Porto Alegre, 21 de outubro de 2025 Ano 19 - N° 4.501
Lácteos são prescritos por nutricionistas para saúde óssea e deficiências nutricionais, destacando sua importância mesmo diante do crescimento de alternativas vegetais. ConfiraOs produtos lácteos são reconhecidos por seu alto valor nutricional contribuindo para uma dieta equilibrada por serem fontes importantes de proteínas de alta qualidade, cruciais para a manutenção e reparo dos tecidos corporais além do seu conteúdo rico em cálcio, essencial para a saúde óssea, e outros minerais como: magnésio, selênio e vitamina B12. O Ministério da Saúde recomenda a ingestão diária de 1.000 a 1.200 mg de cálcio a partir dos 20 anos. Contudo, alcançar essa meta torna-se difícil sem o consumo adequado de laticínios, sendo que três porções de leite e/ou derivados podem suprir cerca de 75% das necessidades diárias desse mineral. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ingestão recomendada de leite ou derivados é de 400 mL diários para crianças de até 10 anos, 700 mL até 19 anos e 600 mL para adultos a partir dos 20 anos Foi realizado um estudo quantitativo com 20 nutricionistas que atuam na área clínica para identificar e analisar as considerações dos profissionais envolvidos na escolha de alimentos saudáveis, a saber, nutricionistas, visando a recomendação de intervenções lácteas em suas práticas. O questionário online foi realizado pela plataforma Google Forms com informações sobre o conhecimento, utilização e percepção dos lácteos, contendo 11 questões de múltipla escolha com duração aproximada de 5 a 7 minutos. Na primeira parte, foram realizadas informações demográficas, como sexo, localização e nível de escolaridade. A segunda parte foram realizadas questões de frequência de recomendação de lácteos, numa escala de nunca, às vezes, frequentemente, geralmente e sempre. A última etapa avaliou o conhecimento dos profissionais sobre o efeito dos lácteos para a saúde e razões para recomendar aos pacientes.Observou-se que:
- 47% das nutricionistas sempre recomendam o consumo de lácteos,
- 19% o fazem com frequência
- 23,8% geralmente
- 9,5% às vezes
- Nenhuma profissional relatou nunca recomendar.
Esses dados evidenciam que, apesar do crescimento do mercado de alternativas vegetais, os lácteos ainda são fortemente prescritos como parte da dieta.
Quando questionadas sobre os tipos de lácteos recomendados, verificou-se uma distribuição equilibrada: 47,6% citaram iogurte, 47,6% queijo e 28,5% leite, sendo que 47,6% afirmaram recomendar uma combinação de diferentes lácteos. Isso sugere uma diversificação na prescrição, possivelmente associada às características nutricionais específicas de cada produto.
Em relação à recomendação de lácteos na osteoporose:
- 52% das nutricionistas sempre indicam esses alimentos,
- 14% recomendam frequentemente
- 19% geralmente
- 14% às vezes
- 38% relataram recomendar sempre,
- 9,5% recomendam frequentemente
- 28,5% geralmente
- 19% às vezes.
Nenhuma nutricionista indicou que nunca prescreve lácteos em tais situações. Isso reforça a importância reconhecida dos lácteos como fontes de cálcio, proteínas de alta qualidade e vitaminas do complexo B.
Sobre a percepção de segurança na prescrição de lácteos, 33% concordaram totalmente com a afirmação de que se sentem seguras, 43% concordaram, 19% concordaram levemente e apenas 4,7% permaneceram neutras. Não houve respostas de discordância total, e somente 9,5% relataram discordar levemente. Essa percepção de segurança mostra confiança na literatura científica e nas diretrizes nutricionais atuais que apoiam o consumo de lácteos.
Os resultados apontam que os lácteos continuam desempenhando um papel fundamental na prática clínica dos nutricionistas, especialmente em situações que envolvem saúde óssea e deficiências nutricionais. Contudo, a crescente substituição desses alimentos por alternativas vegetais sugere a necessidade de aprofundar estratégias de comunicação científica, de modo a esclarecer consumidores sobre benefícios reais e desfazer mitos relacionados ao teor de gordura, alergias alimentares e impactos ambientais. Além disso, compreender as escolhas dos nutricionistas é essencial para direcionar o desenvolvimento de novos produtos lácteos e derivados tecnológicos que atendam às demandas do mercado e conciliem saúde, sustentabilidade e aceitação do consumidor.
Referências bibliográficas
CRUZ, A. G. et al. Processamento de produtos lácteos: Queijos, Leites Fermentados, Bebidas Lácteas, Sorvete, Manteiga, Creme de Leite, Doce de Leite, Soro em Pó e Lácteos Funcionais. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
VERRUCK, S. et al. Dairy foods and positive impact on the consumer's health. Advances in food and nutrition research, v. 89, p. 95-164, 2019.
GAO, M., WANG, F., JIANG, X. A Global Analysis of Dairy Consumption and Incident Cardiovascular Disease, Nature Communications, 16, 437, 2025
VISSERS, L., et al. Consumers’ capabilities, opportunities, and motivations to consume dairy and plant-based alternatives in a dairy-rich food culture. Future Foods, v.12, 100686, 2025
Via Milkpoint
Fazendas de leite vão ter R$ 100 milhões para descarbonização
A Nestlé e o Banco do Brasil fecharam uma parceria que prevê, inicialmente, a oferta de R$ 100 milhões em linhas de crédito para o financiamento de projetos de descarbonização em fazendas pecuária leiteira. No primeiro momento, o público prioritário serão cerca de mil produtores dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás e que já são fornecedores da companhia.
Por meio do acordo, a Nestlé atuará como elo entre o BB e os produtores de leite. A iniciativa também visa orientar os produtores na aplicação dos recursos em práticas regenerativas e de baixo carbono, garantindo que os investimentos resultem em impacto real sobre a sustentabilidade. Essas práticas incluem tanto manejo do solo e outras técnicas agrícolas quanto o bem-estar animal e o uso de energia limpa nas propriedades.
Segundo Bárbara Sollero, diretora de agricultura regenerativa da Nestlé, o Brasil é a maior operação global da empresa na compra de leite fresco e uma vitrine em práticas regenerativas. “A parceria com o BB rompe uma das principais barreiras para a transição em escala, que é o acesso ao financiamento com taxas competitivas”, disse.
João Fruet, diretor de corporate e banco de investimento do BB, afirma que a parceria é um exemplo de como o banco atua para expandir a aplicação sustentável do crédito rural. “O convênio permite ao produtor a obtenção de financiamentos com taxas competitivas e à empresa conveniada a originação da matéria destinada à sua produção”, diz. As linhas de crédito são as mesmas tradicionalmente operadas pelo banco, tanto para investimento como para custeio. (Valor Econômico)
Programa Mais Leite Saudável é referência global em pecuária sustentável
O Programa Mais Leite Saudável, do Mapa, foi reconhecido pela FAO como uma das principais inovações em sustentabilidade da pecuária de leite no mundo.
O Programa Mais Leite Saudável (PMLS), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), foi reconhecido oficialmente pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) como uma das boas práticas e inovações em transformação sustentável da pecuária, iniciativa lançada pela FAO em comemoração ao seu 80º aniversário.
O reconhecimento foi formalizado na última quarta-feira (15/10) durante o World Food Forum (WFF), evento anual realizado na sede da FAO, em Roma, que reúne líderes, pesquisadores e organizações internacionais para debater soluções sustentáveis para os sistemas agroalimentares.
De acordo com o coordenador geral de Produção Animal do Mapa, Bruno Leite, hoje o Programa se mostra como um importante mecanismo capaz de financiar a transformação sustentável da pecuária de leite no Brasil, mostrando o compromisso brasileiro com o tema.
"Muito se discute sobre como financiar a chamada transformação sustentável da pecuária. No Brasil, o Programa Mais Leite Saudável, através de seu desenho inovador de investimento que alinha recursos públicos e privados, se mostra como um sólido mecanismo para financiar ainda mais a sustentabilidade da cadeia produtiva do leite. Quem sabe esse não possamos expandir esse desenho para outras cadeias produtivas?", indagou.
Criado em 2015, o PMLS estimula empresas do setor lácteo a investirem em melhoria da qualidade do leite e capacitação de produtores rurais. O programa permite que indústrias e cooperativas utilizem parte dos créditos presumidos de PIS/Pasep e Cofins em projetos de assistência técnica, inovação e sustentabilidade.
Desde sua criação, o programa já beneficiou mais de 185 mil produtores em mais de 3 mil municípios brasileiros, com mais de 2 mil projetos aprovados e cerca de 900 empresas participantes. Os resultados incluem aumento da produtividade, melhoria na qualidade do leite e fortalecimento da renda dos produtores. (As informações são do Mapa)
Jogo Rápido
Cepea, 20/10/2025 – Levantamento do Cepea mostra que os preços do milho no interior brasileiro se mantêm firmes. O suporte vem sobretudo da retração de produtores, que seguem focados na semeadura da safra verão 2025/26. Nos portos, conforme o Centro de Pesquisas, os valores do cereal avançam, refletindo as valorizações do dólar e do mercado internacional. Pesquisadores destacam que o aumento nos preços nos portos tende a impulsionar também as cotações no interior do País, à medida que esse contexto eleva a paridade de exportação. No campo, a semeadura da safra 2025/26 está adiantada na maior parte das regiões produtoras, somando, até o dia 11 de outubro, 31,2% da área nacional, avanço semanal de 2,1 p.p. e acima dos 30,7% da média dos últimos cinco anos, segundo a Conab. Relatório divulgado nesta semana pela Companhia aponta que a produção agregada de milho para 2025/26 pode ser de 138,6 milhões de toneladas, o que representaria queda de 1,8% em relação ao volume de 2024/25. Fonte: Cepea (www.cepea.esalq.usp.br)