Porto Alegre, 30 de junho de 2025 Ano 19 - N° 4.424
CEPEA: preço do leite recua pelo 2º mês seguido
Leite fecha maio a R$ 2,64/litro na "Média Brasil", com queda de 3,9%. Alta oferta, baixa demanda e pressão nos derivados explicam o recuo, aponta o Cepea.
Levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que o preço do leite captado em maio fechou a R$ 2,6431/litro na “Média Brasil”, com quedas de 3,9% frente ao de abril/25 e de 7,4% em relação ao de maio/24, em termos reais (deflacionamento pelo IPCA de maio). Apesar de atípica para o período, a baixa nos valores pagos ao produtor era esperada pelos agentes do setor e ocorre em função do aumento da oferta e do enfraquecimento na demanda por lácteos na ponta final da cadeia.
Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de maio/2025)
O volume de leite captado no campo subiu 1,13% de abril para maio, segundo o ICAP-L do Cepea. Esse crescimento foi acima do normal para o período e se deve aos maiores investimentos feitos pelos produtores, impulsionados pelas boas margens dos últimos meses.
Ao mesmo tempo, o Custo Operacional Efetivo (COE) caiu 0,72% em maio, após quatro meses de alta. A queda foi puxada, principalmente, pela baixa nos preços de insumos para a alimentação do rebanho. Isso ajudou a manter a produção firme.
Por outro lado, a demanda mais enfraquecida continua limitando as vendas dos derivados. Segundo pesquisas do MilkPoint, o Leite UHT tem registrado certa estabilidade nas vendas da indústria, favorecido pelos estoques mais enxutos. Já a muçarela, por sua vez, enfrenta elevados volumes estocados nas indústrias, o que mantém a pressão de baixa sobre os preços.
Além disso, os leites em pó voltaram a sofrer pressão baixista no último mês, acompanhando a tendência do mercado internacional. A queda nos preços externos tem mantido os produtos importados mais competitivos em relação aos nacionais, dificultando a sustentação das cotações das marcas nacionais. (Milkpoint)
Pesquisa transforma desafio ambiental em solução
Soro do queijo, antes descartado como resíduo, passa a ser usado como base para proteínas funcionais.
Desde 2009, a doutora em Biologia Celular e Molecular, Claucia de Souza, lidera pesquisas que buscam soluções sustentáveis para um dos principais resíduos da indústria de laticínios: o soro do queijo. O trabalho, desenvolvido no Tecnovates e em laboratórios de graduação e pós-graduação da Univates, tem como foco o aproveitamento dos nutrientes presentes nesse subproduto, que ainda hoje representa um desafio ambiental significativo.
“Para cada quilo de queijo produzido, são necessários dez litros de leite, e cerca de nove litros de soro são gerados”, explica Claucia. “É realmente um problema ambiental. Imagine a quantidade de soro que precisa ser tratada na região?”, questiona. A substância, apesar de rica em matéria orgânica e nutrientes, pode causar desequilíbrios em corpos d’água se descartada de forma inadequada, afetando a oxigenação e a vida aquática por meio do desenvolvimento de microrganismos indesejados.
A proposta da pesquisadora é inverter essa lógica. Em vez de tratar o soro como resíduo, a equipe busca formas de extrair valor dele. “Hoje, a proteína isolada do soro já é utilizada em suplementos alimentares, por exemplo, e vem justamente desse material. No laboratório, os alunos estudam diferentes processos de concentração dessas proteínas, com foco em benefícios para o organismo humano.”
Além da produção de proteína isolada, a equipe trabalha com enzimas que quebram essas proteínas em cadeias menores de aminoácidos — compostos bioativos com grande potencial para a saúde humana. Esses processos resultam em produtos em pó com até 90% de concentração proteica, que podem ser comercializados por diferentes segmentos da indústria.
As informações são do Grupo A Hora.
Ordenha robotizada e gestão digital mudam o rumo do leite
Sucessores do agro adotam tecnologias como softwares zootécnicos e ordenha robotizada e transformam propriedades familiares em empresas modernas.
Dezembro de 2021 foi o último mês em que o produtor João Vitor Secco e dois primos, responsáveis pela Cabanha DS, propriedade rural em Vila Lângaro (RS), ordenharam manualmente as vacas holandesas que criam. Desde então, a tarefa passou a ser feita por dois robôs.
A família Secco está na agropecuária há três gerações. Começou com os avós de João Vitor. Em 1989, a propriedade passou a investir na pecuária leiteira, atividade que avançou por 25 anos, até que um problema sanitário comprometeu o projeto. O rebanho, que contava com 400 animais, foi reduzido para 50. “A gente não aguentava mais financeira e emocionalmente. Decidimos encerrar as atividades”, conta Secco.
Em 2019, motivados pela vontade de retomar a tradição, João Vitor e os primos assumiram a gestão dos negócios, compraram 40 novilhas e, em seguida, um rebanho fechado com 162 cabeças. “Como a gente fazia três ordenhas por dia, teve um período em que ficava mais de 24 horas acordado para dar conta de todo trabalho. Superamos os limites do corpo”, relata.
Foi quando perceberam que precisavam profissionalizar a gestão e transformar a fazenda em empresa. Para isso, decidiram investir em tecnologia. Os equipamentos de ordenha robotizada, comprados da multinacional holandesa Lely, foram instalados em estruturas de confinamento coberto, no modelo compost barn. Ao entrar no robô de forma espontânea, para aliviar a pressão do úbere ou se alimentar, a vaca recebe tratamento personalizado. A tecnologia define a quantidade adequada de alimento e o número de ordenhas conforme a fase de lactação.
“Com o sistema, cada vaca pode ser ordenhada até seis vezes por dia. Mas, se uma estiver em final de ciclo e o robô definir que serão duas, na terceira ele não ordenha”, explica Secco. Isso é possível graças ao armazenamento de dados coletados durante as ordenhas. Com a robotização, a produtividade das 89 vacas em lactação aumentou em até cinco litros por animal por dia, o que representa um ganho diário de cerca de 445 litros. Hoje, elas produzem 3.700 litros/dia, e o sistema também liberou tempo para os produtores cuidarem de outras atividades, como o cultivo de soja, milho e trigo.
Gestão
Dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) mostram que o Brasil produz leite em 98% dos municípios, que, juntos, somam mais de 34 bilhões de litros por ano — o terceiro maior volume do mundo. São mais de 1 milhão de propriedades dedicadas à atividade. Para 2030, a Secretaria de Política Agrícola do Mapa projeta que apenas os produtores mais eficientes permanecerão na atividade, não apenas pelo uso de tecnologia, mas também por avanços na gestão.
Com esse cenário em mente, Silvana Kluger, de Carambeí (PR), que obtém oito mil litros diários de 200 vacas holandesas em lactação, adotou um software que integra dados zootécnicos com o controle financeiro. “Sei quantos partos teremos por mês, quantas vacas vão secar, quais teremos que inseminar. Não dá para ser como antigamente. A leiteria é uma empresa, não mais um negócio familiar. Digo que não tiramos, mas produzimos leite.”
As mudanças na propriedade a motivaram a deixar o cargo público de professora para ajudar o marido e a mãe — que assumiram a atividade após o falecimento do pai, em 2010. Operar o software é sua responsabilidade. “O desafio, agora, é continuar acompanhando o desenvolvimento tecnológico”, afirma.
Giandro Masson, fundador e CEO da Leigado, empresa que forneceu a solução, acredita que, como a tecnologia ajuda a tornar a atividade mais competitiva, é mais fácil segurar a sucessão no campo. “A falta de gestão e de sucessão estão entre as principais dores dos produtores. Muitos sucessores veem a pecuária leiteira como algo amador e vão para a cidade aceitando até ganhar menos”.
De acordo com o empresário, são muitas, porém, as propriedades atrasadas. Seja porque resistem ou não têm condições de investir, principalmente entre as pequenas.
Alternativas
Olhando para esse nicho, a Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), oferece um aplicativo gratuito e está testando a ordenha robotizada em um sistema alternativo ao confinamento. O pesquisador André Novo, coordenador do programa Balde Cheio, que atende 3.200 pecuaristas leiteiros, explica que o Roda da Reprodução — aplicativo mais baixado da Embrapa, com cerca de 15 mil usuários e que será atualizado ainda este ano — permite a criadores com até 150 animais visualizar um mapa completo do ciclo reprodutivo do rebanho ao longo de um ano.
Segundo Novo, a adoção de tecnologias nas propriedades permite uma aproximação com os jovens. “Sei de muitos que usam seus smartphones para ajudar os pais que não conhecem tanto as possibilidades tecnológicas. Um dos produtos que vamos lançar em breve é pensando, justamente, na sucessão no campo”.
No caso específico da ordenha, o robô da Embrapa foi instalado entre três áreas de pastagem. Inicialmente, as vacas permanecem em uma área irrigada, com adubação nitrogenada. Após passarem pelo equipamento, acessam outras duas, em meio a eucaliptos. “Nesse sistema, é possível colocar uma grande quantidade de árvores para sequestrar carbono”, observa.
Novo destaca que a experiência a pasto tem custo de produção menor do que o confinamento, embora a produtividade seja mais baixa. Por outro lado, como as vacas se movimentam mais e passam com menor frequência pelo robô, é possível ordenhar um número maior de animais. Enquanto no confinamento a média é de 60 vacas por dia, com mais ordenhas por animal, no sistema a pasto o número sobe para 90.
“Quando planejamos o sistema, foi pensando em como será a pecuária leiteira no futuro. Ainda é difícil definir o perfil do produtor no Brasil, pois temos desde grandes produtores até aqueles que mantêm a atividade por subsistência. Mas sabemos que o caminho é a tecnificação. Até porque existe carência de mão de obra no setor”, analisa o pesquisador.
As informações são do Estadão.
Jogo Rápido
Associados do Sindilat/RS têm 10% de desconto no Fórum MilkPoint Mercado e no Interleite Brasil 2025
Os associados do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS) têm 10% de desconto garantido para aquisição de ingressos nos dois principais eventos da cadeia leiteira brasileira: o Fórum MilkPoint Mercado e o Interleite Brasil 2025, que acontecem em Goiânia (GO) nos dias 19, 20 e 21 de agosto. O Fórum MilkPoint Mercado, com o tema “Transformações e Novas Oportunidades no Leite Brasileiro”, será realizado no dia 19 de agosto, em formato híbrido (presencial e on-line). O evento reunirá os principais agentes do setor para debater as mudanças no ambiente de negócios e as perspectivas para o mercado lácteo nacional, diante de um cenário marcado pela acirrada concorrência entre indústrias e pressão sobre as margens de comercialização. Serão 17 palestrantes ao longo do dia, com certificado emitido pela MilkPoint e material disponível para download. Já o Interleite Brasil 2025, que ocorre nos dias 20 e 21 de agosto, será exclusivamente presencial. Com o tema “Como fazer mais produtores participarem do futuro do leite no Brasil?”, o evento tem como objetivo discutir formas de integrar tecnologia, gestão eficiente e produtividade na atividade leiteira. A programação trará reflexões sobre como otimizar o uso do tempo, implementar ferramentas digitais e tornar a produção mais rentável. Conforme o secretário-executivo do Sindilat/RS, Darlan Palharini, a participação contribui para a qualificação dos profissionais e para o fortalecimento da cadeia produtiva. “Esses eventos possibilitam a discussão de questões estratégicas para o desenvolvimento e a modernização da cadeia leiteira, aproximando os diversos segmentos do setor na busca por alternativas e caminhos em comum”, destacou. Os ingressos estão disponíveis em lotes limitados e podem ser adquiridos com desconto exclusivo de 10% para associados do Sindilat/RS por meio de link no site do Sindilat/RS, clicando aqui.