminar e começamos com seis vacas em lactação.”
“A técnica da CCGL, Maiara, chegou para somar, disposta a nos ajudar quando tínhamos apenas 100 litros por dia. Desde então, passou a fazer parte de todo o nosso crescimento. Temos 100% de confiança e admiração pelo trabalho dela”, destacam.
O acompanhamento técnico da CCGL começou oficialmente em abril de 2024, marcando o início de uma virada na propriedade.
Com o apoio da técnica da CCGL, Marciéle e Theo implementaram ajustes importantes, especialmente na nutrição dos animais, no planejamento de pastagens e silagem e na organização do manejo, pontos que, segundo eles, fizeram toda a diferença. “A parte da nutrição foi nossa maior dificuldade. Foi ali que vimos o quanto é necessária a assistência técnica”, explica Theo.
Os resultados apareceram com o tempo. Quando iniciou o acompanhamento técnico, em abril de 2024, a produção mensal era de 3.431 litros. Um ano e meio depois, em outubro de 2025, o volume chegou a 18.500 litros, com meta de alcançar 22 mil litros até dezembro de 2025 — um crescimento de aproximadamente 439%.
Além do aumento de produtividade, o casal destaca que a renda familiar também se transformou. “Mesmo o Theo exercendo outra profissão, hoje a leitaria é nossa principal fonte de remuneração. Conseguimos adquirir várias coisas com o dinheiro do leite”, comemora Marciéle.
Mais do que resultados econômicos, o casal afirma que a parceria com a CCGL trouxe motivação e propósito para o negócio. “Quando começamos a vender para a CCGL e tivemos todo o amparo técnico, percebemos que a empresa acreditava em nosso potencial. Isso nos deu um gás enorme. Queremos seguir crescendo, melhorando a genética, a estrutura e, principalmente, incentivando nossos filhos a permanecer na atividade”, afirmam.
Para eles, o modelo cooperativo é essencial para o desenvolvimento do setor leiteiro gaúcho. “A CCGL traz um novo ciclo de produtores que crescem junto com a empresa. Isso movimenta a economia local e beneficia toda a comunidade.”
Os próximos passos da família incluem o melhoramento genético do rebanho, benfeitorias na estrutura e investimentos no bem-estar animal, visando aumentar a produtividade por vaca e facilitar o manejo da propriedade.
E, para outros produtores que ainda não participam do programa de assistência técnica da CCGL, o casal deixa um conselho: “Dificuldades existem em todos os setores, mas é essencial escolher uma empresa que caminhe ao seu lado e permita crescer. A CCGL fez isso por nós.” (CCGL)
Jogo Rápido
Foram prorrogadas até esta sexta-feira (07/11) as inscrições para a 11ª Edição do Prêmio Sindilat de Jornalismo. As inscrições devem ser realizadas a partir do link enquanto os documentos exigidos no regulamento devem ser enviados para o e-mail imprensasindilat@gmail.com. Promovida pelo Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), a premiação visa reconhecer o papel da profissão na divulgação de temas relacionados à cadeia produtiva do leite no Estado. A premiação envolve duas categorias: Texto e Audiovisual. Os trabalhos que serão enviados para o concurso precisam ter sido publicados ou veiculados dentro do período de 2 de novembro de 2024 e 1º de novembro de 2025. Podem participar jornalistas registrados, de forma individual ou em equipe, com número ilimitado de trabalhos por concorrente. Os finalistas serão divulgados no dia 28 de novembro e os ganhadores serão conhecidos em dezembro. Os trabalhos serão avaliados por uma Comissão Julgadora, composta por profissionais da área de comunicação e representantes de entidades ligadas ao setor.