Porto Alegre, 11 de agosto de 2025 Ano 19 - N° 4.455
Exportações uruguaias de leite ganham força no 1º semestre, após estoques formados no 2º. Veja como essa dinâmica afeta o mercado lácteo brasileiro.As importações são tema bastante popular e recorrente no mercado lácteo brasileiro. Mesmo com crescimento expressivo da produção brasileira este ano, a balança comercial do setor está constantemente atenta aos volumes provenientes de países como Uruguai e Argentina. Neste contexto, é importante monitorar a produção destes países, parceiros do Brasil no Mercosul para entender a pressão externa sobre o mercado interno e os possíveis impactos sobre preços e oferta. Assim, vamos explorar neste artigo como funciona a dinâmica de exportação do Uruguai e a formação de seus estoques, elementos fundamentais para compreender o comportamento das exportações uruguaias e seus possíveis efeitos no mercado brasileiro.Por que analisar Uruguai e Argentina ?
O Uruguai integra o Mercosul, assim como o Brasil, e por isso as importações de produtos lácteos uruguaios entram no mercado brasileiro com alíquota zero de importação. Isso garante aos países do bloco, como Uruguai e Argentina, acesso preferencial ao mercado brasileiro, em comparação a exportadores de fora do Mercosul, como Nova Zelândia e Estados Unidos, que enfrentam tarifas de importação mais elevadas (de forma geral, a alíquota de importação de fora do Mercosul é de 28%).
Como funciona a dinâmica de produção e exportações lácteas no Uruguai?
O Uruguai exporta porcentagem do volume de leite que produz e a sua pecuária leiteira é predominantemente baseada em sistemas a pasto. Por conta disso, a disponibilidade de alimento para os animais no Uruguai depende fortemente da sazonalidade e da qualidade das pastagens, que variam ao longo do ano.
Essa característica determina uma curva de produção marcadamente sazonal: a produção é menor no primeiro semestre e mais elevada no segundo semestre. No semestre, fatores como calor excessivo, menor crescimento das pastagens e o possível estresse térmico nos animais limitam significativamente o potencial produtivo. Já no 2º semestre, o pico de produção costuma ocorrer entre setembro e novembro, período em que a qualidade e a quantidade de pasto são maiores, impulsionando o volume produzido de leite.
Como funciona a curva de exportação do UY ?
Esse é o tema central desta análise: embora o Uruguai produza mais leite no segundo semestre (H2), é no primeiro semestre do ano seguinte (H1) que as exportações ganham força. Ou seja, há uma formação de estoques no segundo semestre, que sustenta o ritmo de exportações no início do ano seguinte — como demonstrado no gráfico 1 abaixo.
Gráfico 1. Evolução semestral da produção e exportação de leite no Uruguai.
Apesar de ser uma análise simples, o resultado é bastante interessante: em média, o volume exportado representa uma fatia maior da produção no primeiro semestre e uma participação menor no segundo.
Outro ponto importante é a sazonalidade da produção. Historicamente, o volume produzido no segundo semestre é, em média, 30% superior ao do primeiro semestre. No entanto, embora as exportações também cresçam nesse período, seu avanço é proporcionalmente menor. Esse descompasso sazonal entre produção e exportação faz com que o segundo semestre assuma um papel de formação de estoques. Com base nestes dados podemos inferir que existe uma dinâmica na formação de estoques e exportação no Uruguai, sendo o segundo semestre mais propenso a esse comportamento de formar estoques. Os dados indicam que o país tende a apresentar um maior apetite por exportações no primeiro semestre do ano, o que pode indicar uma maior oferta de produto uruguaio no primeiro semestre do ano que vem. (Milkpoint)
Com 116,7 litros por habitante ao ano, o leite segue vital na cultura alimentar brasileira, unindo tradição, nutrição e inovação.O leite na cultura alimentar brasileira não é apenas uma bebida: é um símbolo cultural, um elo histórico e um recurso estratégico para a nutrição e a indústria.Segundo o Censo Agropecuário do IBGE, cada brasileiro consome em média 116,7 litros por ano — um índice que reflete mais que preferência, revelando milênios de hábitos alimentares, evolução biológica e avanços tecnológicos.
Desde a Revolução Agrícola, há cerca de 10 mil anos, o ser humano passou a extrair leite de animais domesticados e se tornou a única espécie que mantém esse hábito na vida adulta.
Essa familiaridade é tamanha que até detalhes simples, como a cor do leite, despertam curiosidade.
A cor branca predominante está ligada principalmente à caseína, proteína que representa cerca de 80% do total presente no leite, explica a mestre em Engenharia de Materiais e Nanotecnologia Mariana Munik.Ela ressalta que a alimentação dos animais, a espécie e as condições de armazenamento também influenciam a tonalidade, que pode ir de branco puro a levemente amarelado.
Importância do leite no crescimento de crianças e adolescentes
Entre os jovens, a importância do leite é respaldada por estudos científicos. Um artigo publicado no The Journal of Nutrition mostrou que, para cada 236 ml adicionais consumidos por dia durante a infância e adolescência, a estatura média aumentava 0,39 cm.
Esse dado reforça o papel do leite e dos derivados no desenvolvimento físico de crianças e adolescentes, especialmente em fases de crescimento acelerado.
Tecnologia UHT e o papel na cultura alimentar brasileira
No setor industrial, o leite longa vida processado por UHT (ultra-high temperature) se consolidou como padrão. Após a coleta, o produto passa por testes de qualidade e resfriamento antes de ser submetido a um choque térmico que alterna 140°C de calor e 1°C de frio.
Esse método elimina 99,9% das bactérias, garantindo segurança alimentar e maior prazo de validade, sem necessidade de refrigeração imediata.
O processamento UHT foi determinante para expandir a logística do leite no Brasil, permitindo que a bebida chegue a regiões remotas e fortalecendo a presença do produto nas gôndolas durante todo o ano.
Intolerância à lactose e APLV: diferenças que importam para o consumidor
No campo da saúde, é essencial distinguir intolerância à lactose e APLV (Alergia à Proteína do Leite de Vaca).
A nutricionista Yumi Kuramoto explica que a intolerância à lactose ocorre quando há deficiência na produção de lactase, enzima responsável por digerir a lactose, o açúcar natural do leite.
Hoje, o mercado já oferece ampla variedade de produtos sem lactose, além de tratamentos específicos que permitem manter o consumo sem desconfortos.
Já a APLV exige cuidado redobrado: trata-se de uma reação imunológica à caseína e outras proteínas do leite, independentemente de conter ou não lactose.
Nessas situações, é necessário eliminar completamente o leite e seus derivados da dieta, pois mesmo versões sem lactose mantêm a presença da caseína.
O futuro do leite na cultura alimentar brasileira e na economia
O consumo de leite no Brasil está profundamente ligado à economia rural e à identidade nacional. Pequenos e grandes produtores alimentam um mercado que movimenta bilhões de reais por ano e gera empregos diretos e indiretos em toda a cadeia — da ordenha à prateleira.
O produto também é um aliado estratégico para a segurança alimentar, fornecendo cálcio, proteínas de alto valor biológico e micronutrientes essenciais.
A ciência e a indústria trabalham lado a lado para otimizar a produção, aumentar a qualidade e oferecer alternativas para diferentes perfis de consumidores, incluindo os com restrições alimentares.
O leite brasileiro carrega a tradição no sabor, a ciência no processamento e a força de um setor que, apesar dos desafios, continua a ocupar espaço central na mesa e na cultura alimentar do país.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de O Hoje
A diretoria do Conseleite Minas Gerais no dia 07 de Agosto de 2025, atendendo os dispositivos disciplinados no artigo 15 do seu Estatuto, inciso I e de acordo com metodologia definida pelo Conseleite Minas Gerais que considera os preços médios e o mix de comercialização dos derivados lácteos praticados pelas empresas participantes, aprova e divulga:
Associados do Sindilat/RS têm 10% de desconto no Fórum MilkPoint Mercado e no Interleite Brasil 2025
Os associados do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS) têm 10% de desconto garantido para aquisição de ingressos nos dois principais eventos da cadeia leiteira brasileira: o Fórum MilkPoint Mercado e o Interleite Brasil 2025, que acontecem em Goiânia (GO) nos dias 19, 20 e 21 de agosto. O Fórum MilkPoint Mercado, com o tema “Transformações e Novas Oportunidades no Leite Brasileiro”, será realizado no dia 19 de agosto, em formato híbrido (presencial e on-line). O evento reunirá os principais agentes do setor para debater as mudanças no ambiente de negócios e as perspectivas para o mercado lácteo nacional, diante de um cenário marcado pela acirrada concorrência entre indústrias e pressão sobre as margens de comercialização. Serão 17 palestrantes ao longo do dia, com certificado emitido pela MilkPoint e material disponível para download. Já o Interleite Brasil 2025, que ocorre nos dias 20 e 21 de agosto, será exclusivamente presencial. Com o tema “Como fazer mais produtores participarem do futuro do leite no Brasil?”, o evento tem como objetivo discutir formas de integrar tecnologia, gestão eficiente e produtividade na atividade leiteira. A programação trará reflexões sobre como otimizar o uso do tempo, implementar ferramentas digitais e tornar a produção mais rentável. Conforme o secretário-executivo do Sindilat/RS, Darlan Palharini, a participação contribui para a qualificação dos profissionais e para o fortalecimento da cadeia produtiva. “Esses eventos possibilitam a discussão de questões estratégicas para o desenvolvimento e a modernização da cadeia leiteira, aproximando os diversos segmentos do setor na busca por alternativas e caminhos em comum”, destacou. Os ingressos estão disponíveis em lotes limitados e podem ser adquiridos com desconto exclusivo de 10% para associados do Sindilat/RS CLICANDO AQUI. (Sindilat/RS)