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16/12/2025

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 16 de dezembro de 2025                                                 Ano 19 - N° 4.536


Manteiga vira tendência nos EUA em um cenário de oferta elevada

De colaborações com marcas de moda a produtos virais nas redes sociais, a manteiga vive um novo momento. O fenômeno reflete tanto a dinâmica do mercado lácteo quanto a busca por pequenos luxos no cotidiano alimentar.

A marca americana de pipoca para micro-ondas Pop Secret apresentou sua Chef da Manteiga: Melissa Joan Hart, atriz, diretora e produtora conhecida por protagonizar séries icônicas dos anos 1990, como Clarissa Sabe Tudo e Sabrina, Aprendiz de Feiticeira. A campanha convida o público a ligar para uma linha direta e “confessar seus segredos”.

Já a Land O’Lakes, grande cooperativa agrícola de Minnesota, no meio-oeste dos Estados Unidos, conhecida por seus produtos lácteos como manteiga e queijo, lançou um tênis na cor amarelo-manteiga em parceria com a marca de calçados Clove.

No Oregon, a cooperativa de laticínios Tillamook, formada por agricultores familiares do condado de mesmo nome, firmou parceria com a fabricante japonesa de maionese Kewpie para criar a “Butternaise”, um híbrido de manteiga e maionese voltado aos fãs de queijo grelhado. O produto esgotou em menos de dez minutos.

Em meados de novembro, a padaria franco-asiática Papa d’Amour, criada pelo chef Dominique Ansel em Nova York, viralizou com sorvetes soft serve mergulhados em manteiga francesa quente e finalizados com sal. A ideia foi rapidamente adotada pela rede regional de supermercados Stew Leonard’s, em Connecticut, que levou o produto para várias de suas lojas.

As chamadas butter boards — versões de tábuas de manteiga inspiradas nas charcutarias “instagramáveis” — também retornaram, agora com menos foco em performance visual e mais em conforto e compartilhamento. Até mesmo velas comestíveis de manteiga, que tiveram seu momento no início da década, reforçam que o ingrediente segue despertando interesse não apenas como alimento, mas também como elemento estético.

Ao olhar além das ações de marketing, porém, emerge um movimento mais profundo. A atual presença da manteiga na cultura de consumo reflete a convergência de dois fatores: um excedente de produção ao longo da cadeia de suprimentos e um desejo crescente por alimentos percebidos como simples, autênticos e emocionalmente reconfortantes.
 
Por que a demanda por manteiga está aumentando apesar da inflação?
O ressurgimento da manteiga ocorre em um contexto de preços elevados dos alimentos, o que torna sua ascensão como ingrediente “em alta” aparentemente contraditória. Justamente aí reside a explicação.

Mesmo com projeções indicando preços mais altos para 2025, os consumidores não deixaram de comprar manteiga, embora tenham ajustado o volume de consumo. Nesse cenário, a manteiga passa a representar uma indulgência acessível: um item capaz de transformar uma torrada simples ou um produto assado em casa em algo mais completo.

Dados de mercado confirmam esse estímulo do consumidor, enquanto as condições do próprio setor também favorecem o movimento. Com a carne bovina em patamares elevados e os ovos enfrentando sucessivas crises, os preços da manteiga permanecem relativamente mais estáveis, apesar das pressões inflacionárias em outras áreas do supermercado.

Entendendo o excedente de manteiga de 2025

O apelo emocional é apenas parte da explicação. A outra está na dinâmica da economia agrícola.

O consumo de leite fluido nos Estados Unidos vem caindo há décadas, o que levou a indústria a redirecionar sua estratégia. Produtores e processadores passaram a priorizar a produção de gordura láctea, principal matéria-prima de produtos com maior demanda, como queijo e manteiga.

Segundo dados recentes do USDA Dairy Market News (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), esse movimento resultou em uma produção de leite relativamente estável, mas com níveis consistentemente elevados de gordura láctea, garantindo ampla disponibilidade de nata e creme em todo o país.

Os processadores operam próximos da capacidade máxima, com oferta abundante de creme na maioria das regiões. Esse cenário sustentou uma produção constante de manteiga ao longo do ano.

O resultado é um mercado marcado pela abundância. Com estoques elevados, a demanda sazonal da indústria de panificação não é suficiente para absorver todo o volume, o que leva as empresas a buscar novos estímulos ao consumo — explicando o aumento de parcerias criativas e ações de marca.

Nostalgia e o significado do amarelo-manteiga

Em fevereiro, a marca americana de eletrodomésticos KitchenAid, conhecida por sua icônica batedeira planetária, elegeu o amarelo-manteiga como sua Cor do Ano.

A tonalidade remete à domesticidade de meados do século passado: bancadas de fórmica, geladeiras vintage e a manteiga armazenada em um prato sobre o balcão. É uma cor associada a conforto, tradição e a uma ideia específica de lar.

O aspecto mais marcante desse movimento não é apenas a escolha da cor por uma grande marca, mas sua presença simultânea no design e na alimentação. Estética e ingrediente se reforçam, transformando a manteiga em um símbolo visual e culinário de abundância e familiaridade.

Como as marcas estão capitalizando a tendência

Quando oportunidade econômica e impulso cultural se encontram, as marcas respondem rapidamente. A Pop Secret recorreu à nostalgia dos anos 1990 ao nomear Melissa Joan Hart — a própria Sabrina — como sua primeira “Chief of Butter” (Chefe da Manteiga), acompanhada de uma linha direta de confissões que transforma a manteiga em entretenimento.

A Land O’Lakes apostou no estilo de vida ao lançar um tênis de edição limitada que transporta sua icônica embalagem de manteiga para o vestuário. Já a Tillamook capitalizou tendências virais da internet com a Butternaise, formalizando um hábito que muitos consumidores já praticavam em casa.

O sorvete mergulhado em manteiga de Dominique Ansel reuniu os principais atributos valorizados nas redes sociais: apelo visual, nostalgia e inovação na medida certa.

O “efeito batom” chega à despensa

A valorização da manteiga não ocorre de forma isolada. Ela segue um padrão comum às tendências alimentares contemporâneas, nas quais ingredientes deixam de ser apenas funcionais e passam a atuar como marcadores de identidade — trajetória semelhante à observada com o azeite de oliva e o café especial.

Nesse processo, as características físicas do alimento são muitas vezes superadas pelo que ele simboliza. Economistas descrevem esse comportamento como “efeito batom”, fenômeno identificado durante períodos de crise, quando consumidores buscam pequenos luxos acessíveis como forma de conforto e controle.

Na cozinha, a manteiga passou a ocupar esse espaço. Em meio a alimentos mais caros e instáveis, ela oferece uma sensação rara: indulgência possível, abundância sem culpa e um “sim” acessível em um cenário dominado por restrições.

As informações são da Forbes.


GDT - GLOBAL DAIRY TRADE

Fonte: GDT adaptado Sindilat/RS

Exportações de lácteos do Uruguai avançam 14% e miram novo recorde 

Exportações de lácteos do Uruguai crescem 14% em 2025 e ficam perto do maior faturamento da história, puxadas por leite em pó e manteiga

As exportações de lácteos do Uruguai avançaram de forma consistente ao longo de 2025 e já se posicionam a um passo de marcar um novo recorde histórico de faturamento.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional do Leite (Inale), a receita acumulada entre janeiro e novembro alcançou US$ 881,5 milhões, resultado 14% superior ao registrado no mesmo período de 2024.

O desempenho reforça a centralidade do setor lácteo na pauta exportadora uruguaia e indica que o emblemático patamar de US$ 900 milhões deverá ser superado ainda em 2025. Até hoje, esse nível foi alcançado apenas duas vezes: em 2013, quando as exportações somaram US$ 907 milhões, e em 2022, ano do recorde absoluto, com US$ 925,2 milhões.

A análise do Inale considera quatro principais produtos: leite em pó integral, leite em pó desnatado, queijos e manteiga, com base em informações da Direção Nacional de Aduanas. No recorte de faturamento, três desses itens apresentaram crescimento na comparação anual, enquanto os queijos registraram retração.

O leite em pó integral foi novamente o grande motor das exportações de lácteos. Entre janeiro e novembro de 2025, a receita desse produto avançou 20%, totalizando US$ 607,9 milhões. Já o leite em pó desnatado teve incremento mais moderado, de 3%, alcançando US$ 51,7 milhões. A manteiga também mostrou desempenho positivo, com alta de 16% e faturamento de US$ 72,3 milhões. Em contrapartida, os queijos recuaram 15%, com receitas de US$ 83,5 milhões.

Quando a leitura é feita pelo volume embarcado, o comportamento é mais heterogêneo. No acumulado dos primeiros 11 meses de 2025, o Uruguai exportou 195.669 toneladas de produtos lácteos. Houve crescimento de 5% no volume de leite em pó integral, com 152.042 toneladas embarcadas. Já o leite em pó desnatado caiu 6%, totalizando 16.018 toneladas. Os queijos recuaram 17%, para 16.756 toneladas, enquanto a manteiga apresentou leve queda de 2%, com 10.853 toneladas.

Mesmo com essas oscilações, o protagonismo do leite em pó integral permanece incontestável. O produto respondeu por 77,7% de todo o volume exportado e por 68,9% da receita total das exportações de lácteos do país, consolidando-se como o principal pilar da estratégia comercial do setor.

Os preços médios também contribuíram para sustentar o crescimento das receitas. Na comparação entre os acumulados de janeiro a novembro de cada ano, o preço médio do leite em pó integral foi 13% superior ao de 2024. O leite em pó desnatado registrou valorização de 10%, os queijos tiveram alta de 2% e a manteiga avançou expressivos 18%.

Considerando apenas os negócios fechados em novembro de 2025, os preços médios ficaram em US$ 3.895 por tonelada para o leite em pó integral, US$ 3.261 para o leite em pó desnatado, US$ 4.955 para os queijos e US$ 6.270 para a manteiga. Na comparação com dezembro de 2024, o leite em pó integral acumulou valorização de 33%, enquanto o desnatado recuou 8%. Os queijos avançaram 1% e a manteiga subiu 18%.

O bom momento das exportações de lácteos também se reflete na relevância do setor no comércio exterior uruguaio. Em 2024, os lácteos ocuparam o quarto lugar no ranking dos principais produtos exportados, atrás apenas de celulose, carne bovina e soja. Em 2025, a posição se mantém, superando inclusive os concentrados de bebidas.

No recorte dos mercados de destino, a Argélia segue como principal comprador dos lácteos uruguaios, respondendo por 35% das exportações no acumulado dos últimos 12 meses. O Brasil aparece logo atrás, com 27%, seguido por Rússia, Chile e Mauritânia, cada um com cerca de 3%.

A liderança varia conforme o produto. O Brasil foi o principal destino do leite em pó desnatado, absorvendo 79% do total exportado, além de liderar também nas compras de queijos, com 26%. A Argélia concentrou 48% das importações de leite em pó integral, enquanto a Rússia foi o principal mercado para a manteiga, com participação de 22%.

No contexto internacional, os preços da leite em pó sul-americano também mostraram tendência favorável. Em novembro de 2025, o valor médio do leite em pó integral exportado pela região foi de US$ 4.325 por tonelada, 1% acima de outubro e 9% superior ao de novembro de 2024. Já o leite em pó desnatado ficou em US$ 3.000 por tonelada, com leve recuo mensal de 1%, mas ainda 7% acima do valor registrado um ano antes.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de El Observador


Jogo Rápido
MILHO/CEPEA: Menor demanda pressiona cotações
Cepea, 15/12/2025 – Embora tenham iniciado a última semana em patamares maiores, os preços do milho caíram ao longo do período, conforme aponta levantamento do Cepea. Segundo o Centro de Pesquisas, o enfraquecimento da demanda interna explica os recuos – parte dos consumidores realizou compra antecipada e, diante disso, se afastou das negociações no spot. Além disso, estimativas seguem apontando oferta nacional elevada na safra 2025/26, o que reforçou a pressão sobre os valores domésticos. Do lado vendedor, pesquisadores do Cepea afirmam que muitos estão retraídos das negociações, com expectativas de reação nos preços no começo de 2026, fundamentados na possibilidade do retorno dos compradores, após o recesso de parte das empresas no final do ano. No campo, o retorno das chuvas em importantes regiões produtoras trouxe alívio aos agricultores, que estavam temerosos quanto ao impacto do clima sobre o desenvolvimento das lavouras de verão e sobre a semeadura da segunda safra. Em relatório divulgado na última semana, a Conab estimou a produção da safra brasileira 2025/26 em 138,87 milhões de toneladas, leve queda de 1,5% frente à da temporada anterior, mas ainda a segunda maior da série histórica da Companhia, iniciada em 1976. Fonte: Cepea (www.cepea.esalq.usp.br)