Porto Alegre, 01º de julho de 2025 Ano 19 - N° 4.425
PLANO SAFRA: Governo Federal lança Plano Safra 2025/2026 com R$ 516,2 bilhões para impulsionar o agro brasileiro
Com o slogan Força para o Brasil crescer, a nova edição amplia o crédito, incentiva a sustentabilidade e garante apoio ao produtor rural
ara fomentar e fortalecer ainda mais o agro brasileiro, o Governo Federal lança nesta terça-feira (1º) o Plano Safra 2025/2026, com recursos na ordem de R$ 516,2 bilhões destinados à agricultura empresarial. O valor representa um acréscimo de R$ 8 bilhões em relação à safra anterior. A cerimônia de lançamento será realizada às 11h, no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.
Voltado a médios e grandes produtores, o Plano Safra da agricultura empresarial é coordenado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e contempla operações de custeio, comercialização e investimento. As condições variam de acordo com o perfil do beneficiário e o programa acessado. As taxas de juros, prazos e limites de crédito estarão disponíveis nas tabelas oficiais a serem divulgadas pelo Mapa.
Medidas para ampliar a segurança e sustentabilidade no campo
A partir deste ano, o crédito rural de custeio agrícola passa a exigir a observância das recomendações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). Anteriormente restrita a operações de até R$ 200 mil contratadas por agricultores familiares do Pronaf com enquadramento obrigatório no Proagro, a exigência agora se estende a financiamentos acima desse valor e a contratos em que o Proagro não é exigido. O objetivo é evitar a liberação de crédito fora dos períodos indicados ou em áreas com restrições, contribuindo para maior segurança e sustentabilidade na produção. A exceção ocorre somente nos casos em que não houver zoneamento disponível para o município ou para a cultura financiada.
Outra novidade é a autorização para o financiamento de rações, suplementos e medicamentos adquiridos até 180 dias antes da formalização do crédito, o que flexibiliza o acesso aos insumos.
O crédito de custeio também poderá ser destinado à produção de sementes e mudas de essências florestais, nativas ou exóticas, valorizando iniciativas voltadas à preservação ambiental. Ainda nesse contexto, será permitido o financiamento de insumos e tratos culturais voltados ao cultivo de plantas utilizadas para cobertura e proteção do solo no período de entressafra, incentivando práticas agrícolas sustentáveis.
Além disso, o novo ciclo do Plano Safra traz medidas para facilitar a renegociação de dívidas, oferecendo aos produtores que enfrentaram dificuldades em safras anteriores mais flexibilidade para reorganizar seus passivos e retomar o fluxo produtivo.
Incentivo à produção sustentável e à modernização
Os produtores que adotarem práticas sustentáveis terão acesso a condições diferenciadas, como juros reduzidos. O Plano Safra 2025/2026 também oferece crédito para produção de mudas, reflorestamento e culturas de cobertura, que ajudam a preservar o solo entre uma safra e outra.
Além disso, o governo prorrogou para o período de 1º de julho de 2025 a 30 de junho de 2026 a aplicação do desconto de 0,5 ponto percentual na taxa de juros das operações de crédito rural de custeio. A medida vale para produtores enquadrados no Pronamp e também para os demais produtores que investirem em atividades sustentáveis, com recursos equalizados e respeitados os limites definidos por cada instituição financeira para o ano agrícola.
Programas voltados à modernização e inovação seguem fortalecidos. Moderagro e Inovagro foram unificados para simplificar o acesso ao crédito e, com isso, houve aumento do limite disponível para investimentos em granjas, possibilitando que essas estruturas se mantenham sempre atualizadas em relação à sanidade animal.
O subprograma RenovAgro Ambiental passa a contemplar também ações de prevenção e combate a incêndios, além de recuperação de áreas protegidas. Entre as novidades, está a possibilidade de financiamento de ações de prevenção e combate ao fogo no imóvel rural; uso dos recursos para a aquisição de caminhões-pipa ou carretas-pipa; e entre os itens financiáveis, mudas de espécies nativas para a reposição e recomposição de áreas de preservação permanente e reservas legais.
O programa de armazenagem (PCA) também foi ampliado. O limite de capacidade por projeto passou de 6 mil para 12 mil toneladas, o que contribui para melhorar a infraestrutura de estocagem e escoamento da produção rural.
Outra novidade é a ampliação do limite de renda para enquadramento no Pronamp, que passou de R$ 3 milhões para R$ 3,5 milhões por ano, permitindo que mais produtores tenham acesso às condições diferenciadas oferecidas pelo programa.
Compromisso com o desenvolvimento do agro
Com o slogan “Força para o Brasil crescer”, o Plano Safra 2025/2026 destaca a relevância da agropecuária para o crescimento do país. A ampliação do crédito, o incentivo à produção sustentável e o fortalecimento das políticas voltadas ao campo reforçam a estratégia do governo de promover um setor mais eficiente, competitivo e alinhado às demandas ambientais. (MAPA)
Global Dairy Trade - GDT
Fonte GDT adaptado pelo Sindilat RS
É fashion ser saudável: a nova dinâmica de consumo do iogurte no Brasil
O iogurte se transformou em símbolo de saudabilidade e status. Seu consumo revela padrões de distinção social, refletindo dinâmicas típicas da moda. Saiba mais!
A moda, mais do que estética, é um território onde se expressam valores, identidades e desejos de pertencimento. Ao olhar para esse universo, é possível traçar paralelos com outros campos de consumo, como o dos alimentos saudáveis, em especial os lácteos. Neste âmbito, este artigo propõe uma leitura inédita sobre o consumo de iogurte, ao conectá-lo com dinâmicas típicas do universo da moda. Uma abordagem inovadora, que permite compreender o iogurte não apenas como produto funcional, mas como marcador social.
No mundo da moda, novas tendências influenciam escolhas cotidianas que expressam desejos de pertencimento. Assim, as decisões de consumo de itens de moda, como por exemplo, bolsas e roupas, revelam valores, posições sociais e cumprem um papel de comunicar conexão com certos grupos. Essas influências ditam muito o comportamento dos consumidores.
Uma característica inerente ao mundo da moda é a exclusividade. O acesso a artigos de luxo é limitado e as primeiras versões de tendências são extremamente caras, restringindo esse conteúdo à elite. Nesse contexto, quanto mais os itens se resumem às classes mais altas, maior o seu valor simbólico e o desejo de aquisição, reafirmando que as preferências podem ser moldadas por contextos sociais e relações de poder. Isso também acontece no universo dos alimentos, especialmente os considerados saudáveis e naturais.
É interessante notar que influenciadoras como Malu Borges, Livia Nunes e Hailey Bieber vêm incluindo produtos relacionados ao bem-estar em seus conteúdos, incorporando alimentos frescos e naturais a sua identidade fashion, e criando a ideia de que “é fashion ser saudável”. Com isso, a noção de exclusividade está ultrapassando o vestuário de luxo, alcançando também o universo da alimentação.
Mas, o que os lácteos tem a ver com o universo da moda?
Entre os lácteos, o iogurte é um produto que se destaca pelo seu apelo de saudabilidade e a sua inserção no mercado de produtos com foco no bem-estar e saúde. Segundo análise do Observatório do Consumidor (2023), publicações em redes sociais sobre iogurtes são frequentemente associadas a termos ligados à alimentação saudável, como frutas (banana, maçã, etc.), proteína, cereais e dieta. Nessas postagens, a palavra “natural” é a que mais aparece, correspondendo a 63% do total de termos, reforçando a percepção de que o produto se insere nessa cesta.
Diante disso, torna-se relevante verificar se o iogurte, símbolo de bem-estar entre os lácteos, acompanha a lógica de exclusividade da moda e dos alimentos naturais. Assim, esse artigo objetivou investigar se o iogurte pode ser considerado como um produto de elite. Para isso foram coletados dados do IBGE sobre a aquisição desse produto de acordo com a faixa de renda do consumidor (Figura 1).
Figura 1. Consumo per capita de iogurte por faixa de renda (em g/hab.)
Fonte: adaptado de IBGE.
A quantidade de iogurte consumida pelas famílias da faixa de renda mais elevada (acima de R$ 14.310,00) é 397% maior do que a consumida pelas pessoas da faixa de renda mais baixa (até R$ 1.908,00). Ou seja, a elite econômica consome quase quatro vezes mais iogurte do que os grupos de menor poder aquisitivo. Com isso, o iogurte deixa de ser apenas um produto funcional para se tornar um item simbólico, marcando silenciosamente as classes de renda.
Esses dados mostram que as preferências alimentares se transformam conforme o status social se eleva, tornando produtos considerados leves, magros e saudáveis, protagonistas nas cestas das famílias. Isso se aplica ao perfil do iogurte, que é claramente associado à elite.
Assim como a moda tem a capacidade de valorizar itens que, em um primeiro momento, parecem estar descolados desse contexto, mas que estão seguindo a lógica de exclusão, como por exemplo jóias e acessórios de grife, o iogurte parece estar seguindo essa tendência. No caso do iogurte, esse movimento se revela no surgimento de versões “premium” e exclusivas, com preços mais elevados. Isso fica claro na Figura 2 que mostra preços de iogurte coletados em mercados virtuais no mês de maio de 2025.
Figura 2. Preço de categorias de iogurte (em R$/100 g).
Fonte: Resultados da pesquisa.
Os dados mostram que a versão de iogurte com mais proteína atinge valores de mercado muito superiores em relação ao iogurte regular. O maior valor do iogurte proteico é de de R$ 7,68 por 100 gramas de produto, enquanto o iogurte regular não chega a R$ 2,50/100 g. Essa disparidade é ainda mais relevante ao considerar que a variação dos itens proteicos é grande e, ainda assim, o item mais barato supera o valor mais elevado de iogurte regular.
Essa versão de iogurte com alto teor proteico possui uma relação com a tendência de bem-estar e saudabilidade ainda mais evidenciada atualmente, reforçando a dinâmica no mercado que acompanha a lógica de elitização proposta pela moda. Isso mostra que mesmo que esses produtos estejam todos categorizados como iogurte, a inserção de versões mais caras e com maior apelo à saudabilidade promove a segmentação do público consumidor e elitização do consumo. Portanto, os dados mostram que o iogurte proteico está na moda.
Essa estratégia de segmentação do público consumidor é bastante comum no mundo da moda, elitizando o consumo de itens que a priori são populares. Um exemplo interessante, é o da Balenciaga, que em 2017, lançou uma bolsa de luxo extremamente semelhante às tradicionais sacolas de feira, que possuem um valor muito acessível a todas as classes. Porém, essa bolsa ganhou o mesmo status das bolsas de luxo comercializadas pela marca, o que elevou significativamente o seu valor de mercado comparado com as tradicionais sacolas de feiras. Isso mostra como um item popular pode ser transformado em item de luxo e objeto de desejo e exemplifica a inversão simbólica operada pela moda e o poder que ela possui na dinâmica do mercado.
As características do mercado consumidor de iogurte, e a disparidade nos valores das versões encontradas no mercado, mostram que, até mesmo os alimentos, seguem tendências e operações similares àquelas percebidas no mundo da moda. Assim, as escolhas de roupas e de alimentação revelam, juntas, a busca por distinção, especialmente em tempos em que o bem-estar se consolidou como símbolo de prestígio. Dessa forma, o consumo de alimentos como o iogurte ultrapassa sua função nutricional, tornando-se um marcador simbólico, que reforça dinâmicas de distinção social típicas do universo da moda.
Diante dessas evidências, cabe ao setor lácteo pensar: como reposicionar o iogurte para além de um produto associado às elites? Ou será que esse status simbólico é, justamente, uma oportunidade de mercado que deve ser explorada? A dinâmica do “é fashion ser saudável” pode representar uma tendência duradoura, com impactos significativos sobre a cadeia produtiva de lácteos no Brasil.
Karolline Mendes e Kennya Siqueira para Milkpoint
Jogo Rápido
Clima adverso no tambo
Médica veterinária e uma das autoras do estudo, Adriana Tarouco diz que "essa combinação de calor e umidade acionou mecanismos fisiológicos de termorregulação nas vacas, desviando energia da produção de leite para a manutenção da temperatura corporal". O estudo utilizou o Índice de Temperatura e Umidade (ITU) para avaliar o conforto térmico dos bovinos leiteiros e estimar as perdas na produtividade. Com a chegada de massas de ar frio, em abril e maio, o cenário melhorou. Os bovinos permaneceram, em média, 89,5% do tempo em conforto térmico em abril e 92% em maio, segundo o ITU. (Zero Hora)