Porto Alegre, 11 de setembro de 2025 Ano 19 - N° 4.478
Radiografia da Agropecuária Gaúcha | RS exporta lácteos a 44 países, mas depende de importações
Em 2024, o leite gerou R$ 7,92 bilhões no RS. O estado exportou US$ 24 mi, mas importou US$ 83,4 mi, segundo a Radiografia da Agropecuária Gaúcha.
Leite no RS foi destaque na edição 2025 da Radiografia da Agropecuária Gaúcha, lançada neste mês pelo Departamento de Governança dos Sistemas Produtivos da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).
O documento oficial detalha números de rebanho, produção, valor econômico e comércio exterior da bovinocultura de leite gaúcha, evidenciando tanto a relevância social quanto os desafios de mercado.
Segundo a publicação, em 2025 o rebanho declarado do Rio Grande do Sul soma 1,04 milhão de bovinos destinados à atividade leiteira.
Em 2023, a produção totalizou 4,14 bilhões de litros de leite, movimentando um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 7,92 bilhões em 2024. Esses números confirmam o peso estratégico do setor dentro da economia agropecuária estadual.
Comércio exterior: exportações limitadas, importações elevadas
Os dados mostram que, em 2024, o Rio Grande do Sul exportou lácteos para 44 países, gerando US$ 24 milhões em receitas, o que garantiu ao estado a terceira posição no ranking nacional de exportadores.
O principal destino foi Cuba, que absorveu US$ 18,4 milhões em produtos lácteos gaúchos, equivalente a 76,7% do total exportado. Em seguida aparecem Uruguai (US$ 2 milhões; 8,5%), Chile (US$ 1,3 milhão; 5,3%), Filipinas (US$ 1,2 milhão; 5,0%) e Paraguai (US$ 0,5 milhão; 2,4%).
Por outro lado, as importações de lácteos foram significativamente mais altas, atingindo US$ 83,4 milhões no mesmo ano.
O destaque absoluto foi o Uruguai, responsável por 97,1% do valor importado (US$ 80,9 milhões e 24,7 mil toneladas). Outros fornecedores tiveram participação marginal, como Itália (1,6%), Estados Unidos (0,9%), Argentina (0,3%) e Países Baixos (0,2%).
Esse desequilíbrio evidencia a forte dependência externa, sobretudo do mercado uruguaio, que domina o abastecimento do estado.
Estrutura produtiva e industrial
A Radiografia da Agropecuária Gaúcha 2025 mostra também a capilaridade da atividade leiteira. O RS conta com pouco mais de 30 mil propriedades que têm no leite uma fonte de renda.
O estado abriga 240 estruturas de industrialização, sendo a maioria (69%) vinculada ao Sistema de Inspeção Municipal (SIM). Outros 13% estão sob a Coordenação de Inspeção de Produtos de Origem Animal (CISPOA) e 18% no Sistema de Inspeção Federal (SIF).
A publicação destaca ainda que a profissionalização crescente, aliada à adoção de novas tecnologias, tem sido tendência e necessidade para a continuidade da atividade no campo.
Perfil do rebanho
O levantamento detalha a composição etária dos animais no estado. Em 2025, havia:
202.141 bovinos de 0 a 12 meses,
174.625 de 13 a 24 meses,
141.715 de 25 a 36 meses,
526.012 com mais de 36 meses.
Esse perfil indica predominância de animais adultos, essenciais para manter a produção estável em um cenário de custos elevados e competição internacional.
Principais municípios produtores
De acordo com a Radiografia, os dez maiores rebanhos leiteiros do estado em 2025 estão localizados em: Santo Cristo, Augusto Pestana, Crissiumal, Cândido Godoi, Ijuí, Campina das Missões, Marau, São Francisco do Sul, Ibirubá e Três Passos.
Essa distribuição reforça a relevância regional da bovinocultura de leite, presente em praticamente todos os municípios gaúchos.
Reflexões e desafios
Os dados oficiais escancaram um paradoxo: enquanto o Rio Grande do Sul é referência em produção leiteira e mantém exportações consistentes, a balança comercial do setor segue deficitária, puxada pela alta dependência do Uruguai.
Para os produtores e indústrias locais, o desafio passa por ampliar a competitividade, reduzir custos e diversificar destinos comerciais.
A profissionalização crescente e a introdução de novas tecnologias surgem como caminhos estratégicos para enfrentar um mercado cada vez mais globalizado. Acesse na integra clicando aqui. (Edairy News)
Pesquisa trimestral do leite: captação formal de leite atinge recorde histórico
Com estabilidade climática e maior formalização, Brasil registra crescimento de 9,4% na captação de leite, totalizando 6,5 bi de litros no 2º trimestre.
De acordo com a Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE, a captação formal no Brasil totalizou 6,502 bilhões de litros no segundo trimestre de 2025, avanço de 9,4% em relação ao mesmo período de 2024 — resultado superior ao já expressivo número divulgado na prévia da pesquisa. Na comparação com o trimestre anterior, houve ainda leve alta de 0,17%, movimento atípico para esta época do ano, geralmente marcada pela entressafra e pela redução da oferta devido às condições climáticas mais secas.
Gráfico 1. Evolução do 2º trimestre da Captação de leite no Brasil
Esse desempenho fez do segundo trimestre de 2025 o maior volume já registrado para o período na série histórica acompanhada pelo IBGE.
Gráfico 2. Captação Mensal de Leite - Brasil
Desempenho mensal
Tabela 1. Captação total mensal de leite no Brasil
Fonte: IBGE - elaborado pelo MilkPoint Mercado
Os estados que mais contribuíram para o resultado nacional foram Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Minas Gerais manteve a liderança, com 1,55 bilhão de litros no trimestre, crescimento de 5% em relação ao mesmo trimestre de 2024. O Paraná aparece em seguida, com pouco mais de 1 bilhão de litros e alta expressiva de 13,4%. Santa Catarina, por sua vez, registrou 824 milhões de litros, incremento de 8% na mesma base de comparação.
Em termos proporcionais, o destaque ficou com o Ceará, que apresentou expansão de 22% frente ao mesmo trimestre de 2024, alcançando 124,7 mil litros de leite captados no trimestre.
Gráfico 4. Variação percentual da Captação Formal (2º trimestre: 2025 vs 2024)
Entre as regiões, o Sul liderou em volume absoluto, com 2,6 bilhões de litros no trimestre, crescimento de 13%. Na sequência, o Nordeste apresentou avanço de 9,9%, impulsionado principalmente por Ceará (22%), Piauí (21,8%), Rio Grande do Norte (15,3%) e Sergipe (13,4%).
As demais regiões também registraram resultados positivos: Centro-Oeste (+9,5%), Sudeste (+6%) e Norte (+4,5%). Esse desempenho evidencia a recuperação generalizada da produção nacional no período.
O que influenciou no aumento da captação?
O crescimento expressivo da captação no segundo trimestre de 2025 pode ser explicado por um conjunto de fatores. Entre eles, destaca-se a rentabilidade ao produtor ainda em patamares satisfatórios, que tem estimulado investimentos em tecnologia e manejo, inclusive confinamentos, favorecendo a diminuição dos efeitos típicos da entressafra.
Outro ponto relevante é a maior formalização da produção, também associada à melhora da rentabilidade, que tem reduzido a participação de volumes comercializados de forma irregular e ampliado o registro oficial da captação.
Adicionalmente, a ausência de adversidades climáticas significativas colaborou para o desempenho positivo. Diferentemente de 2024, quando enchentes no Sul prejudicaram a atividade, o segundo trimestre de 2025 foi marcado por maior estabilidade climática, o que favoreceu a produção em diferentes regiões do país.
Expectativas para o próximo trimestre
As expectativas para o próximo trimestre apontam para a continuidade do aumento na captação de leite, uma vez que o terceiro trimestre, historicamente, coincide com o início período das águas e com a safra no Sul, principal região produtora do país. A coleta deve se manter aquecida, sustentada por indicadores de rentabilidade ainda favoráveis ao produtor ao longo desse período. No entanto, a variação percentual tende a ser menos expressiva, já que a base comparativa do segundo trimestre de 2025 frente a 2024 é impactada pelas enchentes ocorridas no Sul, que reduziram a produção no ano anterior. (Milkpoint)
Ranking global de laticínios 2025: os destaques e tendências para 2026
Rabobank Global Dairy Top 20 2025: Lactalis domina, Nestlé perde fôlego e empresas como Emmi e Sodiaal se aproximam do ranking. Saiba mais!
A lista anual do Rabobank traz poucas surpresas este ano, mas as atividades de fusões e aquisições pendentes podem provocar mudanças significativas em 2026. Oito empresas trocaram de posição no ranking Global Dairy Top 20 de 2025, mas não houve novos entrantes nem saídas entre os maiores players do setor.
No entanto, mudanças relevantes estão a caminho para 2026, já que empresas como Unilever, DMK e Fonterra ainda não concluíram processos de fusão e desinvestimento em andamento.
Top 20 Global de Laticínios – Rabobank 2025
Com base no faturamento de vendas de laticínios de 2024 estimado por meio dos demonstrativos financeiros, transações de fusões e aquisições concluídas de 1º de janeiro de 2025 a 30 de junho de 2025.
As cinco maiores empresas com base nas vendas de laticínios permaneceram as mesmas este ano, com Lactalis, Nestlé e Dairy Farmers of America ocupando os três primeiros lugares, seguidas por Danone e Yili.
A Arla trocou de posição com a Fonterra, ficando em 6º e 7º lugares, respectivamente, mas a gigante neozelandesa – que recentemente concordou em vender seus negócios globais de consumo e associados para a Lactalis – deve cair para a 10ª posição no próximo ano, uma vez concluído o acordo.
“O apetite da Lactalis por aquisições parece insaciável”, informou o RaboResearch, acrescentando que a multinacional francesa pode ampliar sua liderança no topo em US$ 10 bilhões no futuro, especialmente diante da fraca concorrência da Nestlé, que ocupa o segundo lugar.
Maior crescimento de receita: Saputo
A canadense Saputo aumentou sua receita em 8,4% – mais do que qualquer outro membro da lista das 20 maiores – ao melhorar o desempenho em todas as divisões, exceto na Argentina. A empresa reforçou sua eficiência ao transferir a produção para mais perto de casa e reduzir custos duplicados.
Já a gigante suíça Nestlé “continua enfrentando desafios em seu segmento de laticínios”, segundo o Rabobank, com vendas estáveis em cerca de US$ 24 bilhões pelo terceiro ano consecutivo. “Suas duas divisões relacionadas a laticínios (produtos lácteos & sorvetes e nutrição & ciências da saúde) registraram queda no faturamento na Europa, América do Norte, Ásia e América Latina”, destacaram os analistas do banco. “De acordo com o relatório anual da Nestlé, apenas China e Taiwan mostraram crescimento, especificamente no segmento de nutrição & ciências da saúde.”
Europa: fusões e aquisições podem mudar posições
Não houve mudanças significativas nas posições de cooperativas do noroeste europeu, como Arla Foods e FrieslandCampina, embora a DMK – que anunciou planos de fusão com a Arla Foods – tenha registrado queda de 6,7% na receita após a saída de grandes produtores da cooperativa e, consequentemente, menos leite processado.
A Sodiaal, que adquiriu a Yoplait Canadá da General Mills, pode melhorar sua posição no ranking no próximo ano.
Enquanto isso, a Savencia subiu no ranking após concluir a aquisição da empresa argentina Williner, adicionando cerca de € 295 milhões (US$ 344 milhões) ao seu faturamento.
A Danone, por sua vez, concluiu desinvestimentos estratégicos, como a venda da Horizon Organic, ao mesmo tempo em que manteve crescimento em seu segmento de laticínios e aumentou sua receita em 4%.
Movimentos para 2026: Emmi Group é “forte candidato” ao Top 20
A suíça Emmi Group está entre as empresas que podem entrar na lista do Rabobank no próximo ano. A fabricante do Emmi Café Latte poderia assumir o lugar da DMK e quase entrou no ranking de 2025 após gerar faturamento de US$ 5,4 bilhões.
O Rabobank aponta que tendências cambiais favoráveis e o alto preço do leite suíço podem impulsionar ainda mais a empresa no próximo ano.
Enquanto isso, a Arla deve desafiar a Danone pela 4ª posição caso a fusão com a DMK seja concluída como esperado; e a FrieslandCampina pode alcançar o 6º lugar com base em seu acordo com a Milcobel.
As informações são do Dairy Reporter, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint
Jogo Rápido
Atentos às recentes valorizações nos portos e no mercado externo, vendedores brasileiros estão limitando a oferta de milho no spot e/ou pedindo preços firmes em novos negócios, apontam levantamentos do Cepea. Atentos às recentes valorizações nos portos e no mercado externo, vendedores brasileiros estão limitando a oferta de milho no spot e/ou pedindo preços firmes em novos negócios, apontam levantamentos do Cepea. Por outro lado, a demanda doméstica segue enfraquecida, contexto que impede avanços mais intensos nas cotações, explicam pesquisadores. Consumidores utilizam estoques, à espera de aumento na oferta, fundamentados na possibilidade de produtores passarem a ter necessidade de vendas. Vale lembrar que a safra deve ser recorde no Brasil e nos Estados Unidos. Já a demanda externa está se aquecendo. A exportação do milho, que apresentava fraco desempenho até o julho, tem reagido, refletindo principalmente as negociações antecipadas do cereal. Além disso, o aumento da paridade de exportação e o consequente maior interesse de vendas para o mercado internacional também dão suporte aos valores domésticos e mantêm expectativa de novos avanços. O ritmo de embarques diário de agosto/25 superou em 18% o observado em agosto/24, com volume escoado também 13% maior na mesma comparação, somando 6,84 milhões de toneladas, segundo dados da Secex analisados pelo Cepea. (Cepea Via Terra Viva)