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30/10/2025

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 30  de outubro de 2025                                                     Ano 19 - N° 4.505


Setor lácteo abre frente em defesa do leite brasileiro e pede pacote de socorro emergencial

Produtores de leite, indústrias, e lideranças do setor lácteo deram início, nesta quinta-feira (30/10), a um movimento coletivo de defesa do leite brasileiro. A ação, capitaneada pelo Conseleite/RS, busca frear o ingresso desmedido de leite importado no Brasil, fato que vem desequilibrando o mercado nacional, penalizando o setor produtivo e ameaçando a geração de renda e empregos no campo e nas cidades. Em documento enviado ao presidente, Luiz Inácio Lula da Silva; ao vice-presidente, Geraldo Alckmin; ao ministro da Agricultura, Carlos Fávero; ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Luiz Teixeira, à ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e ao diretor da Conab, João Edegar Pretto, o colegiado pede três ações emergenciais de socorro ao setor produtivo. 

O primeiro pedido é pela adoção de uma política de benefício fiscal às indústrias transformadoras que compram leite em pó nacional, o que tornaria a aquisição do produto brasileiro mais atrativo do que a do importado. Atualmente, supermercados e indústrias alimentícias (que fabricam pães e chocolates) são as principais importadoras de leite em pó.

O segundo pedido é pela compra governamental de, no mínimo, 100 mil toneladas de leite em pó produzido no Brasil a serem destinadas a programas sociais e escolas. 

A terceira demanda é pela adoção de uma sobretaxa emergencial de 50% sobre aquisição de leite em pó e queijo muçarela importados da Argentina e do Uruguai por 36 meses. 

Segundo o coordenador do Conseleite, Darlan Palharini, a união do setor busca sensibilização do governo brasileiro quanto às dificuldades enfrentadas por produtores e indústrias. “O problema não é novo. Mas chegamos em um ponto limite. Não há como competir com a avalanche de leite e queijos do Prata que está entrando no Brasil. Precisamos de apoio ou o setor lácteo nacional não resistirá por muito tempo”. No campo, explica Palharini, tem sobrado leite, fato agravado pelo início da safra, período em que, tradicionalmente, há aumento da oferta por conta do clima. A rentabilidade da indústria também está comprometida, alerta o dirigente, uma vez que as empresas nacionais têm dificuldade de fazer frente ao leite em pó importado. Com margens reduzidas e mercado nacional abastecido pelos importados, as indústrias estão vendo suas plantas inviabilizadas. “Precisamos do apoio do governo neste momento crítico para que o setor avance em produtividade e competitividade e que, em um futuro breve, consigamos enfrentar o mercado globalizado de forma autônoma”.

SINDILAT/RS

Quem produz o leite brasileiro?

Você sabia que 57% dos produtores de leite no Brasil produzem até 200 litros por dia, mas respondem por apenas 10% do volume total? 🥛
 
Esses pequenos produtores têm um papel fundamental na manutenção da atividade em diferentes regiões do país, garantindo renda, ocupação no campo e diversidade produtiva — elementos essenciais para a sustentabilidade da cadeia. Esses dados fazem parte do Quem Produz o Leite Brasileiro 2025, uma pesquisa que revela como a base produtiva do setor vem mudando — e o que isso significa para o futuro do leite no Brasil. Baixe o relatório completo e descubra ainda mais transformações no setor. ➡️ Acesse: https://bit.ly/4374qM1

Milkpoint

 

LEITE/CEPEA

Cepea, 29/10/2025 – Levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que, em setembro, o preço do leite cru recuou 4,2% frente ao de agosto, fazendo com que a “Média Brasil” chegasse a R$ 2,4410/litro – queda real de 19% em relação a setembro/24 (deflacionamento pelo IPCA de setembro/25). Trata-se da sexta baixa consecutiva nas cotações no campo, e o setor projeta que esse movimento de desvalorização se persista até o final do ano, tendo em vista que o mercado doméstico está bastante abastecido.

De um lado, observa-se crescimento consistente da produção ao longo de 2025, sustentado por investimentos realizados após margens mais favoráveis em 2024. A sazonalidade da primavera e do verão, com melhora das pastagens, também impulsiona a oferta. O ICAP-L (Índice de Captação de Leite) subiu 5,8% de agosto para setembro e acumula alta de 12,2% no ano, indicando forte ampliação da produção.

Além do avanço interno, a disponibilidade total de leite foi reforçada pelo aumento de 20% nas importações de lácteos em setembro, totalizando 198,1 milhões de litros em equivalente leite, dos quais quase 80% correspondem a leite em pó. Mesmo com crescimento de 11% nas exportações no mês, o mercado interno permanece amplamente abastecido. No acumulado de janeiro a setembro, as importações recuaram 4,8% frente às de 2024, mas ainda somaram 1,65 bilhão de litros equivalentes, volume considerado alto pelos agentes do setor. Já as exportações diminuíram 36,7% no mesmo período, somando 52,9 milhões de litros. 

Essa abundância de oferta tem mantido o mercado saturado. A produção segue em alta e sem sinais de desaceleração no curto prazo, enquanto o consumo permanece incapaz de crescer no mesmo ritmo, resultando em estoques elevados e em margens industriais comprimidas, sobretudo nos segmentos de UHT e muçarela. Pesquisa do Cepea realizada com o apoio da OCB mostra que, em setembro, o leite UHT, queijo muçarela e o leite em pó registraram respectivas desvalorizações de 2,87%, 2,08% 1,66%, no atacado paulista.

Nas indústrias, a combinação de custos fixos elevados e de baixa rentabilidade tem levado à redução dos preços pagos ao produtor, agravando as tensões nas negociações. Muitos produtores relatam dificuldades para cobrir o custo de produção.

Segundo pesquisas do Cepea, em setembro, o Custo Operacional Efetivo (COE) recuou 0,9% na Média Brasil. Contudo, essa redução é pequena diante da queda das cotações, resultando em estreitamento das margens dos pecuaristas. O aumento dos preços dos grãos também deteriorou o poder de compra do produtor: em setembro, foram necessários 26,5 litros de leite para adquirir um saco de 60 kg de milho, alta de 5,4% frente a agosto. Embora levemente abaixo da média dos últimos 12 meses (27,5 litros), a tendência indica perda de rentabilidade e cautela crescente nos investimentos.

No curto prazo, o cenário aponta para continuidade da pressão de baixa. As sucessivas quedas podem provocar desaceleração gradual da produção, mas parte desse efeito tende a ser compensada pelo aumento sazonal típico da safra das águas, sobretudo no Sudeste e no Centro-Oeste. Assim, o volume deve continuar crescendo, mas em ritmo menor que o habitual, sugerindo início de ajuste na oferta.

Esse movimento pode abrir espaço para estabilização dos preços em dezembro, quando as indústrias passam a planejar o abastecimento do início de 2026. Contudo, uma recuperação mais consistente das cotações não é esperada no curto prazo: pode ocorrer apenas a partir do segundo bimestre de 2026, quando a oferta tende a recuar no Sul e o mercado pode reencontrar um novo ponto de equilíbrio.

Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de setembro/2025)


Cepea


Jogo Rápido

Conecta Leite
O Conecta Leite, chega a Pinhalzinho (SC) nos dias 4 e 5 de novembro de 2025 com uma missão clara: Integrar a cadeia produtiva do leite e impulsionar a inovação no setor. A iniciativa, organizada pela 2W Eventos em parceria com o Sindileite-SC, nasce para aproximar produtores, indústrias, pesquisadores e fornecedores em um mesmo espaço de diálogo e oportunidades. Realizado no Parque de Exposições da Efacip, o evento traz uma proposta inédita para o estado: fortalecer a indústria do leite catarinense por meio da difusão de práticas sustentáveis, da troca de experiências e da valorização da tecnologia. O Conecta Leite aposta na união entre tradição e modernidade para preparar o setor para os desafios e demandas do mercado atual.Entre os temas em destaque, estão as novas tecnologias de processamento, o controle de qualidade, as análises laboratoriais e os avanços em conservação do leite. Essas inovações visam não apenas maior eficiência e segurança, mas também alinhar a produção às exigências do consumidor moderno, que valoriza cada vez mais a qualidade, a origem e a sustentabilidade dos produtos que consome. Segundo os organizadores, o evento se consolida como um ponto de encontro estratégico para quem busca atualização técnica, networking e soluções inovadoras para o futuro da indústria láctea. (Escrito para o eDairyNews, com informações de CDiário do Iguaçu e adaptado pelo Sindilat/RS)